21 novembro 2006

A nova era da informação na Web 3.0

Por John Markoff
em The New York Times
12 novembro 2006

A partir dos bilhões de documentos que formam a World Wide Web (rede mundial de computadores) e os links que os ligam, cientistas da computação e um crescente grupo de novas empresas estão encontrando novas formas de mineração de inteligência humana.

A meta deles é adicionar uma camada de significado sobre a Internet existente, o que a tornaria menos um catálogo e mais um guia —até mesmo fornecendo a fundação para sistemas que possam raciocinar de forma humana. Tal nível de inteligência artificial tem escapado aos pesquisadores há mais de meio século.

Tratado como Web 3.0, o esforço está em sua infância e a própria idéia tem gerado céticos, que a consideram uma visão inalcançável. Mas as tecnologias por trás dele estão ganhando adeptos rapidamente, de grandes empresas como IBM e Google a pequenas empresas. Seus projetos freqüentemente se concentram em usos simples, práticos, da produção de recomendações de férias à previsão da próxima canção de sucesso.

Mas no futuro, sistemas mais poderosos poderão agir como consultores pessoais em áreas tão diversas como planejamento financeiro, com um sistema inteligente mapeando um plano de aposentadoria para um casal, por exemplo, ou uma consultoria educacional, com a Internet ajudando um aluno colegial e identificar o curso universitário certo.

Todos projetos que visam criar a Web 3.0 se aproveitam de computadores cada vez mais poderosos que podem rápida e completamente explorar a Internet.

"Eu a chamo de World Wide Database (banco de dados mundial)", disse Nova Spivack, o fundador de uma nova firma cuja tecnologia detecta as relações entre pedaços de informação, em vez de armazenar a informação em si. "Nós passaremos de uma rede de documentos conectados a uma rede de dados conectados."

A Web 2.0, que representa a habilidade de ligar suavemente aplicações (como processamento de texto) e serviços (como compartilhamento de fotos) pela Internet, se tornou nos últimos meses o foco da badalação estilo pontocom no Vale do Silício. Mas o interesse comercial na Web 3.0 —ou a "Web semântica", pela idéia de adicionar significado— apenas agora está despontando.

O exemplo clássico da era Web 2.0 é o "mash-up" (combinação) —por exemplo, a ligação de um site de aluguel de imóveis ao Google Maps para a criação de um serviço novo, mais útil, que mostra automaticamente a localização de cada imóvel para alugar listado.

Por sua vez, o Santo Graal para os desenvolvedores da Web semântica é construir um sistema que possa dar uma resposta completa e razoável a uma pergunta simples como: "Estou à procura de um local quente para passar as férias e disponho de US$ 3 mil. Ah, e tenho um filho de 11 anos".

No sistema atual, tal pergunta poderia levar a horas de pesquisa —por listas de vôos, hotéis, aluguéis de carro— e as opções costumam entrar em conflito umas com as outras. Na Web 3.0, a mesma pesquisa resultaria idealmente em um pacote de férias completo, planejado tão meticulosamente como se tivesse sido preparado por um agente de viagens humano.

Como tais sistemas serão construídos, além de quanto tempo levará para que comecem a fornecer respostas significativas, atualmente é motivo de um debate vigoroso entre pesquisadores acadêmicos e tecnologistas comerciais. Alguns estão concentrados na criação de uma vasta nova estrutura para suplantar a Internet existente; outros estão desenvolvendo ferramentas pragmáticas para extração de significado da Internet existente.

Mas todos concordam que se tais sistemas surgirem, eles se tornarão instantaneamente mais valiosos comercialmente do que as ferramentas de busca atuais, que retornam milhares ou mesmo milhões de documentos, mas costumam não responder às perguntas diretamente.

Ressaltando o potencial de mineração de conhecimento humano há um exemplo extraordinariamente lucrativo: a tecnologia básica que tornou o Google possível, conhecida como "Page Rank" (posicionamento ou ranking de página), explora sistematicamente o conhecimento e decisões humanas sobre o que é relevante para ordenar os resultados de busca. (Ele interpreta um link de uma página a outro como um "voto", mas votos dados por páginas consideradas populares têm peso maior.)

Os pesquisadores estão no momento tentando ir além. A empresa de Spivack, a Radar Networks, por exemplo, é uma entre várias que trabalham na exploração do conteúdo de sites de computação social, que permitem aos usuários colaborarem na reunião e adição de seus pensamentos a uma grande quantidade de conteúdo, de viagem a filmes.

A tecnologia da Radar é baseada em um sistema de banco de dados de nova geração que armazena associações, como o relacionamento de uma pessoa com outra (colega, amigo, irmão) em vez de itens específicos como texto ou números.

Um exemplo que indica o potencial de tais sistemas é o KnowItAll, um projeto de um grupo de membros do corpo docente e estudantes da Universidade de Washington que é financiado pela Google. Um sistema amostra criado usando a tecnologia é o Opine, que busca extrair e agregar informação postada por usuário em sites de produtos e críticas.

Um projeto de demonstração "entende" conceitos como temperatura do quarto, conforto da cama e preço do hotel, e pode distinguir entre conceitos como "ótimo", "bom" e "mais ou menos" para fornecer respostas diretas úteis a perguntas sobre hotéis. Enquanto os atuais sites de recomendações de viagem forçam as pessoas a percorrerem longas listas de comentários e observações deixadas por outros, o sistema Web 3.0 pesa e classifica todos os comentários e encontra, por dedução cognitiva, o hotel certo para um usuário em particular.

"O sistema saberá que imaculado é melhor que limpo", disse Oren Etzioni, um pesquisador de inteligência artificial da Universidade de Washington que é um líder do projeto. "Há um crescente entendimento de que o texto na Internet é um recurso tremendo."

Pesquisadores e empreendedores dizem que apesar de ser improvável que haja sistemas completos de inteligência artificial tão cedo, se é que algum dia existirão, a Internet atualmente está produzindo uma cascata crescente de sistemas baseados em inteligência útil a partir de esforços comerciais para estruturar e explorar a Internet. Áreas específicas como sites de viagens e críticas de restaurantes e produtos são candidatas óbvias para construção de tais sistemas, que prenunciariam a chegada da Web 3.0.

"É um assunto quente e as pessoas ainda não perceberam esta coisa espantosa do quanto dependem de I.A.", disse W. Daniel Hillis, um pesquisador veterano de inteligência artificial que fundou aqui a Metaweb Technologies no ano passado. Ele se referia aos milhares de atuais exemplos de inteligência limitada, de câmeras de Internet inteligentes para proteção contra intrusos a programas de e-mail baseados em Internet que reconhecem datas e locais.

Como a Radar Networks, a Metaweb ainda não está descrevendo publicamente qual será seu serviço ou produto, apesar do site da empresa declarar que a Metaweb visa "construir uma melhor infra-estrutura para a Internet".

"Está bem claro que o conhecimento humano está lá fora e mais exposto a máquinas do que nunca", disse Hillis.

AGÊNCIAS DE INTELIGÊNCIA

Tanto a Radar Networks quanto a Metaweb têm em parte suas raízes em tecnologia desenvolvida originalmente para agências de inteligência e para as forças armadas. A pesquisa inicial financiada pela Agência de Segurança Nacional, CIA e Agência de Projetos de Pesquisa Avançada da Defesa pré-data o apelo pioneiro por uma Internet semântica feito em 1999 por Tim Berners-Lee, o criador da World Wide Web uma década antes.

As agências de inteligência foram as apoiadoras iniciais do uso de técnicas de inteligência artificial para peneirar gigabytes de informação digital, uma idéia que agora está ganhando força na futura era Web 3.0. Isto levou diretamente nos anos 90 ao surgimento de um setor pequeno mas próspero de "análise de texto", que visava ajudar grandes corporações a extraírem informações de bancos de dados.

Também ajudou a subscrever o trabalho de Doug Lenat, um cientista da computação cuja empresa, a Cycorp de Austin, Texas, vende sistemas e serviços para o governo e grandes empresas. No último quarto de século, Lenat tem trabalhado em um sistema de inteligência artificial chamado Cyc, que ele alega que algum dia será capaz de responder perguntas feitas em linguagem escrita ou falada —e raciocinar.

O Cyc foi construído originalmente com a entrada de milhões de fatos de senso comum que o sistema de computação "aprenderia". Mas em uma palestra dada na Google no início deste ano, Lenat disse que o Cyc agora está aprendendo a garimpar na Internet —um processo que faz parte da forma como a Web 3.0 está sendo construída.

"Atualmente, grande parte do que fazemos em nossa empresa não se trata de 'monges em claustros' escrevendo em manuscritos iluminados para adicionar a trilhonésima sétima peça de informação", ele disse, "mas sim extraindo informação automaticamente da Internet e, em muitos casos, a extraindo a partir da linguagem natural da Internet".

Durante sua palestra, ele deixou implícito que o Cyc atualmente é capaz de responder uma pergunta sofisticada em linguagem natural: "Que cidade americana seria a mais vulnerável a um ataque de antraz durante o verão?"

Separadamente, pesquisadores da IBM disseram que agora estão usando rotineiramente uma foto instantânea digital dos 6 bilhões de documentos que compõem a World Wide Web não pornográfica para realizar pesquisa de busca e responder outras perguntas para clientes corporativos, que tentam resolver problemas tão diversos quanto pesquisa de mercado e desenvolvimento de marcas corporativas.

Daniel Gruhl, um cientista do Centro de Pesquisa Almaden da IBM, em San Jose, Califórnia, disse que o sistema de mineração de dados, conhecido como Web Fountain, está sendo usado para determinar a atitude dos jovens em relação à morte para uma seguradora e contribuiu para a escolha entre os termos "utility computing" (computação utilitária) e "grid computing" (computação em grade), em um esforço de desenvolvimento de marca da IBM.

"Foi revelado que apenas geeks gostavam do termo 'grid computing'", ele disse.

A IBM tem usado o sistema para realizar pesquisa de mercado para redes de televisão sobre a popularidade de programas, minerando uma comunidade popular de sites, ele disse. Adicionalmente, minerando a "badalação" em sites de música universitários, os pesquisadores conseguiram prever canções que seriam sucesso nas paradas com duas semanas de antecedência —uma capacidade mais impressionante do que as atuais previsões de pesquisa de mercado.

Entre os pesquisadores que estão desenvolvendo sistemas inteligentes, há um longo debate sobre se sistemas como o Cyc produzirão frutos, como a criação de novos sistemas e bancos de dados que possam semear e manipular —uma abordagem defendida por Berners-Lee.

Mas uma nova geração de pesquisadores e empreendedores concluiu que, em vez disso, tal inteligência surgirá de forma mais orgânica a partir de tecnologias que extrairão sistematicamente significado da Internet existente.

Seus esforços são conduzidos por uma explosão de padrões compartilhados —como blocos Lego que são publicamente descritos de forma que todos possam conectar— projetados para simplificar e automatizar a troca de informação. Alguns descrevem como a informação deve ser organizada e trocada; outros definem como criar perguntas que capturem o significado tanto quanto a obtenção de trechos específicos de texto.

Os primeiros exemplos são serviços como del.icio.us e Flickr, os sistemas de compartilhamento de bookmarks (sites favoritos) e fotos adquiridos pelo Yahoo, e Digg, um serviço de notícias que emprega a agregação de opiniões de leitores para encontrar artigos de interesse.

No Flickr, por exemplo, os usuários "rotulam" fotos, facilitando a identificação de imagens de formas que escapavam aos cientistas no passado.

"Com o Flickr, você pode encontrar imagens que um computador nunca conseguiria", disse Prabhakar Raghavan, chefe de pesquisa da Yahoo. "Algo que nos desafiou por 50 anos repentinamente se tornou trivial. Não teria se tornado trivial sem a World Wide Web."

*Tradução:* George El Khouri Andolfato

A importância estratégica do armazenamento

Por Ethevaldo Siqueira
em O Estado de S. Paulo
19 novembro 2006

'No mundo moderno, todas as informações são reduzidas a bits. Esse processo de digitalização, aliado ao desenvolvimento das tecnologias de armazenamento de massa (mass storage), tem revolucionado a gestão empresarial. As corporações passam a depender cada dia mais de meios seguros e confiáveis de armazenamento e recuperação de dados. Até o usuário individual já ganha consciência da necessidade de assegurar backups ou redundância confiável de todos os seus dados profissionais ou pessoais. Imagine-se, então, a atenção que deve merecer o armazenamento seguro dos dados da vida de cada empresa. Storage, na expressão internacional, se transformou em condição essencial para o progresso e a competitividade não apenas das grandes corporações, mas também das pequenas e médias empresas.'

Essa é a visão de David E. Roberson, presidente e CEO da Hitachi Data Systems Corp. (HDS), empresa baseada em Santa Clara, no coração do Valedo Silício. Enfrentando gigantes como a IBM, a EMC2 e a Sun Microsystems, entre outras, a HDS integra o grupo japonês Hitachi, que fatura US$ 84,4 bilhões por ano e investe mais de US$ 3 bilhões em pesquisa.

O grupo Hitachi, ressalta David Roberson, adota uma filosofia de pesquisa e desenvolvimento bastante diferenciada, com elevados investimentos em pesquisa básica, coisa rara entre as grandes corporações, atualmente.

Por que as empresas deixaram de investir nesse campo de grande significado para o futuro da tecnologia? A resposta de David Roberson é clara e direta: 'Em geral, isso acontece por falta de recursos. As grandes empresas não estão dispostas a pagar pelo custo mais elevado e prazo e que nos permite a verdadeira inovação, a descoberta de novas tecnologias e novos caminhos, não apenas para o armazenamento mas para todas as formas de processos digitais.'

POR QUE ARMAZENAR?

Para o presidente da HDS, o armazenamento se tornou elemento estratégico na economia moderna: 'No mercado atual, os negócios dependem fundamentalmente das informações, como recurso para gerar competitividade. A disponibilidade e a confiabilidade dessas informações, por sua vez, dependem de uma infra-estrutura de armazenamento capaz de assegurar o acesso, a garantia e a proteção dos dados. É nesse mundo que atua a HDS, cuja estratégia se volta agora para a inclusão do maior número de pequenas e médias empresas'.

A tecnologia de armazenamento está evoluindo rapidamente. Embora tudo indique uma evolução de sistemas móveis como hard disks (HDs) e fitas para sistemas fixos e sólidos do tipo flash, todas essas tecnologias ainda deverão ser utilizadas por muito tempo, em função das vantagens de cada uma, seja nos custos, na velocidade de acesso ou de transferência de dados.

Na realidade, o armazenamento digital se baseia essencialmente em processos de virtualização, ou seja, no conjunto de técnicas para ocultar as características físicas dos recursos de computação. O objeto virtual se opõe ao real ou efetivo, da mesma maneira que uma imagem em espelho se diferencia da imagem real de um objeto. Tudo que se armazena é, em última instância, bits. Logo, a virtualização é uma decorrência do processo de digitalização da informação (voz, dados e imagens).

Os produtos utilizados pelas corporações são, na realidade, softwares e hardwares capazes de oferecer soluções confiáveis para o armazenamento, a segurança, a confiabilidade e a recuperação de dados e informações. No caso da HDS, seus produtos específicos são denominados Business Continuity, Gestão de Área de Armazenamento (SAM) e Gestão de Ciclo de Vida das Informações. Esses recursos tecnológicos estão disponíveis na América Latina e no Brasil, onde a HDS atua desde 1993 e tem clientes como o Banco do Brasil, Banco Central, HSBC, Unibanco, Bradesco, Petrobrás, Serpro, Nossa Caixa, Telemig, Claro, Vivo e Embraer.

DIGITALIZAÇÃO

O processo de digitalização consiste, em última instância, em transformar todas as informações em bits - ou seja, em unidades binárias de informação. Para o computador, só existem dois dígitos: o zero (0) e o um (1). As palavras ou bytes são combinações infinitas de zeros e uns 1001011001010...).

Para o usuário comum, parece algo misterioso que todo o funcionamento dos equipamentos e serviços de telecomunicações, tecnologia da informação ou de eletrônica de consumo se baseie nessa estranha linguagem de zeros e uns. No entanto, é exatamente isso que acontece como conteúdo do celular, do computador, da internet, da fotografia digital, do DVD e, em breve, do rádio e da televisão. Por isso, dizemos, o mundo da comunicação e da informação se transformou num gigantesco aglomerado de bits.

Mais interessante ainda é o processo de pacotização que se desenvolve a partir da expansão avassaladora da internet. Os bits se agrupam em pacotes, com o protocolo IP (de internet protocol), e se tornam umasegunda linguagem digital. É esse processo que vivemos hoje.

20 novembro 2006

A vingança da Bibliotecária

"Jamais perturbe o silêncio de uma biblioteca, ou despertarás a fúria da bibliotecária decrépita. Filmofagia de signos do imaginário terrorífico universal."

A Vingança da Bibliotecária, concluído em 2005, é um curta de terror que se passa na Biblioteca Central dos Estudantes (BCE) da UnB. Vencedor de alguns prêmios nacional, é uma dica, de raros filmes que tratam da nossa profissão. Vale a pena conferir!

Para asissistir o filme na íntegra:
http://www.portacurtas.com.br/Filme.asp?Cod=4646

Para assistir o trailler:
http://www.youtube.com/watch?v=daWTjcYVsGk

Biblioteca Nacional recebe acervo que pertencia à José Olympio

em Correio Brazileinse
16 novembro 2006

A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro recebeu um presente de valor incalculável ao completar 196 anos: mais de 6 mil itens que pertenciam ao acervo pessoal de José Olympio, dono da editora que leva seu nome. São livros, provas, originais, manuscritos e documentos de autores como Guimarães Rosa, José Lins do Rego, Cassiano Ricardo, Luiz Fernando Veríssimo e José Honório Rodrigues.

O material era mantido pelo próprio José Olympio, que morreu há 16 anos, e estava guardado havia décadas. A decisão de doá-lo foi de seu filho, Geraldo Jordão Pereira. Além dos livros (muitos de primeira edição), foram levados 11 arquivos com 43 gavetas. Nas pilhas de papéis estão preciosidades, como provas com correções manuscritas de Manuel Bandeira e cartas escritas por Jorge Amado e Guimarães Rosa.

Todo o conteúdo das 137 caixas (algumas ainda fechadas) passará por um processo de higienização e catalogação pelos funcionários da biblioteca. Posteriormente, ficará disponível para consulta.

Tarifa especial para postagens de livros

O que começou de forma modesta no dia 7 de setembro, agora já alcança até os imortais. É a campanha Tarifa Livro, idealizada pelo escritor, jornalista e tradutor Luís Peazê, que hoje conta com a adesão de nomes como Moacyr Scliar, Luis Fernando Veríssimo, além de entidades como a Câmara Rio-Grandense do Livro e membros da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Até mesmo, Paulo Coelho, enviou uma mensagem da França, dando apoio à campanha que pede uma tarifa especial para se enviar livros pelos Correios no Brasil. As adesões hoje estão em torno de 500, mas a intenção é reunir um milhão de assinaturas na carta que será enviado ao Presidente dos Correios.

Para maiores informações e adessão à campanha:
http://www.luispeaze.com/correios/tarifalivro.htm

Governo quer facilitar navegação nos portais públicos

Por Computerworld
em IDG Now!
20 novembro 2006

O governo federal quer simplificar a navegação nos portais públicos. De acordo com a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI), está em consulta pública uma lista com termos simplificados para uso na internet.

Trata-se da Lista de Assuntos do Governo (LAG). A relação promete acesso às informações independentemente do conhecimento que os usuários possuem sobre a estrutura formal de governo.

Para ouvir a opinião da sociedade a respeito, a SLTI disponibilizou a LAG para consulta pública no portal do Governo Eletrônico (consultas públicas - consultas em andamento). As contribuições, que podem ser encaminhadas até o dia 9 de janeiro de 2007, serão avaliadas para a consolidação da versão 1.0.

O documento traz uma série de termos simplificados e intuitivos para programas, projetos e outras iniciativas disponibilizadas nos portais do governo federal. Também privilegia um esquema de definições independente da estrutura governamental e que pretende continuar válido independente de mudanças sofridas na estrutura dos órgãos.

Yahoo! fecha parceria com 176 jornais americanos

em Folha Online
20 novembro 2006

Um consórcio de sete cadeias de jornais, representando 176 jornais diários dos EUA, anuncia uma parceira com o Yahoo! para divisão de conteúdo, de publicidade e de tecnologia, em mais um acordo entre empresários da mídia impressa e companhias de tecnologia --já tidas como uma ameça aos jornais.

Segundo uma reportagem publicada pelo "The New York Times", na primeira fase do acordo, as empresas jornalísticas vão publicar seus anúncios classificados no site de empregos do Yahoo!, HotJobs, e usar a tecnologia do HotJobs para gerenciar seus próprios anúncios on-line.

Em longo prazo, a aliança com o Yahoo!, de acordo com o chefe-executivo de uma das empresas de jornal participantes do acordo, é possível que o conteúdo dos jornais seja disponibilizado para buscas no índice de notícias do site Yahoo!.

Por um lado, as notícias locais --um dos pilares das empresas jornalísticas-- fariam parte de uma ampla rede de informação que seria bastante útil aos usuários e de grande valor a publicidade, afirma a reportagem.

O acordo é oportuna para o Yahoo!, que está buscando reconquistar a confiança de seus investidores e de alguns de seus marketeiros.

O negócio poderia também melhorar a posição da companhia com as tradicionais companhias de mídia --um efetivo contra-ataque ao seu rival Google, que assinou, há algumas semanas, com 50 jornais-- e ajudaria a captar mais anunciantes em um fragmentado mercado publicitário.

Segundo a reportagem, para os jornais, que têm sofrido com a fuga de leitores e de anunciantes para a internet, o acordo representa um esforço em ganhar uma porção maior nos montante gasto em anúncios on-line.

"Há um grande questionamento sobre como jornais vão sobreviver no mundo on-line futuramente", afirmou William Dean Singleton, chefe executivo do grupo MediaNews, um dos membros do consórcio. "Acredito que essa seja uma resposta à questão."

O consórcio inclui o grupo MediaNews, Hearst, Belo, E. W. Scripps, a Journal Register Company, Lee Enterprises e Cox Enterprises. O grupo é proprietário de jornais em 38 estados, dentre os quais os maiores diários metropolitanos, incluindo o "The San Francisco Chronicle", o "The Dallas Morning News", o "The Atlanta Journal-Constitution" e o "The Denver Post", com uma circulação total diária de 12 milhões.

Veja a lista de países inimigos da liberdade online

em Estadão.com.br
8 novembro 2006

A entidade Repórteres sem Fronteiras divulgou uma lista de países que mais restringem a liberdade dos usuários da internet. São 13 países: Arábia Saudita, Belarus, Burma, China, Coréia do Norte, Cuba, Egito, Irã, Síria, Tunísia, Turcomenistão, Usbequistão e Vietnã.

Segundo a organização, que defende a liberdade de expressão e de imprensa, estes países estabelecem restrições quanto ao acesso a sites na Web e à expressão de opiniões.

A entidade também passou a receber assinaturas de um manifesto desde as 11h00 desta terça e que já recebeu mais de 20 mil mensagens de apoio.

O site da RSF também permite aos internautas deixar mensagens de áudio para o fundador do portal Yahoo, Jerry Yang, pelo apoio dado pela empresa a autoridades chinesas e que levaram à prisão de jornalistas.

Google, Yahoo e Microsoft se unem em indexação de sites

em Estadão.com.br
16 novembro 2006


Os sites de buscas Google, Yahoo e Microsoft, pelo portal MSN/Windows Live Search, decidiram adotar um mesmo protocolo de indexação de sites, o que facilitará às páginas na internet serem consideradas nas pesquisas dos usuários nos três grandes portais.

No caso, o sistema é um conjunto de protocolos criados pela Google e que estará na base de um serviço comum ao qual qualquer usuário poderá submeter seu site ou blog de uma só vez, ao contrário de uma vez em cada serviço separadamente.

O chamado sistema Sitemaps, da Google, está na versão 0.90 e é gratuito, facilitando aos donos de páginas avisarem os mecanismos de buscas sobre sua existência e conteúdo.

Poucas conexões, muitas ligações

em Agência FAPESP
14 novembro 2006

Os resultados iniciais da 2ª Pesquisa sobre Uso da Tecnologia da Informação e da Comunicação no Brasil, a TIC Domicílios 2006, foram divulgados pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto br (NIC.br) do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

Realizado entre julho e agosto em todo o território nacional, o estudo apresenta números referentes ao acesso às tecnologias de comunicação e informação em domicílios, o acesso individual a computadores e à internet, atividades desenvolvidas na rede e acesso sem fio.

A novidade este ano foi a inclusão de indicadores específicos sobre banda larga e a ampliação do módulo que investigou habilidades para o uso do computador e da internet. Para compor a análise foram feitas 10.510 entrevistas na zona urbana das cinco regiões do país.

Segundo o levantamento, a internet está presente em 14,5% dos domicílios pesquisados, com pequeno crescimento em relação aos 13% registrados em 2005. O tipo predominante de conexão nos domicílios é o acesso discado e a banda larga está presente em apenas 28,64% das residências.

Fatores socioeconômicos ainda são os principais determinantes do acesso às tecnologias da informação no Brasil. O acesso a computadores e serviços de internet continua concentrado nas grandes regiões metropolitanas, em famílias com maiores poder aquisitivo e nível de escolaridade.

“A principal justificativa entre aqueles que não dispõem de acesso à internet em casa é a falta de computador, o custo elevado desse equipamento e do acesso”, disse Rogério Santanna, conselheiro do CGI.br.

Com relação ao uso individual, 54,4% dos entrevistados disseram nunca ter usado um computador e apenas 33% já tinham navegado na internet. Entre aqueles que utilizaram a internet nos últimos três meses (27,8%), o local predominante de acesso à rede foi a própria casa, com 40%, seguido por centros público de acesso pago, como as LAN houses (30%), e o trabalho (24,4%).

O incremento do acesso em centros públicos pagos se deu principalmente nas classes C (que passou de 19,55% em 2005 para 35,54% em 2006) e D/E (que passou de 30,02% em 2005 para 48,08% em 2006).

MUITOS CELULARES

A TIC Domicílios 2006 também aponta que 97% dos domicílios têm aparelhos de televisão e 49,7% contam com telefone fixo. O telefone celular apresentou elevado crescimento, presente em 68% dos entrevistados, contra 61% em 2005.

Já para o acesso sem fio, foi constatado que 60,61% dos entrevistados utilizaram o telefone celular nos últimos três meses e 46,3% da população disse possuir um aparelho próprio. Desse total, 88,6% eram telefones pré-pagos e 60,5% usaram o telefone para enviar e receber mensagens de texto.

Houve um aumento na presença de computadores nos domicílios, passando de 16,6% em 2005 para 19,6% em 2006. As regiões Sul e Sudeste ficaram acima da média nacional, com 25% dos domicílios com acesso ao equipamento. Já as regiões Norte e Nordeste estiveram bem abaixo, com 10% e 8,5%, respectivamente.

Segundo o NIC.br, a metodologia da TIC Domicílios 2006 seguiu padrão da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Instituto de Estatísticas da Comissão Européia (Eurostat). As amostras probabilísticas foram desenhadas de forma a apresentar uma margem de erro de no máximo 1,5% no âmbito nacional e de 5% regionalmente.

Os demais módulos da pesquisa, realizada pela Ipsos Public Affairs, serão divulgados no início de 2007, sendo eles: governo eletrônico, segurança na rede, uso do e-mail, spam e comércio eletrônico. A TIC Empresas 2006, destinada à análise do uso dessas tecnologias em empresas, também será divulgada no início do próximo ano.

Mais informações: www.nic.br/indicadores

06 novembro 2006

Projeto quer controlar acesso à internet

Por Elvira Lobato
em Folha Online
6 novembro 2006

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado votará, na próxima quarta-feira, um projeto de lei que obriga a identificação dos usuários da internet antes de iniciarem qualquer operação que envolva interatividade, como envio de e-mails, conversas em salas de bate-papo, criação de blogs, captura de dados (como baixar músicas, filmes, imagens), entre outros.

O acesso sem identificação prévia seria punido com reclusão de dois a quatro anos. Os provedores ficariam responsáveis pela veracidade dos dados cadastrais dos usuários e seriam sujeitos à mesma pena (reclusão de dois a quatro anos) se permitissem o acesso de usuários não-cadastrados. O texto é defendido pelos bancos e criticado por ONGs (Organizações Não-Governamentais), por provedores de acesso à internet e por advogados.

Os usuários teriam de fornecer nome, endereço, número de telefone, da carteira de identidade e do CPF às companhias provedoras de acesso à internet, às quais caberia a tarefa de confirmar a veracidade das informações.

O acesso só seria liberado após o provedor confirmar a identidade do usuário. Para isso, precisaria de cópias dos documentos dos internautas.

CRÍTICAS

Os provedores de acesso à internet argumentam que o projeto vai burocratizar o uso da rede e que já é possível identificar os autores de cibercrimes, a partir do registro do IP (protocolo internet) utilizado pelos usuários quando fazem uma conexão. O número IP é uma espécie de "digital" deixada pelos internautas. A partir dele, chega-se ao computador e, por conseguinte, pode-se chegar a um possível criminoso.

Principais alvos do cibercrime, os bancos e os administradores de cartões de crédito querem a identificação prévia dos internautas. O diretor de Cartões e Negócios Eletrônicos da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Jair Scalco, diz que não adianta criar leis para punir as fraudes na internet se não houver a identificação obrigatória de todos os internautas. Ele defende que os registros de todas as conexões sejam preservados por pelo menos três anos.

O projeto recebeu muitas críticas. "É uma tentativa extrema de resolver a criminalidade cibernética, que não surtirá efeito. O criminoso vai se conectar por meio de provedores no exterior, que não se submetem à legislação brasileira, ou usará laranjas [terceiros] e identidade falsa no Brasil", afirma o presidente da ONG Safernet (Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos), Thiago Tavares. A entidade é dirigida por professores da Universidade Federal da Bahia e da PUC daquele Estado.

Para Tavares, o projeto, se aprovado, irá burocratizar e restringir o acesso à internet. "Não se pode acabar com a rede, em nome da segurança, porque ela nasceu com a perspectiva de ser livre e trouxe conquistas muito grandes, como a liberdade de informação e de conexão", afirma.

Para ele, os provedores tenderão a dificultar o acesso das pessoas à rede mundial de computadores, com medo de serem responsabilizados criminalmente por atos dos usuários.

LOBBY

O relator do projeto é o senador Eduardo Azeredo (PSDB), ex-governador de Minas Gerais. Os especialistas do setor dizem que o mentor das mudanças é o assessor de Azeredo José Henrique Portugal, ex-dirigente do Serpro, estatal federal de processamento de dados.

O presidente da ONG Safernet diz que, por trás da identificação e da certificação prévias dos usuários da internet, está o lobby das empresas de certificação digital, espécie de cartórios virtuais, que atestam a veracidade de informações veiculadas pela internet.

De acordo com ele, o projeto está na contramão da democratização do acesso à internet, ou inclusão digital, pretendida pelo governo.

Inteligência dos EUA cria versão secreta da wikipedia para espionagem

Por Reuters
em UOL Tecnologia
1° novembro 2006

Os serviços de inteligência dos Estados Unidos começaram a utilizar o formato da Wikipedia para produzir conteúdo secreto. Segundo o escritório de John Negroponte, comandante geral das operações de inteligência norte-americanas, o formato é essencial para o futuro da espionagem.

A Intellipedia, como é chamado o sistema de edição coletiva, permite que analistas de informações e outros funcionários acrescentem e editem conteúdo de maneira colaborativa no Intelink, site de acesso restrito que se tornará semelhante à famosa enciclopédia da Web.

O sistema "altamente secreto" da Intellipedia, disponível atualmente para as 16 agências que compõem a comunidade de informações norte-americana, já abriga mais de 28 mil páginas e 3,6 mil usuários registrados, desde que foi lançado, em 17 de abril. Versões de acesso menos restrito existem para conteúdo "secreto" e "sensível, mas não secreto".

O sistema também está disponível para a secretaria nacional de segurança dos transportes e para os laboratórios nacionais norte-americanos.

A Intellipedia vem sendo usada no momento para a preparação de um grande relatório de inteligência, conhecido como estimativa nacional de informações, sobre a Nigéria, bem como para os relatórios anuais do Departamento de Estado sobre a situação do terrorismo país a país, disseram funcionários norte-americanos.

No futuro, o sistema pode ser o recurso empregado pelos funcionários dos serviços de informações para produzir o briefing diário de inteligência do presidente dos EUA.

Mas a Intellipedia, que permite a milhares de usuários obter dados antes restritos, também causou preocupações quanto a possíveis lapsos de segurança. "Estamos assumindo um risco", reconheceu Michael Wertheimer, o diretor de tecnologia da Intellipedia. "Há o risco de que informações cheguem à mídia, de que haja vazamentos."

Predominância do uso do inglês pode barrar outras culturas na Internet

Por AFP
em UOL Tecnologia
3 novembro 2006

Especialistas reunidos no FGI (Fórum de Governança da Internet) alertaram esta semana sobre o uso predominante do inglês na rede mundial de computadores, fato que precisa ser revisto antes que se transforme em uma barreira para outros idiomas.

Eles temem que formas de conhecimento cultural acumuladas ao longo de séculos de progresso humano possam se perder para sempre.

"Cerca de 90% dos 6.000 idiomas [em uso hoje] não estão representados na Internet", disse Yoshinori Imai, da emissora de TV japonesa NHK.

"Estas pessoas poderiam ser excluídas da informação e do conhecimento", acrescentou.

Em países como Colômbia e Senegal, a tradição oral e a herança cultural que poderiam ser usadas para propósitos de pesquisa e educacionais podem nunca alcançar uma abrangência mundial, afirmaram lingüistas e sociólogos durante o fórum de quatro dias, celebrado no subúrbio ateniense de Vouliagmeni até 2 de novembro.

"Uma grande parte da população não tem voz porque não consegue partilhar a informação", disse Adama Samassekou, presidente da Academia Africana de Idiomas do Mali.

"Toda vez que uma língua morre, uma visão de mundo desaparece", afirmou.

"Mesmo no campo da pesquisa existe um viés lingüístico, o inglês é de longe a língua dominante", acrescentou Divina Frau-Meigs, professora de sociologia midiática da Universidade de Sorbonne, em Paris.

Quando se trata de criar sites com conteúdo não-inglês, os usuários de muitos países enfrentam dificuldades já que a HTML —linguagem de computador através da qual as páginas Web são criadas— amplamente usa palavras e abreviações inglesas, disse Bernard Benhamou, conferencista especializado em sociedade da informação do Instituto de Ciências Políticas de Paris.

"Para os ocidentais, isto não representa muito, mas para um usuário que não fale inglês é um trabalho e tanto", declarou à AFP.

Um exemplo é o de uma comunidade cambojana na Internet, que desenvolveu seu próprio software em khmer após ter sido recusada por um desenvolvedor de software, contou Markus Kummer, presidente do grupo de trabalho das Nações Unidas sobre governança na Internet.

DIVERSIDADE

No momento, iniciativas para diversificar o uso da linguagem na rede são realizadas por vários países.

Mas as Nações Unidas e outras organizações, como a Icann (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers), órgão mundial responsável por estabelecer regras do uso da Internet, receiam que uma fragmentação possa ocorrer se a questão não for tratada adequadamente.

Se isto acontecer, os especialistas dizem que digitar um endereço na internet levaria a links diferentes, dependendo da localização geográfica do usuário, enquanto os e-mails se perderiam no caminho.

"Atualmente, o risco da fragmentação é pequeno, mas se acontecer, será realmente ruim", disse Patrick Faelstroem, consultor sênior de engenharia da Cisco Systems e membro do grupo de política e estratégia de tecnologia da informação do governo sueco.

"Significaria que se você me mandar um e-mail da Grécia, eu posso não conseguir sequer responder a você da Suécia", acrescentou.

Primeira tese de doutorado sobre bibliotecas on line de universidades federais

Por Assessoria de Imprensa da UERJ

Robson Santos, formado pela Escola Superior de Desenho Industrial da Uerj (Esdi), defendeu a primeira tese de doutorado em design da América Latina, sobre bibliotecas on line de universidades federais brasileiras.

Pesquisar em acervos de bibliotecas disponíveis na Internet pode ser uma experiência positiva ou uma enorme dor de cabeça.

O mar de informações da grande rede ameaça tragar quem não conseguir navegar por tantas possibilidades de pesquisa, sem a inestimável ajuda de um bibliotecário. Como contribuir para melhorar a qualidade da interação do usuário com esses sistemas?

Para responder a essa pergunta, Robson Santos defendeu a tese “Usabilidadede interfaces para sistemas de recuperação de informação na web: estudo de caso de bibliotecas on line de universidades federais brasileiras”, pela PUC-RJ.

Ex-aluno da Esdi/Uerj, Robson investigou dois sistemas utilizados por bibliotecas universitárias na Internet: Pergamo e PHL.

A partir dessa análise, desenvolveu um protótipo de interface e o submeteu a avaliações de usuários, recrutados entre estudantes, profissionais de bibliotecas e projetistas de sistemas.

“Os resultados mostraram que o protótipo apresentou alto grau de satisfação em praticamente todos os itens avaliados, ou seja, ele atende aos três aspectos da usabilidade: efetividade, eficiência e satisfação”, explica Robson.

“O mais importante é colocar os conhecimentos do projetista a serviço das necessidades do usuário, com uma abordagem que valorize a experiência de uso do sistema”.

Brasil e Portugal buscam padronizar vocabulário científico

Por Helena Beltrão
em Agência CT
2 novembro 2006

O Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) e o Museu de Ciência daUniversidade de Lisboa Mcul) estão coordenando uma rede de instituições dos dois países para produzir um thesaurus (vocabulário que cobre de forma extensiva um ramo específico de conhecimento) de instrumentos científicos em língua portuguesa.

Atualmente não existe uma padronização terminológica que permita a identificação e classificação dos acervos de museus científicos, o que provoca problemas de acesso de especialistas a essas informações.

Segundo os pesquisadores do Mast, unidade vinculada ao MCT, a parceria é pioneira em âmbito mundial e envolverá outras oito instituições no Brasil e em Portugal.

A padronização de denominações dos objetos científicos facilitará a comunicação entre as instituições, o que contribuirá para a recuperação de informações para a pesquisa.

Além de estabelecer uma proposta de terminologia, o projeto de cooperação pretende fazer um glossário desses termos, ajudando assim a compreender melhor a função dos objetos.

Em Portugal participam do trabalho o Museu de Física da Universidade de Coimbra, o Museu Nacional da Ciência e da Técnica, o Museu de Ciência da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e o Museu de Física do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa.

No Brasil estão envolvidas as seguintes instituições: Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, o Centro de Memória da Engenharia, o Colégio Pedro II do RJ e o Museu da Escola Politécnica da Universidade Federal do RJ.

Livraria Belas Artes fecha suas portas em SP

em Estadão.com.br
1° novembro 2006

A prateleira de poesia já estava vazia. De nada adiantou o choro inesperado, um punhado de boas recordações ou os discursos indignados. Nem um generoso desconto de 50% foi capaz de ressuscitá-los. No andar de cima, Fernando Pessoa, Nietzsche e Dostoievski repousavam em caixas de papelão. Em poucas horas, o vendedor Nelson Reis desceria as portas de um dos pontos mais representativos da cultura paulistana, a Livraria Belas Artes.

Apesar dos seus 27 anos (sempre na Paulista, quase esquina com a Consolação), a livraria não resistiu às Megastores, à internet e a uma proposta de reajuste de aluguel de R$ 10 mil por mês. Esta terça-feira foi o seu último dia de vida.

O fechamento da Belas Artes aumentou a lista de finais trágicos na região. Antes dela, outros pontos importantes para a história do lugar tiveram o mesmo destino - como o Bar Riviera e a lanchonete La Baguette. Além disso, esse parece ser o derradeiro golpe nas livrarias de pequeno porte da Paulista. Nos últimos meses, a 5ª Avenida e a Duas Cidades também encerraram suas atividades.

Um dos seus primeiros sócios, José Roberto Marinho, foi pego de surpresa pela notícia: "O quê?! Fechou mesmo! Lamento muito. É um pouco da minha história, um pouco da história da cidade indo embora."

LIVRARIA FOI ÍCONE CULTURAL

A Belas Artes foi criada em 1979 por um grupo de amigos, alunos da Universidade de São Paulo (USP) e membros do grupo trotskista Liberdade e Luta (Libelu).

Com a ditadura agonizando, a livraria tornou-se um importante ponto de encontro de intelectuais e boêmios. Nomes como José Serra, José Genoino, Fernando Henrique Cardoso e Marilena Chauí montaram parte de suas bibliotecas ali.

"É muito triste. Foi uma livraria de referência. Ela teve grande importância na história cultural desta cidade", disse a filósofa e professora da USP Marilena Chauí. "As grandes livrarias são shoppings. Só em locais como a Belas Artes a gente se sente bem", comparou o deputado José Genoino (PT-SP).

Seu segundo proprietário, José Luiz Goldfarb (que esteve à frente da livraria até 2003), também recebeu a má notícia pela reportagem. "É mesmo? Eles nem vão mudar de lugar? Eu lamento muito." Goldfarb lembrou das coisas inovadoras que a Belas Artes trouxe à Cidade. "Nós sempre estivemos na frente. A Belas Artes abria todos os dias, inclusive à noite. Além disso, ela foi a primeira livraria a ter um café."

Quem não parecia com muito remorso era o último proprietário, Luiz Eduardo, dono da editora Códice. "O aluguel foi para R$ 10 mil. Não tem como fazer milagre. Esse valor é impossível. O dono do imóvel deve estar querendo o espaço de qualquer jeito." Sobre as lamentações de clientes históricos, Eduardo foi categórico: "Eles choram agora. Mas estavam comprando na Cultura, na Saraiva... Diziam que a gente andava careiro."

Bibliotecários para as bibliotecas!

Por Elisabete Anderle
em Portal ANotícia Catarinense
30 outubro 2006

O Manifesto sobre Biblioteca Escolar da Unesco define esse espaço pedagógico como uma unidade de informações e idéias fundamentais para o desenvolvimento da sociedade contemporânea. A biblioteca representa, para o estudante, o acesso a instrumentos que permitam o aprendizado constante, o desenvolvimento da imaginação e a cidadania responsável.

Sabemos, contudo, que a biblioteca, sozinha, sem projeto, sem bibliotecário, é um espaço morto, assim como os livros só adquirem vida quando se abrem nas mãos do leitor. Para o bom desenvolvimento da leitura e da escrita, da capacidade informativa e da educação, o manifesto sugere que a biblioteca desenvolva ações como apoio aos programas de ensino e incentivo ao gosto pela leitura. Aponta ainda a relevância de se promoverem atividades que estimulem ações culturais e sociais.

É preciso que a freqüência à biblioteca seja motivada para utilização de informações variadas e em qualquer suporte, seja de papel ou meio eletrônico, que acompanhe as inovações tecnológicas dos sistemas de acervo do conhecimento. É preciso, sobretudo, que se constitua como espaço aberto e humanizado, como possibilidade de encontro entre autores e leitores de diferentes épocas e contextos.

Na perspectiva da transdisciplinaridade, a biblioteca se reposiciona como espaço de encontro entre o saber formal e informal, entre diferentes gerações e classes sociais.

Na educação pública de Santa Catarina, é hoje um poderoso instrumento do Projeto Escola Aberta à Cultura e Cidadania, que reafirma a função social da escola no gesto generoso de abrir suas portas e prateleiras à comunidade.

Quando aberta, a biblioteca deixa de ser o depositário do livro para tornar-se o "arquivivo" onde ao mesmo tempo se compartilha e se constrói o patrimônio intelectual e cultural da humanidade. Esse patrimônio deve estar necessariamente acessível a todos, dentro e fora das instituições de ensino, para que se constitua como instrumento de evolução cultural e intervenção na realidade.

A biblioteca ganha vida e atualidade quando possibilita ao sujeito do saber comparar a opinião própria à informação científica, produzindo o conhecimento que se estabelece do entrecruzamento dos saberes.

Em grande parte das escolas de Santa Catarina, por muito tempo tivemos bibliotecas mortas, depósito de livros também mortos, sem perspectiva de atualidade, sem relação com a vida, sem leitores, sem professores, sem convite ao sabor do saber. Em grande medida, essa falta de vitalidade se deu não apenas pela pobreza do acervo, mas, principalmente, pela ausência de projetos. Ou antes de pessoas capacitadas para dar animus a esse espaço, despertando nos estudantes o senso crítico de leitura.

A falta de um profissional preparado para atuar de forma muito integrada aos gestores escolares e professores, com o objetivo de revitalizar a biblioteca como espaço pedagógico e lúdico, contribuiu para que prateleiras escolares fossem cobertas pelo pó. Por tudo isso, educadores e bibliotecários de todo o Estado comemoram uma grande conquista na luta pela profissionalização desse espaço pedagógico.

O governo do Estado acaba de assinar projeto de lei complementar criando o cargo de bibliotecário escolar, o que implica a abertura de concurso. Devolve à escola pública um agente incondicional para o desenvolvimento do hábito de leitura e já se apresenta como um marco histórico na educação catarinense.

Teletransporte de informação é uma realidade

Por Lúcia Vinheiras Alves
em TV Ciência
23 outubro 2006

Cientistas dinamarqueses conseguem dar corpo a rede de comunicação quântica com uma experiência bem sucedida de teletransporte de informação. Os resultados da experiência estão publicados na edição de 05 de Outubro da revista científica Nature e são um importante avanço para as novas redes de comunicação do futuro.

Pensar que os bits, 0 e 1, dos computadores podem ficar rapidamente obsoletos, é uma ideia que começa a tomar forma com os novos avanços tecnológicos e o recurso à ciência quântica. Cientistas do Niels Bohr Institute (NBI), na University of Copenhagen, na Dinamarca, anunciam bons resultados no teletransporte de informação através de uma rede de comunicação quântica, capaz de transportar grandes quantidades de informação com total segurança.

"O teletransporte vai revolucionar a comunicação computacional", afirma Eugene Polzik, cientista do NBI, citado em comunicado da instituição e acrescenta que, "a informação não vai ser codificada e tratada em 0 e 1 bits como acontece hoje, mas antes em estados quânticos nos quais podem existir simultaneamente e em sobreposição estados de 0, 1, 2, etc". O cientista adianta ainda que "desta forma as redes de comunicação podem transferir muito mais informação do que com os bits normais" e, para além disso, "outra característica importante é que a troca de informação vai ser completamente segura".

Com o recurso à interligação de luz e átomos, os cientistas dinamarqueses dizem ter sido capazes de teletransportar informação através da luz, de um ponto A para um ponto B, a uma distância de aproximadamente um metro sem qualquer meio de ligação.

"O ponto B é uma célula de vidro que contem vapor de átomos césios. Este envia um raio de luz através do gás e como resultado os dois sistemas (átomos e luz) ficam interligados", explicam os cientistas, de acordo com comunicado do NBI.

"Esta interligação é um fenómeno fundamental no mundo quântico microscópico (um quântico refere-se a um objecto invisível e, no nosso caso, a átomos de gás e aos fotões que constituem a nossa luz", referem os especialistas e adiantam que, "ficar interligado significa que (átomos e fotões) estão ligados por um meio quântico que os sincronizam".

Os cientistas explicam que na experiência, cujos resultados estão publicados na Nature, o ponto A não contém qualquer informação quântica útil até que é atingido por um fraco pulso de luz que faz o teletransporte dessa informação. "A informação está contida na onda de luz", explicam os cientistas e acrescentam que, "a amplitude dá a intensidade da luz e do comprimento de onda (fase) a sua cor".

No entanto, apesar dos dois tipos de informação quântica serem transportados pela luz, não podem ser registados em simultâneo nem decifrados de forma imediata. Numa fase intermediária, quando os dois raios de luz se encontram e são misturados - ou seja, aquele que interliga a célula no ponto B com a informação quântica - o ponto A faz a medição dos dois, apesar desta medição não permitir decifrar a informação.

"O passo seguinte é para o ponto A entrar em contacto com o ponto B, dando ao ponto B, os resultados da medição do ponto A na luz", explicam os cientistas e adiantam que, "devido à ligação quântica que um dos raios medidos teve com os átomos no ponto B, é possível que ponto B decifre a informação e o resultado é que agora o B, tem a informação que foi teletransportada pela luz".

A experiência dos especialistas dinamarqueses implica um teletransporte de informação num espaço de 50 centímetros, o que os leva a acreditar, que este é o primeiro passo para compreender como as redes de informação do futuro, com base no teletransporte, poderão funcionar.

Exibidas pela polícia, obras raras rasgam durante entrevista

Por Ricardo Gallo
em Folha Online
27 outubro 2006

Após serem recuperadas pela polícia quase dez meses depois de furtadas, duas obras históricas -um manuscrito de 1791 de Dona Maria 1ª, a "rainha louca", e o livro "Ornithologie Brésilienne", do naturista francês Jean-Théodore Descourtilz, de 1855, -foram parcialmente danificadas após serem expostos em um sofá, por um delegado, e manuseados por uma dezena de repórteres, cinegrafistas e fotógrafos.

O material foi exibido, na manhã de ontem, na sala da Delegacia Seccional Centro durante cerca de uma hora. Em torno do sofá ficaram os jornalistas -mais de dez deles ao mesmo tempo. O livro e o manuscrito eram virados com freqüência para permitir o melhor enquadramento. "Cuidado", dizia, de tempos em tempos, o delegado Fernando Gomes Pires.

Por volta de meio-dia, repórteres de TV pediram para mudar os livros de lugar, para permitir a entrada ao vivo no ar. A obra "Ornithologie" e o manuscrito foram, então, levados para fora da sala. Cinegrafistas manuseavam indiscriminadamente as obras centenárias.

Antes do fim da entrevista, as obras voltaram para o sofá e, de lá, foram colocadas sobre a mesa do delegado. Foi possível ver, sobre o sofá, pedaços de papel soltos do livro e do manuscrito. Um policial civil, então, recolheu os pedaços e os entregou ao delegado.

O repórter-fotográfico Antônio Gaudério, da Folha, foi um dos que manusearam o material. "Assim como todo mundo, eu mexi nas fotos. Ninguém avisou que não podia tocar no material e isso foi feito na frente do delegado."

O manuscrito de Dona Maria 1ª foi furtado do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo em dezembro do ano passado e o livro "Ornithologie Brésilienne", da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio no Carnaval. Eles foram recuperados no final de setembro pela polícia, durante investigação sobre uma quadrilha especializada justamente em furtar obras raras.

A entrevista tratava ainda da recuperação de obras raras do Itamaraty, como um mapa de 1712 com apenas seis exemplares do mundo. Havia, no total, sete mapas e duas alegorias (ilustrações), encontradas no casebre de um caseiro desempregado na zona sul de São Paulo.

DANOS IRREVERSÍVEIS

Para uma especialista consultada pela Folha, o manuseio causa danos irreversíveis ao papel porque o contamina com nicotina, gordura e sujeira, presente nas mãos, o que acelera a degradação das fibras que formam as folhas.

"Ai meu Deus! Eu teria gritado [se visse a cena]. Que crime!", disse a chefe do laboratório de restauração do Arquivo Histórico Municipal, Maria Isabel Garcia. "Para preservar tem que ter livro, máscara. Se estiver sem luva, coloca nicotina, sujeira e gordura, que são irremovíveis e atuam na degradação do papel." Segundo ela, o descuido também acelera o esfarelamento do papel, pois danifica as fibras que o compõem. Outro erro está em dispor as obras sobre um sofá -laboratórios de restauro contam com um suporte especial, que separa a capa das folhas do livro.

"[Manusear sem luvas] Não é o procedimento de consultas a obra raras", disse, de modo polido, Angela Âncora da Luz, diretora da Escola de Belas Artes da UFRJ. Ela chega hoje a São Paulo para retirar "Ornithologie Brésilienne". Luz quer avaliar primeiro a obra, que contém 48 estampas coloridas, antes de atribuir o dano à polícia.

Livraria vendia obras roubadas

em Correio Braziliense
27 outubro 2006

Os sócios da livraria carioca Babel Livros, Francisco José Izidoro da Fonseca e Lydia Amalia Fonseca Martine de Moura, são os principais suspeitos de venderem em leilões peças roubadas de bibliotecas públicas de São Paulo e Rio. Eles poderão ser indiciados por receptação, junto com o leiloeiro público Raul Barbosa. Com isso, a polícia acredita ter identificado boa parte do bando que vinha dilapidando o patrimônio artístico público há anos. Segundo a polícia, a livraria recebia as obras roubadas de um ex-estagiário da Biblioteca Mário de Andrade, na capital paulista, e programava os leilões de venda das peças.

Biblioteca do Museu da Bíblia reúne Escrituras Sagradas em mais de mil idiomas

em Boletim Livro e Leitura
23 outubro 2006

Com o objetivo de disponibilizar a Bíblia em todos os idiomas e se tornar um centro de referência de novas traduções, a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) inaugurou em 17 de outubro, a Biblioteca do Museu da Bíblia, em Barueri, na grande São Paulo (Av. Pastor Sebastião Davino dos Reis, 67). O acervo de 17 mil volumes que reúne as Escrituras Sagradas em mais de mil idiomas já a posiciona como a maior do gênero no hemisfério sul. Há obras raras, acadêmicas e curiosas, com destaque para a Bíblia Hebraico–latim, de 1546 e a Bíblia Sacra Vulgata, edição de 1669.

Enquanto país comemora centenário do 14-Bis, acervos correm risco

Por Eduardo Geraque
em Folha Online
23 outubro 2006

Desde 1891, quando embarcou para Paris aos 18 anos de idade, Alberto Santos-Dumont passou a fazer história e a construir, de forma intencional, um acervo sobre sua vida. Hoje, 115 anos depois, o que resistiu desse acervo em solo brasileiro está espalhado, e sob risco. Parte da documentação só existe graças a atitudes individuais.

O baú de vime com 2,2 mil documentos, por exemplo, cruzou o oceano rumo ao Brasil com o próprio Santos-Dumont. Como lembra Marcos Villares Filho, sobrinho-bisneto do ilustre aviador brasileiro, foi o próprio personagem que, na Europa, contratou empresas para selecionar tudo o que saísse nos jornais relacionado à aviação. A maior parte desse material falava dos próprios feitos do mineiro de Barbacena (Santos-Dumont nasceu no sítio Cabangu, distrito de Palmira, no dia 20 de julho de 1873).

"Comecei a me interessar por tudo isso há pouco mais de dez anos, quando ouvi essa história do baú, da própria Sophia Helena, sobrinha-neta do inventor", contou Villares Filho à Folha. O marido dessa nova personagem da família é uma das pessoas que contribuíram de forma individual para preservar o patrimônio histórico. Durante cinco anos, o tenente-brigadeiro-do-ar Lavenère-Wanderley recuperou quase todos os recortes, a maior parte publicados entre 1899 e 1903.

"O baú foi levado por Santos-Dumont para a Encantada (casa que ele tinha em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro). Por causa da Revolução Constitucionalista de 1932, a família, temendo eventuais saques, transportou o acervo para a cidade do Rio de Janeiro."

Apenas 30 anos depois é que Lavenère-Wanderley resolveu mergulhar naqueles papéis. "O baú ficava no porão de uma casa da família no bairro do Flamengo. Não existia o aterro e a água do mar chegava a atingir o local", relata o sobrinho-bisneto do inventor brasileiro.

Depois de passar pelas mãos de alguns guardiões, os recortes históricos chegaram a um local seguro. Os cinco álbuns catalogados estão sob responsabilidade do Centro de Documentação da Aeronáutica, no Rio de Janeiro. O órgão está digitalizando todo o conteúdo, que foi salvo das ondas do mar e da revolta de 32 (ano da morte de Santos-Dumont). "Esse material doado para a Aeronáutica é muito rico, mas pouco conhecido da maioria do público", informa Villares Filho.

A questão do desconhecimento popular, sob alguns aspectos, pode ser ainda mais grave. Até hoje, por exemplo, não existe um museu exclusivamente montado sobre o pioneiro aviador nas grandes cidades brasileiras.

"Existem acervos em vários locais, e todos estão sendo cuidados com a ajuda de pessoas. Neste país, infelizmente, ainda não temos a cultura institucional de preservar a história", argumenta o sobrinho-bisneto de Santos-Dumont. Na lista de iniciativas que tentam barrar a diáspora do acervo, entra o nome de Monica Castelo Branco, que cuida do museu da casa natal do aviador.

CORRENTE E CACHORRO

Na cidade de São Paulo, pelo menos desde 1999, a sensibilidade pela figura de Santos-Dumont não está em alta. Desde que o museu da Aeronáutica foi retirado do parque do Ibirapuera --os aviões históricos ficavam em exposição na Oca (Pavilhão Governador Lucas Nogueira Garcez)--, todo o acervo foi colocado em dois galpões dentro do Cemucam (Centro Municipal de Campismo), em Cotia, na Grande São Paulo e, em plena comemoração do centenário, estão longe dos olhos do público.

Apesar de existir uma placa indicando um museu na entrada do parque, que é aberto ao público, o visitante se decepciona quando tenta segui-la. Primeiro uma corrente fechada. Depois, uma cerca, um portão sem ninguém e um cachorro latindo. O caseiro informa que ali nunca foi um museu. Mas que as peças ali depositadas, inclusive alguns aviões inteiros, recebem a atenção de restauradores com freqüência.

"Lá funciona a nossa reserva técnica", avisa o major-brigadeiro José Vicente Cabral Checchia, presidente da Fundação Santos-Dumont. A instituição foi criada há exatos 50 anos, nas comemorações do meio século do vôo do 14-Bis.

Agora, os itens mais importantes do acervo, como a nacele (cesto onde fica o piloto durante o vôo) do 14-Bis, única peça original do histórico avião, os óculos e as luvas usadas no dia 23 de outubro de 1906 --dia que o 14-Bis voou no Campo de Bagatelle, em Paris-- estão guardadas na Base Aérea de Guarulhos. "A boa notícia é que a Prefeitura de Guarulhos vai desapropriar um terreno de 30 mil metros quadrados para a criação do Museu Santos-Dumont", promete Checchia.

Segundo Edmilson Souza Santos, secretário de Cultura da cidade, o convênio entre o município e a Fundação Santos-Dumont, que já dura 48 meses, será renovado por outros 60 meses. "Até o fim do ano que vem, pelo menos parte do museu já deve estar funcionando."

Se uma das exceções sob cuidados públicos é a casa "Encantada", em Petrópolis (RJ), a cidade de São Paulo também conta com um rico acervo sobre Santos-Dumont nas dependências do Museu Paulista, no Ipiranga. Os 1,4 mil itens catalogados pela instituição estão encastelados, sob guarda da Universidade de São Paulo. Mesmo o cesto do 14-Bis não pode ser visto pelo público.

Depois de guardado por anos, ele será exposto, em Guarulhos, apenas a partir de amanhã. Se, além das pessoas, as instituições passarem a tomar conta também dos acervos, talvez a história documentada pelo próprio Santos-Dumont ganhe ainda mais relevância.

Obras e documentos históricos brasileiros estão disponíveis na internet

Por Juliana Menezes
em Jornal da Ciência
20 outubro 2006

A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), localizada em Recife (PE) e vinculada ao Ministério da Educação, está digitalizando seu acervo. Só este ano, foram 18.676 documentos que passaram pelo processo. Dentre eles estão antigos rótulos de cigarro, fotografias, folhetos de cordéis e livros, incluindo 39 obras de Joaquim Nabuco que contam um pouco da história nacional. Desse total, 1.151 documentos e 4.892 arquivos digitais estão disponíveis na página.

Iniciado em 2003, o Projeto Núcleo de Digitalização, fruto de uma ação conjunta entre a Fundaj e o MEC, tem por objetivo preservar acervos, evitando o manuseio de originais, e ampliar e democratizar o acesso às informações. Os investimentos já somam R$ 818 mil.

De acordo com Marco Aurélio Nogueira, acadêmico e pesquisador da obra de Nabuco, a publicação do legado do autor na internet demonstra a força e importância deste brasileiro. Segundo Nogueira, a iniciativa é de extrema importância para estudantes e pesquisadores de todo o mundo.

"Ele foi um marco no pensamento político nacional, principalmente no tocante à abolição da escravatura e à construção da política externa brasileira", concluiu.

Fotografias e periódicos - Outros dois projetos de digitalização estão sendo desenvolvidos em paralelo, por meio de uma parceria entre o MEC e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco): os Periódicos Raros do Acervo da Biblioteca Blanche Knopf da Fundaj e a Coleção Francisco Rodrigues - fotografias raras sobre aspectos da vida sociocultural brasileira, entre 1840 e 1920.

Os recursos disponibilizados pelo ministério são da ordem de R$ 12 mil. O trabalho vai colocar em formato eletrônico 75 mil documentos, 12 mil fotografias e 63 mil páginas impressas de periódicos.(Juliana Meneses, da assessoria de comunicação do MEC)

Doação de livros para Moçambique

em Boletim Livro e Leitura
16 outubro 2006

Com o objetivo de obter apoio para o programa de criação de mini-bibliotecas nas escolas secundárias de Moçambique, o Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa (FBLP) solicita às empresas e editores brasileiros a doação de obras na língua portuguesa. Além de suprir a falta de livros nas escolas do país, o programa também pretende valorizar e difundir o idioma português como língua de comunicação, unidade nacional e acesso ao conhecimento técnico e científico. A entidade se compromete a custear o transporte dos livros do Brasil para Moçambique. Mais informações pelos e-mails: palop@zebra.uem.mz ou sapawa@tvcabo.com.mz.

Brasil integra comitê diretivo ibero-americano de bibliotecas públicas

em Boletim Livro e Leitura
16 outubro 2006

O Brasil passa a integrar o Comitê Diretivo do Foro Ibero-Americano de Responsabilidade Nacional de Bibliotecas Públicas (FIRBIP), ao lado de países como Cuba, Espanha, México e Panamá. A decisão foi tomada em setembro durante o 5º Encontro Ibero-Americano de Responsabilidade Nacional de Bibliotecas Públicas, realizado em Cartagena de Índias, que contou com a participação de representantes de 22 países da América Latina e Europa. Entre os objetivos do programa estão a criação, modernização e desenvolvimento das bibliotecas públicas, organização da informação para atender ao público em geral e definição de iniciativas de cooperação entre os órgãos responsáveis pelas bibliotecas públicas.

Editora José Olympio doa acervo à Biblioteca Nacional

em Boletim Livro e Leitura
16 outubro 2006

Em setembro, a Editora José Olympio doou à Fundação Biblioteca Nacional (FBN) sua coleção com mais de seis mil livros e onze arquivos repletos de documentos. Os destaques ficam por conta de correções manuscritas de provas, poesias completas e fotos de Manuel Bandeira, ilustrações de revistas e fotos de Cândido Portinari, negativos e fotos sobre o lançamento do livro O Menino Mágico, de Rachel de Queiroz e uma carta de Jorge Amado para José Olympio, datada de dezembro de 1962. Parte do acervo, passará por identificação, higienização e processamento técnico para ser incorporado às áreas especializadas da BN.

Livros em domicílio

em Boletim Livro e Leitura
16 outubro 2006

Há 16 anos, a bibliotecária Neusa Dourado, da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, deixou sacolas de livros com donas de casa no município de Samambaia. Desta forma, garantiu o acesso à leitura às pessoas que moravam longe da Biblioteca Pública. Diante da grande procura, as sacolas foram substituídas por 70 caixas-estantes que comportavam até 200 exemplares (volumes literários, didáticos, revistas, dicionários, enciclopédias e gramáticas). Esta é a origem do programa Mala do Livro que, atualmente, conta com mais de 500 malas espalhadas por diversos municípios do Distrito Federal. Os agentes comunitários da leitura, que participam voluntariamente, são responsáveis por manter as malas em sua residência e desenvolver atividades como o acompanhamento de estudantes nas tarefas escolares e organização de eventos para estimular a leitura.

Expedição Vagalume leva literatura aos habitantes da Amazônia

em Boletim Livro e Leitura
16 outubro 2006

Uma floresta repleta de pontos iluminados pelo livro e leitura. Trata-se da Expedição Vagalume, projeto que tem por objetivo implantar e consolidar bibliotecas comunitárias na área rural de 101 comunidades espalhadas pelos estados da Amazônia Legal Brasileira (Amazonas, Pará, Amapá, Roraima, Rondônia, Acre, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão). Além da criação de bibliotecas, são realizadas atividades de incentivo à leitura junto à população formada por crianças, jovens, adultos e idosos. Desta forma, as bibliotecas se convertem em centros irradiadores de cultura e educação.

Obras completas de Darwin chegam à Internet

Por Reuters
em Terra Tecnologia
19 outubro 2006

A obra completa de Charles Darwin foi colocada na Internet, inclusive a transcrição do caderno que ele levou às ilhas Galápagos e depois foi roubado. Dezenas de milhares de páginas de texto e imagens, além de arquivos de áudio, foram postados na rede. Há inclusive manuscritos e diários até então inéditos do grande cientista britânico.

Um dos itens mais importantes é certamente o caderno que ele usou durante a viagem no navio Beagle, que lhe deu as bases para sua teoria da evolução. O caderno foi roubado na década de 1980, mas um trineto do cientista espera que a publicação online, graças à transcrição de uma cópia microfilmada feita duas décadas antes, convença o atual dono do caderno a devolvê-lo. "Ele tem enorme importância para a história da ciência", disse Randal Keynes à BBC.

Ao todo, estão disponíveis gratuitamente 50 mil páginas e 40 mil imagens, entre as quais as primeiras edições da revista Journal of Researchers, de 1839, e as cinco primeiras edições de A Origem das Espécies.

John van Wyhe, diretor do projeto patrocinado pela Universidade de Cambridge, disse que a coleção é suficientemente vasta para ajudar a desfazer "muitos conceitos errados e mitos" sobre o naturalista.

O material está no site darwin-online.org.uk. Novos escritos devem ser acrescidos nos próximos três anos, para coincidir com o bicentenário de Darwin.

Google e outros correm para digitalizar obras literárias

Por AFP
em Terra Tecnologia
30 outubro 2006

O Google e uma vasta coalizão anti-Google, apoiada por seus concorrentes Yahoo e Microsoft, estão numa verdadeira corrida para digitalizar e colocar online obras literárias de todo o mundo. No final de agosto, o Google relançou seu projeto Google Book Search, iniciado em 2004, com o ambicioso objetivo de levar toda as obras literárias existentes ao formato digital e torná-las acessíveis na Internet.

O Google alcançou acordos com a New York Public Library e grandes universidades como Harvard, Oxford, a Universidade Complutense de Madri e a Universidade da Califórnia para incluir suas coleções em sua biblioteca virtual. Em meados de outubro, a Universidade de Wisconsin permitiu ao grupo ter acesso à sua extensa seleção de trabalhos históricos.

O Google já armazena em sua base de dados obras clássicas de domínio público, junto com livros com direito de autor, enviados com ou sem permissão dos editores. Esse projeto de biblioteca virtual gerou protestos de editores e autores, que assinalaram que o Google não tem direito de se apropriar de seus trabalhos para distribuí-los gratuitamente na internet.

O Google também rejeitou as acusações de que favorecia as obras em inglês por ter sua sede nos Estados Unidos, e prometeu quem em breve lançaram um serviço de busca em francês.

Contrário ao projeto, especialmente editores franceses e americanos, um grupo de editores criou a Open Content Alliance (OCA, Aliança de Conteúdo Aberto), em outubro de 2005. A OCA é uma organização sem fins lucrativos que abrange universidade, fundações e processadores de dados para criar um "fundo comum" de livros digitalizados acessíveis na Internet. O acervo proposto - com base em contribuições de seus membros - consistirá de 35 mil obras, incluindo as de precursores como o Projeto Gutenberg.

"A questão é se o conhecimento do mundo será propriedade de uma companhia privada ou aberta a todos", afirmou o fundador da Open Content Alliance, Brewster Kahle, à AFP. "Todos podem ganhar dinheiro com isso", afirmou Kahle, também presidente de um site chamado Internet Archive.

Inicialmente apoiado pelo Yahoo, que deve adaptar um motor de busca e dar um financiamento para converter 18 mil livros para formato digital, logo recebeu suporte da Microsoft, que prometeu contribuir com 150 mil livros digitalizados. A Microsoft também planeja lançar seu próprio motor de busca denominado Windows Live Books Search até o final do ano.

A Microsoft seguiu o exemplo do Google pedindo aos editores que dêem seus livros para serem digitalizados gratuitamente. Em meados de outubro, a companhia assinou um acordo com a Kirtas, fabricante de escaneres de alta velocidades e capazes de digitalizar um livro médio em oito minutos.

Nem o Google nem a Microsoft revelam quantos livros já digitalizaram. "Milhares", limitou-se a afirmar o Google. Há muito dinheiro em jogo, produtos dos possíveis lucros por publicidade vinculados às buscas de livros.

Conheça a nova geração de bibliotecas virtuais

Por AFP
em Terra Tecnologia
30 outubro 2006

Os amantes dos livros podem escolher na Internet entre uma série de bibliotecas virtuais, do Google até a Open Content Alliance, que prometem dar acesso a trabalhos escritos com apenas um clique do mouse.

Saiba um pouco mais sobre as principais bibliotecas virtuais já disponíveis ou que, em breve, estarão ao alcance de um click.


Google Book Search: É o mais conhecido, com milhares de trabalhos digitalizados. É possível ter acesso a textos clássicos completos como a Divina Comédia de Dante e resumos ou fragmentos de livros ainda sob a proteção do direito autoral. É possível fazer a busca por nome do autor, data da publicação ou palavras ou expressões que apareçam no título ou no texto.
O livro mais antigo na biblioteca virtual do Google é um trabalho em latim, de 1521. O acervo contém livros dos séculos XVIII e XIX, a maioria em inglês. O Google não coloca avisos publicitários nas obras.


Open Content Alliance: Por ora a biblioteca tem 35 mil livros escaneados, a maioria em inglês. Nenhum dos trabalhos está protegido por direitos autorais e todos podem ser baixados, impressos ou utilizads livremente com objetivos comerciais. O motor de busca é menos sofisticado que o do Google Books, mas pode detectar palavras de referência se a qualidade das páginas for suficiente.


Windows Live Search Books: Ainda em desenvolvimento pela Microsoft, deve ser lançado até o fim do ano. O site http://publisher.live.com/ convida os autores e editores a enviarem seus livros para que sejam incorporados.


Gallica, site da Biblioteca Nacional da França: Tem 90 mil livros digitalizados disponíveis em "formato imagem", mas não permite encontrar palavras-chave dentro do texto.


Sites especializados: Oferecem versões de textos de trabalhos digitalizados, em geral clássicos, que podem ser baixados para ler ou imprimir e permitem buscas por palavras-chave. Por exemplo, o site de obras completas de Shakespeare (http://www-tech.mit.edu/Shakespeare/), criado em 1993, ou o site de Molière (http://www.site-moliere.com/). Outros oferecem poesias, ensaios ou livros temáticos.

Fundador do Wikipedia lança serviço concorrente "mais responsável"

Por EFE
em Folha Online
17 outubro 2006

Um dos fundadores da Wikipedia, a enciclopédia na internet cujos artigos são escritos pelos próprios internautas, lançará um serviço concorrente, mas cujo conteúdo será controlado por especialistas e com menor liberdade de intervenção para os visitantes.

Criada em 2001, a enciclopédia multilíngüe Wikipedia, um dos sites mais consultados na internet, tem sido um dos maiores sucessos da rede gratuita e colaboradora, denominada "wiki" ("rápido", em havaiano). Constantemente, internautas enviam textos para completar ou atualizar os artigos.

Larry Sanger, um de seus fundadores, que deixou o site em 2002, frustrado com a qualidade do conteúdo, explica no site de sua futura enciclopédia, a citizendium.com, que quer garantir um conteúdo mais "responsável".

Os internautas poderão contribuir com seus textos, mas estes serão submetidos a um comitê de editores especializados e moderadores. Estes especialistas deverão demonstrar "um nível mínimo de qualificações, baseados em medidas do mundo real" como "diplomas", explicou.

Sanger quer "combinar um projeto wiki com uma direção de especialistas flexível" para criar um novo "projeto de livre conhecimento", que não quer qualificar de enciclopédia. O citizendium, que atualmente convoca os autores amadores, deverá estar acessível em alguns meses, segundo informa seu site.

"Uma alternativa (ao Wikipedia) é necessária e justificada para permitir a cada um trabalhar sob a direção de especialistas e instaurar uma responsabilidade pessoal, inclusive com a utilização do nome verdadeiro" dos autores.

"Conhecemos muitos universitários que tentaram contribuir com o Wikipedia, mas foram excluídos pela comunidade de internautas", afirmou, avaliando que o Wikipedia sofre com a divergência entre autores, por exemplo no caso de artigos que tratam de temas políticos.

Sanger não informou se os editores serão pagos e espera, embora não possa garantir, que o conteúdo será publicado também em outras línguas, além do inglês.

O outro fundador do Wikipedia, Jimmy Wales, tentou organizar mais sua enciclopédia para superar as diferenças, mas recusou-se a incorporar um controle de editores em nome da liberdade de expressão, "dos direitos individuais e do respeito à razão".

Livros piratas levam eBay de volta aos tribunais da China

Por EFE
em Folha Online
19 outubro 2006

A filial chinesa do site de leilões pela internet eBay voltou aos tribunais do país. A empresa é acusada de vender livros digitais piratas, informa hoje o jornal "China Daily".

A editora "Digital Heritage Publishing", de Hong Kong, e a "People's Publishing House", de Xangai, acusaram a parceira chinesa do eBay, a Eachnet Trading Company, de vender seus produtos sem autorização. O material, além disso, estaria infringindo os direitos de propriedade intelectual (copyright).

Segundo as provas apresentadas, o eBay vendeu várias cópias da versão digital do "Siku Quanshu" --"Coleção completa de quatro bibliotecas", uma compilação que contém a maioria dos grandes textos chineses desde a Antigüidade até o século 18. As duas editoras são proprietárias da edição.

A compilação eletrônica --vendida por cerca de US$ 10.897-- estava disponível em novembro do ano passado no eBay por US$ 7,5.

O eBay alega que as transações em seu site são somente entre o vendedor e o comprador. "Nós só fornecemos uma plataforma para as transações e é impossível verificar todos os produtos", explicou o advogado da Eachnet, Gao Jun.

Esta é a terceira vez que a companhia é denunciada em Xangai por vender produtos pirateados. O eBay ganhou todos os processos.

RSF culpa governo por atraso de Cuba no acesso à internet

Por EFE
em Folha Online
19 outubro 2006

Cuba é o país mais atrasado da América Latina no que se refere ao acesso à internet, por causa do controle imposto pelo governo de Fidel Castro, segundo um relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) publicado hoje.

O estudo "Internet em Cuba: uma rede sob vigilância", elaborado em agosto, mostra que a ilha tem menos de dois internautas para cada 100 habitantes --como Uganda e Sri Lanka--, dado "surpreendente" para um país que "presume ter um dos níveis de educação mais altos do planeta", disse a organização de defesa da liberdade de imprensa.

O relatório desmente que a pouca penetração da internet seja devido exclusivamente ao embargo decretado pelos Estados Unidos que, como diz Havana, priva a ilha de conexões por cabos ópticos submarinos e a obriga a se conectar através de satélites, sistema "mais caro e menos eficaz".

"Este argumento pode explicar a lentidão da internet cubana (...), mas não justifica em absoluto o sistema de controle e vigilância da rede criado pelas autoridades", afirmou a RSF.

Segundo a organização, o regime cubano transformou em prioridade impedir a circulação de informação independente pela rede, dentro de sua estratégia de controlar a imprensa.

Entre as ferramentas de controle da internet, a RSF identificou várias, como a proibição de conexões privadas, o que obriga os usuários a ir até pontos de acesso público, "onde é mais fácil vigiar sua atividade".

Além disso, a organização informou que nestes lugares --essencialmente cibercafés, universidades e clubes--, a Polícia instalou programas que alertam sobre o uso de palavras que considera subversivas.

O governo vetou o acesso de opositores políticos e de jornalistas independentes à rede e impõe autocensura à imprensa, com penas de até 20 anos de prisão pela publicação de artigos "contra-revolucionários" em sites estrangeiros, e até cinco anos por conectar-se à internet de forma ilegal, afirmou.

"Poucos internautas se atrevem a desafiar a censura do Estado e correr esse risco", disse a RSF.

Fórum sobre governança na internet termina sem decisões concretas

Por France Presse
em Folha Online
3 novembro 2006

O primeiro Fórum Mundial sobre a Governança da Internet (FGI) terminou, nesta quinta-feira, sem nenhuma decisão concreta, mas, com sessões previstas para os próximos quatro anos. Desde o início, já estava previsto o caráter apenas consultivo das reuniões.

O fórum, de quatro dias, realizado em Vougliameni (um subúrbio de Atenas) reuniu mais de 1.200 delegados, representantes de mais de 90 estados, grandes empresas do setor internet e dezenas de associações.

"O objetivo do fórum não era chegar a um acordo, ou a uma conclusão, mas promover discussões. Há quatro anos, essas pessoas sequer teriam sentado na mesma mesa", destacou Markus Kummer, coordenador do grupo de trabalho da ONU sobre a governança da internet.

De acordo com a maior parte dos participantes, o FGI apresentou "um grande progresso" em relação às conferências anteriores.

A questão da dominação americana sobre a gestão técnica da web, que havia sido um dos maiores problemas nas negociações entre os governos na conferência de Túnis, ano passado, praticamente nem foi mencionada.


PRINCIPAL FOCO

Os debates foram focados nas restrições do acesso à internet impostas por alguns países, como a China, que obtêm a ajuda de grandes companhias, como a Google e a Microsoft, as quais foram conclamadas a explicarem melhor sua posição.

"A pauta pareceu tão evidente e natural para os participantes que quase nos esquecemos de como foi difícil elaborá-la", declarou à France Presse Bertrand de la Chapelle, líder da delegação francesa.

Ano que vem, o fórum será realizado no Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, a conferência acontecerá na Índia e no Egito. Lituânia e Azerbaijão são candidatos para recebê-lo em 2010.

Microsoft segue Google em digitalização de livros

Por Alexandre Barbosa
em Estadão.com.br
18 outubro 2006


A Microsoft vai iniciar um projeto de digitalização de livros em conjunto com a empresa Kirtas Technologies, que fabrica scanners de alto desempenho, além de um software que gerencia as páginas escaneadas de livros.

Com isso, a empresa segue de perto os passos do projeto Google Books, em que a gigante de buscas provê a digitalização de acervos de grandes bibliotecas.

O plano, no caso da parceria entre Microsoft e Kirtas, é produzir conteúdo para livros digitais, que ficarão disponíveis na ferramenta Live Book Search (busca de livros) que Microsoft quer disponibilizar na Web no início do próximo ano.

Dentro deste acordo, a Microsoft anunciou uma parceria ainda com a Universidade de Cornell, pela qual digitalizará sua biblioteca. Outras parcerias envolvem a Biblioteca Britânica e bibliotecas das Universidades da Califórnia e de Toronto.


AGILIDADE

A Kirtas deve agilizar o processo de digitalização no projeto da Microsoft. A companhia criou um scanner automatizado que permite uma velocidade de digitalização de 2400 páginas por hora (média de uma página a cada segundo e meio), o que, segundo a empresa, permite digializar um livro a cada oito minutos.

Cápsula do tempo do Yahoo terá material brasileiro

em Estadão.com.br
19 outubro 2006

Os internautas brasileiros já podem ter acesso ao site em português do Projeto Cápsula do Tempo do Yahoo!. Pelo site, será possível enviar fotos, textos, vídeos, músicas e outros materiais que serão arquivados de maneira a preservar para o futuro um retrato da vida em 2006.

A iniciativa do Yahoo! é mundial e o site tem versão em 10 idiomas para facilitar o acesso de diversos países ao projeto. Todos os arquivos serão guardados e abertos somente em 2020, no aniversário de 25 anos do Yahoo! e cópias do material também ficarão arquivadas no Instituto Smithsonian, em Washington(EUA).

No site criado para o projeto existem informações sobre como enviar arquivos. “Estamos orgulhosos de poder documentar este momento da história, celebrar o poder da comunidade global online e oferecer uma espécie de fotografia de quem nós somos em 2006 para as gerações futuras”, diz Jerry Yang, co-fundador e presidente do Yahoo!.

Para ajudar em um mundo melhor hoje, ao enviar materiais para a Cápsula do Tempo, os internautas poderão ainda escolher entre sete instituições assistenciais globais que receberão doações do Yahoo! ao final do projeto.

Web brasileira chega a 1 milhão de domínios

Por Maurício Moraes e Silva
em Estadão.com.br
23 outubro 2006

O Brasil chegou à marca de 1 milhão de domínios registrados. O número recorde - que representa a soma de todos os endereços com a terminação “.br”, como o “.com.br”, o “.gov.br” e o “.org.br” já foi atingido de acordo com as estatísticas do registro de domínios brasileiros.

Parece muito, mas ainda somos apenas um grão de poeira dentro do mundo virtual. Para se ter uma idéia, um relatório divulgado em agosto pela empresa VeriSign mostra que no mundo todo existem mais de 105 milhões de domínios registrados. Só com a extensão “.com” são mais de 50 milhões de endereços, contra pouco mais de 910 mil com final “.com.br”.

Os outros quase 100 mil domínios brasileiros dividem-se entre mais de 50 terminações diferentes. Algumas delas são inclusive bem curiosas e, de tão estranhas, até hoje não colaram.

Alguém sabe que os cenógrafos podem ter um endereço que acabe com “.cng.br”? Até a semana passada, apenas 10 pessoas tinham optado por um site com essa extensão. Existem também páginas que terminam com “.tmp.br” (eventos temporários), “.bmd.br” (biomédicos), “.fnd.br” (fonoaudiólogos), “.ntr.br” (nutricionistas) e “.zlg.br” (zoólogos).

Mas também existem casos bem sucedidos além do “.com.br”. A segunda terminação mais procurada no País é o “.org.br”, presente em mais de 27 mil sites tupiniquins. Em seguida aparece o “.adv.br”, final escolhido para o endereço das páginas de cerca de 7 mil advogados em todo o País. O quarto colocado é o “.ind.br”, usado por mais de 5,7 mil home pages de indústrias. E na quinta colocação vem o “.nom.br”, opção de aproximadamente 3 mil sites de pessoas físicas.

Em média, a internet brasileira cresceu no ritmo de 100 mil domínios por ano desde que se tornou aberta, em 1996. No segundo trimestre deste ano, o País ficou em 10º lugar entre os que mais criaram endereços na rede. Os primeiros do ranking foram Alemanha (“.de”), Reino Unido (“.uk”), União Européia (“.eu”), Holanda (“.nl”), Itália (“.it”), China (“.cn”), Argentina (“.ar”), Bélgica (“.be”) e Estados Unidos (“.us”).

Para criar um endereço com terminação “.br” basta entrar na página do serviço Registro.br, clicar em “Registrando domínios” no lado direito da página e seguir as instruções. Custa R$ 30 por ano. A partir de quarta-feira estarão disponíveis também as extensões “.blog.br”, “.vlog.br”, “.flog.br” e “.wiki.br”.

Grupo criado para discutir controle da Web exclui assunto

Por Jamil Chade
em Estadão.com.br
26 outubro 2006

O grupo da ONU criado para debater especificamente o controle da Internet começa sua primeira reunião na próxima segunda-feira com mais de 80 países.

Na agenda do encontro, inúmeros assuntos, menos o controle da internet, hoje nas mãos dos americanos. O grupo foi criado no ano passado depois que a Conferência Mundial sobre Informação, em Tunis, não conseguiu chegar a um consenso sobre como deveria ser a administração da rede de computadores.

O Brasil liderou os países que queriam o fim do monopólio americano e o Itamaraty considerou como uma vitória diplomática a criação do grupo da ONU para debater o assunto.

Somando já um bilhão de usuários no planeta, a internet se torna um tema cada vez mais político. Em 2005, na Tunísia, Brasil, Índia e China apelavam para o fim do controle americano, exercido por meio da empresa Icann, na Califórnia.

Washington se recusou a aceitar a proposta de democratização da rede, alertando que uma interferência política poderia retardar o desenvolvimento da web, além de abrir espaço para que governos, como o da China, imponham censuras.

A solução foi criar um grupo de trabalho que, por cinco anos, analisaria a situação e recomendaria ações à ONU. Na época, o Brasil declarou que a decisão era uma vitória, já que permitiria que o tema fosse mantido na agenda.

A Casa Branca também cantou vitória, o que chegou a gerar comentários irônicos por parte da delegação brasileira.


INFLUÊNCIA

Mas já em sua primeira reunião, que ocorrerá na Grécia, fica claro que a influência americana sobre o debate é mais poderosa que alguns países poderiam prever. A agenda da reunião simplesmente não prevê discussões sobre o tema do controle da internet. Questionado pelo Estado sobre o motivo da ausência do principal tema de discussão, Markus Kummer, coordenador do Fórum, explicou que não havia consenso entre os membros do grupo de trabalho sobre a inclusão ou não do tema na agenda.

"Achamos que não seria produtivo tratar disso agora e que poderia frustrar o sucesso da reunião", disse. Ele ainda explicou que, para alguns temas, o grupo dificilmente fará recomendação, já que seriam "complexos demais".

Mas admitiu que nem sempre os textos das conferências da ONU, como a de Tunis, são coerentes. "Esses documentos refletem ambigüidades diplomáticas que permitem que todos falem em vitória", reconheceu.

Para representantes brasileiros, o que ocorreu foi a oposição de representantes do setor privado e do próprio governo americano ao debate sobre o controle da rede no primeiro debate na Grécia.

Uma das esperanças agora é de que o tema seja tratado na segunda reunião do grupo, marcada para o final de 2007, no Rio de Janeiro.