26 maio 2006

Pânico à toa: Internet não substitui jornais

Por Aleksandar Mandic
em IDG Now!
24 maio 2006

No final dos anos 90, empresários da mídia impressa queimaram neurônios e dólares aos milhões tentando resolver uma charada: por um lado, a internet se apresentava como a mídia que mais rápido evoluía – nem o rádio, a TV ou o telefone haviam evoluído com essa velocidade.

Publicações impressas, ao contrário, têm crescimento – digamos – vegetativo e sobrevivem de três fontes básicas de receita: assinaturas, venda avulsa e publicidade.

Como as publicações digitais tinham virtualmente o mesmo conteúdo das impressas e teoricamente estavam sobrevivendo de publicidade (só o Wall Street Journal conseguia vender assinaturas), parecia indiscutível que as publicações em papel sofreriam fortes impactos em termos de perda de receita.

Os maiores temores eram de que os leitores dessem preferência à leitura dos jornais pela Web ao invés de irem buscá-los nas bancas e que ao mesmo tempo passassem a ler classificados na Internet, desprezando principalmente os volumosos jornais de domingo.

Esse temor cresceu no mundo inteiro e fez com que seminários, congressos e simpósios ficassem lotados de empresários e consultores ávidos pelo encontro de uma solução.

O caso mais dramático era o dos classificados, que muitas vezes representam metade ou mais da receita publicitária de um jornal, e o raciocínio nesse caso era o seguinte: já que não se pode derrotá-los, junte-se a eles.

E foi assim que a maioria dos jornais abriu seus sites de classificados, oferecendo serviços de busca rápidos e primorosos, mas usando a web como valor agregado aos seus classificados em papel – pagou para sair no jornal, sai também na web. Essa é a política mundial.

Apesar de todo o temor, até hoje não havia aparecido nenhuma pesquisa conclusiva provando que a circulação de publicações em papel estava sendo corroída pelos similares via Internet.

Agora, passado o pânico, há pesquisas mostrando exatamente o contrário – que visitar o site de um jornal aumenta a probabilidade de que alguém até compre a assinatura dele.

A revista Editor & Publisher, especializada em imprensa, noticiou que uma pesquisa da Belden Associates feita com mais de 8 mil internautas em Dallas, no Texas (EUA), mostrou que a maioria não muda seus hábitos de assinar publicações, e além disso 5,6% compraram assinaturas. Somente 3,1% pararam de assinar alguma publicação.

Os números relativos a exemplares avulsos mostraram quase a mesma coisa: 14% passaram a comprar mais exemplares avulsos e 10% passaram a comprar menos. Resultado: saldo positivo para o mundo do papel, com a ajuda da web.