31 maio 2006

Reino Unido lança na web primeiro livro feito totalmente em áudio

em WNews
31 maio 2006

"Sex on legs". Este é o nome do primeiro romance criado apenas em áudio e para download via Internet. A obra acaba de ser lançada no Reino Unido. A notícia é do jornal The Independent .

O livro foi criado por Brian Luff e é classificada como uma "comédia de ficção científica e suspense" e tem 75 mil palavras. A obra pode ser baixada por nove libras (cerca de R$ 39).

Esse novo gênero digital divide opiniões. Para alguns, isso significa uma volta às origens orais da literatura - anterior à escrita - e que tem precedentes na tradição homérica. Para os mais críticos, há nesse ato uma ameaça de distanciamento ainda maior entre os os jovens e os livros, já que esses últimos perderiam ainda mais espaço para dispositivos como celulares ou tocadores digitais.

No entanto, o autor de Sex on Legs considera a sua iniciativa um fator positivo para estimular o consumo de literatura em qualquer suporte. Sua obra fala sobre um corredor negro que participa dos Jogos Olímpicos de Londres em 2012 e tem como objetivo correr os 100 metros rasos em zero segundo. Luff - um ex-jornalista esportivo - declarou que se inspirou no velocista canadense Ben Johnson, que ganhou a medalha de ouro nessa categoria nas Olimpíadas de Seul em 1988, mas foi pego no exame antidoping, perdendo a premiação.

Para baixar Sex on Legs, clique aqui (em inglês).

Surge a folksonomia, uma nova forma de classificação virtual

em O Estado de S. Paulo
29 maio 2006

A prática de colocar tags nos conteúdos da internet é também conhecida como folksonomia. O termo, creditado ao arquiteto da informação Thomas Vander Wal, é uma mistura da palavra taxonomia com folk, que significa povo, em inglês.

"A folksonomia é um modo de as pessoas 'etiquetarem' objetos (páginas da web, fotos, vídeos, podcasts, essencialmente qualquer coisa que possa estar na internet) usando o seu próprio vocabulário para que seja fácil para elas encontrarem a informação outra vez", escreveu Vander Wal em seu blog www.personalinfocloud.com.

"A folksonomia é uma classificação social, fazendo com que outras pessoas que usem o mesmo vocabulário sejam capazes de encontrar o mesmo objeto", completou.

Outros tentativas de nomear o fenômeno incluem os termos "social tagging" ou - no caso do uso dos tags para compartilhar sites e favoritos - " social bookmarking".

Ao abrir espaço para uma classificação dos conteúdos a partir do ponto de vista de diferentes pessoas, permitindo que informações semelhantes tenham interpretações culturais distintas, acredita-se que as tags estejam preparando o terreno para um dos principais sonhos do pai da World Wide Web, Tim Berners-Lee: o do surgimento de uma web semântica.

Essa nova rede seria possível graças a "metadados" - informações de um arquivo legíveis apenas para os computadores - que permitiriam uma navegação e busca de dados baseada nos sentidos (semântica) das informações, e não mais em expressões de busca como é hoje.

Algo semelhante é o que vem propondo o pensador francês da cibercultura Pierre Levy. Para ele, o surgimento de uma tecnologia que amarre semanticamente todo o conhecimento produzido pelo homem acabará culminando no que chama de inteligência coletiva.

Está difícil encontrar o que procura na web? Siga as tags de seus amigos

Por Diego Assis
em O Estado de S. Paulo
29 maio 2006

Blogs, fotologs, comunidades virtuais, podcasts... Depois de inundar a web com conteúdos pessoais, os próprios usuários estão começando a botar ordem na casa. E, graças a um sistema ultrapersonalizado de classificação desses arquivos, a rede está ficando cada vez mais com a cara do dono - sua majestade, o internauta.

Sites como o Flickr, um dos principais repositórios de fotos públicas na web, o YouTube, mania entre os aficionados por vídeos online, ou o Last.fm, comunidade virtual com foco na música, vêm convocando os usuários a escolherem palavras-chave para descrever seus conteúdos - seja um vídeo, uma foto, uma canção, um site, etc.

Também conhecidas como tags, essas etiquetas eletrônicas são então compartilhadas entre os membros dessas comunidades e acabam funcionando como links temáticos para a navegação. No lugar de recorrer a buscadores automáticos impessoais, você descobre, ao clicar nas tags, coisas novas a partir de indicações de quem confia.

O Google não está ajudando a encontrar aquele disco de bossa nova de que você nem sequer se lembra o nome? Pergunte aos seus "vizinhos musicais" que manjam tudo do assunto. Ou mais especificamente: consulte as tags deles.

"Quando lançamos o Last.fm, nosso foco era tornar o não-descoberto acessível. Se você procura algo que é parecido com outra coisa que já conhece, então tags é o que precisa", defende Martin Stiksel, um dos fundadores do serviço, que aderiu às tags em agosto de 2005.

Inicialmente adotado apenas por geeks e internautas mais antenados, o sistema de "tagging" já começou a se misturar ao mainstream da internet. Desenvolvidos por empresinhas independentes, o site Flickr e a ferramenta Delicious - que permite guardar e consultar suas páginas favoritas online usando tags - foram adquiridos, no ano passado, pelo gigante Yahoo! .

"Estamos vivendo uma 'flickerização' do Yahoo!", reconhece René de Paula Jr., diretor de produtos da empresa no Brasil, citando como o exemplo dessa "contaminação positiva" das tags o MyWeb 2.0, serviço semelhante ao Delicious.

"As tags estão resgatando o lado humano da web. Quando vou procurar um link dentro do MyWeb, posso procurar nas tags públicas ou somente naquelas da minha comunidade. Com isso, tenho muito mais garantias de que a informação que vou encontrar esteja dentro do meu universo de interesses", avaliza De Paula.

Memória brasileira: ora em branco total, ora em inteligência exarcebada

Por Jotabê Medeiros e Camila Molina
em O Estado de S. Paulo
28 maio 2006

Enquanto o Masp amarga a crise, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio, o maior museu carioca, vive uma "era de opulência". Os números desse risorgimento são inequívocos. O MNBA recebeu, em 2005, uma injeção de R$ 9 milhões. Agora, em 2006, vai receber outros R$ 6 milhões. Ganhou 800 metros quadrados com uma reforma e vai inaugurar, no dia 5, a nova reserva técnica. Recebeu em doação mais de 2 mil obras de arte contemporânea. E também preciosidades do século 19, como dois retratos de Victor Meirelles, um de Pedro Américo e uma pintura e um desenho de Visconti.

Uma situação que mudou da água para o vinho. Até 2004, durante o período de chuvas, era comum, no interior do museu, o uso de baldes para segurar água das goteiras. Fachadas rachadas, telhas quebradas, cúpulas destroçadas também faziam parte da paisagem. "Eu fico até sem graça. Enquanto estamos melhorando, outros museus, como o Masp, passam por tantos problemas", diz Mônica Xexéo, diretora do MNBA.

O retrato dos museus do País é diversificado. Em Belo Horizonte, outra instituição importante enfrenta problemas. Trata-se do Museu da Pampulha, instalado em prédio integrante do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. É o único museu de arte de Belo Horizonte, grande pólo de arte contemporânea do País, que comemora 50 anos em 2007. Seu acervo tem cerca de mil obras, com peças de mestres como Guignard e Volpi. Na segunda-feira, o MAP, como é conhecido, teve de desmontar exposições dos artistas Pedro Croft e Rodrigo Andrade por falta de verba. E suspendeu também o seu programa Bolsa de Arte.

Mantido como uma instituição ligada à Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte (a Secretaria de Cultura da cidade), o museu está em compasso de espera desde 2002. "Dizer que fechamos é muito forte, mas, desde terça-feira, estamos sem nenhuma exposição e acho que ficaremos assim durante um mês", diz Priscila Freire, que dirige o museu.

26 maio 2006

Pesquisadores vêem web semântica como solução para futuro da rede

Por Jeremy Kirk
em IDG Now!
24 maio 2006

Centenas de pesquisadores e cientistas da computação se reúnem em Edimburgo, nesta semana, concentrando esforços na tentativa de vislumbrar o futuro da internet. No evento W3C (World Wide Web Conference ), na Escócia, estudiosos analisam pesquisas e debatem idéias como a da questão da desorganização da crescente massa de dados na grande rede.

Para resolver essa desordem um das propostas mais comentadas foi o conceito de web semântica, uma nomenclatura adotada por pesquisadores para designar uma internet mais organizada, capaz de agregar fontes de informações similares ou que tenham alguma coincidência contextual. Trata-se da internet bem interpretada, classificada e "linkada", eficiente no relacionamento de dados e na capacidade de desenterrar informações perdidas nos servidores.

A web semântica ajudaria os usuários a encontrar mais facilmente a informação que procuram. Mas o processo para desenvolvê-la ainda não está tão claro assim. Um fator agravante é a incerteza se as aplicações e interfaces da nova internet seriam de fato amigáveis ao usuário.

"Eu acredito que podemos fazer melhor do que o patamar atual" afirmou Tim Berners Lee, responsável pela criação da plataforma web. "Do mesmo modo que eu também acho possível uma bagunça ainda maior e que a web 2.0 se torne uma grande desordem com informações não confiáveis que você acessa pelo Google", polemizou.

A tecnologia de ranqueamento do Google, que considera o número de links de uma página na web para posicioná-la na lista de resultados, é vista como um avanço nesse sentido, mas os cientistas desejam ferramentas mais avançadas.

A web semântica não substituirá as engenharias de busca. Ela é vista como algo complementar a outros aplicativos que exploram as informações das páginas web. Contudo, Berners Lee brinca dizendo que as empresas de buscadores talvez não estejam tão interessadas assim no avanço dessa área. "Os buscadores fazem dinheiro ordenando o caos. Se você já oferece tudo organizado eles perdem o negócio", ilustra.

A web semântica se difere vastamente das atuais tecnologias de busca, que podem ler palavras chaves e hierarquizar de acordo com a popularidade, mas não interpretam o contexto.

"O Google é ótimo, mas eu não quero fazer uma busca por algo e encontrar seis milhões de resultados", afirmou Clare Hart, vice-presidente executivo da Dow Jones. "Não me ajuda se os endereços significantes estão 20 links abaixo do primeiro exibido".

O conceito de web semantica também pode ser aplicado para a organização dos dados dentro de empresas. Em longo prazo, as empresas precisarão se dar conta que o desenvolvimento da web semântica será um elemento de propriedade, de posse, afirmou Richard Menjamins, diretor de inovação e pesquisador de desenvolvimento da Intelligent Software Components. Hart ilustra enfatizando a questão da perca de tempo e o prejuízo para se buscar um dado.

Berners-Lee defende neutralidade e abertura da Internet

Por Jeremy Kirk
em IDG Now!
25 maio 2006

Tim Berners-Lee, cientista da computação responsável pela criação da World Wide Web condenou a movimentação dos provedores de acesso em banda larga dos Estados Unidos no sentido de controlar o conteúdo de seus usuários, declarando que isso ameaça o maior trunfo da Internet: sua liberdade e abertura.

Na visão de Berners-Lee, a regulamentação da internet é necessária, mas deveria ser mínima. Ele disse que os esforços para controlar conteúdos podem causar impacto em outras áreas como decisões de voto e o desenvolvimento da democracia.

"Espero que os Estados Unidos tomem a decisão certa, pois há uma vala grande de opiniões sobre a neutralidade da web" disse Berners-Lee durante a 15ª Conferência World Wide Web, realizada esta semana na Escócia.

Os legisladores norte-americanos estão considerando leis para a neutralidade da rede obrigando as empresas de banda larga a oferecer o mesmo nível de serviço para qualquer tipo de conteúdo.

Na semana passada, membros da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos apresentaram um novo projeto de lei, chamado de Lei de Liberdade e Não-descriminação da Internet. Por meio da lei, se os provedores de banda larga oferecerem um serviço de qualidade avançada a um determinado conteúdo, devem fazê-lo para outros conteúdos, sem cobrança adicional.

A neutralidade da internet conta com o suporte de grupos de consumidores, mas muitas operadoras de telecomunicações se opõem à legislação afirmando que tal decisão pode aumentar o custo do acesso rápido à internet.

A tentativa de diferenciar serviços pelos ISPs (Internet Service Providers) não funcionou muito bem no passado e muitos provedores não tiveram muito sucesso tentando sujeitar usuários a pagamentos adicionais na área de conteúdo online, afirmou Berners-Lee.

Em geral, Berners-Lee disse que a Internet está envenenada por um grande pacote de mudanças em seu uso e suas habilidades. Comparada à evolução dos veículos e da televisão, a Internet é um espaço muito mais abstrato com alto potencial de inovação.

"Há um grande número de mudanças por vir", disse Berners-Lee. "Se você olhar 20 anos para trás... vai perceber que estamos em um estágio embrionário da Web em muitos pontos de vista".

Berners-Lee está envolvido com o desenvolvimento da "Web Semântica", que permite que máquinas inteligentes interpretem dados e façam um roteamento dos mesmos de uma forma intuitiva para os usuários.

A Web Semântica incorpora uma linguagem de tagging chamada Resource Description Framework para descrever dados, da mesma forma como o HTML (Hypertext Markup Language) é usado para documentos.

Pânico à toa: Internet não substitui jornais

Por Aleksandar Mandic
em IDG Now!
24 maio 2006

No final dos anos 90, empresários da mídia impressa queimaram neurônios e dólares aos milhões tentando resolver uma charada: por um lado, a internet se apresentava como a mídia que mais rápido evoluía – nem o rádio, a TV ou o telefone haviam evoluído com essa velocidade.

Publicações impressas, ao contrário, têm crescimento – digamos – vegetativo e sobrevivem de três fontes básicas de receita: assinaturas, venda avulsa e publicidade.

Como as publicações digitais tinham virtualmente o mesmo conteúdo das impressas e teoricamente estavam sobrevivendo de publicidade (só o Wall Street Journal conseguia vender assinaturas), parecia indiscutível que as publicações em papel sofreriam fortes impactos em termos de perda de receita.

Os maiores temores eram de que os leitores dessem preferência à leitura dos jornais pela Web ao invés de irem buscá-los nas bancas e que ao mesmo tempo passassem a ler classificados na Internet, desprezando principalmente os volumosos jornais de domingo.

Esse temor cresceu no mundo inteiro e fez com que seminários, congressos e simpósios ficassem lotados de empresários e consultores ávidos pelo encontro de uma solução.

O caso mais dramático era o dos classificados, que muitas vezes representam metade ou mais da receita publicitária de um jornal, e o raciocínio nesse caso era o seguinte: já que não se pode derrotá-los, junte-se a eles.

E foi assim que a maioria dos jornais abriu seus sites de classificados, oferecendo serviços de busca rápidos e primorosos, mas usando a web como valor agregado aos seus classificados em papel – pagou para sair no jornal, sai também na web. Essa é a política mundial.

Apesar de todo o temor, até hoje não havia aparecido nenhuma pesquisa conclusiva provando que a circulação de publicações em papel estava sendo corroída pelos similares via Internet.

Agora, passado o pânico, há pesquisas mostrando exatamente o contrário – que visitar o site de um jornal aumenta a probabilidade de que alguém até compre a assinatura dele.

A revista Editor & Publisher, especializada em imprensa, noticiou que uma pesquisa da Belden Associates feita com mais de 8 mil internautas em Dallas, no Texas (EUA), mostrou que a maioria não muda seus hábitos de assinar publicações, e além disso 5,6% compraram assinaturas. Somente 3,1% pararam de assinar alguma publicação.

Os números relativos a exemplares avulsos mostraram quase a mesma coisa: 14% passaram a comprar mais exemplares avulsos e 10% passaram a comprar menos. Resultado: saldo positivo para o mundo do papel, com a ajuda da web.

Reabre na Lapa museu com acervo da Revolução de 1932

Por Juliano Machado
em O Estado de S. Paulo
25 maio 2006

Após quatro anos fechado para visitação, o Museu Maria Soldado, que abriga o acervo da Revolução Constitucionalista de 1932, reabre hoje ao público como parte das comemorações do 9 de Julho. Todos os objetos e documentos sobre o levante paulista contra a ditadura de Getúlio Vargas saíram do Obelisco do Ibirapuera e foram para a Lapa, na zona oeste, onde funciona ainda o núcleo distrital da Sociedade Veteranos de 32 - MMDC.

Para o coronel reformado Mário Ventura, secretário-executivo da sociedade, a mudança foi providencial. "O Obelisco está em reforma desde 2002 e o acervo estava em mau estado de conservação." E a escolha pela Lapa não foi por acaso. "As entidades de lá sempre participaram ativamente da preservação do patrimônio de 32", disse. O bairro também contribuiu para a decisão judicial, em primeira instância, no fim de abril, de o Túnel Daher Elias Cutait voltar a se chamar 9 de Julho. Das 40 entidades que manifestaram apoio à ação do Ministério Público Estadual pela restauração do nome, 8 são da Lapa.

Criado em junho do ano passado, o núcleo do MMDC foi idealizado pelo professor José Carlos Lima. Quem for ao museu poderá ver espingardas, granadas e fardas dos soldados, dezenas de fotos e até a hélice de um avião monomotor derrubado pelas tropas de Vargas. Há ainda vários modelos do capacete de aço que se tornou o símbolo da resistência paulista. Esses capacetes eram fabricados e doados por duas metalúrgicas da Lapa, a Martins Ferreira e a Fiel, que já não existem.

Segundo a Sociedade Veteranos de 32, apenas 200 dos 18 mil homens que estiveram nas trincheiras ainda estão vivos. No desfile de 9 de julho de 2005, apareceram 28. Um deles era Francisco Bento da Silva, de 91 anos, morador da Lapa há 36. "Eu era muito jovem e só entendi o porquê de lutar no final." A revolução terminou em 2 de outubro de 1932 com a derrota de São Paulo. Dois anos depois, porém, seus principais objetivos foram alcançados: a promulgação de nova Constituição e retorno ao Estado democrático.


MARCHA

As festividades terão uma marcha de 825 quilômetros, cruzando o Estado de oeste a leste. A partida será dia 29, em Santa Fé do Sul, na divisa com Mato Grosso do Sul - uma homenagem ao Estado vizinho que declarou apoio aos paulistas. Serão 41 dias de caminhada até a chegada a Cruzeiro, no Vale do Paraíba, em 9 de julho, onde foi negociado o fim do conflito. As prefeituras dos 49 municípios percorridos - não inclui São Paulo - vão oferecer alojamentos para os viajantes. Os veteranos, todos com mais de 90 anos, só participarão de caminhadas em trechos de até 20 quilômetros.

O abre-e-fecha da megabiblioteca mexicana

Por Wladir Dupont
em Observatório da Imprensa
23 maio 2006

Para melar a festa não faltou algum gozador relembrando os velhos tempos da política mexicana, regida com mão de ferro pelo partido forte, o PRI, quando os presidentes, ao inaugurar uma obra pública no interior do país, faziam de conta, com a abjeta cumplicidade das autoridades locais, que tudo funcionava muito bem: assim, uma torneira comunitária só jorrava água durante a festiva passagem da comitiva oficial, depois era fechada para continuar o serviço, que podia nunca terminar ou estender-se por tempo indefinido – tudo dependendo dos interesses e conveniências dos puxa-sacos e aspones de plantão.

Resguardadas as diferenças – pois agora o poder, democratizado, é do partido opositor, o PAN – foi um pouco assim, semana passada, com a inauguração de uma das obras públicas mais criticadas, abominadas e rejeitadas do governo do presidente Vicente Fox, a chamada Megabiblioteca José Vasconcelos ( 44.186 metros quadrados, cinco andares, acervo inicial de 500 mil livros), entregue à população a toque de caixa para faturar prestígio e votos na reta final das eleições presidenciais de 2 de julho: o candidato do PAN e do presidente Fox, Felipe Calderón, obviamente se beneficia do barulho propagandístico das realizações, aceleradas, de fim de mandato.

Entregue em termos, pois o público em geral só terá acesso a biblioteca a partir de 1º de junho. Por enquanto, o recinto estará aberto apenas para receber grupos de estudantes, professores e pesquisadores em visitas guiadas.


AUSÊNCIA DE LEITORES

Foi enorme a frustração, tanto de jovens usuários ansiosos como dos meios culturais da Cidade do México, algo desconfiados de tanta pressa e badalação. E a imprensa não perdoou: "Megabiblioteca, en la disputa por votos", "Megabiblioteca, espejo del centralismo cultural", assim titulou o El Universal as duas matérias sobre o assunto na página de abertura do caderno cultural. A combativa revista semanal Proceso, em campanha permanente contra o governo de Fox, limitou-se a publicar um comentário assinado, nenhum esforço maior de reportagem.

Repercutiu, isso sim, a observação feita por um dos mais importantes intelectuais mexicanos, o sarcástico cronista e ensaísta Carlos Monsiváis, para quem a megabiblioteca "corre o risco de se converter num elefante branco ou num simples testemunho da passagem do foxismo por este país, caso não se consolide uma política eficaz de fomento da leitura... É incrível que, em 2006, 90% das oportunidades no campo cultural se concentrem na Cidade do México".

(Ele tem criticado particularmente o que considera o fracasso do programa oficial de estímulo à leitura "Rumo a um país de leitores", instituído pelo governo de Fox. Não aceita tampouco a afirmação de que os mexicanos não lêem: "Lêem, sim, só precisam de mais incentivo, formas inteligentes de fazer com que dediquem mais tempo e energia a boa leitura".)

Monsiváis não falou de números, mas nem precisava: a Unesco corrobora dados do próprio governo e da indústria editorial: os mexicanos lêem 1,5 livros por ano, quando muito; hoje no país existem só umas 400 livrarias, gradualmente ameaçadas de extinção; e a rede nacional de 7 mil bibliotecas públicas – as da Cidade do México sobretudo, mal iluminadas, com acervos envelhecidos, roídas pelas traças – necessita reformas urgentes de infra-estutura, até mesmo nos banheiros.

Por que então investir tantos recursos oficiais em uma obra de dimensões faraônicas, bela e imponente arquitetura à parte, se muitos setores do arcabouço cultural e educacional do país requerem medidas urgentes de apoio e agora estarão em situação ainda pior, pois boa parte de seus já parcos recursos serão desviados para bancar o novo projeto? É o que perguntam, indignados, os críticos mais ferrenhos da megabiblioteca.

Mais ainda: por que tanto empenho numa monumental obra de natureza cultural quando, ao longo de seis anos de governo, Fox e seus ministros, pouco dados aos livros e à reflexão intelectual, não se preocuparam em melhorar as condições de trabalho dos setores culturais do país?


CATEDRAL DA CULTURA

Os números do projeto também são monumentais. Segundo dados do Conaculta – Conselho Nacional para a Cultura e as Artes (equivalente a um ministério da Cultura), o custo total da obra, com projeto do renomado arquiteto Alberto Kalach, ao longo de quatro anos de planejamento, construção e instalação de equipamentos, foi de 100 milhões de dólares. O orçamento anual de operação da megabiblioteca deverá exigir por volta de 6 milhões de dólares, destinados a serviços, manutenção e pagamento de pessoal.

Quando aberta de forma integral, a megabiblioteca, orgulhosamente batizada pelo presidente Fox de "Catedral da Cultura", poderá receber de 12 a 15 mil visitantes diários, quatro a cinco milhões por ano. Todo esse público disporá, além de um acervo inicial de 500 mil livros (a capacidade é de 1,5 milhão de volumos), de 750 computadores com acesso à internet.

A instituição deverá funcionar como um "cérebro" ligado à rede nacional de bibliotecas, mas o processo de digitalização, necessário para essa ampliação, ainda não foi iniciado. Os usuários, atendidos por 125 bibliotecários, terão também uma cafeteria, sala de conferências, auditório para 500 pessoas, fonoteca e estacionamento para 400 carros.

O projeto arquitetônico ganhador propôs uma "integração do paisagismo, na forma de um jardim botânico com 26 mil metros quadrados, como parte de uma biblioteca concebida como depositária e transmissora do conhecimento universal". Dispensada a linguagem pedante, o resultado da criatividade do arquiteto Kalach e equipe é de fato deslumbrante.


PASSO A PASSO

Embora todas as pompas e frases entusiásticas da inauguração da megabiblioteca tenham saído de poses e bocas oficiais, ausentes grandes nomes da cultura e da arte mexicana, as próprias autoridades, um pouco acabrunhadas, não se furtaram a dar explicações sobre os incômodos atrasos e percalços da obra, incluindo goteiras.

Reconhece o diretor da biblioteca, Jorge von Ziegler, que ainda existem coisas para afinar e ajustar e que por isso mesmo o funcionamento se dará por etapas. Segundo ele, a digitalização do acervo tem demorado porque se trata, na maioria dos casos, de obras atuais protegidas por direitos autorais. "Esta é a obra cultural mais importante do governo do presidente Fox, que nos determinou iniciar operações normais nos próximos seis meses."

E em meio a uma saraivada de críticas, brincadeiras e boa dose de fofocas político-eleitorais, a opinião positiva de outro escritor respeitado, o novelista Fernando del Paso, ainda que isolada e solitária, deve ter dado um certo alivio ao governo:

"Muita gente dizia que é melhor várias centenas de bibliotecas no lugar desta, mas eu acho que é melhor ter as duas coisas. Não pesa nada a cidade de Washington ter a Biblioteca do Congresso, nem a Londres a Biblioteca do Museu Britânico, nem a Paris a Biblioteca Nacional. Uma grande comunidade em número necessita também uma grande biblioteca".

23 maio 2006

Web semântica explicada

Por Aldo Barreto
23 maio 2006

Semântica é uma palavra que vem do grego semantiké, e pode ser traduzida por "arte da significação". A web semântica será uma web inteligente?

Você conhece Ferdinand de Saussure? Foi um dos grandes mestres da Universidade de Genebra e considerado o fundador da Linguística moderna. No início do século XX, deu o Curso de Linguística Geral que abriu caminho para uma ciência autônoma que tivesse a língua como objeto específico.

Você conhece Tim Berners-Lee? É um inglês que trabalhava no Laboratório de Física de partículas, também em Genebra, quando criou a web, no final do século XX. Em maio de 1990, Berners-Lee liberou na rede mundial de computadores os principais elementos para a constituição da world wide web, ou seja, seus principais protocolos e padrões, tais como o HTTP (HyperText Transfer Protocol), mas também da URL (Uniform Resource Locator), e da linguagem HTML (Hypertext Markup Language), que permitiram o modo gráfico na internet. Logo depois, o mesmo laboratório de Genebra (conhecido como CERN) liberou a primeira versão de um software para interpretar os ícones e desenhos que foram escritos em HTML. Assim sugiu o primeiro browser (navegador), o Mosaic.

A web foi a grande responsável pela popularização da Internet. A linguagem HTML, aberta e não-proprietária, foi assimilada rapidamente e permitiu a construção de milhares de sites, que logo se tornaram milhões. Sem dúvida, a web nasceu no mundo das tecnologias abertas e pode ser considerada uma revolução dentro da revolução informacional. Tim Berners-Lee continuou seu esforço colaborativo e, atualmente, dirige o consórcio W3C (World Wide Web Consortium) que garante o desenvolvimento aberto e interoperável de tecnologias desenhadas para a web. Berners-Lee concentra-se, agora, em viabilizar a web semântica.

A Linguística criada por Saussure, atualmente, é uma ciência que possibilita analisar as linguagens sob quatro pontos de partida: a fonologia estuda suas unidades sonoras; a sintaxe nos dá a possibilidade de observar a estrutura das frases; a morfologia nos leva a avaliar as formas das palavras, e a semântica nos coloca diante do estudo dos significados. E o que isso tem a ver com a web? Com a Internet? Muito.

Para Saussure, a língua é um "sistema de signos" e o signo é uma associação entre o significante (a imagem sonora ou visual do signo) e o significado (o conceito do signo). Essa relação não é estática, ou seja, os significados mudam diante de seus significantes. A semântica, de acordo com o "Dicionário Aurélio", pode ser entendida como semasiologia, que "estuda as relações entre sinais e símbolos e aquilo que eles representam". Pode também ser definida como "o estudo do sentido das palavras".

Agora, pare e pense em uma busca pela web. Imagine que seu amigo chama-se Aurélio (nome próprio). Você está procurando o blog dele, e o mecanismo de busca não sabe que você está atrás do Aurélio "nome próprio", em vez do Aurélio "dicionário". A linguagem em que os sites foram escritos não permite que as máquinas entendam o significado dos dados que estão na rede.

Na wikipédia em português, lê-se: "uma rede semântica é uma rede que serve para interligar significados de palavras. (...) Neste âmbito, tem como finalidade conseguir atribuir um significado aos conteúdos publicados na Internet, de modo que seja perceptível tanto pelo humano como pelo computador."

A linguagem HTML é limitada para descrever os dados, ela serve para dizer como a página deve ser visualizada pelos browsers. O projeto da web semântica quer construir categorias e linguagens que permitam aos computadores obter o sentido dos dados. Assim, os computadores poderão distinguir uma busca pelo blog da procura por um dicionário ou pela loja de livros do Aurélio.

Para isso, o projeto da web semântica precisa usar uma outra linguagem que separe o conteúdo da forma em que é exposto.

A linguagem básica para isto é o XML (eXtensible Markup Language), que nos permite inserir categorias semânticas nos dados que irão para a web. Poderemos, por exemplo, definir que um determinado conjunto de dados é um preço, e outro é o nome de um livro, e assim por diante. Para explicar isso melhor, segue (informação) de um excelente tutorial sobre XML, escrito por Miguel Furtado Junior (Centro de Tecnologia em Engenharia Eletrônica da UFRJ).
Para Tim Berners-Lee, a web semântica irá permitir mais do que a simples melhoria da indexação de informações na rede mundial de computadores. Ele acredita que a completa interoperabilidade dos dados, libertos de formatos e plataformas, permitirá o surgimento de aplicações que melhorem a educação, os serviços de saúde e as atividades das pessoas no ciberespaço.

Certamente, haverá uma disputa pelo seu uso. As grandes corporações terão maior facilidade para cruzar dados dos seus alvos ou consumidores. Por outro lado, teremos maiores possibilidades de compartilhamento do conhecimento humano. Nossa história mal começou.


LINKS DE APOIO

* O Mapa da Web Semântica, em inglêswww.w3.org/Designissues/Semantic

* Exelente artigo publicado na Revista Comciência: 'QUAL O SENTIDO DA WEB http://www.comciencia.br/reportagens/internet/net08.htm

* Grande parte do Artigo de Sergio Amadeu da Silveira, para a Revista de inclusão Ssocial A Rede , ano2 número 14, http://www.arede.inf.br/ a Revista permite reprodução livre para fins não comerciais]

22 maio 2006

A digitalização dos livros

Por Pedro Doria
em O Estado de S. Paulo
22 maio 2006

Os números são os seguintes: 32 milhões de livros, 750 milhões de artigos, 25 milhões de músicas, 500 milhões de imagens, 500 mil filmes, 3 milhões de vídeos e 100 bilhões de páginas da web. Este é o tamanho do conhecimento humano, segundo os cálculos de engenheiros entrevistados pelo repórter Kevin Kelly para a revista dominical do New York Times.

Poucos mitos são mais fortes, entranhados em nossa cultura, quanto os mitos medievais. J. K. Rowling sabia disso quando encaixou a pedra filosofal no primeiro Harry Potter; Dan Brown sabia quando tascou em O Código Da Vinci uma das muitas lendas sobre a descendência de Cristo. Borges também sabia. É a pedra que faz chumbo virar ouro, a fonte da juventude, a cidade feita de ouro e a biblioteca com todos os livros do mundo. Eram ricos em sonhos impossíveis os europeus da Idade Média.

A biblioteca com todo o conhecimento não é mais tão impossível, evidentemente. Num tempo em que o conhecimento humano era bem mais modesto, tal biblioteca houve em Alexandria. Alguns de seus tomos, ainda os temos: os Diálogos de Platão, os Estudos de Pitágoras. Mas grande parte daquela coleção que pode ter encampado até 70% de todo o escrito pela humanidade se perdeu. Quanto não teve que ser redescoberto nos séculos seguintes que gregos, egípcios ou fenícios já não soubessem?

Na Universidade de Stanford, um robô com o tamanho de um carro grande escaneia e vira delicadamente páginas de livros raros para compor o banco de dados do Google. Faz isso a um ritmo de mil páginas por hora. Não é mau.

Ainda as contas de Kelly: 15% dos livros estão em domínio público; 10% estão nos catálogos de editoras e, portanto, há com quem negociar cessão de direitos - e a negociação está em rumo. O resto, ou 75% de todos os livros, estão no limbo. Fora de catálogo, órfãos de autor mas, por conta das leis de copyright, não podem ser copiados.

Todo o conhecimento humano cabe em 50 petabytes. Um prédio de dois andares armazena esses discos todos. Vai precisar de um ar condicionado potente, mas isto não é problema. Dá uns anos, cabe num iPod.

No momento em que todo o conhecimento estiver digitalizado e disponível para buscas, algo novo surgirá. É tão vasto o conhecimento que não há gênio que possa, como acontecia na Renascença, ter uma boa idéia de tudo. Então, às vezes, um mistério da medicina já estará bem encaminhado se juntar algo que alguns físicos sabem com outro algo que alguns químicos sabem. Quando tudo estiver digitalizado e pessoas começarem a fazer buscas cruzadas e a enlaçar links, o conhecimento fatalmente se expandirá.

Já vai tudo muito além do mito medieval, obviamente. Vai acontecer. A questão é só quando. E quando acontecer, algo fundamental vai mudar. O livro estará fadado a ser peça de entretenimento. Leremos romances em papel com lombada, mas o grosso há de ser digital. Não havia livros nos tempos de Alexandria - eram rolos - e quando existir a segunda grande biblioteca, quase nada será em livro.

A cada dois meses, tenho que encarar, em cima aqui da mesa, a pilha de volumes. Invariavelmente, na hora de distribuí-los pelas estantes, isso requer rearrumar prateleiras para abrir espaços. Podia tomar uma manhã, mas às vezes toma um fim de semana. É um prazer tátil o de redescobrir um volume - um prazer que tenho de ter discretamente.

Às vezes, compro livros escondido de Leila e os ponho rápido na estante para curtir um dia, de forma que ela não perceba a pilha na mesa crescendo demais. E às vezes não faço nada, só sento e vasculho com os olhos até achar um volume do qual não me lembrava.

Um dia, ainda terei um apartamento forrado de estantes como aquelas de um livro que Leila me deu, At home with books, estantes bonitas feitas para o ambiente, que acompanham escadas, dobram elegantes as quinas de parede.

Quem sofre disso, de livro, sabe que existe um tipo de prazer que a web não fornece. Mas prazeres são culturais e nascem e morrem - e nada é tão radical. Essa idéia de ter biblioteca em casa ficará obsoleta aos poucos. Espaço é cada vez mais caro e estará tudo na rede para qualquer hora.

O fascínio pela idéia da superbiblioteca, no entanto, vem com uma certa tristeza miúda que cala dentro.

Buscas na Internet: bibliotecários se saem melhor

Por Megan Rauscher
em Yahoo! Notícias
22 maio 2006

Pacientes de câncer que estão à procura deinformação rápida e precisa sobre a doença e seu tratamento na Internet se dariam melhor se pedissem ajuda de um bibliotecário profissional.

De acordo com estudo divulgado hoje na conferência anual da Medical Library Association, em Phoenix, os pacientes de câncer têm maior probabilidade de encontrar o que estão procurando em uma busca mediada por um bibliotecário, em comparação com o trabalho sem assistência.

Nos últimos cinco anos, Ruti Volk, bibliotecária profissional e gerente do Patient Education Resource Center (PERC) no centro de pesquisa de câncer da Universidade de Michigan, e seus colegas, conduziram cerca de 2,1 mil pesquisas para pacientes de câncer. Depois de cada busca assistida os pacientes são convidados a realizarem uma avaliação sobre a informação que lhes é fornecida.

Os resultados de 513 avaliações revelam diversas conclusões interessantes, apontou Volk em entrevista à Reuters Health. "Uma das mais interessantes era o fato de que 65 por cento dos pacientes afirmam que não haviam conseguido obter de qualquer outra fonte as informações que lhes enviamos. Não conseguiram essa informação trabalhando sozinhos ou usando a Internet, e não receberam essas informações de seus planos de saúde ou organizações de assistência aos pacientes de câncer."

Outros 30 por cento dos visitantes do PERC disseram que os bibliotecários forneceram algumas informações novas. Apenas quatro por cento declararam que receberam as mesmas informações sem ajuda.

"Isso demonstra", disse Volk, "que mesmo que as informações sejam supostamente tão acessíveis e tudo esteja disponível na Web, as pessoas ainda precisam da ajuda de um profissional para localizar informações relevantes, atuais e precisas".

Os bibliotecários têm acesso a recursos às vezes não disponíveis para o público geral, como bancos de dados pagos. Mas a maior vantagem, dizVolk, é a experiência deles em pesquisas. "Faço isso todos os dias, portanto devo fazê-lo melhor do que outras pessoas", afirmou.

17 maio 2006

Com ataques em SP, tráfego na Internet aumenta 10%

Por Juliane Carpanez
em Folha Online
16 maio 2006

O tráfego na internet aumentou cerca de 10% em São Paulo, nesta segunda-feira (15), em relação ao mesmo dia da semana anterior (8). É provável que este crescimento esteja ligado à onda de ataques realizadas pela facção PCC (Primeiro Comando da Capital), que deixou 81 mortos desde a sexta-feira (12).

Segundo o CGI.br (Comitê Gestor de Internet no Brasil), responsável pela medição, esta amostra funciona como um "espelho" da internet no país.

"O tráfego aumentou num dia que a tendência seria diminuir. Muitos saíram do trabalho mais cedo e ficaram presos no congestionamento, sem acesso à internet", afirma Demi Getschko, conselheiro do Comitê Gestor da Internet. "Isso mostra que, quem teve acesso, navegou mais do que o normal", explica.

Segundo o especialista, é possível que este aumento tenha se concentrado em sites de notícia, já que o foco dos internautas estava voltado à megaoperação de violência. "Por outro lado, os acessos devem ter caído em sites de download de arquivos, por exemplo", diz Getschko.

CIA libera documentos sobre governo brasileiro

Por Marcelo de Moraes
em O Estado de S. Paulo
15 maio 2006

Não é apenas no Brasil que existem ainda arquivos secretos sobre o período da ditadura militar. Documentos confidenciais produzidos por órgãos do governo dos Estados Unidos estão sendo liberados nos últimos anos pelos americanos e revelando segredos sobre o regime militar brasileiro. Boa parte desse lote de documentos descreve cenários políticos, revela bastidores diplomáticos e relata informações sobre denúncias de tortura no País.

Os documentos desclassificados (jargão técnico que indica a liberação oficial de um papel governamental secreto) pelos Estados Unidos estão disponíveis em formato digital na internet nos sites de órgãos do governo americano e de instituições de pesquisa sobre o assunto. Grande parte pode ser encontrada através de pesquisa no site do Freedom of Information Act. O site do The National Security Archive, organização não-governamental independente, localizada na The George Washington University , em Washington, também mostra uma farta quantidade de documentos coletados, analisados e publicados por seus pesquisadores, dentre os papéis desclassificados pelos americanos através do FOIA.


Reportagem completa: http://www.estado.com.br/editorias/2006/05/15/pol119251.xml

Dependência digital

em Agência FAPESP
16 maio 2006

Em meados de 1996, o número de usuários de internet no planeta era estimado em 37 milhões, equivalentes a 0,88% da população da época. Dez anos depois, 15,7% do mundo navega pela rede de computadores, com um total que já passou o primeiro bilhão de usuários, segundo dados do serviço Internet World Stats.

Em pouco tempo, a internet se tornou parte fundamental da vida pessoal e profissional de boa parte da humanidade, mas tanto a sua importância como os efeitos que acarreta nos usuários ainda não são bem compreendidos. Por conta disso, Diane Wieland, diretora do Programa de Enfermagem da Universidade La Salle, nos Estados Unidos, decidiu investigar como o excesso de uso tem afetado os internautas.

A pesquisadora analisou estudos comportamentais conduzidos desde 1997 para tentar traçar um panorama da dependência de internet. Os resultados foram publicados em artigo na revista Perspectives in Psychiatric Care.

Diane destaca que o caráter de doença é reconhecido pelos especialistas. Os termos "dependência de internet" e "uso patológico da internet", por exemplo, já constam do Diagnostic and Statistical Manual da Associação Psiquiátrica Norte-Americana.

A pesquisadora afirma que, embora seja uma valiosa ferramenta para comunicação, a internet "tem propriedades que, para alguns indivíduos, promovem comportamentos viciosos e relacionamentos interpessoais de falsa intimidade". Ela estima que de 5% a 10% extrapolam o uso da internet de alguma forma, o que daria, no mínimo, 50 milhões de pessoas.

Segundo a pesquisadora, a internet tem mudado a maneira como as relações pessoais são iniciadas e desenroladas. Aqui, a rede apresenta diversos pontos positivos, como uma ferramenta que pode ajudar no estabelecimento de contatos pessoais. Do lado negativo, há um grande risco do surgimento de contatos superficiais e de falsa intimidade, "que podem se desenvolver com elevada freqüência".

"A dependência de internet é experimentada diferentemente por homens e mulheres. Homens estão mais interessados na busca de informações, em jogos e em cibersexo. Mulheres usam mais como apoio para amizade, romance ou como mecanismo de reclamação de seus parceiros", diz o artigo.

Diane nota que, especialmente na questão do sexo virtual, ou cibersexo, as relações feitas por meio de computadores tendem a formar um triângulo com o relacionamento real do internauta. Mas a passagem do virtual para o real é comum, a ponto de a infidelidade ter sido um dos problemas mais freqüentemente mencionados nos estudos.

"Os indivíduos afetados também demonstram incapacidade de controlar o uso e podem apresentar fatores como depressão, alcoolismo ou transtorno obsessivo-compulsivo", afirma Diane.

O artigo Computer addiction: implications for nursing psychotherapy practice pode ser lido em www.blackwell-synergy.com/loi/ppc.

Por mais acesso à leitura

Por Gisele Pecchio Dias
em Observatório da Imprensa
16 maio 2006

Este artigo compõe eixo temático do caderno de textos da 1ª Conferência Nacional dos direitos da pessoa com deficiência.

O livro acompanha a evolução da humanidade desde o alvorecer da história. Há quatro séculos inspirou a produção industrial em série, antecipando-se à indústria moderna. No limiar do século 21, novamente olivro se adianta à história da indústria do futuro para universalizar o acesso à informação e ao conhecimento nele encerrados.

Milhões de brasileiros estão excluídos do direito legítimo à informação, sem a qual não se dá o conhecimento e não se educa um povo para ser livre e empreendedor. Também não há sociedade democrática sem o livre acesso à informação, que não deve ser prerrogativa da minoria. Da mesma forma, não deve ter a minoria o poder decisório sobre o que milhões irão ler, ouvir, assistir e consumir.

Como pode o livro custar mais caro para o leitor brasileiro do que custa para o leitor norte-americano? Como explicar o preço tão alto no Brasil com todos os incentivos fiscais concedidos pelo governo? Como explicar a falta de acesso ao livro na Idade da Multimídia? Como não oferecer o formato acessível por supostos problemas com direito autoral? Os profissionais da informática já deram soluções para derrubar esse preconceito. Da parte dos autores, tudo o que desejamos é ver as nossas obras nas mãos dos leitores, seja em que formato for. Pirataria? Não há softwares mais violados no mundo do que os produzidos pela empresa de Bill Gates. Isso não impediu que ele fosse o homem mais rico do planeta.

A multimídia tem potencial para ser a mais poderosa das formas de comunicação de idéias que qualquer outro meio inventado porque é a junção de todos eles e ainda adiciona a interatividade com o usuário (no caso do livro, o leitor). Ainda é um recurso de alto custo, desafio que pode ser derrubado. Afinal, não foi olhando para os custos que o ser humano desafiou e venceu a gravidade na conquista do espaço.

A questão do livre acesso ao conhecimento, à informação e à educação por meio desta tradicional mídia, o livro, não se concentra apenas no aspecto relacionado ao preço. A população reclama igualdade de oportunidade no acesso ao livro. Encontrar o livro na livraria e não poder comprá-lo porque é caro é tão ruim como ter o dinheiro para comprar e não encontrá-lo em formato acessível. Há que se encontrar um padrão que atenda às necessidades dos leitores cegos ou com baixa visão e que haja entendimento sobre a necessidade de se banir a vergonhosa dívida social da exclusão ao livre acesso à leitura.


DIREITO LEGÍTIMO

A população reclama por mais espaços públicos de acesso ao livro, por acervos mais completos e atualizados e por um formato de livre acessibilidade à leitura. Esse clamor pela inclusão encontra ressonância entre os escritores que não encontram espaços nem iniciativas por parte dos gestores que facilitem o encontro entre autores livres e o público. As bibliotecas, seus acervos, seus recursos de multimídia (quando existem computadores e recursos de interatividade) e horários de funcionamento ainda são insuficientes para atender aos seus habituais freqüentadores e para atender a um aumento na demanda.

Faltam bibliotecas nas microrregiões, onde se concentram os pobres excluídos do consumo. O livro e os autores que assim o desejarem precisam estar onde o povo está. E o governo precisa ser o facilitador desse encontro, patrocinando os meios necessários para que ele se dê em igualdade de oportunidade para aqueles que não podem pagar pelo livro, qualquer que seja o formato que ficar acordado entre as partes.

Eram cegos muitos dos sábios e pensadores da antiguidade e são cegos muitos dos sábios e pensadores da atualidade, nas mais diversas áreas do conhecimento e das manifestações artístico-culturais. São os cegos, os cegos-surdos e as pessoas com baixa-visão a razão maior para nos anteciparmos ao futuro, pagando a enorme dívida social contraída com os brasileiros privados do direito legítimo de ler por falta de acesso em todo o território nacional. Parte deles representada na 1ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Brasília, 12 a 15/5/06), sob o tema "Acessibilidade: você também tem compromisso".


NOVA MENTALIDADE

Muito antes da criação do alfabeto o ser humano recorria a primitivas formas de registros para se comunicar. O livro já foi produzido com os elementos mineral, vegetal e animal; fez perpetuar o "verbo" em papiro, pergaminho, papel, gravura, manuscrito e iluminura. Nos mais variados modos registrou o pensamento e a evolução humana. De geração para geração, desde os rolos de papiro do antigo Egito e das telas de seda da China, o livro eternizou civilizações nas mais diversas formas para atender à necessidade de comunicação e expressão. E sempre houve quem cuidasse de sua perpetuação como o mais importante ativo da riqueza acumulada pela humanidade nas suas lutas através dos tempos. São os anônimos bibliotecários, desde os tempos de Alexandria, que zelam pelo conteúdo encerrado nos livros.

Em tempo algum a vida foi fácil para o leitor de livros e jamais deverá ser porque em cada fase da nossa evolução aparecerão desafios. Assim será numa perspectiva evolucionista. Ao leitor do futuro todas essas discussões serão superadas, da mesma forma como nossos antepassados superaram a censura ao livro feita pela Coroa Portuguesa, no início da colonização. De igual maneira como a nossa geração enfrenta com disposição tantas formas de censura e arbítrio que se interpõem no caminho do entendimento e da conquista de uma nova consciência que nos permita cumprir a principal missão na Terra que nos foi dada habitar: a união pacífica entre todos povos e o seu progresso material e espiritual.

Nesse sentido, o livro, mais uma vez, e os seus leitores excluídos são os protagonistas de uma nova mentalidade que culminará na indústria com o desenvolvimento de uma série de produtos de leitura acessível. O futuro começa aqui. Soyuz, que em russo quer dizer "união".

12 maio 2006

Buscador brasileiro ganha projeção internacional

Por Alexandre Barbosa
em estadao.com.br
12 maio 2006

Falar de buscadores é sinônimo de Google, Yahoo e MSN, certo? Embora os gigantes da internet sejam os primeiros exemplos que vêm à cabeça da esmagadora maioria dos internautas, a verdade é que as tecnologias de busca ainda engatinham quando o assunto é encontrar as agulhas no imenso palheiro da Web.

E é justamente em busca de novas formas de esquadrinhar o conteúdo do mundo digital que surgem empresas com novas técnicas e algoritmos de pesquisa, inclusive no Brasil, que já teve até um caso conhecido: o da Akwan, comprada em 2005 pelo Google numa transação estimada em US$ 25 milhões, e que fez da companhia um centro de desenvolvimento da gigante de buscas na América Latina.

É seguindo estes passos que a catarinense WBSA está desenvolvendo uma nova ferramenta, o Ontoweb. Pensada inicialmente como uma ferramenta de busca focada em iniciativas de governo eletrônico, a ferramenta usa a tecnologia de busca Kmai e faz pesquisas contextuais.

"O Ontoweb ainda está numa fase inicial de desenvolvimento, trabalhando com um número delimitado de fontes de informação, mas mostra potencial para ser uma ferramenta muito versátil no futuro próximo", diz André Bortolon, coordenador de desenvolvimento do Ontoweb.

De fato, no meio acadêmico a ferramenta começa a mostrar interesse. Fernando Galindo, Doutor da Universidade de Zaragoza, na Espanha firmou acordo de representação coma empresa e vai apresentar a ferramenta no evento Legal Framework for The Information Society (infra-estrutura legal para a sociedade da informação), evento que acontece nesta sexta e sábado, dias 12 e 13, em Budapeste, Hungria.

O pesquisador também buscará parcerias para a empresa brasileira, bem como potenciais investidores, visando aplicar as funcionalidades da ferramenta em outros mercados.

Por trás de todo o interesse nos buscadores, um mercado estimado em US$ 482 milhões em todo o mundo até 2009, segundo dados da empresa de pesquisas Gartner Group.

China lança sua própria "Wikipedia"

Por Alexandre Barbosa
em Estadão.com.br
12 maio 2006

O princípio da Wikipedia, em que as pessoas editam verbetes de forma colaborativa, fez com que a enciclopédia online ultrapassasse nomes tradicionais como a Britannica em número de verbetes.

Com versões em 10 idiomas - inclusive em português e japonês - o serviço não contava com algo que atendesse aos cerca de 111 milhões de internautas na China, até porque seu caráter libertário o lista entre os endereços proibidos pelo governo Chinês.

E talvez continue assim. O portal de buscas chinês Baidu anunciou que irá criar uma versão própria de enciclopédia com o mesmo princípio colaborativo. Chamado Baidupedia, seu conteúdo deve estar sujeito à forte censura imposta pelo governo daquele país.

Vale lembrar que até 2005, quando a Wikipedia entrou no índex de sites proibidos, o serviço era muito popular entre os internautas chineses.

Entre as restrições do novo serviço está a proibição de ´incluir qualquer avaliação negativa do sistema político atual´, ´atacar as instituições governamentais´ e ´promover uma visão negativa da vida´.

Usuários que querem postar tópicos na Baidupedia precisam antes fazer um cadastro e fornecer dados pessoais.

11 maio 2006

Biblioteca virtual recebe 20 mil visitantes diários

Por Larissa Januário
em WNews
10 maio 2006

A BibVirt (Bblioteca Virtual) recebe cerca de 20 mil visitantes por dia. O site conta com um acervo que inclui textos integrais de mais de 200 obras da literatura brasileira, coleção de livros do Telecurso 2000, literatura estrangeira, artigos, documentos e imagens.

Além de todo conteúdo literário, o visitante encontra acervo de vozes que relatam episódios importantes da história brasileira e mundial, como a Revolução de 30, Revolução de 32, Segunda Guerra Mundial, o Brasil nas Copas do Mundo, Bossa Nova, Poetas e Escritos, entre outros temas. Em parceria com o projeto Gutenberg oferece ainda download gratuito de mais de 10 mil obras, em 16 diferentes idiomas.

A BibVirt complementa seu conteúdo com novas obras, vídeo documentário, programas sobre educação ambiental e novos livros falados para deficientes visuais. Os internautas agora podem assistir aos programas da série "Direto das Praias" sobre a educação ambiental desenvolvida no litoral norte de São Paulo.

Além disso, o site também disponibiliza o vídeo documentário "Pipas no Ar" que aborda inclusão sexual e direitos humanos com portadores da Síndrome de Down e cinco novos livros falados, totalizando 32 obras para deficientes visuais. Outra novidade é o Espaço Voluntário onde o internauta pode deixar sugestões de obras para publicação.

O projeto é uma iniciativa da Escola do Futuro da USP, núcleo de pesquisa da Universidade de São Paulo, que tem como principal atividade a investigação das novas tecnologias de comunicação aplicadas à educação.

10 maio 2006

O "Oscar" da Internet em 2006

em IDG Now!
9 maio 2006

O anúncio dos vencedores da edição 2006 do Webby Awards, prêmio concebido às páginas e serviços que se destacaram na internet durante o ano, foi ilustrativo da rapidez com que o mundo digital se move.

Em uma premiação que escolheu a rede social MySpace como "Revelação do Ano" e indicou a banda virtual Gorillaz como o "Artista Webby do ano", categorias apinhadas de nomes conhecidos, sites e atrações online de menor "fama" levaram o prêmio para casa.

Na categoria "Beleza e Comésticos", a L'Oréal viu um hotsite produzido pela empresa, chamado de Redken Haircolor, desbancar a própria página, além da de Giorgio Armani como a preferida tanto pelo juri como pela audiência.

O mesmo pode ser observado entre as páginas para "Eletrônicos de Consumo". A página da revista oficial do console Playstation Portable superou tanto a página da Sony Walkman e da Lenovo.

O Museu de Monticello, sobre a vida do ex-presidente norte-americano Thomas Jefferson, viu sua página superar grandes nomes, como a da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e a da Nasa entre os sites de "Educação".

Entre as "Redes Sociais", a JDate, de encontros amorosos, foi escolhida frente ao Flickr e ao MySpace. Ambos os serviços, porém, não saíram de mãos abanando.

O Flickr levou dois prêmios - "Melhor Navegação" e "Melhor Uso" - e perdeu apenas no número de prêmio para o Google, que viu seu serviço Google Earth emplacar as categorias "Melhor Design" e "Melhor serviço para banda larga" e o Google Maps levar o de "Melhor Serviço".

A agência de notícia britânica BBC empatou com o serviço de fotos online, com dois prêmios - "Melhor Comunidade", pelo projeto online Digital Lives, e o de "Melhor Noticiário", desbancando o Guardian (que levou o prêmio de "Melhor Jornal") e o site fantasioso The Onion (ganhador da categoria "Humor").

O blog Post a Secret, vencedor de cinco categorias do Bloggies 2005, levou o prêmio de "NetArt" e o serviço de Podcasts do Yahoo desbancou serviços menores para levar o prêmio da categoria homônima.

Censura na Internet está presente em todos os continentes

em BBC Brasil
5 maio 2006

O relatório sobre ameaças à liberdade de expressão tem uma parte dedicada à internet e ao aumento da censura à rede. A censura eletrônica estaria acontecendo praticamente em todos os continentes. Apesar de a internet estar mudando a forma com que a mídia trabalha, com o aparecimento de blogs, de fóruns de discussão e de sites de relacionamento como o Orkut, que transformam consumidores passivos em críticos ativos, não são só os cidadãos que se beneficiam do poder da tecnologia, alerta o relatório.


DITADORES

Julien Pain, um dos autores, afirma que "todo mundo está interessado na internet - especialmente os ditadores". Pain afirma que muitos têm sido "eficientes e inventivos" ao usar a internet para espionar os cidadãos e censurar o debate. Em vários países a internet era o único meio de comunicação sem censura e o lugar onde as pessoas buscavam notícias que não ouviriam nunca de fontes oficiais. Mas, de acordo com o relatório, os governos acordaram para o fato de que os dissidentes estão ativos online. Muitos agora censuram blogs e prendem seus autores.

No Irã, por exemplo, Mojtaba Saminejad está preso desde fevereiro de 2005 por divulgar na rede material considerado ofensivo do Islã. A China foi a nação que mais recebeu críticas em seus esforços de censurar e monitorar os internautas. De acordo com o relatório, o país estaria interessado no início em monitorar dissidentes políticos. Mas de dois anos para cá, o governo chinês estaria tentando monitorar insatisfações mais gerais da população, justamente porque a internet facilita a comunicação.

O sucesso da censura na China significa que o país conseguiu produzir uma versão "limpa" da internet para os 130 milhões de cidadãos que usam a rede com freqüência. Empresas ocidentais têm sido criticadas por ajudar a filtrar a internet para os chineses, que seria o governo que mais prendeu pessoas pelo que elas disseram online. O total chegaria a 62.

Internautas também foram presos no Egito, no Irã, na Líbia, nas Maldivas, na Síria, na Tunísia e no Vietnã. E o Zimbábue estaria, segundo os Repórteres Sem Fronteiras , comprando tecnologia diretamente da China para ampliar seus esforços de censurar a internet. Outras nações acusadas de censura eletrônica incluem Burma, Cuba, Nepal, Coréia do Norte e Arábia Saudita. Normalmente o filtro envolve impedir o acesso a sites pornográficos, mas há casos em que os bloqueios envolvem sites críticos de governos ou sites religiosos.

No Turcomenistão é proibido ter conexão de internet em casa e o governo restringe o uso de internet cafés, mais fáceis de controlar. Em Burma, páginas como a do Hotmail e do Yahoo têm acesso proibido e a cada cinco minutos há uma varredura do que as pessoas estão acessando em internet cafés. Mas não foram só os estados repressores os criticados pelo relatório.

A União Européia também recebeu críticas por deixar a decisão de bloqueio de sites nas mãos das empresas provedoras. Segundo os RSF, a UE criou um "sistema privado de justiça" no qual técnicos tomaram o lugar dos juízes. Os RSF também criticaram as empresas ocidentais por venderem tecnologias para governos repressores e ajudá-los a monitorar o que as pessoas fazem online.

Existem 694 milhões de internautas em todo o mundo

Por Alexandre Barbosa
em estadão.com
8 maio 2006

Cerca de 14% da população mundial com 15 anos ou mais está na internet, segundo um levantamento recente da empresa de pesquisas comScore Networks. O número faz parte da ferramenta WorldMetrix da empresa, que indica que o mundo tem 694 milhões de usuários da internet com 15 anos ou mais.

A ferramenta também estima que na Ásia estão cerca de 25% do total de usuários, cifra próxima à registrada pelos EUA, país que há 10 anos representava mais de 60% dos usuários. O país com maior média de permanência na internet, segundo a comScore, é Israel, com média de 57,5 horas mensais.

O Brasil figura no ranking de população online com 13,1 milhões de usuários. A pesquisadora informa que os números só não consideram o acesso em computadores públicos, como os de cyber cafés e telecentros.

Primeiro museu em favela é inaugurado no Rio

Por Roberta Pennafort
em O Estado de S. Paulo
9 maio 2006

O Ministério da Cultura espera que o Museu da Maré, inaugurado ontem pelo ministro Gilberto Gil, atraia visitantes de toda a cidade e não só das 16 comunidades do complexo. É o primeiro museu numa favela brasileira e conta a história da ocupação.

"A população tem curiosidade de saber como as favelas se formaram", disse o diretor do Departamento de Museus do Minc, José do Nascimento Junior. "Apresentamos o projeto em Portugal e houve muita gente interessada em conhecer." Ele não acredita que o medo da violência seja empecilho. O museu fica numa das entradas da Maré, perto da Avenida Brasil.

O Minc investiu R$ 150 mil no espaço, com imagens desde o século 19. Moradores antigos se emocionaram. "Nunca imaginei que chegaríamos tão longe", disse Atanásio Amorim, de 75 anos, morador há 54.

A cerimônia teve apresentações de artistas da Maré, com capoeira e hip hop. Gil improvisou uma música, em ritmo de capoeira, e lançou a Semana Nacional de Museus.

Direito autoral flexível ganha espaço na Internet

Por Andrea Vialli
em O Estado de S. Paulo
7 maio 2006

"A nova ordem é oferecer música de graça para as pessoas." Com essa filosofia está sendo criada a Free Records, a primeira gravadora brasileira com artistas licenciados sob o conceito de Creative Commons, uma forma mais flexível de direito autoral que vem conquistando artistas em todo o mundo.

Criado pelo professor Lawrence Lessig, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, o conceito Creative Commons tornou-se um projeto que concede licenças jurídicas para a produção intelectual, mas de um jeito mais livre. Músicas, textos, livros e filmes ficam disponíveis para serem acessados livremente, desde que não seja feito uso comercial deles.

A Free Records vai operar dentro do conceito. Em vez de vender CDs, a gravadora vai disponibilizar os álbuns de seus artistas gratuitamente no site, atualmente em construção. "A idéia surgiu pela observação do mercado, porque vender CDs já não lá lucro há muito tempo. Em dez anos o CD não vai mais existir", afirma, profético, Fernando Ceal, sócio idealizador da Free Records.

A gravadora vai funcionar de modo semelhante a qualquer empresa do ramo. "Vamos produzir os discos, gravá-los e colocá-los no site para download", conta Ceal. E como vão ganhar dinheiro? "A idéia é vender produtos derivativos, como ringtones (toques para telefone celular) e organizar festivais de música com artistas do nosso casting", explica.

Atualmente são quatro bandas, ainda desconhecidas do grande público - Vento Motivo, Dr. Zero, Quatro Cantos e Denny Caldeira e os Borbulhantes. A idéia é atingir o público jovem. Para Ceal, é uma nova forma de lidar com a real situação da indústria fonográfica, às voltas com a pirataria e com o download caseiro de música no formato MP3.

Para Ronaldo Lemos, professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas e coordenador do projeto Creative Commons no Brasil, a ferramenta vem fazer as pazes com a tecnologia. "É uma forma do artista dizer que não se importa com alguns usos que se façam com a obra dele."

Para artistas mundo afora, tem se mostrado uma excelente ferramenta de divulgação. Já são 53 milhões de obras licenciadas dentro do conceito. Um exemplo é a gravadora Jamendo, na qual todas as obras estão disponíveis para usufruto do internauta.

Uma amostra do que há disponível em Creative Commons também pode ser vista no site www.overmundo.com.br, idealizado pelo antropólogo Hermano Vianna, que reúne produção cultural. Gilberto Gil já lançou faixas dentro do conceito, e a gravadora Trama também tem licenciado artistas dessa forma. "É uma forma atualizada de equilibrar o interesse do consumidor com o do produtor de cultura", sintetiza Lemos.

Lula e a imprensa

em O Estado de S. Paulo
6 maio 2006

"A liberdade de imprensa é a razão pela qual eu cheguei à Presidência, é a razão pela qual as instituições brasileiras dão demonstrações mais sólidas de crescimento e sustentabilidade democrática."

Esta curta observação, feita pelo presidente Lula na ocasião em que assinou a Declaração de Chapultepec - documento internacional que estabelece princípios fundamentais da liberdade de imprensa -, já pode ser considerada, por si, um dos mais lúcidos pronunciamentos do presidente da República, em seus 40 meses de gestão. Com efeito, corresponde inteiramente à verdade o fato de o inflamado sindicalista de São Bernardo dever à plena liberdade de expressão a carreira política que o levou ao topo do Poder. Diga-se o mesmo em relação a influência, dessa liberdade, no "crescimento e sustentabilidade" das instituições democráticas brasileiras. Há que se dizer também, no entanto, que o comportamento do presidente e seu governo, no que diz respeito ao relacionamento com a imprensa, esteve bem longe de significar o grau de respeito e consideração contido nas palavras de quarta-feira.

Reconheça-se que neste campo tem havido uma evolução. Durante quase toda sua gestão - com exceção dos últimos tempos, já pré-eleitorais - o presidente Lula se recusou ao saudável hábito das rotineiras entrevistas coletivas, preferindo sempre as comunicações oficiais. Só muito raramente se permitia convidar alguns jornalistas para um "café-da-manhã", mas nessas ocasiões fazia prevalecer mais um espírito de ameno congraçamento do que a intenção de passar informações realmente relevantes, do interesse da sociedade. Mas outros fatos marcaram um relacionamento tumultuado. Um deles foi a tentativa de expulsão do País do jornalista Larry Rohter, do New York Times, por este ter publicado matéria dando conta de hábitos etílicos do presidente.

Foi marcante, por outro lado, o envio ao Congresso Nacional da proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) - que tinha por objetivo expresso "orientar, disciplinar e fiscalizar" o exercício da profissão. Por sobre ser um projeto gritantemente inconstitucional - já que a Constituição, por autodefesa histórica, em seu texto contém uma das maiores repulsas a qualquer espécie de censura -, a idéia do CFJ foi prontamente rechaçada pelos mais amplos setores da opinião pública e acabou - queremos crer - definitivamente sepultada. Embora não se referissem especificamente à imprensa - mas à liberdade de expressão, em gênero -, o famigerado projeto da Ancinav, tentando impor "orientações" à produção cultural, assim como o que pretendia colocar alguma "mordaça" no Ministério Público, foram outras tentativas, felizmente frustradas, de o governo Lula estabelecer cerceamento à livre manifestação de pensamento.

Se reconhecemos que houve uma boa evolução no relacionamento do governo Lula com a imprensa, nos últimos tempos - e esforcemo-nos para, de boa-fé, desvinculá-la de eventuais propósitos reeleitorais -, é porque se torna perceptível a tentativa de o presidente aproximar-se mais dos jornalistas e responder a perguntas, quando indagado. Mas também só quem tenha amadurecido sua percepção, quanto à capacidade de entendimento da sociedade, haveria de expressar com clareza aquilo que o presidente Lula disse, nestes termos: "Temos que acreditar que esse povo, por si só, consegue fazer uma diferenciação daquilo que é correto, daquilo que não é correto, daquilo que ele acha que é verdade e daquilo que ele acha que é exagero. Engana-se aquele político que acha que faz as coisas e pensa que o eleitor não faz o julgamento correto. E se engana, também, aquele que escreve alguma coisa sem imaginar ou sem acreditar que o povo tem capacidade de discernimento para saber o que é exagero, o que é verdade, o que é mentira."

Neste ponto a reflexão do presidente parece extremamente precisa. Restaria apenas torná-la exemplar, no sentido de que o pensamento e a ação - ou as palavras e o comportamento - se tornem cada vez mais associados, a ponto de expressarem a mesma coisa.

Grupo Abril vende 30% do capital a sul-africanos

Por Carlos Franco
em O Estado de S. Paulo
6 maio 2006

O Grupo Abril informou ontem que o grupo de mídia sul-africano Naspers comprou 30% do seu capital por US$ 422 milhões. A aquisição inclui os 13,8% que pertenciam ao fundo de investimento da administradora de recursos americana Capital International. Segundo o comunicado do Grupo Abril, trata-se do maior investimento no exterior feito pela Naspers.

A família Civita, dona da Abril, permanecerá no controle do grupo e do seu conteúdo editorial. "A Naspers terá assento no Conselho de Administração, mas não exercerá influência na gestão do negócio." O acordo envolve a holding Abril S.A., integrada pela Editora Abril S.A., editoras Ática e Scipione e a TVA . O comunicado lembra que o fechamento do negócio ocorreu num momento em que a Abril se preparava para abrir o capital, conforme documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários no mês passado. "As negociações com o Grupo Naspers foram realizadas nas últimas três semanas, após um primeiro contato entre as partes em janeiro". A abertura de capital na Bolsa foi suspensa.

Segundo Koos Bekker, CEO da Naspers, o grupo sul-africano já conhecia a Abril há mais de uma década. "A transação está alinhada com a nossa estratégia de investir nas economias em desenvolvimento mais promissoras. O Brasil é um mercado atraente, onde o forte crescimento da economia irá dirigir também a expansão da mídia. Isso nos dá oportunidade de aplicar nosso 'expertise' nos vários tipos de mídias em outro mercado emergente para aprender e participar do seu crescimento." Em nota, Roberto Civita, presidente do grupo, diz que o acordo permitirá à Abril acelerar sua estratégia de diversificação de produtos. Uma fonte do grupo informou que a expectativa está, sobretudo, na área de internet, onde o Grupo Naspers tem feito investimentos altos.

04 maio 2006

O maior bibliotecário do Brasil

Por Célia Chaim
em ISTOÉ
3 maio 2006

É uma vida inteira dedicada aos livros – velhos, raros, novos, usados. O empresário José Mindlin, 91 anos, se move com exacerbado carinho pelas obras literárias. Ele chega ao ponto em que consegue reconhecer a idade de um volume apenas tocando em sua textura. Mindlin é um candidato fortíssimo para a escolha de um novo integrante da Academia Brasileira de Letras em junho, quando o Brasil entra na Copa do Mundo. Seu recente livro, Uma vida entre livros, é delicioso. Mas ele já escreveu muito, sempre para estimular a leitura, sua verdadeira paixão – uma paixão que brotou ao lado de uma jabuticabeira, no jardim de sua casa, onde plantou sua grande relíquia: a maior biblioteca particular do Brasil, hoje com 40 mil títulos. Não dá para reduzir sua grande paixão à palavra "patrimônio". Fica feio, desmerece o que ele certa vez chamou de "uma loucura mansa". Muito mais que um amigo dos livros, ele é acolhedor, simples, como todo intelectual de grande time. Não gosta de holofotes, prefere as luzes amenas e aconchegantes de seu imenso tesouro, os livros. Paixão que alimenta com fervor desde os 13 anos. A biblioteca vem de seu amor pela leitura e do prazer de manusear as páginas. "Não gosto de livro difícil, a não ser excepcionalmente, e com boas razões, como com Proust, Joyce e Guimarães Rosa, por exemplo." Age como um zeloso bibliotecário a valorizar o que há de mais expressivo na história da literatura. Na verdade, ele é um bibliófilo, denominação complicada para seu gosto por leituras simples.

Como nem só de livros vive o homem, Mindlin tornou-se um grande empresário, dono da Metal Leve, fabricante de pistões que nos anos 60 equipavam motores de aviões americanos. Era a queridinha das montadoras, aqui e lá fora. Veio a globalização e não conseguiu suportar a concorrência. Como tantas outras, foi parar nas mãos de grupos estrangeiros, no caso o grupo alemão Mahle. Houve até choradeira, algo inusitado na venda de empresas, mas essa era de José Mindlin, nome que significa "ética" e que era o rosto da indústria.

Conformado com a realidade brasileira, entre os anos 1994 e 1997, Mindlin limitou-se a dizer que com a venda a empresa iria ficar mais forte. A Metal Leve foi fundada em 1949, com amigos. Para ele, o que importa foi o papel social que a empresa conseguiu exercer. "Ela tinha obrigações culturais que não poderiam ser ignoradas", diz. Foi assim que começou a patrocinar edições fac-símiles de documentos sobre a literatura brasileira. Com sua filha Diana, Mindlin cuidou do aspecto gráfico das obras. Ressurgiram publicações como A Revista, editada por Carlos Drummond de Andrade, e a Revista de Antropofagia, um dos mais importantes documentos do modernismo brasileiro.

Nascido em São Paulo, foi o terceiro entre os quatro filhos de um casal de russos que imigraram para o Brasil no final do século XIX. Tinha 13 anos quando, em 1927, já fuçava livrarias e sebos para comprar seus primeiros livros. Entre eles, um que contava a história do Brasil e que estava recheado de indicações bibliográficas. Mindlin seguiu todas as indicações e percorreu várias livrarias, perguntando pelas obras citadas, que já eram bem raras. Recebeu apenas uma resposta – da Livraria Francisco Alves, no Rio de Janeiro. "Meus pais me deram de presente uma edição chamada História do Brasil, publicada em seis volumes, em 1862. Aí, sim, foi o começo da história."

Dono de uma alegria que sempre levou vida afora e de um humor implacável ("graças a Deus, eu sou ateu"), José Mindlin agora se prepara para ver sair doseu quintal sua árvore mais frondosa, a biblioteca. Numa decisão da família, a parte dedicada ao Brasil (mais da metade da coleção) será doada à Universidade de São Paulo (USP), num projeto de 20 anos. "A idéia é que a biblioteca não se pulverize, não se espalhe e que, num período de 100 anos, não seja privatizada", explica seu filho Sérgio.

Quem o conhece diz que ele é muito bem-humorado, seguindo uma frase de Montaigne com que sua filha Diana o presenteou: "Je ne fais rien sans gaieté" (não faço nada sem alegria). "Nem sempre consigo, mas pelo menos tento." E parece que foi com humor que ele conquistou sua amada Guita Kauffman. Ele estava na Faculdade de Direito da USP quando a viu pela primeira vez. Ela estava cercada por moços que tentavam convencê-la a se inscrever em algum partido estudantil. "Olhei para aquela confusão, ela no meio. Então me aproximei e disse-lhe que aquilo era bobagem, que o bom partido dali era eu'', conta. Os dois se casaram e tiveram quatros filhos: Betty, Diana, Sérgio e Sônia. Deles vieram os dez netos – e mais sete bisnetos. Todos crescendo à sombra da imensa biblioteca. Guita e Mindlin estão juntos há 67 anos. Isso sim é o que ele define como legítima "fidelidade partidária".

03 maio 2006

Japonês e chinês dominam a blogosfera

Por Ralphe Manzoni Jr.
em IDG Now!
3 maio 2006

A blogosfera não fala inglês: japonês e mandarim corresponderam a 52% de todas as notas publicadas em blogs em março de 2006, segundo a Technorati.

A língua japonesa liderava a lista, com 37% de todos os posts (notas publicadas). Em segundo lugar está o inglês (31%), seguido do mandarim (15%).

Os posts em português representavam apenas 1% dos blogs pesquisados pela Technorati, que já atingiu 37,7 milhões.

"É uma surpresa", diz uma nota publicada pelo CEO da Technorati, David Sifry, no blog da Technorati.

De acordo com Sifry, o dado representa um forte crescimento internacional dos blogs, pois, em abril de 2005, as notas em inglês representavam 44%. A língua japonesa e o mandariam, juntas, somavam 32%.

02 maio 2006

Projeto Atlas da Ciência

Por Thiago Romero
em Agência FAPESP
2 maio 2006

O Brasil, por meio da Universidade Estadual Paulista (Unesp), vai ampliar sua participação no projeto Atlas da Ciência, desenvolvido por cinco universidades espanholas, sob a coordenação do professor Félix de Moya Anegón, e que reúne dados sobre artigos indexados em periódicos científicos de nove países: Argentina, Chile, Venezuela, Colômbia, Cuba, México, Portugal, Espanha e Brasil. Esse é um dos principais tópicos do acordo assinado entre o reitor da Unesp, Marcos Macari, e o próprio Anegón, vice-reitor da Universidade de Granada, na Espanha.

O Atlas disponibiliza indicadores de avaliação da ciência mundial em diferentes área do conhecimento. Isso vem sendo fundamental para aumentar a visibilidade internacional da produção científica brasileira", disse João Augusto Guimarães, coordenador da participação brasileira no projeto Atlas da Ciência e professor do Departamento de Ciência da Informação da Unesp, à Agência FAPESP.

O site do Atlas oferece uma série de gráficos sobre o processo de divulgação científica nesses países, por meio do volume de artigos publicados. A partir de agora, segundo Guimarães, uma equipe de pesquisadores está sendo formada para incluir indicadores sobre dissertações de mestrado e teses de doutorado produzidas nas três universidades públicas paulistas, Universidade de São Paulo ( USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Unesp.

"O intuito é fazermos do Atlas um veículo de pesquisa que produza indicadores destinados às agências de fomento, no que diz respeito à análise das demandas de financiamento a teses e dissertações", explica Guimarães, chamando a atenção para o caráter acadêmico do Atlas da Ciência. Para ele, o projeto não tem nenhuma dimensão mercadológica e poderá também auxiliar a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior ( Capes) na avaliação dos programas brasileiros de pós-graduação.

"Nossos 'produtos' serão vários números e estatísticas sobre teses e dissertações, livros, artigos e formação de novos grupos de pesquisa", conta Guimarães. O acesso às informações do site Atlas da Ciência é gratuito e aberto ao público.

Estimular o intercâmbio de docentes e alunos de pós-graduação, e promover a elaboração de projetos de pesquisa em conjunto na área de tecnologia da informação são outros importantes objetivos do acordo fechado entre brasileiros e espanhóis.

A escrita na Internet

Por Aldo de Albuquerque Barreto
30 abril 2006

A Internet e todos os seus corolários tecnológicos provocaram uma espécie de renascimento da escrita, ressurgindo o comportamento epistolar digital ou "recaída" na palavra. Nunca se usou tanto a escrita comoestes tempos online.

O que há é uma linguagem elíptica, ponderam os ensaístas literários, é a própria tecnologia da imagem que criou uma espécie de narrativa descontínua, o videoclipe, que influenciou a manifestação poética de muitos autores de hoje que inovam nessa forma relâmpago pela qual as palavras surgem já no seu esplendor. As palavras não estão acopladas numa forma sentencial mais prolongada ou em uma sintaxe mais complexa.


Na opinião de alguns linguístas os sinais gráficos ou radicais abreviaturas comuns nos textos digitados, principalmente em emails, fóruns ou listas de discussão se inserem em um cenário perfeitamente compreensível. As abreviações tentam ganhar tempo na comunicação digital, uma aproximção do tempo da fala real.

A Internet é uma escrita virtual, uma fala digitalizada, uma mescla das duas modalidades da língua. O conteúdo só interessa a quem escreve e a quem lê. Assim como é inútil tentar corrigir a língua falada, também parece inútil tentar vigiar e corrigir a língua escrita na web, porque ela é fugaz, efêmera e se dissipa no ar, porque sequer chega a ser impressa.

Ao possibilitar o grande fluxo das mensagens e a distribuição da informação, tornando-a mais rápida e acessível, as redes eletrônicas exigem novas formas de decisão e orientação. Na tentativa de acompanhar a velocidade do pensamento, a digitação instaura uma nova forma de expressão escrita, onde se pode aceitar a adaptação oral de um termo estrangeiro, ou de um estrangeirismo, o engavetamento apressado de letras em uma palavra e até novos códigos digitais, resultando em abreviações vocabulares, supressão dos acentos ou dos sinais de pontuação, como os exemplos a seguir:

vc = você
p/ = para
tb = também
blz = beleza
naum = não
bjos = beijos
tc = teclar
rsrs = risos
trank = tranqüilo
ateh = até

A exatidão e objetividade na verbalização que tanto distanciaram a cultura escrita em relação ao envolvimento sentimental e emocional experimentado por um homem ou uma sociedade não-letrada é, agora, resgatado na escrita digital reconstruindo estreitos laços sociais virtuais. Inovando a simbologia da comunicação, internautas trocam mensagens, transformando símbolos em novos significantes para antigos significados.

Uma mensagem de email não é uma comunicação à acadêmica, surge com rapidez e emoção e se transcreve no apressamento de uma linguagem projetada só pelo pensamento. Embora, seja sempre aconselhável seguir uma construção gramatical adequada, contudo, estar em uma comunidade virtual para vigiar erros de linguagem de internautas em emails é uma é uma incoêrencia de participação.

Inmetro cria biblioteca online

em Inmetro
2 maio 2006

A partir desta semana todo o acervo da Biblioteca do Inmetro está disponível online, com as Referências Bibliográficas em metrologia, qualidade, acreditação, barreiras técnicas, avaliação da conformidade, regulamentos e normas técnicas nacionais e estrangeiras, e informação tecnológica.

O intercâmbio com outras bibliotecas permite que pesquisadores externos possam solicitar o empréstimo de uma obra, através da biblioteca da instituição onde está vinculado. Cópias de artigos podem ser enviadas pore-mail ou pelo Correio, respeitando a legislação de direitos autorais. O objetivo é disseminar informações técnicas sobre a metrologia e a qualidade no Brasil.