10 abril 2007

Cordel Parabéns Bibliotecário

Por César Obeid
em Teatro de Cordel

Peço a Deus inspiração
Pra ditar neste papel
De alguém que faz dos livros
O mais belo painel
Seu trabalho é diário
Falo do bibliotecário
Com as rimas de cordel.

A leitura é um universo
Que fascina multidões
Que dá asas para a vida
Nos liberta dos grilhões
Letras são seus santuários
Esses são bibliotecários
São dos livros, guardiões.

Através dessas leituras
Vão saber dos meus segredos
Os meus sonhos e vontades
Meus caminhos, meus enredos
Minhas dores e alegrias
Meus sorrisos, fantasias
As vontades e os medos.

Com os livros são zelosos
E com eles têm ternura
Facilitam o acesso
Para o mundo da cultura
Uns dos livros têm ciúmes
Amam sempre os perfumes
Que exalam da leitura.

Incentivam o leitor
Para o bom desconhecido
A um mundo de palavras
E de sonho colorido
Seja homem ou mulher
Sempre sabe o que quer
Seu leitor muito querido.

Preservando os seus livros
Todos eles maravilham
Ao caminho dos leitores
Os seus passos sempre trilham
A leitura é seu sabor
Quando ganham um leitor
O seus olhos sempre brilham.

Também sempre organizam
Todos os bancos de dados
E se responsabilizam
Por tê-los classificados
Todos dados armazenam
E nenhum querer condenam
Todos são orientados.

Mas às vezes seu trabalho
Tem anônimo valor
Isso ao bibliotecário
Nunca, nunca causa dor
Vive pra ganhar leitores
Ajudar pesquisadores
Como multiplicador.

Seus caminhos são precisos
As ações tão necessárias
Das bibliotecas públicas
Infantis, comunitárias
Sejam aquelas populares
Ou então as escolares
Mesmo as universitárias.

Tem os das bibliotecas
Que são especializadas
Para uma área restrita
Suas áreas são voltadas
Novo mundo pode ver
Orientando o saber
Com pesquisas detalhadas.

Eles que nos facilitam
Pra ter a informação
Mais do que arrumar estantes
É a total transformação
De uma arte pra ciência
Todo dia uma experiência
Entra em seu coração.

Comum é os bibliotecários
Promoverem oficinas
Sessões e exposições
De leituras superfinas
Encantando com histórias
Retiradas das memórias
Os meninos e meninas.

E na era da Internet
Em que tudo é progresso
Nesse mundo tão high-tech
Será que eles têm ingresso?
Não importa muito o meio
Nos ofertam o bom passeio
Para todos o acesso.

Mas não são somente flores
No dia dos bibliotecários
O trabalho muito estressa
E também baixo salários
Fazer os investimentos
Para os reconhecimentos
Serão sempre necessários.

Vou parar o meu cordel
Com amor e alegria
Mas o verso bem rimado
Sempre, sempre prestigia
Quem adora os glossários
Salve os bibliotecários
Adeus, até outro dia.

A Internet está cada vez mais corporativa e menos cooperativa

Por Fernando Duarte
em O Globo
9 abril 2007

De território livre, Internet está cada vez mais sob influência do mercado. Para especialistas, padrão de concentração é maior até que na mídia tradicional.

O advento da Internet trouxe para a humanidade um alargamento de fronteiras e horizontes talvez só comparável ao impacto causado pela ferrovia, no século XIX. Especialmente no que diz respeito à transmissão e produção de informação.

As ameaças dos grandes conglomerados de mídia, mostra uma evidência de que a Internet está cada vez mais corporativa e menos cooperativa.

Surgida do esforço conjunto de acadêmicos, a grande rede hoje é posse de gigantes na área de distribuição de conteúdo. Embora o fluxo de produção de informação online seja muito maior do que no mundo físico, os padrões de controle no ciberespaço são muito fortes.

A Internet está indo de um modelo libertário e empreendedor para o da força do mercado, num quadro em que grandes firmas vão criar grupos e ter grande influência sobre a rede em termos de governança, protocolos e acesso. Pesquisas universitárias nos EUA já demonstraram que menos de 1% dos sites disponíveis reune 80% do tráfego em determinados setores.

Sempre haverá espaço para nichos de ocupação, em termos da especificidade temática do de conteúdo. Mas, quando a Internet permite a entrada de novas fontes de informação, caso os produtos e serviços serviços oferecidos por estas fontes apontem para um mercado promissor haverá, certamente, uma concorrência poderosa com provedores atentos. Vencerá quem tiver melhor estrutura e maior aporte financeiro. É ingênuo pensar que temas rebeldes ou especiais derrubarão grandes poderes. O máximo será brilhar, por certo tempo, em numa galáxia de gigantes.

França cria biblioteca digital gratuita

Por Bruno Ferrari
em INFO Online
4 abril 2007

A Biblioteca Francesa Nacional colocou no ar um protótipo de sua biblioteca digital, a Europeana.

Atualmente com 12 mil títulos digitalizados, a Europeana tem a meta de chegar a 6 bilhões de documentos, entre livros, vídeos e fotografias até 2010, com acesso livre. De acordo com a direção da biblioteca, o objetivo é funcionar como uma alternativa ao segmento de ferramentas de busca, dominado pelos Estados Unidos.

A Europeana surgiu após o governo francês se irritar com o fato de grandes empresas americanas, como Google e Yahoo!, dominarem as buscas de conteúdo do país. Ela terá suporte de outras 23 bibliotecas públicas na Hungria, Itália, Alemanha, Polônia e Espanha.

A European Library, projeto semelhante sob a iniciativa da União Européia, também está em andamento, mas ainda sem data para entrar no ar. Ela terá os mesmos moldes da versão francesa, mas com o texto em inglês.

Em busca de obras raras desaparecidas

Por Selma Schmidt
em Jornal da Ciência
4 abril 2007

Técnicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estão checando, uma a uma e página por página, as 70 mil obras científicas raras — entre livros, periódicos, teses, atlas, folhetos e monografias — que pertencem ao patrimônio da Biblioteca de Manguinhos, criada por Oswaldo Cruz no início do século passado.

O inventário detalhado foi determinado pela diretora do Centro de Informação Científica e Tecnológica da Fiocruz, Ilma Noronha, assim que tomou conhecimento de que algumas das obras tinham sido furtadas.

O acervo da Fiocruz inclui material impresso, especialmente sobre temas biológicos, médicos e de história natural.

A descoberta de peças com carimbo da Fiocruz, na fronteira do Brasil com a Argentina, foi noticiado ontem por Joaquim Ferreira dos Santos, na coluna Gente Boa, no Globo. Mas, na verdade, elas são apenas parte das obras apreendidas pela alfândega argentina, no início deste ano.

Entre elas, há 39 livros com mais de cem anos sobre história natural, nos idiomas inglês, francês e alemão; e um livro de fotografias, de origem argentina, que tem uma dedicatória manuscrita por José Maria Gutiérrez para Quintino Bocayuva.

Há ainda 42 gravuras da metade do século 19, com imagens de felinos; e sete lâminas com gravuras de paisagens e sítios históricos da Argentina do século 19.

Segundo a delegada federal Vanessa Gonçalves Leite de Souza, da Interpol, o que foi apreendido se encontra com a alfândega argentina. Além da Fiocruz, a Biblioteca Pública do Paraná também identificou como suas algumas das peças.

“Ainda não fomos informados em quais circunstâncias esse material foi apreendido, e se há alguém preso. Também não sabemos se o que for comprovadamente de instituições brasileiras será devolvido por via judicial ou por via diplomática”, explicou a delegada federal.

A reprodução de páginas de livros e gravuras apreendidos está disponível no site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Através de um acordo de cooperação técnica com a Polícia Federal e a Interpol, o Iphan está divulgando o material pela internet, para facilitar a identificação pelos responsáveis por acervos.

Embora sejam obras raras, o material furtado e que foi reconhecido como do acervo da Fiocruz — três livros científicos, dois atlas e figuras de uma monografia — não é tombado pelo Patrimônio Histórico.

Os três livros são de história natural e tratam especialmente de insetos: um, em holandês, de Caspar Stoll, foi publicado entre 1780 e 1788; outro, foi escrito pelo francês Palisot de Beauvois, entre 1805 e 1821; e o terceiro, do inglês Drury, data de 1770 a 1782.

Entre o material identificado como da Fiocruz, o atlas francês de zoologia de François Louis Auguste Souleyet é do período compreendido entre 1841 e 1852.

Já o atlas de insetos, do alemão Karl Gustav Jablonsky, é mais antigo: foi publicado entre 1783 e 1804. Também com gravuras furtadas, a monografia sobre felinos, em inglês, foi escrita em 1883, por Daniel Giraud Elliot.

Acesso eletrônico a informação 2

Por Hélio Kuramoto

É conhecido, no âmbito da comunidade científica, as dificuldades para se ter acesso à informação científica, em especial àquela publicada em revistas científicas comerciais. A manutenção de acervos de coleção dessas revistas envolvem recursos na ordem de milhões de dólares, portanto um alto investimento anual. Esse cenário de dificuldades não aflige apenas as bibliotecas ou os nossos pesquisadores. O mundo todo convive com esse problema e vem enfrentando a denominada "crise dos periódicos científicos". Essa crise envolve não apenas fatores econômicos, mas outros fatores ligados ao tradicional fluxo da comunicação científica. Essa insatisfação da comunidade científica fez deslanchar o movimento do acesso livre à informação científica.

O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) vem acompanhando todas as ações e iniciativas desse movimento. Em consequência, o Ibict adotou uma linha de ação que visa implantar no país iniciativas para propiciar o acesso livre à informação científica no país. Não se pode falar dessas iniciativas sem antes mencionar a iniciativa pioneira que se insere nesse contexto, que é o SciELO, primeira grande iniciativa de acesso livre no país.

O Ibict se preparou tecnologicamente para isso e vem desenvolvendo e implantando diversas ações. Além disso, o Instituto tem transferido para a comunidade provedora de informação científica os conhecimentos adquiridos com o uso e desenvolvimento dessas tecnologias. O Ibict introduziu no país o uso do modelo Open Archives. Um exemplo de sucesso dessa iniciativa é a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), uma das três maiores bibliotecas digitais de teses e dissertações no mundo, integrando 57 universidades e totalizando um acervo de mais de 38 mil teses e dissertações em texto integral.

Após esse empreendimento, o Instituto absorveu, adaptou e vem transferindo à comunidade provedora de informação tecnologias para a construção de publicações periódicas científicas eletrônicas (Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas - SEER), tecnologias para a construção de repositórios institucionais e temáticos (DSpace e Eprints). Todas essas tecnologias são compatíveis com o modelo Open Archives, base tecnológica que suporta o movimento do acesso livre à informação científica. Como consequência desse esforço, existem hoje no país mais de 170 periódicos científicos utilizando o SEER, e várias iniciativas de construção de repositórios institucionais utilizando o DSpace e o Eprints.

Para integrar todas essas revistas eletrônicas e repositórios, inclusive o SciELO, o Ibict vem desenvolvendo o Portal Oasis.br (Open Access Scholarly Information System), em conformidade com o modelo Open Archives, e que hoje conta com mais de 100 mil registros. A idéia é que em breve, com a aquisição e instalação de um servidor dedicado a esse portal, ele comece a fazer o harvesting ou coleta de metadados de repositórios internacionais como o DOAJ, que hoje conta com mais de 2.500 revistas eletrônicas, o Oaister e outros portais de repositórios de acesso livre internacionais.

O fato é que ao disponibilizar esse conjunto de tecnologias, de repositórios, publicações eletrônicas e portais de acesso livre, qualquer usuário brasileiro, latino-americano, lusófonos ou qualquer outro estrangeiro terão acesso a essa informação, pela internet, de forma livre e sem qualquer barreira de preços. Essas iniciativas eliminam, portanto, a necessidade de se fazer acordos de cooperação técnica para que se possibilite o acesso à informação científica. Trata-se de uma abordagem aberta e aderente a uma orientação mundial que são as iniciativas open... open source, open access...

Nesse contexto, o Ibict vem articulando a criação de uma política nacional de acesso livre à informação científica. As ações desenvolvidas já delineam essa política. O Ibict lançou em setembro de 2005, o manifesto brasileiro de apoio ao acesso livre à informação científica. As ações apresentadas e as recomendações constantes desse manifesto deverão ser a base dessa política.

Novo site da Rede da Memória Virtual Brasileira

em Boletim Livro e Leitura
8 abril 2007

A Rede da Memória Virtual Brasileira inaugurou um novo formato para disponibilizar digitalmente 2.950 documentos. Há preciosidades como imagens da Guerra do Paraguai, croquis de Niemeyer, 850 partituras, 200 arquivos sonoros da Biblioteca Nacional e cerca de 180 textos de historiadores com links para as biografias dos citados. O material original pertence aos acervos do Arquivo Geral da Cidade, Museu Histórico Nacional, Fundação Casa de Rui Barbosa, Museu Villa-Lobos, Museu do Índio, Fundação Oscar Niemeyer, Fundação Cultural de Curitiba e Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Para acessar o material, batas entrar na página inicial da Biblioteca Nacional e clicar em Acervo Dogotal.

Restrição a dado faz país ter "buraco" climático

Por Rafael Garcia
em Jornal da Ciência
2 abril 2007

O Brasil tem um gigantesco buraco em seu histórico de dados meteorológicos, o que prejudica o estudo da mudança climática no país.

A conseqüência mais imediata disso é que o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), que se reúne hoje em Bruxelas, terá neste ano pela quarta vez um relatório concluído com acesso precário a informações brasileiras, sobretudo da Amazônia e do Nordeste.

O problema se deve, em sua maior parte, ao atraso do Brasil em publicar dados meteorológicos do século 20, que estão arquivados com acesso restrito no Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), em Brasília.

Cientistas ouvidos pela Folha dizem que o buraco de dados nas séries históricas sobre o clima nacional é comparável ao da África subsaariana e deixa o Brasil atrás do Uruguai e da Argentina nos estudos sobre impacto e adaptação ao aquecimento global.

Hoje só é possível fazer projeções razoáveis sobre Sudeste e Sul do país porque algumas instituições regionais publicam seus dados, mesmo não tendo os mais antigos.

"O buraco é um escândalo", diz o físico Gylvan Meira Filho, do IEA (Instituto de Estudos Avançados) da USP. Ele atribui a falta de acesso à série histórica do Inmet a "uma visão um pouco cartorial de repartição pública", que já foi superada em outras instituições do governo, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Para o climatologista do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) Carlos Nobre, existe mesmo "uma política de não-disponibilização" dos dados no país. "A comunidade científica brasileira não tem acesso a todos os registros climáticos e meteorológicos que existem no Brasil coletados por órgãos públicos."

O Inpe (ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia) e o Inmet (da Agricultura), entraram em conflito várias vezes nos últimos 25 anos. Em diversos episódios, o Inmet foi acusado de reter dados e cobrar -caro- por informações públicas.


COBRANÇA DO GETÚLIO

Segundo Cristina Costa, funcionária do Inmet ouvida pela Folha, a política de cobrança é padrão no instituto e segue uma instrução normativa que vem sendo reeditada desde o último governo Vargas, de 1951 a 1954. "Um ano de dados diários custa R$ 135 por parâmetro", por estação, afirmou. "É a cobrança do Getúlio Vargas."

O Brasil tem hoje cerca de 320 estações meteorológicas (muitas delas novas) e cada uma pode medir até nove parâmetros: temperatura mínima, máxima e média, direção e força do vento, umidade, pressão atmosférica, chuva e radiação solar.

Levando isso em conta, o preço do histórico meteorológico do Brasil inteiro no século 20 sairia por algo da ordem de alguns milhões de reais.

Quando um pesquisador solicita dados, uma isenção de taxa pode ser negociada, mas funcionários do instituto encaminham o caso direto à direção.

"Pelo menos com o novo diretor, o Inmet nunca tem dito não, mas muitas vezes diz que não tem os dados prontos", diz o climatologista José Marengo, do Inpe.

Segundo Antônio Divino Moura, que está à frente do Inmet há quatro anos, os dados são todos abertos ao público, mas boa parte do acervo antigo ainda não passou por controle de qualidade e não está digitalizado.


ENTREVERO EM MACEIÓ

Em 2004, Marengo presenciou um episódio de mal-estar entre pesquisadores, durante simpósio do IPCC em Maceió.

"Serviços meteorológicos de todos os países da América do Sul foram convidados, e todos eles levaram dados [digitalizados] ao evento, mas depois muitos não queriam deixar os dados com os outros pesquisadores", diz o cientista.

Entre aqueles que relutavam em compartilhar informações estavam bolivianos, peruanos e os brasileiros do Inmet. "O que foi usado pelo IPCC e veio a público foram os índices [médias], mas a informação meteorológica mesmo não foi liberada."

Apesar de lembrarem episódios de má vontade em fornecer dados, críticos do Inmet reconhecem que parte da dificuldade vem da falta de dinheiro para investir na modernização do acervo. Quase todo o orçamento do instituto é consumido na manutenção e operação de estações meteorológicas.

"Eu acho que o Ministério da Agricultura é, de certa forma, responsável por isso", diz Marengo. "Ele deveria destinar um orçamento maior ao Inmet."

Na opinião de Nobre, porém, é preciso que haja uma iniciativa do próprio Inmet. "Eles têm de pedir ajuda", diz. "A comunidade cientifica ajudaria num trabalho braçal de transcrever e corrigir dados, mas isso teria que ser um esforço nacional."

Novas estratégias? Contrate um bibliotecário!

Por Renate Landshoff
7 março 2007

A INFORMAÇÃO NAS EMPRESAS

As organizações e instituições, de uma forma geral, possuem basicamente dois tipos de informação: a informação estruturada e a não-estruturada. A informação estruturada encontra-se em sistemas de informação, muitas vezes dispersos, com um grau importante de inconsistência, retrabalho e falta de integração entre si. Os dados que compõem esses sistemas normalmente não foram planejados para gerar informação estratégica e auxiliar no processo de tomada de decisão. Esse quadro contribui para a cegueira informacional que paira em muitas organizações e instituições. Já, a informação não-estruturada está em documentos, informações e pessoas. Essas informações costumam ser muito valiosas e a sua sistematização representa um grande desafio no campo da gestão documental, da gestão da informação e da gestão do conhecimento. Sem sistemas de informação planejados, alinhados à estratégia da empresa e que contemplem as informações estruturadas e não-estruturadas, as organizações e instituições deixam de ter informação gerencial e passam a ter apenas dados.


VISÃO SISTÊMICA: ROMPENDO PARADIGMAS

No momento de pensar em especificar um sistema de informação, faz-se necessário uma visão sistêmica sócio-técnica, conhecimento em tecnologias da informação e comunicação, sistemas de informações gerenciais, gestão da informação, gestão documental e gestão do conhecimento. Não dá para entregar o projeto apenas para a área de Tecnologia da Informação . Hoje o profissional da Ciência da Informação, também conhecido como Bibliotecário, atua em centros de informação competitiva, inteligência organizacional e gestão do conhecimento, sem organizar livros e outros documentos e sim, organizando a informação! Onde está esse profissional? Onde buscar? Que cargo atribuir a ele?


ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

O profissional da Ciência da Informação atua em todas as áreas do conhecimento e tipos de organizações e instituições; ocupa-se da coordenação de todos os recursos relacionados com a informação e documentação; participa da especificação e implantação de sistemas de informação gerenciais, centralizando e coordenando todos os setores envolvidos na produção, uso e manejo de informação, incluindo ambientes digitais tais como intranets, internets e portais corporativos em parceria com outros profissionais. Não importa o nome: bibliotecário, analista de informações, gestor de informação, gerente de informações, gestor de centro de informações etc. O que importa é o seu perfil, sua formação e sua vocação para atuar diante de tantos desafios que os dias de hoje nos impõem. A informação, como insumo e produto de desenvolvimento, deve ser trabalhada e convertida em capital ativo da organização. O gestor de informação deve antecipar a demanda de necessidades da empresa e propor serviços e produtos que estejam alinhados à estratégia organizacional. Como atividade meio, faz parte de sua rotina a descrição, indexação, armazenamento, recuperação e disseminação da informação em todos os tipos de mídias, físicas e digitais.


BUSCANDO UM PROFISSIONAL DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

O curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação é de nível superior e contempla disciplinas da área de humanas, área técnica e tecnológica. No decorrer do curso existe a oportunidade de estabelecer vínculos de estágio com as empresas, permitindo que tanto o aluno quanto a instituição possam descobrir novas possibilidades de se organizar e tratar a informação. Uma vez no mercado de trabalho, as faculdades e os conselhos regionais de Biblioteconomia, além dos meios de comunicação próprios para esse fim, são a melhor forma de identificar e localizar um profissional com o perfil desejado.

“Carrinha dos livros” sacia idosos de Vila Soeiro

Por António Sá Rodrigues
em As Beiras Online
26 março 2007

A mesma Biblioteca Itinerante que circula pelas aldeias da Guarda, levando livros às crianças das escolas, também está a saciar o gosto pela leitura de seis idosos de Vila Soeiro.

Vila Soeiro é uma freguesia "encravada" na serra, conhecida por 'Cabo do Mundo'. Ali residem 48 pessoas - a maioria idosos - e a biblioteca móvel passou a ser recebida pelos habitantes com a naturalidade com que recebem o merceeiro ou o padeiro. Uma vez por mês, a meia dúzia de leitores inscritos, abeira-se da viatura e, em vez de "pedir" pão ou arroz, escolhe livros que consome nos dias seguintes. A Biblioteca Itinerante - uma carrinha de cor avermelhada - é conduzida por Nelson Neves, que ao chegar à aldeia dá duas buzinadelas e estaciona no largo principal, ficando à espera dos primeiros "fregueses".

Na última visita, nos últimos dias, chegou à localidade por volta das 09H30. Três minutos depois apareceu a primeira leitora, que transportava num saco de papel os cinco livros, já lidos, requisitados no mês anterior. "Venho levantar livros sempre que posso", referiu Natércia Costa, 70 anos, professora regente reformada. "Levo três, quatro ou cinco livros. É conforme a altura do ano e a disponibilidade que tenho", explicou. "Gosto de todos os livros, especialmente de tudo o que toca a histórias de crianças e grandes portugueses", adiantou.


PESSOA E DAMIÃO PERES

Desta vez leva quatro livros: "Fernando Pessoa, Iniciação Global à obra", de António Quadros, "Mariana na Fronteira do Sonho", de Mariana Aguilar, "D. João I", da autoria de Damião Peres, e "Pelo fio de um sonho", de José Jorge Letria. Antes de abandonar a carrinha, com os novos livros dentro do mesmo saco de papel, confidenciou à Agência Lusa que estava ansiosa por "devorar" as obras. "à tarde já os vou começar a ler. Não tenho preferências, começo por um qualquer", disse.

A professora reformada mostrava-se contente com a passagem da Biblioteca Itinerante pela sua aldeia, salientando que "é muito útil". "Se não fosse a biblioteca era pior, porque tinha de reler os livros que tenho em casa, assim, sempre leio algo que nunca li". Ainda Natércia Costa não tinha concluído o processo de requisição, quando chegou à viatura a segunda e última utilizadora do dia - Maria Rodrigues, 69 anos, doméstica. Carregava na mão a obra "Fernando Pessoa, antologia poética seguida de fragmentos do Livro do Desassossego", de Isabel Pascoal.


"GOSTO MUITO DE LER"

Após uma rápida selecção, escolheu dois livros que lhe vão fazer companhia nos próximos dias: "A Poesia", de Maria Manuela Couto Viana e "A Revolução Industrial da Idade Média", de Jean Gimbel. "Gosto muito de ler e só não venho levantar livros quando não dou conta da carrinha", assegurou com um rasgado sorriso. "Tenho o hábito de ler desde criança. Normalmente leio um bocadinho à noite, a seguir ao almoço e ao domingo à tarde. às vezes até leio certos trechos para o meu marido, porque ele não gosta de ler", disse, admitindo que tem em casa "muitos livros" que ainda não leu, preferindo aqueles que levanta na biblioteca ambulante. "Só não leio mais porque tenho problemas de cabeça e não posso abusar", rematou Maria Rodrigues.

Antes de se despedir, recordou que quando a biblioteca incluiu Vila Soeiro no roteiro, o seu pai "que morreu com 98 anos, era o único utente". "A biblioteca veio cá por causa dele", afirmou orgulhosa. Após a saída da idosa, o mesmo "silêncio de ouro" que invadia a aldeia de Vila Soeiro de uma ponta à outra, apoderou-se do interior da Biblioteca Itinerante.


O BIBLIOTECÁRIO

Pelas 10H00, o motorista e bibliotecário Nelson Neves olhou para o relógio e declarou convicto: "Já não vem mais ninguém". "Como é altura de trabalhar as terras e de fazer as sementeiras as pessoas já não procuram tanto a biblioteca como nos meses de Inverno, em que não têm praticamente nada para fazer", justificou.

Segundo Nelson Neves, "a Biblioteca Itinerante é o único meio de lhes trazer livros à porta, pois se assim não fosse teriam que os comprar e nem todos têm essa facilidade". Comparando a "clientela" sénior com a júnior, admitiu que "os idosos levam os livros que sabem que vão ler e os miúdos levam, por vezes, os livros pelas capas e depois não os lêem". Minutos depois, a carrinha de cor avermelhada com letras brancas tinha os motores a trabalhar e seguiu viagem para a vizinha localidade de Aldeia Viçosa, onde é esperada pelas crianças da escola local. àquela hora do dia, os poucos habitantes de Vila Soeiro estavam entregues às lides agrícolas. Amélia da Conceição, viúva, 78 anos, deu pela passagem da "carrinha dos livros", mas disse que nunca a procurou porque não tem tempo para ler. "Não vou lá porque tenho pouco vagar de ler. De dia não tenho vagar e à noite, assim que me sento, dá-me logo o sono", justificou.

Já Maria dos Anjos, 83 anos, também viúva, lamenta não saber ler para poder dirigir-se à biblioteca que visita a aldeia. "Eu não sei ler, se soubesse ia lá buscá-los [os livros]. Tenho um desgosto muito grande por não saber ler uma única palavrinha, mas agora já não aprendo porque sou velha", referiu. "Se soubesse ler, passava um bocadinho agarrada aos livros", acrescentou, lembrando que no seu tempo de infância e juventude não teve possibilidades de ir à escola porque foi obrigada a tomar conta dos irmãos. A Biblioteca Itinerante da Câmara Municipal da Guarda é herdeira do projecto nacional da Fundação Calouste Gulbenkian. Na Guarda, as quatro carrinhas da Gulbenkian pararam em Maio de 1994.

Marco Maciel salienta importância da Biblioteconomia para ampliação da democracia

Por Cristina Vidigal
em Agência Senado
26 março 2007

O senador Marco Maciel (PFL-PE) destacou em Plenário, nesta segunda-feira (26), a passagem do Dia do Bibliotecário, dia 20 de março, ocasião em que o Senado Federal assinou convênios com o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) para a implantação do projeto da Biblioteca Digital. Com esses convênios, o acesso dos cidadãos a documentos e informações jurídicas e sobre jurisprudência será facilitado.

- Não se faz um grande escritor sem antes ter um grande leitor e não se faz um grande leitor sem acesso a uma biblioteca - salientou Maciel, para quem a Biblioteconomia facilita o acesso a outros bens culturais. Para respaldar seu argumento, Maciel citou o escritor e conterrâneo Gilberto Freyre, que considerava a educação a prioridade número um em uma sociedade democrática, como forma de proporcionar o acesso aos demais bens culturais.

Maciel citou os pronunciamentos do presidente do Ibict, Emir Suaiden, e do presidente em exercício do STJ, Francisco Peçanha, proferidos na cerimônia de assinatura do convênio, ocorrida na Biblioteca Luiz Viana Filho. Suaiden lembrou que o teórico da comunicação Yoniji Massuda foi criticado ao dizer que a sociedade da informação seria a sociedade do compartilhamento de informações.

Para Maciel, a sociedade da informação, apesar das desigualdades sociais, promoveu maior acesso ao livro e foi capaz de disseminar o saber.

- O livro ainda é caro no Brasil, daí o papel das bibliotecas na disseminação da informação - assinalou.

Já Peçanha que o acesso à doutrina e à jurisprudência será ampliado a todos os brasileiros com a biblioteca digital, o que já ocorrera no STJ quando foi implantada a Biblioteca Digital Jurídica (BDJur).

Em aparte, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) assinalou que o trabalho dos senadores é subsidiado pelo trabalho dos servidores da Biblioteca do Senado e salientou ser necessário que as bibliotecas disponham de indicação de livros especialmente dedicados às crianças. Também em aparte, o senador Mão Santa (PMDB-PI) disse que o governo não tem incentivado o aumento de bibliotecas no país.

Jornais norte-americanos do início do séc. XX na web

Por Murilo Cunha

Acaba de ser lançado o projeto Chronicling America: Historic American Newspapers, que está disponibilizando 226.000 páginas de jornais norte-americanos, publicados entre 1900 e 1910 e que estão sob o domínio público. O sistema permite busca no texto completo, busca limitada a um Estado particular, jornal específico, ano ou meses de publicação. Os resultados podem ser visualizados em pdf ou em html.

"O caminhante" precisa fazer o caminho 2

Por Murilo Cunha

Muito interessante a análise sobre o longo caminho que temos que percorrer para ampliar o acesso à Internet no Brasil. Valeria a pena mencionar que recursos para minorar o chamado "fosso digital" já existem. Refiro-me aos enormes montantes advindos do imposto que é cobrado nas contas telefônicas que, atualmente, parecem que já ultrapassou a marca dos cinco bilhões de reais (ou cerca de 2.4 bilhões de dólares, muito dinheiro em qualquer lugar do mundo). Como se sabe 1% dos serviços de telecomunicações vai para formar esse Fundo.

Infelizmente, esses recursos até agora estão sendo "contingenciados" e permanecem parados em algum lugar da burocracia federal. É um crime contra a população brasileira, principalmente para os 120 milhões que estão na faixa etária acima de 10 anos (conforme assinalado no texto de Barreto) e que ficam à margem da Grande Rede. Até agora não vi nenhuma manifestação das entidades da nossa área para coibir esse verdadeiro "abuso" governamental.

Vale a pena citar que, tempos atrás, foi feito um excelente trabalho realizado no âmbito do Programa Sociedade da Informação que visava equipar, com verbas oriundas do FUST, mais de 700 bibliotecas públicas do nosso país. Salvo engano, parece que nenhum CENTAVO foi gasto com esse projeto de tamanha repercussão social, com enormes efeitos multiplicadores, principalmente junto às camadas sociais menos favorecidas.

Acredito que as bibliotecas possam contribuir na luta da inclusão social e, como tal, "o caminhante" precisa fazer o caminho.

O caminhante não faz o caminho o caminhar é permitido pelo conhecer

Por Aldo Barreto

O Brasil tem 32,1 milhões de cidadãos com idade acima de dez anos que acessam a Internet. Porém 120 milhões nessa mesma faixa não acessam. Apenas 21% da população tem acesso a Internet , o que põe o Brasil no 62º lugar no ranking de nível de acesso no mundo, e em quarto lugar na América Latina, atrás de países como Costa Rica, Guiana Francesa e Uruguai.

Os dados são do suplemento especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/2005), divulgado esta semana pelo IBGE e evidenciam a enorme exclusão digital em que ainda vive a população brasileira. No perfil dos que tem acesso a maioria é estudante, a idade é baixa, entre 15 e 17 anos, a renda é alta e o uso é majoritariamente para educação e aprendizado. A exclusão digital aponta para uma exclusão social de renda e educação.

A renda, com informado pela pesquisa do Ibge é a principal barreira para o acesso à rede. Enquanto o rendimento médio familiar do brasileiro é de R$ 471 per capita , o ganho dos que acessam a Internet sobe para mil reais. Na parcela dos que não acessam, o rendimento cai para R$ 333.

A primeira barreira é poder comprar o computador, a segunda é poder pagar o acesso. A terceira é a proficiência digital : depois do acesso é a capacidade de interagir com a máquina na Internet para ver e retirar informação útil.

O analfabetismo digital emperra o a inclusão digital. Ser digitalmente fluente envolve não apenas saber como usar as ferramentas tecnológicas, mas também saber como construir coisas significativas com estas ferramentas, pois seguir as pegadas em um documento digital é como percorrer um labirinto de opções pessoais onde o trajeto para o conhecimento é consentido a cada passo do andar. O caminhante não faz o caminho o caminhar é permitido pelo conhecer.

O que define esta fluência digital é o que apresenta o artigo * abaixo onde a fluência digital é estudada como sendo fruto de existirem três condições conjuntas: conhecimentos, atitudes e habilidades. São identificadas, então, 15 habilidades básicas que em um contexto de atitudes e conhecimento definem a proficiência digital e a possibilidade de usar a web para asssimilar conhecimento.

Um, outro importante estudo piloto examinou como desabrigados na Escócia ** analisa o significado que estas tecnologias de informação têm em realizar mudanças no bem estar social. Verifica, então, que o estilo de vida dos desprivilegiados é nômade e temporário construído por uma permanência mediada pela satisfação imediata de suas necessidades.

É uma sub-cultura descrita no estudo como caótica, um termo coloquial usado descrever uma vida de eventos errantes e impredizíveis. A rota da inclusão social é uma realidade muito complexa e requer muitos mais fatores do que só o acesso e o uso da potencialidade da tecnologia digital.

Devemos olhar alem da visão determinista de a tecnologia trará sempre e somente benefícios positivos no seu trajeto As novas tecnologias digitais não resolvem o processo de ajudar indivíduos socialmente empobrecidos a mudar suas vidas para o melhor. A inclusão digital não gera inclusão social.

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* Mitos e lendas da informação: o texto, o hipertexto e o conhecimento;

** Digital Inclusion without Social Inclusion: The Consumption of Information and Communication Technologies (ICTs) in Homeless Subculture in Central Scotland. Artigo de Claire E. Buré, Universidade de Edimburgo para o The Journal of Community Informatics , Vol. 2, No. 2 (2006).

09 abril 2007

Maluco por Livro: acesso à leitura em um bairro carente de São Paulo

Em Boletim Livro e Leitura
25 março 2007

O Parque Residencial Cocaia, no extremo sul de São Paulo, é uma das mais afastadas e violentas regiões da cidade. Neste local de alta privação, o projeto Maluco por Livro busca incentivar a formação de leitores por meio de bibliotecas comunitárias e envolvendo jovens mediadores de leitura (de 12 a 20 anos), que realizam sessões semanais com turmas de dez crianças (de 0 a 12 anos) durante três meses. Além de livros infantis, é também utilizado como instrumento de mediação o Jornal Comunitário Resoluto, produzido pelos próprios adolescentes da comunidade. Em 2006, foram implantas quatro bibliotecas comunitárias na Península do Cocaia e formados 120 mediadores e 1.200 leitores.

ICANN cogita virar entidade privada

Por Computerworld
em IDG Now!
9 abril 2007

A organização gestora da internet mundial – Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN) – está considerando a possibilidade de se converter em uma entidade privada, a fim de eliminar alguns potenciais inconvenientes legais.

No fim do mês passado, a organização criou um comitê encarregado de assessorar determinadas questões estratégias e uma das primeiras recomendações foi a possibilidade de a organização transformar sua identidade legal, convertida em uma entidade internacional privada com sede nos Estados Unidos. Segundo especialistas do comitê, a mudança ofereceria à organização certas imunidades capazes de limitar suas responsabilidades.

Alguns observadores da indústria criticaram a idéia. “O comitê trouxe à tona pela primeira vez aquilo que os membros estão tentando calar há pelo menos um ano. A ICANN encontrou uma forma de se livrar de toda a responsabilidade”, assegura Michael Froomkin, especialista em internet e Direito da Universidade de Miami.

Se a ICANN redefinir seu perfil como uma organização internacional independente, seria colocada em uma situação similar a grupos como o Comitê Olímpico Internacional ou a Fifa. Segundo Froomkin, esse modelo não tem porque funcionar necessariamente bem. “De fato, não foi nenhuma surpresa que a falta de responsabilidade destas organizações tenham servido de terra de cultivo para gerar ao seu redor um clima de escândalo e especulação”, aponta. Além disso, o executivo destaca que os Estados Unidos provavelmente não estarão de acordo com uma mudança de tal natureza.

Caso a ICANN siga adiante seu plano, segundo o comitê responsável pela proposta, deveria assegurar a criação de mecanismos de revisão e responsabilidade, incluindo um processo para a utilização dos painéis de arbítrio internacional. Além disso, haveria de considerar um cumprimento das leis relevantes dentro da normativa norte-americana em seus processos de arbítrio.

A proposta foi feita depois da decisão tomada no final do ano passado de ampliar a supervisão do governo norte-americano sobre a Icann durante mais de três anos. Esta prolongação conseguiu o apoio dos interessados em assegurar uma lenta transição à independência da ICANN e às críticas do que promoviam sua conversão em uma entidade autenticamente internacional, livre da influência de qualquer governo particular.

Google procura mundo de traduções instantâneas

Por Reuters
em Estadão.com.br
28 março 2007

Na visão de futuro do Google, as pessoas poderão traduzir documentos instantaneamente para os principais idiomas do mundo, usando lógica de máquina e não de especialistas em línguas.

A abordagem do Google, conhecida como tradução mecânica estatística, difere de esforços passados por abrir mão de especialistas em idiomas que programam regras gramaticais e dicionários em sistemas de computação.

Em lugar disso, o método alimenta um banco de memória com documentos traduzidos para dois idiomas por seres humanos, e confia que os computadores consigam discernir padrões que serão usados em futuras traduções.

Embora a qualidade não seja perfeita, trata-se de uma melhora com relação aos esforços anteriores de tradução mecânica, disse Franz Och, 35, o alemão que comanda o projeto de tradução do Google.

"Algumas pessoas que trabalham há muito tempo com traduções mecânicas e vêem os nosso resultados em textos árabe-inglês dizem que são excelentes, um verdadeiro avanço", ele afirmou.

"E outras pessoas que nunca viram trabalhos de tradução mecânica..., quando percorrem a sentença, apontam um primeiro erro lá para a quinta linha. Dizem que a tradução não parece estar funcionando por causa daquele erro", acrescentou.

Mas, para algumas tarefas, uma tradução quase correta é boa o bastante.

Falando em almoço no refeitório do Google, famoso por oferecer comida saudável e gratuita, Och mostrou uma tradução de um site noticioso árabe para um inglês legível.

Dois funcionários do Google que falam russo e estavam almoçando em uma mesa próxima disseram que a tradução de um site noticioso em inglês para seu idioma de origem era compreensível, mas um pouco desajeitada.

Och, que fala alemão, inglês e um pouco de italiano, alimentou o computador com milhões de palavras de textos paralelos em árabe e inglês, usando documentos da Organização das Nações Unidas e da União Européia como fontes essenciais.

No caso de idiomas onde não exista grande volume de textos traduzidos, como é o caso de certas línguas africanas, os obstáculos serão maiores.

Leitor online tem mais atenção que leitor de jornal impresso

Por Reuters
em Estadão.com.br
30 março 2007

Pessoas que usam a internet para ler notícias prestam mais atenção ao que estão lendo do que leitores de jornais impressos, afirma um estudo norte-americano que refuta a idéia de que internautas não lêem muito.

A pesquisa EyeTrack07, produzida pelo Poynter Institute, uma escola de jornalismo baseada na Flórida, descobriu que os leitores online lêem 77% do que escolhem para ler enquanto usuários de jornais impressos lêem em média 62% do conteúdo. Leitores de tablóides ficam ainda mais atrás, com índice de cerca de 57%.

Sara Quinn, diretora do projeto Poynter EyeTrack07, disse que foi a primeira vez que um grande levantamento público internacional compara diferenças entre como as pessoas lêem notícias na Web e em jornais.

Ela disse que os pesquisadores ficaram surpresos em descobrir percentual tão elevado de texto sendo lido online pois isso derruba o mito de que os leitores da internet têm menos tempo de atenção.


SELEÇÃO

"Quase dois terços dos leitores online, uma vez que escolhem um item em particular para ler, lêem todo o texto", disse Quinn à Reuters durante a conferência anual da Sociedade Americana de Editores de Jornais, onde a pesquisa foi divulgada.

A pesquisa também descobriu que pessoas prestam mais atenção a itens escritos em forma de pergunta e resposta ou no formato de listas e preferem fotos noticiosas em vez imagens posadas e produzidas.

O estudo testou quase 600 leitores em quatro mercados norte-americanos.

Os participantes da pesquisa, que se dividem em 49% de mulheres e 51% de homens e com idades entre 18 e 60 anos, tiveram que ler a edição do dia de jornais impressos e online durante 30 dias.

Duas pequenas câmeras foram montadas sobre o olho direito dos pesquisados para monitorar o que eles estavam lendo. Eles tinham liberdade para ler o que queriam. O estudo descobriu que cerca de 75% dos leitores de veículos impressos tinham comportamento metódico se comparado com percentual de cerca de 50% dos leitores de publicações online.

Leitores metódicos tendem a ler do topo ao pé de uma página sem examinar muito ela e relêem algum material. Já os leitores online, sejam eles metódicos ou com estilo de varredura, lêem quase o mesmo volume de texto.


DIFERENÇAS

Quinn disse que um teste ainda em fase de experimentação também descobriu que as pessoas respondem corretamente mais questões sobre notícias se a informação for apresentada de maneira alternativa em relação à narrativa tradicional.

Esse método alternativo pode ser um formato de pergunta e resposta, cronologia, texto curto de canto ou lista.

"Os pesquisados prestam em média 15% mais atenção a formatos alternativos de matérias do que reportagens publicadas de maneira tradicional. Em páginas maiores, esse número sobe para 30%", afirma o estudo.

Grandes manchetes e fotos em publicações impressas são lidas em primeiro lugar, mas os leitores online vão primeiro para barras de navegação. Quinn disse que mais pontos da pesquisa devem ser divulgados durante a conferência do Poynter marcada para abril.

A cada dia, surgem 120 mil novos blogs na internet

em Estadão.com.br
9 abril 2007

O site Technorati, que cobre o crescimento da blogosfera, divulgou neste mês o seu relatório trimestral que aponta o crescimento dos diários online. Segundo o levantamento, o ritmo de criação de blogs ainda é intenso, com 120 mil novos blogs surgindo a cada dia, ou cerca de 1,4 novos blogs a cada segundo.

O crescimento no volume de postagens nestes diários, no entanto, está diminuindo, caindo para 1,5 milhão de posts por dia, ou 17 posts por segundo. Em outubro, o volume era de 1,3 milhão de posts diários, ou 15 posts por segundo.

Atualmente o número de blogs ativos é de 75 milhões de diários. Entre os idiomas, a linguagem mais utilizada é o japonês, com 37% da blogosfera, com o inglês em segundo, com 33% e o chinês em terceiro, com 3%.