31 julho 2006

Mais de 95% dos e-mails trocados pela web são lixo

em Estadão.com.br
28 julho 2006

Servidores de e-mail monitorados por empresas especializadas mostram que maioria dos e-mails é composta por spam. Correntes, spam, vírus e mensagens indesejadas respondem por 95% do tráfego de e-mails, segundo revelaram análises de empresas que monitoram o tráfego em servidores de e-mail.

Para algumas empresas, como a Return Path, cerca de 99% dos computadores que ela monitora foram tomados por spam, mensagens de erro e vírus. A análise de milhões de mensagens revelou que menos de 4% era de mensagens legítimas.

Análises posteriores mostraram que o fluxo de mensagens indesejadas está intimamente ligado ao grande número de máquinas zumbis: micros seqüestrados por hackers para o envio massivo de mensagens, que seriam a origem de aproximadamente 80% dos e-mails indesejados.

27 julho 2006

Brasil tem parque instalado de 33 milhões de computadores, segundo FGV

Por Camila Fusco
em IDG Now!
26 julho 2006

O Brasil encerrou o mês de junho com um parque instalada de 33 milhões de computadores, revelou a 17ª pesquisa anual sobre tecnologia da informação realizada pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP - FGV).

De acordo com o levantamento, o número leva em consideração os equipamentos em uso tanto nas residências quanto nas corporações. Do total de máquinas instaladas, 62% rodam o processador Pentium 4, 20% são comandadas por um Pentium 3, 12%, pelo Pentium 2 e 4%, por um Pentium 1. Outras configurações respondem por 2% dos equipamentos e as máquinas de XT a 486 apresentaram 0,1% do parque instalado.

Segundo o coordenador da pesquisa e professor Fernando Meirelles, o volume não decepcionou, apesar de ainda estar longe do desejável quanto à proporção máquina/pessoa - o índice de computadores em relação ao número de habitantes no País ainda é baixo. "No mais, podemos dizer que a informatização vai muito bem, obrigado."

A pesquisa revela também que até 2009 o País deverá registrar 50 milhões de máquinas em funcionamento.

Sistemas com inteligência artificial abastecem buscadores

Por Juliano Barreto
em Folha Online
19 julho 2006

Nem todo mundo sabe, mas o sistema buscador de páginas mais popular da internet é alimentado por um robô. Trata-se do Googlebot, um código especial que varre o mundo virtual visitando sites e colhendo informações sobre eles.

O bot do Google não é o único nem o primeiro a realizar tal tarefa. Desde os primeiros sites de busca, esse tipo de mecanismo, que também é chamado de spider (aranha) e de crawler (rastejador), ajudou a criar um guia da rede mundial. Hoje, a técnica ganhou sofisticação e precisão. Portais de notícias contam com robôs que procuram e selecionam conteúdo de milhares de fontes diferentes.


TRABALHO PESADO

Quando você consulta algum tema no Google, ou em qualquer outro serviço do gênero, o sistema de buscas não visita site por site procurando a informação desejada. O buscador conta com um índice com títulos, resumos e palavras-chave que definem cada endereço, e quem escreve tal lista é um bot.

No caso do Google, o robô visita uma página e segue todos os seus links. Dessa forma, de maneira progressiva e cumulativa, os sites que são indicados por mais links ganham posições e são mostrados para os usuários no topo da lista de resultados. Para ter uma idéia da complexidade desse trabalho, basta imaginar que existem mais de 10 bilhões de documentos on-line e que cada um deles possui dezenas de links.

Outra tarefa dos bots é atualizar os índices com novidades. Para tanto, é feita uma varredura mais freqüente em uma seleção de endereços cujo conteúdo muda mais rápido, como sites informativos. Portais noticiosos também podem ser administrados por robôs. Os serviços que fazem as vezes de editor-chefe são realizados automaticamente e sem a interferência de humanos.

Os bots usam critérios como o número de visitas que uma notícia recebeu, quantos portais deram destaque para esse conteúdo e quais são os interesses do internauta cadastrado. A seleção de informações tem grande riqueza de fontes.

O MSNBC Newsbot tem 4.800 fontes e o Google News tem cerca de 4.500. Ambos são em inglês.


XERETA

Nem tudo é perfeito no mundo dos robôs de buscas. A eficiência desses mecanismos às vezes é tanta que, muitas vezes, conteúdos de sites pagos ou de acesso restrito vão parar na tela principal de um site de buscas.

Para evitar isso, os donos de sites precisam incluir um código especial com instruções para os robôs. Quem quiser manter sua página fora do alcance do Google pode aprender como fazê-lo em www.google.com/intl/pt-BR/webmasters/bot.html

Bibliotecas colombianas mudam cenário da capital Bogotá

em Folha de S. Paulo
11 julho 2006

Com 2,7 milhões de visitantes por ano, a Biblioteca Luis Ángel Arango, em Bogotá, é uma das mais visitadas do mundo. Recebe, em média, 9.000 pessoas diariamente. É mais do que a soma de visitantes de Masp (Museu de Arte Moderna de São Paulo), Biblioteca Mário de Andrade e Pinacoteca juntos por dia.

Mantida pelo Banco Central do país, ela tem 2 milhões de livros e capacidade para 2.000 leitores sentados. Nos últimos anos, a BLAA fez escola: a prefeitura local construiu outras megabibliotecas pela cidade e criou diversos programas de leitura que visam formar leitores em massa.

Tal empenho recebeu reconhecimento da comunidade internacional. A Unesco escolheu Bogotá como a primeira cidade latino-americana a ser Capital Mundial do Livro, título que ostentará em 2007. A Fundação Bill e Melinda Gates doou US$ 1 milhão para a rede municipal de bibliotecas e colabora com equipamentos tecnológicos para os centros.

Em visita recente a São Paulo, convidada pela Secretaria Municipal de Relações Internacionais, a diretora da BLAA, Ángela Pérez Mejía, esteve em São Paulo para falar de como as bibliotecas transformaram Bogotá e começam a mudar um país associado à guerrilha, narcotráfico e violência. Em palestra na Biblioteca Mário de Andrade, que passa por processo de modernização, Pérez Mejía falou que a capital colombiana deve muito aos novos espaços de convivência com livros.

Uma rede de ciclovias, de 300 quilômetros de extensão, e o sistema de ônibus articulados, em corredores, servem todas as grandes bibliotecas. "As bibliotecas ditaram os rumos do transporte público", diz Pérez. Alguns dos maiores arquitetos colombianos trabalharam na criação das três novas megabibliotecas, como a Virgilio Barco, desenhada por Rogelio Salmona, e a El Tunal, adaptando antiga usina de tratamento de lixo, por Daniel Bermúdez.

Atualmente está em construção a quarta megabiblioteca municipal, na periferia de Bogotá, graças à doação de US$ 12 milhões feita pela família Santodomingo, a mais rica do país. Será inaugurada em 2008.


LIVROS AO VENTO

Um dos projetos que envolveu toda a cidade, além do numeroso público que freqüenta as bibliotecas, é o "Livros ao Vento". A prefeitura local lança 70 mil exemplares, por edição, em versões de bolso de clássicos de Cortázar, García Márquez, Allan Poe, Tchecov, entre outros, e os distribui nos pontos de ônibus, gratuitamente. Na contracapa, um pedido: que ao terminar a leitura, o livro seja passado para outra pessoa ou deixado em outro lugar público. "Deixe que este livro voe."Outro projeto municipal utiliza postos de leitura, como estantes desmontáveis, que são instalados nos parques da cidade, com 300 livros cada um.

O interesse pelo livro também cresceu para além da capital colombiana. No interior, em plena floresta amazônica, existem os "biblioburros", onde agentes culturais levam coleções ao lombo de burrinhos para emprestar livros nas localidades mais distantes. Também foram criadas pelo governo bibliotecas indígenas.

26 julho 2006

Autor de projeto sobre mídia agora defende vetos

Por José Maria Mayrink
em O Estado de S. Paulo
22 julho 2006

Surpreso com as críticas ao projeto de lei de sua autoria, o PLC 79/2004, sobre a regulamentação do exercício da profissão de jornalista, o deputado Pastor Amarildo (PSC-TO) sugere que o texto seja sancionado com vetos, depois de passar por uma revisão na Casa Civil da Presidência da República.

"Espero que o presidente Lula vete o que julgar necessário, como, por exemplo, aqueles casos mais questionados - a exigência de curso superior e diploma para comentarista, arquivista e ilustrador", disse o deputado ao Estado. Lula tem prazo até o dia 28 para sancionar ou vetar o PLC 79.

Técnico em Contabilidade, Estatística, Economia Doméstica e Administração e licenciado em Teologia em sua igreja, a Assembléia de Deus, Amarildo Martins da Silva, 40 anos, esclarece que não tem nenhuma ligação com jornalismo e que, se tomou a iniciativa de apresentar um projeto para atualizar o Decreto-Lei 972, de 17 de outubro de 1969, foi para valorizar a profissão.

"Em vez de ter apenas um registro, o jornalista precisa de uma regulamentação", argumenta o deputado, acrescentando que por essa razão apresentou o projeto na Câmara. "Pedi à assessoria legislativa da Câmara que me ajudasse e ela me preparou uma espécie de pré-projeto, pois é assim que a coisa funciona aqui", informou.

Pastor Amarildo insiste que não discutiu a questão com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Ao saber que a entidade o desmente, alegando que ele "está enganado, ou foi mal informado, ou mente", diz que não pode aceitar nenhuma dessas hipóteses. "Devem ter entregue sugestões à assessoria legislativa da Câmara, não foi a mim".

Diante da observação de que, como lembrou a Fenaj em seu site, sua proposta repete, com ligeiras modificações, um projeto apresentado em 1989 pela deputada e jornalista Cristina Tavares, já falecida, Pastor Amarildo garantiu que não conhecia essa versão. "Eu me baseei no que me apresentaram (os assessores técnicos), não sabia desse projeto. Pode ser que essa federação, a Fenaj, tenha feito isso. Estranho que o projeto tenha tramitado por quatro anos, muito tempo, e ninguém me tenha procurado. Os interessados poderiam ter sugerido emendas".

De acordo com o arquivo da Câmara, a Proposição PL 2304/1989, da deputada Cristina Tavares (PSDB-PE), definia 25 funções a serem exercidas por jornalistas. Os 23 itens que constam do projeto do deputado Pastor Amarildo (ele amplia de 11 para 23 as atividades privativas de jornalistas, ao alterar o decreto-lei de 1969) coincidem com a lista da proposta de 1989.

Museus pedem à prefeitura direito de manter banners

Por Jotabê Medeiros
em O Estado de S. Paulo
21 julho 2006

Pela lei, uma bailarina de 14 anos vai ter de sair da fachada do Museu de Arte de São Paulo (Masp). E não se trata do Estatuto da Criança e do Adolescente: Bailarina de 14 anos Nua é o nome da escultura que ilustra o banner da exposição do pintor impressionista Edgar Degas, em cartaz no Masp.

O problema não é Degas, e também não é a bailarina (que nem está nua). É que a Prefeitura de São Paulo está exigindo a retirada dos outdoors, totens, banners e anúncios que pululam por toda a cidade, indistintamente. A bailarina do Masp ainda não foi notificada, mas a determinação do prefeito Gilberto Kassab (PFL) já fez uma vítima entre as instituições culturais: o Museu Brasileiro da Escultura (MuBE) foi multado duas vezes, em R$ 1 mil e R$ 2 mil, e está na iminência de ser multado pela terceira vez, em R$ 4 mil, por manter anúncios na parte da frente de seu edifício, na Avenida Europa. Um dos cartazes anuncia uma mostra do arquiteto Paulo Mendes da Rocha no dia 3 de agosto.

Ontem, 4 museus e 4 associações de entidades culturais resolveram divulgar um Manifesto dos Museus, solidarizando-se com o caso do MuBE e pedindo atenção especial da Prefeitura com as entidades culturais, no caso do estabelecimento das novas regras de anúncios urbanos. Estão solidários, entre outros, o Museu de Arte Moderna (MAM), o Museu da Imagem e do Som (MIS) e a Associação Brasileira dos Críticos de Arte.

"Começar isso pelos museus, que já não têm dinheiro, é no mínimo excludente, para não dizer indigno", afirmou Luiz Seraphico de Assis Carvalho, da Federação das Sociedades de Amigos dos Museus. "Se o prefeito não tomar cuidado com isso, acaba desmoralizado. O sr. Kassab, ainda que indiretamente, foi eleito pelo povo. É preciso separar a publicidade comercial selvagem, danosa à paisagem urbana, e os banners que incentivam a cultura."

"Nós não recebemos multa ainda, mas nos solidarizamos com o MuBE", disse Marco Rezende, do MIS. "Não gostaria que isso parecesse complô dos museus contra a iniciativa do prefeito, que acho excelente, mas acho que uma das diferenças grandes na cidade de São Paulo são os museus, que merecem tratamento diferenciado", ponderou Adélia Borges, do Museu da Casa Brasileira.

Os curadores, críticos e jornalistas presentes à reunião propuseram a seguinte questão: será que a Prefeitura não sabe que museus franceses, como o Grand Palais, Louvre e D'Orsay, e americanos, como o Metropolitan, e italianos, como a Accademia de Veneza, também expõem banners culturais e institucionais? E que isso é uma tradição mundial?

Caso o exemplo punitivo do MuBE seja seguido também estarão na mira da Prefeitura de São Paulo, por extensão, o banner sobre a mostra do centenário de Fulvio Pennachhi, na Pinacoteca de São Paulo; o cartaz do artista baiano Carybé, no Museu AfroBrasil; e as bandeirinhas de Volpi, no MAM.

"A Prefeitura está misturando alhos com bugalhos, mistura cultura com comércio. Não se pode promover a cultura em segredo, escondido", disse Luiz Seraphico Carvalho. "Nós não temos dinheiro para anúncios, para tevê. E também não cobramos ingressos. É tudo gratuito aqui. Não tem sentido proibir a única forma de comunicação com o povo de São Paulo", reclamou Marilisa Rathsam, presidente do MuBE.

Foi consenso, na reunião dos museólogos, que as entidades culturais são as que menos poluem a cidade. Eles lembraram problemas mais graves e urgentes, como a proliferação de totens comerciais de showrooms na região (que, na verdade, encobrem apenas o comércio de carros usados), os anúncios de aluguel de fraques e vestidos de noivas na Avenida Rebouças, os banners gigantescos de redes de lojas de aluguel de filmes. "Anunciar não é o erro. É preciso saber o tamanho, o entorno, as medidas adequadas", argumentou Seraphico Carvalho.

A nova lei que trata da ordenação da paisagem urbana em São Paulo foi encaminhada pelo prefeito Kassab à Câmara Municipal de São Paulo, e admite que museus possam utilizar banners ou pôsteres em suas fachadas, desde que suas dimensões não cheguem a ultrapassar 10% de todas as fachadas.

"Eu gostaria que não houvesse limite nenhum", afirmou Marilisa Rathsam. Ela está organizando uma caravana de entidades culturais para ir à Câmara dos Vereadores no dia 3 de agosto para pedir modificações no projeto de lei que cria as novas regras para a paisagem urbana. A Prefeitura foi procurada pela reportagem mas, até 20h, não deu retorno às ligações.

Lula deve vetar lei na área de comunicação

Por Leonencio Nossa, Lisandra Paraguassú e José Maria Mayrink
em O Estado de S. Paulo
20 julho 2006

Em reunião ontem no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou preocupação com o debate sobre o projeto de lei aprovado no Congresso que amplia a exigência do diploma na área da comunicação.

Ele quer evitar, segundo pessoas próximas, os mesmos desgastes provocados no início do mandato quando propôs a criação de um Conselho Federal de Jornalismo. À época, o governo foi tachado de autoritário e acabou retirando a proposta de instalação do órgão que supervisionaria o trabalho jornalístico.

A reunião comandada na manhã de ontem por Lula foi o pontapé para a discussão, no âmbito do governo, sobre o projeto de lei aprovado na Câmara e no Senado que exige diploma para diagramadores, chargistas, comentaristas, assessores de imprensa, fotógrafos e cinegrafistas, entre outros.

O projeto chegou à Casa Civil da Presidência da República na semana passada. O presidente, que retornou na madrugada de terça-feira de uma viagem de três dias a São Petersburgo, na Rússia, onde participou do encontro do G-8 - o grupo dos países mais desenvolvidos do mundo e a Rússia -, demonstrou surpresa com o debate acalorado e as divergências entre a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ). A Fenaj é a favor do projeto e a ANJ, contra.

Em ano eleitoral, o que Lula menos quer é briga, especialmente com os empresários e sindicalistas da comunicação.

O problema é que a discussão sobre o projeto de lei do diploma não pode demorar. O presidente só tem até o dia 28 para sancionar, vetar integral ou parcialmente a proposta. O Planalto pediu que os ministérios do Trabalho e das Comunicações encaminhem pareceres com urgência para a tomada de decisão do presidente, que não pode causar desgastes.

"Aquela proposta (do Conselho Federal de Jornalismo) foi politicamente mal encaminhada", avaliou uma pessoa que participou da reunião com Lula. "Para evitar novamente esse erro, vamos tratar o projeto do diploma como um assunto relevante."

Ontem, ao final de uma entrevista rotineira no Planalto, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, quis ouvir a opinião de jornalistas que cobrem a Presidência da República sobre o projeto do diploma.

Os repórteres deram opiniões diversas. Alguns observaram que, por erro dos próprios profissionais, as entidades da categoria acabam tendo pouca representatividade.O ministro evitou emitir alguma opinião, argumentando que precisa estudar melhor o assunto.


LULA AVALIA VETO À LEI SOBRE IMPRENSA

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) encaminhou ao presidente Lula um longo ofício sugerindo que ele vete o projeto de lei complementar que regulamenta a profissão de jornalista. Aprovado pelo Congresso, com apoio da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o projeto "não atende aos interesses dos profissionais e das empresas de comunicação nem ao aperfeiçoamento do exercício da liberdade de informação e opinião consagrada na Constituição", argumenta o presidente da ABI, Maurício Azedo.

"A proposição cria dificuldades e embaraços à admissão de profissionais pelas empresas", adverte a ABI.

Também o Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (Conferp) pediu a Lula, em ofício assinado pelo seu presidente, João Alberto Ianhez, e pelo presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas, Esnel José Fagundes, que vete o projeto. "Ao pretender ampliar o leque de atividades como exclusivas do jornalista, a proposição restringe a liberdade de expressão."

A Fenaj, por sua vez, iniciou campanha de mobilização da categoria em defesa da nova lei. "Devemos manter a postura firme de denunciar as reais motivações do patronato e exigir a sanção do projeto que atualiza nossa regulamentação profissional", afirma o presidente da Fenaj, Sérgio Murillo de Andrade.

Número de artigos científicos brasileiros cresce 19%

Por Cristina Amorim
em O Estado de S. Paulo
18 julho 2006

O número de artigos científicos publicados por brasileiros cresceu 19% entre 2004 e 2005: passou de 13.313 para 15.777. Contudo, não foi suficiente para tirar o País da 17ª posição mundial. A explicação é clara: todos cresceram com o Brasil; alguns menos, como Rússia (5%), outros mais, como a China (29%) e a Índia (21%).

A conta foi apresentada ontem sem alarde pelo presidente da Coordenadoria de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (Capes), Jorge Guimarães, em Florianópolis (SC), durante a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Não à toa: apesar de o número de artigos ser relativamente alto, ele não tem o reflexo esperado na geração de riquezas.

Isso porque produção científica não se converte em produtos e serviços. "Quanto a patentes, a posição brasileira é vexatória", diz Guimarães. Além disso, o maior número de depósitos de patentes vem das universidades - a Unicamp, em São Paulo, é a instituição com mais pedidos no País, tendo ultrapassado recentemente a Petrobrás.

Para o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (Capes), o crescimento numérico deve-se à rigidez que a Capes aplicou na avaliação dos cursos de mestrado e doutorado em Medicina, que nos últimos anos ultrapassou a Física em quantidade de artigos publicados. "Sem cobrança e sem avaliação, a tese ficava na prateleira."Também entra na conta, diz ele, o investimento constante na educação superior nos últimos 40 anos. Contudo, é insuficiente para colocar o País em uma posição agressiva na competição pelo mercado global de pesquisa e desenvolvimento, ou para dar projeção de peso à ciência nacional.

No Brasil, há quatro pessoas que completaram o doutorado para cada 100 mil habitantes. Na Coréia do Sul (o 14º país que mais publicou artigos científicos em 2005 e uma das nações em desenvolvimento que melhor geram produtos a partir da pesquisa), a relação é de 30 doutores. "Não vamos ganhar o Nobel", diz Guimarães. "Não temos liderança científica. Nos EUA, uma equipe conta com 10, 12 pessoas com pós-doutorado. Esta não é nossa filosofia."


INCENTIVO

Ontem, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, afirmou que R$ 209 milhões serão aplicados, ainda neste ano, em projetos com base tecnológica - a maior parte voltada para sistema de implantação da TV digital no País e fármacos, além de formação de recursos humanos.

Deste valor, R$ 60 milhões serão aplicados em pequenas empresas. Projetos nas regiões Norte e Nordeste receberão uma parcela maior do que os das regiões Sul e Sudeste.Os editais de subvenção são previstos pela Organização Mundial do Comércio (OMC) como instrumentos para empresas investirem em pesquisa e desenvolvimento. O dinheiro é parte da verba destinada aos fundos setoriais que estava sob contingenciamento.

"O setor industrial brasileiro foi formado com capital do campo, conservador, não com base tecnológica. Mudá-lo é um processo lento e é uma pena que o Brasil tenha se atrasado demais", afirma o ministro.Segundo ele, os editais são uma forma de atrair a atenção das empresas para o setor, uma vez que os recursos são aplicados a fundo perdido. A intenção é a geração de dividendos para o País. "Temos de atrair mais gente para a pesquisa."

Em São Paulo, museu conta história da informática

Por Natália Zonta
em Estadão.com.br
17 julho 2006

É difícil imaginar que um disco de memória de 500 KB um dia pesou 15 quilos, um computador portátil era um trambolho e o mouse já foi feito de madeira. Mas tudo isso é a mais pura verdade.

Quer ter a prova? É só visitar o Museu do Computador, em Interlagos, que guarda em seu acervo cerca de 5 mil raridades do gênero, entre elas o Apple II, que aparece na foto desta página. Além de poder ver exemplares autênticos de várias épocas, dá para saber um pouco mais da história e da evolução dessas máquinas.

Inaugurado em abril de 2005, o museu é fruto da paixão do técnico de informática José Carlos Valle, de 60 anos. "Comecei a trabalhar com computadores na década de 60", explicou Valle.
"Desde então, venho guardando algumas raridades." São tantas peças diferentes que nem parece que a história dos computadores é tão recente - a primeira máquina surgiu em 1946.

O acervo ainda conta com exemplares de celulares, calculadoras, televisões, pequenos robôs e videogames antigos. "Quando a criançada vê como eram essas coisas antes, não acreditam", disse o idealizador do museu. "Todas nasceram numa época em que o computador já era comum."


TÚNEL DO TEMPO

Todo o museu é organizado de forma que o visitante se sinta em um túnel do tempo. A exposição começa na Era Pré-PC, mostrando ábacos e máquinas para marcar pontos. Na segunda sala, fica a que foi chamada de Era Analógica, com os primeiros computadores com memória, capazes de armazenar dados. Depois dessa fase, o visitante pode ver os minicomputadores, assim como algumas das primeiras máquinas fabricadas no Brasil.

Na parte final desse tour tecnológico está a sala das telecomunicações, que mostra os primeiros telégrafos. Também explica detalhes sobre a criação da internet até chegar à Era dos Microprocessadores. Nesse momento, também aparecem os computadores portáteis e os videogames, como o Atari, sucesso nos anos 80.

Para fechar o passeio de forma inesquecível, há uma oficina de robôs para os mais empolgados. É só chegar, pegar as peças que considerar mais interessantes e montar sua engenhoca com a ajuda de um dos monitores do museu.


DOAÇÕES

Os grandes aliados do museu são aqueles que querem se desfazer de máquinas antigas. Basta ligar e marcar um dia que o curador, o próprio José Carlos Valle, vai buscar a peça. "Teve uma vez que recebi uma sacolinha plástica e não poderia imaginava o que tinha caído em minhas mãos. Era uma calculadora usada na Segunda Guerra."

O Museu do Computador funciona de segunda a sábado das 10 às 17 horas, na Avenida do Rio Bonito, 1.201. O ingresso custa R$ 10,00 e grupos devem agendar a visita antecipadamente.

Dicionário de português será acessado por celular

Por Alexandre Barbosa
em Estadão.com.br
20 julho 2006

A empresa portuguesa Priberam criou um dicionário que pode ser acessado por telefones celulares. Com 95 mil verbetes, o serviço pode ser acessado pelo recurso WAP de telefones, bastando digitar o endereço priberam.pt/dlpo.

A empresa também informou estar desenvolvendo uma versão do aplicativo com português do Brasil para ser vendido no mercado local, como mais um conteúdo agregado aos serviços das operadoras. Contudo, a empresa não informou quando o serviço deve estar disponível para usuários brasileiros.

Mais da metade dos blogueiros nunca escreveu nada antes

Por Alexandre Barbosa
em Estadão.com.br
20 julho 2006

Um levantamento do Pew Internet Life Institute, que investiga padrões de comportamento digital dos norte americanos, revelou algumas surpresas e confirmou algumas das visões mais arraigadas sobre esta nova mídia.

A maioria dos blogueiros (84%) cuida de seus diários mais como um passatempo do que como uma atividade séria, como para registrar seus pensamentos e experiências pessoais, embora 34% dos entrevistados consideram suas páginas como uma forma de jornalismo.
Aproximadamente 55% escrevem sob um pseudônimo e cerca de 54% dos blogueiros confessaram que os diários online são a sua primeira experiência em publicação de conteúdo.


PERFIL

Os blogueiros são jovens em sua maioria, já que mais da metade tem menos de 30 anos. Os blogs também estão ganhando popularidade: para o Pew, quase um em cada dez usuários de internet mantém algum blog e pelo menos 40% deles visitam algum blog com regularidade.
Pouco mais de um terço dos autores verifica as informações ou consulta outras fontes antes de publicar um post. Quatro em cada cinco blogs usam texto, e 72% utilizam imagens. Os links para arquivos de áudio aparecem em 30% dos blogs.

A pesquisa se baseou em entrevistas feitas com 4573 usuários de internet. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais. Parte da pesquisa foi feita por telefone com 233 blogueiros,entre julho de 2005 e fevereiro de 2006. A margem de erro é de 6,7%.

Google cria versão do site para deficientes visuais

Por Alexandre Barbosa
em Estadão.com.br
21 julho 2006

O portal de buscas Google divulgou uma versão de sua ferramenta desenhada para facilitar a vida de deficientes visuais.

O software, que interage com aplicações de reconhecimento de texto, está disponível em inglês e privilegia os resultados das buscas de acordo com a simplicidade dos sites. A ferramenta, chamada de Accessible Search (Busca Acessível, no inglês) promove quase uma filtragem inversa nos resultados de uma procura.

Se a busca por um determinado tipo de informação privilegiaria páginas mais completas, com conteúdo de texto, imagens, animações e gráficos, a procura para deficientes visuais procura páginas mais leves, portanto mais amigáveis para aplicativos que transformam texto em áudio.

A biblioteca universal ao alcance do mouse

Por Kevin Kelly
em EntreLivros
julho 2006

Em vários escritórios desconhecidos em todo o mundo, milhares de trabalhadores estão usando scanners para inserir livros empoeirados em arquivos de alta tecnologia. Eles estão reunindo, página por página, a biblioteca universal.

O sonho é antigo: reunir em um único lugar todo o conhecimento, passado e presente. Todos os livros, documentos e ferramentas conceituais, em todas as línguas. A esperança é bem conhecida, pois há muito tempo tivemos, por um breve período, tal biblioteca. A grande biblioteca de Alexandria, construída em torno de 300 a.C., pretendia conter todos os pergaminhos que circulavam no mundo conhecido. Em certo momento, dispôs de meio milhão de pergaminhos, algo em torno de 30% a 70% de todos os livros então conhecidos.

Mas mesmo antes dessa biblioteca ser perdida, já havia passado o momento em que todo o conhecimento podia ser abrigado em um único edifício. Desde então, a constante expansão da informação ultrapassou nossa capacidade de reuni-la. Até agora. Quando o Google anunciou, em dezembro de 2004, que digitalizaria, por scanner, os livros das cinco maiores bibliotecas dos Estados Unidos, tornando disponível o conteúdo para pesquisa, ressurgiu a promessa de uma biblioteca universal. De fato, o tremendo desenvolvimento da rede mundial de computadores, que há uma década era quase um nada, nos encorajou a acreditar novamente no impossível. Estará realmente ao nosso alcance a sonhada biblioteca de todo o conhecimento?

Os livros digitais não faziam muito sentido há pouco tempo, até que surgiram os serviços de busca como Google, Yahoo, Ask e MSN. Quando milhões de livros forem digitalizados e os textos ficarem disponíveis em um único banco de dados, a tecnologia de busca permitirá o acesso e a leitura de qualquer livro escrito. Será uma biblioteca realmente grande e seremos capazes de acessá-la a partir de qualquer aparelho que tenha uma tela. Dos tabletes sumérios até hoje, os humanos "publicaram" pelo menos 32 milhões de livros, 750 milhões de artigos e ensaios, 25 milhões de canções, 500 milhões de imagens, 500 mil filmes, 3 milhões de vídeos e programas de TV e 100 bilhões de páginas da internet.

Todo esse material está atualmente nas bibliotecas e arquivos de todo o mundo. Uma vez digitalizado, tudo isso poderá ser condensado (de acordo com os atuais recursos tecnológicos) em discos rígidos de 50 petabytes [que equivalhe a 52,4 milhões de gigabytes]. Seria preciso hoje um edifício do tamano de uma biblioteca municipal para abrigar 50 petabytes. Com a tecnologia do futuro, tudo caberá em um iPod.

Em virtude da questão dos direitos autorais e do fato físico da necessidade de virar as páginas, a digitalização dos livros tem sido lenta. Na melhor das hipóteses, um livro a cada 20 passou para a forma digital. Até agora, a biblioteca universal não tem muitos itens. Mas a situação está mudando rapidamente. Corporações e bibliotecas em todo o mundo estão agora digitalizando quase um milhão de livros por ano. A Amazon digitalizou centenas de milhares de obras contemporâneas. No coração do Silicon Valley, a Stanford University (uma das cinco bibliotecas que colaboram com o Google) está digitalizando seu acervo, de 8 milhões de livros, usando um robô da companhia suíça 4DigitalBooks. Essa pequena máquina vira automaticamente as páginas de cada livro conforme passa pelo scanner, na taxa de mil páginas por hora. Um funcionário coloca o livro em um suporte plano e o robô folheia as páginas, delicadamente para não danificar os volumes raros, sob os olhos de scanner das câmeras digitais.

Bill McCoy, gerente geral de negócios editoriais da Adobe, comenta: "Alguns de nós temos milhares de livros em casa, podemos ir a belas e bem equipadas livrarias e fazer compras na Amazon.com. O efeito mais dramático das bibliotecas digitais não será sobre esses poucos felizardos, mas sobre as bilhões de pessoas cujo acesso aos livros é difícil". As vidas desses sem-livros- estudantes do Mali, cientistas do Cazaquistão, idosos do Peru - será transformada quando uma versão simples da biblioteca universal for colocada em suas mãos.

Transformar letras impressas em pontos eletrônicos que podem ser lidos em uma tela é o primeiro passo essencial. A verdadeira mágica ocorrerá no segundo ato, quando cada palavra em cada livro for cruzada em links, reunida em grupos, citada, indexada, analisada, anotada e inserida na cultura de forma muito mais profunda do que antes. No novo mundo dos livros, cada bit remete a outro, cada página a todas as outras. Nos últimos anos, centenas de milhares de amadores escreveram e elaboraram referências cruzadas para uma enciclopédia online, a Wikipedia. Animados por esse êxito, muitos acreditam que um bilhão de leitores poderá percorrer as páginas de velhos livros, um hyperlink por vez.

Os que apreciam um tema especial, um autor ou livro específico poderão, com o tempo, fazer links nas partes que consideram importantes. Multiplique esse ato por milhões de leitores e a biblioteca universal estará plenamente integrada. Por exemplo, em um livro de não-ficção, será possível clicar num item de bibliografia ou numa nota de rodapé e acessar o livro citado.

Há cerca de 100 bilhões de páginas na web e cada uma tem, em média, dez links. Atravessando a rede há assim um trilhão de conexões e sua força está justamente nesse emaranhado de relações. O mundo estático dos livros será transformado pelo mesmo incremento de relações, já que cada página se abrirá para outras páginas de outros livros: a leitura se tornará então uma atividade comunitária. Marcadores de páginas serão compartilhados com outros leitores e bibliografias trocadas. Você saberá que um amigo anotou um de seus livros favoritos e, logo depois, os links dele serão seus. De forma curiosa, a biblioteca universal se tornará um único e enorme texto, um livro mundial.

Cerca de 15% dos 32 milhões de livros catalogados estão em domínio público e disponíveis para que qualquer um se aproprie, publique ou copie. Quase todo o trabalho de digitalização realizado pelas bibliotecas americanas envolve esses 15%. Aproximadamente 10% de todos os livros em catálogo serão logo escaneados. A Amazon dispõe de pelos menos 4 milhões de livros, incluindo várias edições do mesmo título. Recentemente, várias grandes editoras americanas manifestaram disposição para passar seu catálogo ao mundo digital e estão trabalhando em parceria com o Google: este escaneará os livros e oferecerá, de acordo com o editor, páginas de amostra aos leitores.

Entretanto, o maior problema para as grandes editoras é que elas não sabem ao certo o que realmente possuem. Se você quiser se divertir, pegue um livro fora de catálogo em uma biblioteca e tente determinar quem detém os direitos. Não é tarefa fácil, pois não há nenhuma lista de direitos autorais das obras. A Biblioteca do Congresso [a maior do mundo, com 130 milhões de itens] não tem um catálogo a esse respeito. As editoras não possuem uma lista exaustiva, embora digam que estejam trabalhando para isso. Quanto mais antiga e obscura a obra, menor a probabilidade do editor (caso ainda exista) ser capaz de dizer se o autor ainda está vivo, se os direitos cabem a este ou se foram vendidos, se o editor ainda detém os direitos de impressão ou se pretende reeditar ou escanear o livro. Isso deixa 75% dos textos conhecidos na obscuridade. O limbo legal que cerca essas obras impede que sejam digitalizadas.

Ninguém conseguiu desatar esse nó, até que em 2004 o Google propôs uma solução inteligente. Além de escanear os 15% dos livros em domínio público e fora de catálogo e os 10% dos livros em catálogo, os gerentes do Google declararam que também digitalizariam os 75% de livros que ninguém queria tocar. Afirmaram ainda que reproduziriam o texto inteiro, permitindo que este fosse indexado pelos computadores do Google e acessado por qualquer um. Mas a empresa mostraria aos leitores apenas trechos selecionados a cada vez. Os advogados do Google argumentaram que os trechos oferecidos seriam algo como uma citação em uma resenha e, assim, seu uso seria legal.

O plano da empresa era digitalizar o texto integral dos mais de 10 milhões de títulos que fazem parte do acervo de Stanford, Harvard, Oxford, Universidade de Michigan e Biblioteca Pública de Nova York. Cada livro seria indexado e mostrado de diferentes maneiras nos resultados de uma busca. Para os livros fora de catálogo, o Google mostraria a obra inteira, página por página e, em relação aos que estão em catálogo, a empresa trabalharia com as editoras, que decidiriam quais partes seriam exibidas. Para os livros órfãos, o Google daria acesso apenas a trechos. Qualquer detentor de direitos autorais (autor ou empresa) que provasse a propriedade de um suposto livro órfão poderia solicitar ao Google que retirasse, por qualquer motivo, os trechos. Para muitos autores, essa campanha foi uma salvação: se os poucos escritores consagrados temem a pirataria, a maioria receia a obscuridade. A possibilidade de que as obras sejam encontradas no mesmo mecanismo de busca que todas as outras foi uma boa notícia para os autores e a indústria que precisavam de alento.

Certos autores e várias editoras avaliaram que o plano do Google não era benéfico. Dois pontos os incomodavam: a cópia virtual do livro que estivesse na indexação do servidor e o pressuposto de que a empresa poderia escanear primeiro e perguntar depois. Quando a negociação por fim fracassou, a corporação dos autores e cinco grandes editoras processaram a empresa. O argumento era simples: por que o Google não dividiria os lucros (caso houvesse) com os detentores dos direitos autorais? E por que o Google não solicitaria permissão ao detentor legal dos direitos antes de digitalizar?

A disputa judicial promete ser longa. Jane Friedman, da editora HarperCollins, que apóia o processo contra o Google (embora permaneça sendo sua parceira), declarou: "Não espero que a disputa seja resolvida enquanto eu estiver viva". Ela está certa. Os tribunais poderão discutir para sempre essa complexa questão.

Mas não importa, pois a tecnologia resolverá a controvérsia antes. Fábricas de scanner chinesas, que operam por conta própria, e regras mais frouxas de propriedade intelectual manterão a digitalização dos livros. Quando a tecnologia se tornar melhor, mais rápida e mais barata, os usuários poderão fazer o que já fazem com a música, digitalizando suas próprias bibliotecas.

Em breve um livro fora da biblioteca digital será como uma página da web fora da web, pedindo ar para respirar. De fato, a única forma do livro preservar sua pálida autoridade em nossa cultura é inserir seus textos na biblioteca universal.

Na disputa entre as convenções do livro e as exigências da tela, esta última prevalecerá. Na tela, hoje visível a um bilhão de pessoas na Terra, a tecnologia de busca transformará os livros isolados na biblioteca universal do conhecimento humano.


ACERVOS BRASILEIROS NA REDE

A discussão internacional sobre a digitalização de acervos também envolve as bibliotecas brasileiras. Em evento recente com representantes de bibliotecas de vários países, realizado no Rio de Janeiro, o presidente da Biblioteca Nacional (BN), Muniz Sodré, revelou que recebeu uma oferta do próprio Google para digitalizar 2 milhões de itens, num investimento de US$ 10 milhões. Na ocasião, Sodré se mostrou reticente à oferta, dizendo ser preciso "analisar bem as implicações políticas dessa doação".

Com ou sem Google, o processo de digitalização e colocação do acervo na internet já ocorre na BN desde 2001. Considerada pela UNESCO a sétima biblioteca nacional do mundo e a maior da América Latina, a BN conta, hoje, com cerca de 9 milhões de itens em seu acervo. Desse total, 3 mil itens foram digitalizados (sendo que o termo item inclui livros com mais de 500 imagens).
Tudo o que passou pelo scanner foi para o site da instituição. Há uma coleção de mapas dos séculos XVI ao XVIII, obras raras como a Bíblia de Mogúncia (o incunábulo mais antigo do acervo), a primeira edição de Os Lusíadas ou a Arte da grammatica da lingoa mais usada na costa do Brasil, de 1595, de José de Anchieta, e outros volumes da Real Biblioteca Portuguesa, trazidos pela família real ao Brasil em 1808.

Se no início as obras eram digitalizadas por empresas terceirizadas, hoje a BN já conta com um laboratório e uma equipe de profissionais especializada. "Já temos auto-suficiência para montar o acervo digital", diz Angela Monteiro Bettencourt, coordenadora de Informação Bibliográfica da instituição. Segundo ela, a biblioteca digitaliza seu acervo de acordo com projetos. "Atualmente, estamos trabalhando na coleção de fotografias Tereza Cristina [que pertenceu ao imperador dom Pedro II, seu marido]." Vale dizer que projeto também significa patrocínio e aporte financeiro, tornando o processo viável.

Outro aspecto levado em conta quando se pretende investir na digitalização, é a preservação. Quanto antes uma obra rara for para a internet, menos o original precisará ser manuseado. Por esse motivo, um dos critérios para definir que obras serão digitalizadas é justamente a procura. Quanto mais for solicitada, mais rápido vai pro scanner. Obras que serão restauradas também são digitalizadas. A ressalva é que apenas obras em domínio público passam para o suporte digital e vão para internet, por causa dos direitos autorais. "Em compensação, continuamos microfilmando todo o acervo, que faz parte de nossa metodologia de preservação", diz Angela. Sobre os arquivos digitais, só o tempo dirá o quanto eles perduram e com qual qualidade.


CONTRAPARDIA EUROPÉIA

Em janeiro de 2005, o presidente da Biblioteca Nacional da França, Jean-Noël Jeanneney, publicou um artigo no Le Monde com o título: "Quando o Google desafia a Europa" - que sairia em livro três meses depois, pela Éditions de Minuit. No texto, anuncia "o risco de uma dominação esmagadora da América na definição da idéia que as próximas gerações farão sobre o mundo".

Exageros à parte, a reação européia começaria a ser esboçada em maio de 2005, quando França, Alemanha, Itália, Espanha, Hungria e Polônia assinaram um acordo para criar uma Biblioteca Digital Européia, colocando numa mesma rede os projetos de digitalização de acervos das bibliotecas nacionais de cada um dos países. Em março deste ano, a Comissão Européia anunciou seu apoio ao programa e recomendou que ele seja iniciado imediatamente.

Enquanto a empresa californiana previu a digitalização de 15 milhões de volumes em seis anos (a contar do final de 2004), a biblioteca virtual européia foi mais modesta: prometeu escanear 6 milhões de livros em cinco anos.

Paralelamente, além da biblioteca européia e do Google, outros projetos de digitalização de grande porte foram anunciados. O consórcio Open Content Alliance (OCA), que reúne empresas de serviços de internet e informática, como a californiana Yahoo, realizou o aporte de 2 milhões de dólares para escanear 150 mil livros da Universidade da Califórnia. Já a Microsoft, em parceria com a British Library, apresentou o projeto de digitalização de 25 milhões de páginas (aproximadamente 100 mil livros) da biblioteca, com um custo total de 2,5 milhões de dólares.

14 julho 2006

Editoras recebem nova onda de investimentos estrangeiros

Por Nilson Brandão Júnior
em O Estado de S. Paulo
14 julho 2006

O mercado editorial brasileiro vive uma nova onda de negócios, com a chegada de grupos estrangeiros e aquisições de empresas. Dessa vez, os investimentos estão concentrados em nichos específicos, como a edição de livros religiosos e publicações técnicas e científicas. Esses segmentos movimentam R$ 650 milhões por ano no País.

Em 2005, as editoras já haviam passado por uma onda de consolidação, mas entre editoras de livros de interesse geral. O negócio mais emblemático ocorreu há um ano, quando a Editora Objetiva foi vendida para o grupo espanhol Prisa-Santillana.

Desta vez, os negócios são voltados para um público específico. Ainda este mês, a Ediouro, que comprou no ano passado 50% da Nova Fronteira, deverá assinar contrato com a Thomas Nelson, maior editora americana no segmento evangélico.

As duas editoras vão montar uma nova empresa no País, a Thomas Nelson Brasil. Embora a Ediouro não confirme, a editora carioca terá 85% do negócio e a americana os 15% restantes, participação que poderá subir nos próximos anos.

Há mais no prelo. A Editora Vida, que pertence ao grupo americano Zondervan, está sendo vendida para um grupo argentino. A Vida está sendo negociada como parte de uma estratégia internacional da Zondervan, que é da HarpperCollins, do grupo do magnata da mídia, Rupert Murdoch. A Zondervan está deixando negócios considerados pequenos para o grupo.

Já a canadense Thomson Learing, especializada em livros técnicos e científicos, planeja investir US$ 50 milhões no Brasil nos próximos cinco anos. Parte do dinheiro será usada para comprar uma editora.


AUTO-AJUDA

O diretor-superintendente da Ediouro, Luiz Fernando Pedroso, conta que a nova empresa, em sociedade com a Thomas Nelson, será lançada em outubro, começando com livros de "inspiração e auto-ajuda".

A Ediouro entrará com a estrutura de distribuição, vendas e conhecimento do mercado. Ganhará, em troca, o acesso a um novo nicho de mercado junto com uma empresa com tradição em temas religiosos. Já a Thomas Nelson terá acesso direto ao mercado brasileiro.

No Brasil, a Editora Sextante, responsável pelo lançamento do Código Da Vinci, de Dan Brown, deve ser a principal concorrente afetada pela sociedade entre a Thomas Nelson e a Ediouro.

A Sextante havia comprado o direito de publicar três títulos da Thomas Nelson, que ainda não chegaram ao mercado. A editora diz que ela continua com o direito de usar os títulos. Mas admite que os futuros lançamentos da Thomas Nelson no Brasil deverão ser feitos pela nova empresa.


RELIGIÃO

Um dos motivos do avanço dos livros religiosos é "o crescimento sem precedentes" da população evangélica, segundo o diretor da Associação de Editores Cristãos (Abec), Whaner Endo.

Em 2006, o setor deve crescer 15% e faturar R$ 317,5 milhões. "O pessoal abriu os olhos para o mercado evangélico", diz Endo.

Já o ramo de livros técnicos movimenta R$ 350 milhões ao ano. A Thomson Learning elegeu o Brasil, a China e a Índia como prioridades. "A população universitária no País cresce muito e há forte demanda por cursos profissionalizantes", diz o diretor-geral da empresa no Brasil, Aparecido Carvalho.

Segundo o diretor-geral da editora Objetiva, Roberto Feith, o interesse das empresas estrangeiras mostra "a convicção que o consumo de informação e literatura crescerá no País enormemente nas próximas décadas".

Mais de um bando atacou museus, diz delegada

Por Fabiana Cimieri
em O Estado de S. Paulo
11 julho 2006

A delegada da Polícia Federal Isabelle Vasconcellos disse ontem acreditar que "mais de uma" quadrilha especializada no roubo de obras de arte cometeu os furtos no Arquivo Geral da Cidade e na Biblioteca Nacional e o assalto ao Museu da Chácara do Céu, no Rio. Para ela, os quadros, gravuras e fotos roubados já têm destino certo, provavelmente o mercado internacional, onde têm valor muito mais alto do que no Brasil.

Ela não descartou a possibilidade de envolvimento do fraudador francês Michel Cohen no roubo de quadros de Pablo Picasso, Salvador Dalí, Claude Monet e Henrique Matisse da Chácara do Céu, Santa Teresa, no carnaval. "Achamos uma coincidência muito grande serem os mesmos pintores dos quadros usados em um golpe que o Cohen deu no mercado americano. Mas ele não tem histórico de roubo", observa Isabelle.

No caso da Chácara do Céu, a delegada disse acreditar que houve um mandante. "Acho que foi terceirizado, mas sabiam o que deviam levar", disse.


INTERNET

"Obras de origem ilícitas estão sendo vendidas pela internet", completou, acrescentando que existe uma demanda internacional por fotos do Rio antigo, como as que foram roubadas do Arquivo da Cidade e da Biblioteca Nacional.

Além do Museu da Chácara do Céu, a Polícia Federal foi ao Museu do Açude. Os dois juntos formam os Museus Castro Maya. A vistoria faz parte de um convênio entre a Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para aperfeiçoar a segurança nos museus ligados ao Ministério da Cultura. Ainda esta semana, a PF deve visitar os Museus Villa-Lobos, Histórico-Nacional e Nacional de Belas Artes.

Expansão da web muda o foco dos gigantes da mídia

Por Fran Ahrens
em O Estado de S. Paulo
8 julho 2006

Quando a tentativa do governo de tornar menos rígidas as normas sobre propriedade de mídia foi derrotada na Justiça, há dois anos, alguns comemoraram isso como uma vitória contra o fato de se permitir excesso de poder nas mãos de uns poucos barões da mídia. Agora, o governo está tratando da questão novamente, mas o cenário na mídia é radicalmente diferente.

Desde 2003, os gigantes da mídia têm expandido sua presença na internet, comprando sites de sucesso na web ou redobrando esforços. O continuado surgimento de internet de alta velocidade, a melhoria do conteúdo online e uma explosão de dispositivos portáteis se combinaram para dar à grande mídia um alcance muito maior e potencialmente maior influência do que teriam se fosse permitido às empresas comprar mais algumas estações de televisão.

Na semana passada, a Federal Communications Commission (Comissão Federal de Comunicações) votou para que essa questão pegajosa da propriedade de mídia fosse retomada. Desta vez, a agência planeja afrouxar algumas normas, permitindo que as empresas de mídia de grande porte se expandam. Por exemplo, pela primeira vez desde 1975, provavelmente será permitido a um jornal comprar a estação de televisão mais popular na mesma cidade.

Mas os tempos, a tecnologia e o mercado de mídia mudaram tanto desde a última vez que a FCC começou sua revisão sobre propriedade, em 2002, que algumas das mesmas gigantes da mídia que antes fizeram lobby em favor das mudanças na época - tais como o Tribune Co. - talvez tirem pouco proveito das mudanças desta vez.

Em 2002, as gigantes da mídia já haviam sido prejudicadas pela internet. A recente fusão AOL Time Warner Inc. assumiu uma redução no valor do ativo de US$ 10 bilhões graças aos maus negócios e à queda na receita da America Online. A Walt Disney Co. perdeu milhões no seu portal na internet Go.com.

Os iPods ainda estavam nas pranchetas da Apple Computer Inc. Quase todos os usuários da internet tinham conexões discadas, o que tornava o vídeo online quase tão assistível quanto um filmede Zapruder - o cineasta amador que registrou o assassinato do presidente John Kennedy com uma câmera de 8 milímetros).

A Yahoo Inc. não era a potência multimídia que é hoje. O YouTube e seu estoque de 70 milhões de vídeos não existiam. Nem o MySpace e sua comunidade global de usuários. E o Google era o mais popular mecanismo de busca na internet, mas não era ainda o monstro gerador de receitas cujo modelo de publicidade está sendo imitado por todos na mídia tradicional.

Em maio de 2003, Mel Karmazin disse a uma comissão do Senado que devia ser absoluta e positivamente permitido à sua Viacom Inc. - então a controladora da CBS - comprar mais estações de televisão. Era essencial para o futuro da empresa, disse ele.

Os pedidos de Karmazin não deram em nada. Embora a FCC tivesse afrouxado as normas sobre propriedade naquele ano, a Justiça as derrubou em 2004 e o Congresso aprovou uma lei impedindo a CBS de comprar mais estações.

Ocorre que não apenas a CBS sobreviveu como também se tornou uma rede de primeira linha. A empresa prevê seu futuro não tendo mais estações de televisão e sim ampliando seu fluxo de receita que era um plano B em 2003 - a internet e seus várias reproduções de downloading e streaming digitais, canais que dão um impacto muito maior do que estações de televisão locais.

"O desafio da CBS agora é como comercializar seu conteúdo e, uma vez que estamos impossibilitados de fazer isso comprando mais estações, estamos fazendo isso de outras formas", disse Martin D. Franks, vice-presidente-executivo de relações com o governo da CBS Corp. "Tivemos que nos adaptar ao que o regime regulamentador nos concedeu."

Para ajudar a compartilhar o imenso custo do contrato da rede com a NCAA para apresentar o torneio de basquete masculino universitário sempre em março (US$ 6 bilhões no decorrer de 11 anos), este ano a CBS comprou a CSTV Networks Inc., que transmite esportes ao vivo pela internet e televisão a cabo. A média de usuários do site na web é de mais de 8 milhões por mês e na rede a cabo, de mais de 15 milhões de domicílios - um alcance muito maior que qualquer estação de televisão metropolitana.

Este mês, a CBS começou vendendo episódios dos seus seriado de grande audiência - CSI, Survivor e outros programas - via Apple's iTunes, seguindo o exemplo da ABC, por US$ 1,99 cada. Também a rede lançou um site na web sustentado por anúncios, o ShowBuzz, com notícias sobre celebridades e entretenimento.

As circunstâncias também mudaram para a Tribune Co. Em 2003, a Tribune era uma cadeia de 13 jornais e 26 estações de televisão que queria comprar mais estações de TV em cidades onde já tinha jornais, na esperança de colher grandes lucros com publicidade.

Agora, a empresa está vendendo estações de televisão, enfrentando uma revolta dos acionistas por causa de seu direcionamento e não consegue descobrir como combinar a publicidade em televisões e jornais locais em seu proveito.

A Tribune tem uma participação acionária na CareerBuilding, um site de classificados de emprego na internet, e está trabalhando para ampliar o impacto online de seus jornais. Se a FCC retirar a proibição da propriedade cruzada de jornais e estações de televisão, a Tribune provavelmente não comprará mais estações de televisão, segundo uma fonte que falou sob a condição de que seu nome fosse mantido no anonimato por causa da natureza melindrosa da divergência em andamento com os acionistas.

A News Corp, de Rupert Murdoch, foi uma das primeiras gigantes da mídia a mudar seus métodos depois que os últimos regulamentos foram derrubados em 2004. A empresa lutou para criar duopólios - grupos de duas estações de televisão - no maior número de cidades que conseguisse. Em Washington, por exemplo, a News Corp é dona da WTTG (Canal 5) e da WDCA (Canal 20).

Tais duopólios somam recursos para economizar custos e tornam a propriedade de uma estação de TV ainda mais lucrativa do que já é. Geralmente, uma estação de televisão produz margens de lucro anuais de 25% a 50%. Mas os duopólios só eram permitidos nas maiores cidades. As normas de 2003 da FCC os teriam permitido em cidade menores e levantado a possibilidade de grupos de três estações, ou triopólios, nas maiores cidades, o que interessava a News Corp. Mas, quando a expectativa dos triopólios morreu em 2004, a News Corp voltou-se para a internet.

Em julho, a News Corp formou a Fox Interactive Media, um guarda-chuva para os muitos sites da empresa na web, tais como o FoxSports.com. Dias mais tarde, anunciou a compra, por US$ 580 milhões, do MySpace, o mais popular site de relacionamentos da Web. Os usuários postam perfis, marcam encontros, ouvem música, assistem vídeos e clicam em anúncios que rendem receitas para a News Corp. Na época da sua compra, o MySpace tinha cerca de 16 milhões de usuários mensais.

Esse número é agora de mais de 85 milhões no mundo inteiro e continua aumentando. A Fox precisa de 35 estações de televisão para atingir 134 milhões de telespectadores em todos os Estados Unidos.

Além disso, a News Corp está querendo se livrar de algumas de suas estações. A empresa e o presidente do conselho da Liberty Media Corp estão próximos de chegar a um acordo pelo qual a News Corp compraria de volta a participação acionária com direito a voto da Malone na News Corp em troca de algumas das estações de televisão do mercado intermediário da empresa.

Da mesma forma, a gigante do rádio, a Clear Channel Communications Inc, mudou de rumo depois da derrota de 2004 sobre as normas da mídia e "expandiu seus horizontes", disse Andy Lewis, vice-presidente-executivo de relações governamentais da empresa.

A Clear Channel cresceu graças a aquisições em massa no final da década de 1990, tornando-se a maior cadeia de rádio do país. Em 2003, a empresa procurou revogar as restrições quanto ao número de estações que podia ter em muitas cidades. Impedida, voltou-se para a internet.

Em 2004, a Clear Channel contratou Evan Harrison, chefe da unidade de rádio e música da America Online, para servir de ponta-de-lança nas incursões online da gigante do rádio. Sob a liderança dele, a divisão de música digital tornou-se o segmento de crescimento mais acelerado da Clear Channel. Os podcasts (programas de áudio gravados no formato MP3) produzidos pela Clear Channel venderam mais que todos os outros no iTunes.

"Assim é o rádio hoje, como nós o vemos", escreveu Harrison, via BlackBerry. "Temos que trabalhar todos os dias para criar uma melhor programação do que a MTV para formar nossa audiência. A idéia de que uma empresa radiofônica estaria competindo com um rede a cabo simplesmente era inconcebível há seis anos."

E, apesar de a Clear Channel gostasse se as restrições à propriedade de rádio fossem revogadas nas cidades maiores, as ambições de aquisição da empresa não são mais o que eram três anos atrás, um espelho do que acontece na indústria da mídia em geral.

"Não estou certo se existe uma demanda reprimida de mais consolidações", disse Mark Fratrik, vice-presidente dos pesquisadores de mídia BIA Financial Network Inc. "Creio que em 2006 o ambiente de mídia está muito mais apinhado, muito mais competitivo. Os grupos de rádio estão procurando oportunidades onde possam levar valor agregado e não ficar maior somente pelo interesse de crescer."

Kirchner controla a mídia argentina através de publicidade do governo

Por Association Press
em O Estado de S. Paulo
9 julho 2006

Vários presidentes civis tiveram uma relação difícil com os jornais. Perón não hesitava em ameaçá-los com a redução das cotas de papel, mas mesmo assim diversas empresas resistiram. Menem preferia levar os jornalistas aos tribunais com acusações de calúnias. Mas nenhum deles conseguiu o controle exercido por Kirchner, que conta com um tratamento complacente da maior parte da imprensa argentina.

Poucos meios atrevem-se a criticá-lo, já que correm o risco de ficar sem a publicidade oficial, a principal base de sustento. Segundo a ONG Poder Ciudadano, em 2005 o governo gastou 43,8% a mais em publicidade oficial do que o estipulado no orçamento. Jornais de baixa tiragem, mas que elogiam Kirchner, recebem quase o dobro de jornais de grande venda, mas de tom crítico.

Kirchner também exerce férreo controle sobre os militares, atualmente com o menor poder em toda a história. Perón tinha apoio do Exército, mas enfrentava oposição da Marinha e Aeronáutica. Raúl Alfonsín sofreu três tentativas de golpes. Menem enfrentou uma rebelião. Kirchner reduziu drasticamente o poder dos militares ao estabelecer que as três forças fiquem subordinadas ao Estado-Maior.

Brasil é o 71° em acesso a tecnologia

Por Jamil Chade
em O Estado de S. Paulo
6 julho 2006

As disparidades econômicas e sociais no Brasil se refletem no acesso às novas tecnologias. O País ocupa apenas a 71ª posição entre as 180 economias mais adaptadas às novas tecnologias de comunicação, ainda que regiões como a Sudeste possam estar nos mesmos níveis de países ricos. Estudo feito pela União Internacional de Telecomunicações - órgão da ONU - aponta que o País foi um dos sete que mais evoluíram no mundo em termos de acesso às tecnologias desde 2001. Mas o Brasil não consegue superar países como Chile, Argentina, Uruguai e Venezuela.

O preço da ligação de celular, por exemplo, é um dos mais altos do mundo, enquanto a média de computadores por 100 habitantes no País é inferior à média mundial. O relatório também traz uma informação alarmante: apenas metade do planeta conta com um telefone fixo.

Para a ONU, o acesso às novas tecnologias de comunicação está estagnado. Na África, só há 1,5 computador para cada 100 pessoas, enquanto a média é de 6 na Ásia e 28 na Europa. Na África, apenas 2,5% da população têm conexão à internet.

Diante das disparidades, o Brasil é a 19ª economia nas Américas segundo o índice de oportunidade digital da ONU, que mede 11 critérios, incluindo acesso, preço e infra-estrutura. A liderança regional é do Canadá, seguido por Estados Unidos. Quem está abaixo do Brasil nesse ranking são países como Cuba, Peru, Paraguai e Bolívia. No mundo, o índice de oportunidade digital é liderado por Coréia, Japão e Dinamarca.

Em termos de celulares, por exemplo, 46 em cada 100 brasileiros têm um aparelho. A média é inferior à do continente americano, onde existem 51 aparelhos para cada 100 habitantes. Em números absolutos, porém, o Brasil é o segundo da região, com 86 milhões de usuários. O Brasil, portanto, supera a média mundial, que é de 33 usuários para 100 pessoas. Nos Estados Unidos, os donos de celulares já ultrapassam a marca dos 200 milhões, o dobro do que foi registrado em 2001. Naquele mesmo ano, 23 milhões de brasileiros tinham celulares.

O problema, segundo a ONU, é que o brasileiro paga, em média, US$ 0,53 por uma chamada de um minuto. O valor é um dos maiores das Américas, onde a média é de US$ 0,32. Apenas o Equador conta com taxas mais altas. A média mundial da tarifa de celular por minuto, de US$ 0,31, também é inferior à do Brasil. Na Argentina, por exemplo, o valor da ligação é de US$ 0,24 por minuto e nos Estados Unidos, de US$ 0,28.

Quanto aos aparelhos de telefonia fixa, a taxa de penetração no Brasil é de 59 para cada 100 habitantes. No total, 107 milhões de pessoas têm telefones fixos, bem mais que a média mundial. Apenas metade da população do planeta conta com telefone.


INTERNET

Em relação ao acesso à internet, o Brasil ocupa apenas a 17ª posição entre os países das Américas. Para cada 100 pessoas no País, 12,1 são usuárias. Isso significa que 22 milhões de brasileiros têm acesso à rede, média inferior à das Américas e à mundial. No planeta, com 862 milhões de usuários, para cada 100 pessoas, 13,6 têm acesso à rede. Vários países sul-americanos têm índice de conexão superior ao Brasil, como Uruguai e Argentina. Nos Estados Unidos, 56 em cada 100 americanos têm acesso à internet.

Ao contrário do custo do celular, a internet no Brasil é mais barata que a média mundial. Para 20 horas mensais de conexões, o valor no País é de cerca de US$ 25,00. No continente americano, a média é de US$ 26,00 e no mundo chega a US$ 32,00. No Brasil, há 19,3 milhões de computadores. De cada 100 brasileiros, 10,7 contam com a tecnologia. Nos Estados Unidos, porém, existem 76 para cada 100. A média mundial é de 12,2 computadores para cada 100 pessoas.

Os usuários de banda larga no País ainda não chegam a 1,5% da população, ainda que o valor do serviço seja inferior à média regional e também à média mundial, de US$ 76,00 por mês. Nos Estados Unidos, o serviço não passa de US$ 20 mensais.

Projeto chinês restringe imprensa estrangeira

Por Joseph Kahn do The New York Times
em O Estado de S. Paulo
6 julho 2006

Um projeto de lei chinês que ameaça impor multas à mídia por noticiar fatos como surtos de doença, desastres naturais, distúrbios sociais e outros sem permissão se aplica tanto a organizações noticiosas estrangeiras como domésticas, afirmou na segunda-feira uma autoridade que participou da preparação da lei.

O projeto, que está sendo apreciado pelo Legislativo controlado pelo Partido Comunista, pede multas de até US$ 12.500 por reportagens não autorizadas sobre assuntos que qualifica de "incidentes súbitos" se as autoridades considerarem tais reportagens falsas ou nocivas para a ordem social da China.

Wang Yongqing, vice-ministro do Departamento de Assuntos Legislativos do Conselho de Estado (o gabinete de governo) da China, disse numa exposição a jornalistas que a lei se aplicaria a todas as organizações noticiosas estrangeiras, incluindo jornais, revistas e estações de radiodifusão, que geralmente operam sob regras diferentes das empregadas para a mídia noticiosa chinesa.

"Acho que elas devem ser incluídas - da mesma maneira que um jornalista chinês atuando na França ou na Grã-Bretanha tem de se pautar pelas leis desses países", disse Wang, respondendo à pergunta de um repórter sobre a aplicabilidade da lei a estrangeiros. "Ela visa à atividade. Todos que se envolverem em atividades de reportagem terão de cumprir essas regras.

"As organizações noticiosas estrangeiras com escritórios na China enfrentam restrições a viagens e são monitoradas de perto pelas forças de segurança.

Mas as autoridades encarregadas de propaganda em geral não tentam censurar reportagens estrangeiras como fazem com as publicações domésticas. Por isso, jornais, revistas e estações de radiodifusão estrangeiros às vezes investigam questões políticas e sociais delicadas, incluindo surtos de doenças e incidentes de protestos, que a mídia local não pode noticiar livremente.

Não está claro se os comentários de Wang Yongqing - que foram feitos depois que ele apresentou observações preparadas a um grupo composto principalmente de jornalistas estrangeiros no briefing - representavam uma decisão do governo de impor novas restrições a organizações noticiosas estrangeiras, ou eram uma expressão de suas opiniões pessoais.

O briefing foi realizado com o objetivo de tranqüilizar a mídia noticiosa: o vice-ministro procurou deixar claro que a finalidade principal do anteprojeto era punir autoridades públicas que falharam no trato de incidentes súbitos - como emergências sanitárias ou acidentes em minas de carvão. A principal seção da extensa proposta estabelece regras para responsabilizar funcionários públicos pela maneira como eles administram e reportam emergências.

A cláusula referente à mídia noticiosa, afirmou Wang, foi incluída para impedir um comportamento malicioso de jornalistas que enganem deliberadamente o público.

O governo aprecia e "até mesmo depende" da mídia noticiosa para noticiar ativamente eventos súbitos, e a lei não deveria impedi-la de expor a corrupção, desde que suas reportagens se mostrem exatas, disse Wang.


REAÇÃO VIGOROSA

No entanto, o briefing poderá não tranqüilizar as organizações noticiosas chinesas, que reagiram de forma inusualmente vigorosa. Algumas delas consideram o anteprojeto um passo atrás para a liberdade de imprensa.

Os críticos afirmam que a lei poderá ser usada por autoridades públicas para impedir a cobertura de greves, levantes, epidemias ou acidentes que elas queiram manter secretos. As autoridades encarregadas da propaganda já exercem uma influência considerável sobre a mídia noticiosa chinesa nesses assuntos, mas seu poder tende a ser informal, não codificado em lei.

O anteprojeto de lei diz que jornais, revistas, sites noticiosos na web e estações de televisão serão penalizados com multas de US$ 6.250 a US$ 12.500 toda vez que publicarem informações sobre um evento súbito "sem autorização."

Wang disse que as multas poderão não ser legalmente impostas a menos que as autoridades públicas tenham, elas próprias, adotado os procedimentos adequados no tratamento de eventos súbitos, e depois somente se as reportagens em questão forem consideradas falsas e perniciosas.

Mas a proposta suscitou amplas preocupações porque, segundo os jornalistas, um problema muito comum é as autoridades públicas locais tentarem restringir a cobertura da mídia temendo a agitação social, ou temendo que elas possam perder a confiança de seus superiores. Pela nova lei, seriam as autoridades locais que decidiriam sobre a aplicação de multas à mídia noticiosa.

Alguns jornais e revistas chineses atacaram o anteprojeto e o consideraram mal orientado, pedindo ao Legislativo que o revise.

"Acreditamos que o espírito de jornalismo vigilante deve ser mantido nesta lei", escreveu um comentarista de um jornal local, Chang Ping. "Mas na verdade esse projeto, em sua forma atual, faz exatamente o oposto disso e representa, sem dúvida, um passo atrás", acrescentou.

Google vira verbo e termos de tecnologia entram em dicionário

Por Alexandre Barbosa
em Estadão.com.br
7 julho 2006

É a dinâmica da língua, que reflete as mudanças sociais, que permite a incorporação de novos termos aos dicionários. O mais novo exemplo disso aconteceu na língua inglesa, com a mais recente edição do dicionário Merriam-Webster Collegiate, a ser publicado até o final do ano, e que incorporou o verbete ´Google´. O nome do site de buscas será citado como sinônimo de "usar ferramenta de buscas para obter informações rápidas na World Wide Web".

O dicionário também incorpora outros neologismos tecnológicos, como a expressão ´mouse potato´, derivação da expressão ´couch potato´ (batata de sofá). Se a ´couch potato´ designa uma pessoa acomodada que senta no sofá e fica horas na frente de uma TV, ´mouse potato´ é aqueles usuário que fica horas a fio na frente de um PC.

Segundo os organizadores, a incorporação de uma marca registrada como verbo não é novidade, já que a mesma coisa já aconteceu com a marca Xerox, que se tornou sinônimo de usar uma máquina fotocopiadora.

Google terá busca de livros via web na China

Por EFE
em Estadão.com.br
7 julho 2006

O Google está preparando uma nova arma para atrair os 111 milhões de internautas chineses: um rastreador de livros na internet com o qual pretende superar seu rival Baidu, o servidor mais usado na China.

Com este objetivo, a empresa americana assinou vários acordos de cooperação com quatro grandes editoras chinesas, cujos livros poderão ser procurados através da nova ferramenta.
Além disso, os internautas poderão ter livre acesso a um trecho de cada uma das obras. Mas para ler a obra completa o usuário terá que pagar uma taxa, segundo o vice-presidente do Google, Kai-fu Lee.

Kai-fu acrescentou que a companhia quer participar da produção de publicações digitais.
Ao contrário do Google, o Baidu nutre sua ferramenta de busca de livros na rede, que conta com 15 milhões de volumes, através de acordos com várias bibliotecas, entre elas a Nacional de Ciências, a maior especializada do país.

O Google e o Baidu são responsáveis por 90% das buscas dos internautas chineses, seguidos de longe pelo Yahoo!, com menos de 5% da cota de mercado.

Notícias em portais duram um dia e meio

Por Alexandre Barbosa
em Estadão.com.br
11 julho 2006

Esta notícia só afetará o grande público por um prazo aproximado de 36 horas após sua publicação. Esta foi a conclusão de uma análise conduzida por pesquisadores dos EUA e da Hungria, que estudaram a dinâmica do acesso a notícias em portais na internet.

Algumas conclusões da análise seguem o senso comum, como o fato do pico de acesso à notícia coincidir com um período de poucas horas após sua publicação, o que é seguido de um declínio crescente, para até um dia e meio após a matéria ter sido veiculada.

De acordo com a análise, o padrão de visitação para uma notícia decai de forma previsível, por conta da natureza heterogênea dos padrões de navegação de usuários individuais. Traduzindo: como os usuários nem sempre visitam o portal quando a notícia está no ar, ou em evidência, por ser nova, eles podem perder conteúdo de seu interesse.

O argumento reforçaria a necessidade de criar newsletters segmentadas por assunto, bem como canais RSS mais eficientes, que entregariam conteúdo adequado ao perfil de cada usuário, potencializando a visualização de uma notícia.

Para chegar a estas conclusões, os pesquisadores analisaram o histórico de visitação de 250 mil usuários de um portal de notícias húngaro ao longo de um mês. O estudo completo pode ser adquirido ou visualizado no site científico Physical Reveiw E.

06 julho 2006

Capes lança base virtual com obras completas do século XVIII

em Informe Sergipe
28 junho 2006

Livros, ilustrações, revistas, cartuns, debates e idéias de importantes pensadores do século 18 poderão ser acessados pela comunidade acadêmica a partir desta quinta-feira, 29, por meio da internet. Obras de filósofos, como Emmanuel Kant, ou de cientistas políticos, como Adam Smith, estão disponíveis no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC). A Coleção Capes de Humanidades é constituída de 150 mil livros publicados no século 18. As obras são da Biblioteca Nacional Britânica, localizada em Londres, e foram digitalizadas por editora internacional para ser acessadas por meio eletrônico. São 33 milhões de páginas, com obras de literatura, artes, história, geografia, ciências sociais, religião, filosofia e medicina.

O lançamento da coleção foi realizado na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro, na quarta-feira, 28. O vice-presidente da ABL, Cícero Sandroni, fez a abertura da cerimônia dando boas-vindas ao século 18. "Agora ficou mais fácil chegar lá", brincou. Para o acadêmico, a aquisição representa uma contribuição enorme para que os estudiosos estabeleçam uma ponte entre o passado e o futuro.

O presidente em exercício da Capes, Renato Janine Ribeiro, ressaltou que a nova base do Portal de Periódicos representa um investimento na educação e na pesquisa, que contribui para o desenvolvimento da sociedade brasileira. "É muito importante, porque estamos introduzindo um novo tipo de título que é o livro para a comunidade acadêmica", afirmou.

A apresentação da base foi feita pelo diretor de Programas da Capes, José Fernandes de Lima, que destacou as facilidades de busca e a importância de encontrar os textos no idioma original. Os livros são apresentados em inglês, francês, alemão e latim. "Temos que aumentar a visibilidade internacional da produção acadêmica brasileira. Essa base irá contribuir para que estudantes e pesquisadores das ciências humanas consigam publicar mais artigos científicos", disse. A presidente da Comissão Brasileira de Bibliotecas Universitárias (CBBU), Sigrid Weiss Dutra, acrescentou que seria inviável reunir tal acervo de forma física. "As humanidades terão informação valiosa para ampliar seu desempenho."

Da cerimônia participaram o diretor de Políticas de Educação Superior do MEC, Godofredo de Oliveira Neto; o vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências, Carlos Eduardo da Rocha Miranda; bibliotecárias, representantes de área da Capes, professores, pesquisadores e estudantes.

Os usuários interessados em conhecer a base devem procurar as bibliotecas das universidades públicas e instituições privadas com cursos de pós-graduação avaliados com conceito igual ou acima de cinco. Para o doutor em filosofia e especialista em autores do século 18, Plínio Smith, a aquisição da base é fundamental para a área de ciências humanas porque faltam bibliotecas no Brasil. "O acesso à base muda o patamar da pesquisa em ciências humanas. Esses textos melhoram a qualidade da pesquisa", avalia.

A Tolerância, Intolerância e Liberdade no Século 18 foi o tema de discussão escolhido pelo acadêmico Sérgio Paulo Rouanet e pelo diretor de Avaliação da Capes e filósofo, Renato Janine Ribeiro, para celebrar a nova base de informações científicas. O iluminismo na Revolução Francesa, a liberdade, idéias desenvolvidas por autores daquela época como Rousseau, Montesquieu, Voltaire, Locke, Diderot e D'Alembert fizeram parte da exposição dos dois estudiosos. A apresentação poderá ser acessada no sítio da Capes a partir da próxima semana.

EUA abrem consulta pública para discutir fim de contrato com ICANN

Por Jeremy Kirk
em IDG Now!
3 julho 2006

Uma divisão do Departamento de Comércio Norte-Americano está aceitando comentários sobre o destino do ICANN, organização que supervisiona os domínios de internet no mundo todo. A data final para comentários é sexta-feira (07/07), de acordo com a Administração Nacional de Informação e Telecomunicações (do inglês, NTIA), que começou a solicitar opiniões públicas em 7 de junho.

O Governo dos Estados Unidos privatizou o ICANN em 1997, uma organização sem fins lucrativos, e está pedindo maior participação internacional na formulação de políticas. Os comentários serão incorporados ao encontro que vai definir a transição do modelo de gestão do ICANN, marcado para o dia 26 de julho. O ICANN vem sendo criticado por estar sob o controle do governo norte-americano. O Departamento de Comércio tem acordos com o ICANN tem poder de veto sobre as decisões do órgão, em razão de um memorando de entendimento que expira em 30 de setembro. A posição do ICANN tanto pela administração da internet como por sua localização dentro da máquina federal norte-americano foi alvo de críticas.

Os Estados Unidos, enquanto negociavam cooperação, mantiveram o seu papel na gestão da internet, citando a necessidade de estabilidade e segurança no comércio eletrônico. Em julho de 2005, os Estados Unidos disseram que não tomariam ações "que teriam o potencial para impactar a operação efetiva e eficiente para os provedores e que manterão, assim, seu papel histórico nas autorizações de mudanças e modificações para os arquivos dos servidores raiz de domínios".

O ICANN administra 13 servidores raiz espalhados pelo mundo, que combinam nomes de domínios com endereços numéricos. O acordo também dá ao ICANN o poder de aprovar novos domínios de nível top, como o ".tel" aprovado em maio, e políticas técnicas cruciais aos funcionamento da internet. Opiniões publicadas no site da NTIS aparecem como parte de uma campanha semicoordenada com opiniões escritas à mão, com opiniões de usuários de países como Togo, Nigéria, Brasil, Marrocos e Haiti, entre outros. A maioria delas é a favor da criação de uma organização distante do governo norte-americano.

"A melhor instituição seria uma fundação sem fins lucrativos controlada por órgãos sem ação de governos com o único interesse de manter o fluxo livre de informações", escreveu Thomas Doehne, morador do condado de Novato, na Califórnia. "Enquanto os Estados Unidos revisam seu contrato com o ICANN, o país deveria trabalhar ao lado de todos os acionistas do órgão para completar a transição para um Sistema de Nomes de Domínios (do inglês, DNS) independente do controle do governo", escreveu o francês Laurent Mellinger.

Comentários podem ser enviados para o endereço DNSTransition@ntia.doc.gov. O departamento está publicando em tempo real os comentários no site da NTIA.

"Wikipedia não é anarquia", diz fundador do site

Por Sérgio Vinícius
em Folha Online
1° julho 2006

Em maio deste ano, Jimmy Wales foi considerado pela revista "Time" uma das cem personalidades mais influentes do mundo, sendo um dos primeiros na lista de pessoas ligadas à ciência e à pesquisa. Essa fama é devida à sua criação mais popular, o portal Wikipédia, uma enciclopédia on-line livre e colaborativa, criada em janeiro de 2001.

Todo o conteúdo da enciclopédia está licenciado sob GNU Free Documentation License, patente que permite aos usuários editar e alterar os verbetes. Ela tem mais de 3,5 milhões de artigos em 205 idiomas e dialetos. "O conteúdo pode ser editado e incluído por qualquer pessoa", diz Wales.

"Mas há uma série de colaboradores que filtram cuidadosamente o que entra na página. Esse é nosso modo de tentar minimizar as falhas." Na semana passada, Wales veio pela segunda vez ao Brasil, para participar do iSummit, no Rio de Janeiro. Na ocasião, ele falou à Folha. Veja os principais trechos da entrevista.

FUTURO - "De forma geral, é impossível fazer uma previsão específica sobre a Wikipédia. Entretanto, acredito que os próximos passos dirão respeito a um aumento considerável de conteúdo em línguas que são minoria hoje, como o chinês." O FIM - "Não acredito que um dia a Wikipédia estará completa. Ela não terá fim do ponto de vista de conteúdo, já que o conhecimento humano nunca terá fim. Assim, tanto o conhecimento quanto a Wikipédia estarão sempre crescendo."

MERITOCRACIA - "As pessoas pensam que a Wikipédia é uma anarquia, mas a base dela é a meritocracia, na qual o conteúdo e as ações dos colaboradores mais confiáveis e ativos têm mais destaque que a de outros. Esse tipo de método é baseado em mérito. Trata-se de um sistema muito bom, e é, sim, hierarquizado. Esse é o modelo que a Wikipédia vai continuar trilhando, de acordo com as mudanças que estamos tendo de implantar aos poucos, para dar mais confiabilidade à enciclopédia."

CONHECIMENTO - "Um dos maiores méritos da Wikipédia é ser feita por pessoas ao redor do mundo, com conhecimentos e vivências diferentes. Isso transforma um conhecimento específico em algo partilhado entre todos."

NUPEDIA - "A principal diferença entre a Nupedia (projeto de enciclopédia de Wales, antecessor da Wikipédia) e a Wikipédia é a diversão. A Nupedia era um projeto sisudo, em que os artigos eram cuidadosamente revisados antes de ir ao ar. Já na Wikipédia há uma maior abertura para quem contribui com conteúdo. Todo o processo de contribuição com a Wikipédia é divertido,o que não ocorria com a Nupedia."

Novas leis nos EUA poderão cobrar "pedágios" na internet

Por Juliana Barreto
em Folha Online
5 junho 2006

A notícia fez tremer as bases de empresas como Google e Microsoft: uma emenda em um projeto de lei que trará mudanças nas regras seguidas pelas empresas de telecomunicação nos EUA não foi aprovada. Com a rejeição, os provedores de acesso à internet via cabo deram um importante passo para entrar nos mercados de TV e de serviços via rede, podendo até filtrar quais os tipos de dados que poderão ser recebidos e enviados pelos computadores.

Na prática, ferramentas populares, como Skype, podem ter a velocidade limitada para beneficiar o serviço de uma empresa parceira do provedor. Outra ameaça são os provedores cobrarem mais caro para os usuários que desejam ter mais velocidade nos serviços de voz e de vídeo on-line. No lugar de exigir mensalidades mais caras de acordo com a velocidade de conexão, as empresas poderão dividir seus planos de acordo com o tipo de dados que os usuários trocam pela rede.

A emenda rejeitada exigia que a nova lei trouxesse regras que garantissem a neutralidade da internet, ou seja, qualquer informação trocada entre os micros, como voz, vídeo ou texto, tivesse tratamento igual.

A decisão final ainda não foi tomada, mas a discussão nunca foi tão intensa. De um lado da disputa estão os portais, que precisariam gastar mais para garantir a qualidade de seus serviços e sofreriam grande concorrência dos provedores. Do outro, ficam alguns gigantes das telecomunicações, que teriam o controle dos canais por onde transitam informações de voz, de texto e de vídeo. No meio de tudo isso, os internautas do mundo todo, que, direta ou indiretamente, devem sentir no bolso os reflexos das mudanças que estão por vir.

Creative Commons, os direitos autorais na era digital

Por Diego Assis
em O Estado de S. Paulo
3 junho 2006

Espécie de "segunda casa" do Creative Commons, o Brasil sediou, no penúltimo final de semana, o segundo encontro internacional dos líderes e simpatizantes do movimento, que militam por um direito autoral mais flexível e adequado aos tempos da internet e do remix. Idealizado há 5 anos pelo professor de Direito da Universidade Stanford Lawrence Lessig, o Creative Commons oferece ao autor um conjunto de licenças que permitem a ele "marcar" sua obra com certas liberdades combinadas - é permitido copiar e distribuir, por exemplo, mas não fazer uso comercial; ou ainda, é permitido copiar, distribuir e comercializar, mas esses mesmos direitos devem ser preservados na obra resultante. Como escreve Lessig em seu livro Cultura Livre, a bíblia do Creative Commons: trata-se de um modelo de "alguns direitos reservados" - um meio-termo entre o "todos os direitos reservados"do copyright tradicional e o "nenhum direito reservado" do copyleft. Entre uma palestra e outra - e bem antes de ser jogado na piscina do hotel Marriot de Copacabana ao final do evento - o professor teve a seguinte conversa com o Link:


Uma das principais discussões do encontro girou em torno da complexidade das licenças Creative Commons. Alguns sustentam que é necessário simplificá-las para atrair mais adeptos. Qual é a sua opinião sobre isso?

Eu adoraria que houvesse apenas uma ou duas licenças. Mas a realidade é que as pessoas têm desejos diferentes e, no lugar de dizer a elas como devem proceder, penso que, primeiro, é preciso trazê-las para um diálogo sobre liberdades usando as licenças Creative Commons. Depois, quando tivermos 1 bilhão ou 2 bilhões de obras licenciadas, poderemos conversar sobre como o fato de você ter escolhido uma licença não-derivativa está tornando seu trabalho inacessível para todas essas pessoas. Ou como o fato de ter escolhido a licença de compartilhamento também pode significar que outras pessoas não possam usar seu trabalho.


O número de obras licenciadas em Creative Commons já chega a 140 milhões na web. Qual é o impacto econômico que teremos com a flexibilização dos direitos autorais?

Acho que será enorme. E positivo. Pense sobre os modelos de copyright hoje. Eles aumentam dramaticamente o custo para que se usem os trabalhos - especialmente porque haverá advogados no meio. Se você reduz esse copyright apenas para aqueles trabalhos onde há um mercado comercial e deixa todo o resto em domínio público, então haverá diversos tipos de usos econômicos para eles, que não seriam possíveis no sistema existente. Você pode digitalizar filmes antigos, que não estão mais disponíveis, e torná-los acessíveis novamente, usá-los para educação. E isso você não pode fazer hoje. Os custos para liberar os direitos são muito altos. Os religiosos do copyright persuadiram o mundo de que, se aumentamos os direitos, nós aumentamos a propriedade. E isso é economicamente falso. O oposto é falso também. O que sempre compreendi como copyright é um equilíbrio útil, de bom senso. Em alguns momentos, aumentar os direitos na verdade prejudica a economia.


Organismos internacionais de comércio costumam ter uma posição muito dura quando o assunto é propriedade intelectual. Você vê alguma possibilidade de mudança ou flexibilização nesse campo?

Com certeza, sim. Principalmente por causa de países como Argentina, Brasil e Índia, que têm mostrado que é necesário fazer uma análise comercial antes de regular sobre qualquer coisa. E isso não é radical, é a coisa mais conservadora que você pode fazer! O impressionante sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO, na sigla em inglês) é o quão distantes elas estão de princípios básicos de uma legislação sensível, de avaliar se uma regulação pode fazer mais bem do que mal à sociedade. O que está guiando a WIPO é o que move os países mais poderosos, e o que guia os países mais poderosos são pequenos interesses econômicos dos que querem continuar a lucrar com obras que têm 100 anos de idade. Eu não os culpo, é o trabalho deles fazer dinheiro, é isso que as empresas fazem. Mas o que questiono é o fato de os governos desses países serem tão irresponsáveis ao proteger o interesse deles contra o interesse público. A Disney ganha, o interesse público perde.


Como você avalia a aproximação recente de empresas como Microsoft, Google e Yahoo! ao movimento Creative Commons?

Eu quero que o Creative Commons se torne uma plataforma na qual todas essas companhias confiem. A Microsoft reconheceu sabiamente que, ao construir uma ferramenta que permite às pessoas marcarem suas obras com licenças Creative Commons, está apenas acrescentando valor ao seu produto. Ela é uma das primeiras que investiu recursos próprios para permitir que seus usuários usem nossas licenças em aplicativos de desktop (leia mais ao lado). O mesmo com Google e Yahoo!, que incluíram nos seus mecanismos de busca tecnologias que permitem encontrar arquivos e páginas licenciados em Creative Commons. De novo, isso apenas torna seus sistemas mais valiosos. E somos a favor disso. O que não faremos é entrar em parcerias comerciais com ninguém. Porque não somos uma entidade comercial e não vamos fazer acordos que comprometam o que é importante para a gente. O Creative Commons não é um movimento dedicado a destruir o copyright, mas um movimento dedicado a reconstruir o direito autoral para que ele faça mais sentido na era digital.


Quais são seus próximos planos pessoais?

Já está escrevendo um próximo livro?Sim. No ano que vem estarei em Berlim, sem lecionar, e terei tempo para trabalhar no próximo livro. O foco principal é naquilo que chamo de sociedades "read-write" e "read-only", conceitos tirados da tecnologia da computação. Uma sociedade "read-only" é aquela na qual as pessoas são apenas receptoras; "read-write" é aquela em que as pessoas recebem, criam e compartilham. Penso sobre isso em três áreas separadas: no comércio, na cultura e na política. O século 20 foi essencialmente o século do "read-only". É a imagem do sedentário assistindo à televisão. É o tempo da política do "broadcasting": em vez de mobilizar pessoas, como acontecia na época da política de partidos, são feitos comerciais de 30 segundos. Agora, a tecnologia está mudando isso. Com a emergência blogs, as pessoas estão se engajando novamente para agir, em vez de consumir. É a sociedade "read-write".