30 janeiro 2007

Mast salva documentos antigos da ação de tinta corrosiva

Por Thalita Brunet
em Jornal da Ciência
30 janeiro 2007

Da idade media até o fim do século XIX a maioria dos documentos eram escritos com um mesmo tipo de tinta: a tinta ferrogálica. Esta tinta, na presença do oxigênio, sofre um processo chamado corrosão, por isso tornou-se uma ameaça aos documentos hoje guardados em museus e bibliotecas.

Composta principalmente por ferro, a tinta simplesmente "enferruja" e acelera o processo de degradação do papel.

É aí que começa o trabalho do Laboratório de Conservação e Restauração de Papel (Lapel), localizado no campus do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast).

Através do trabalho do engenheiro químico Alexandre Vilela, 32 anos, bolsista do Programa de Capacitação Institucional, o museu está pesquisando meios para interromper a corrosão e salvar seu rico acervo de documentos de C&T.

O primeiro passo do projeto foi obter uma reprodução exata da tinta ferrogálica. Para isto foi preciso unir os componentes noz de gales - uma semente rara e de alto custo importada de uma empresa alemã - sulfato ferroso e goma arábica.

Depois, a tinta pronta foi usada em vários papéis diferentes. Esses foram divididos e submetidos a três diferentes tipos de tratamento, para então serem envelhecidos, de forma acelerada e natural, permitindo um estudo comparativo e a observação desses efeitos a longo prazo.

Um dos tratamentos é feito especificamente para o ferro, que é a substância que predomina na tinta e a que mais danifica o papel.

Este método, chamado de Complexação de Ferro, só pode ser aplicado a documentos em que a tinta seja exclusivamente composta por ferro.

Os resultados, como era esperado, ainda estão sendo analisados, mas indicam um bom caminho.

A interrupção da ação destrutiva de corrosão da tinta ferrogálica nos documentos faz com que os pesquisadores e historiadores respirem mais aliviados. A próxima etapa é tratar o que ainda não foi danificado. Diferente da restauração, a preservação é mais simples e tem menor custo.

A restauração de documentos e instrumentos científicos vem sendo uma das principais missões institucionais do Mast, que no final de 2007 deverá inaugurar um novo prédio dedicado exclusivamente à pesquisa, guarda e tratamento de arquivos históricos da Ciência e de cientistas brasileiros.

O prédio será um dos poucos no Brasil a ser construído exclusivamente para abrigar acervos históricos.

Rio ganha primeiro Museu das Telecomunicações

em Jornal da Ciência
30 janeiro 2007

Previsto para ser inaugurado no Instituto Oi Futuro no dia 30 de janeiro, o Museu das Telecomunicações - o primeiro do país - vai lançar um conceito revolucionário de exposição: o do hipertexto.

A idéia é contar a aventura e a história da comunicação humana não apenas através de objetos museológicos, como telefones, aparelhos de telex, mas também por meio de telas de plasma, LCD e computadores mac minis.

Elas se multiplicam e se subdividem em fotografias, vídeos e textos, permitindo aos visitantes “viajar” por uma infinidade de janelas de informações num mesmo espaço.

Antes de entrar no museu, ainda no terceiro andar do Oi Futuro, um imenso painel digital dará uma idéia ao visitante do que ele verá logo acima. Um telefone vai permitir que qualquer um que esteja ali entre em contato com qualquer pessoa dentro do museu.

Na entrada, o visitante receberá um aparelho portátil para que possa interagir com as instalações, e ouvir os textos dos filmes exibidos, muitos com narração original ou vozes de atores como Miguel Falabella, Marisa Orth e Renata Sorrah.

Logo na entrada, quem dá as boas-vindas é Maria Bethânia cantando "Oração ao Tempo", de Caetano Veloso.

Um dos principais objetos em exposição é um exemplar do primeiro PC vendido no mundo. Ele está imerso numa espécie de cubo gigante de gelo.

A trilha sonora dessa preciosidade pré-histórica é um cordel cantado pelos atores Tadeu Melo e Fabiana Carla.

Há também listas telefônicas digitalizadas que revelam o endereço de cariocas ilustres e arquivos sonoros inéditos, como as vozes de Clarice Lispector, Freud, Thomas Edison e Lacan, entre outros.

O visitante também verá e poderá testar um Moog Theremin, instrumento que Rita Lee tocou no Oi Noites Cariocas, no Morro da Urca, de onde tirava sons espaciais apenas com o calor das mãos.

Num dos compartimentos do museu, aparece outra curiosidade: uma gigantesca Linha do Tempo, onde o visitante poderá selecionar uma época girando um grande dial, e ouvir sobre cada etapa da história das telecomunicações ou sobre os fatos que marcaram época.

Dos sinais de fumaça feitos por índios (a primeira comunicação humana) à conquista do espaço. Da inauguração do Maracanã à invenção da pílula anticoncepcional.

E há muito mais coisas. Entre as mais de 200 peças expostas estão todos os modelos telefones públicos, aparelhos de telex e fax e as fichas de telefone já usadas no país.

O charme fica por conta de uma cabine telefônica de 1930 onde o visitante entra e faz uma viagem no tempo através de filmes daquela época, com imagens de Procópio Ferreira, entre outros artistas.

Se as listas telefônicas parecem cada vez mais coisa do passado, no Museu das Telecomunicações, ela será uma atração multimídia à parte.

Com apenas um toque, é possível saber exatamente onde personalidades como Rui Barbosa e Antonio Carlos Jobim moraram no Rio de Janeiro. Além do endereço, aparecem na tela imagens da rua em que viveram e curiosidades sobre cada um.

A sala dos Profetas do Futuro também impressiona. O visitante entra compartimento individual, senta numa poltrona e aciona um comando que permite que veja rostos de personalidades que tiveram, em diferentes momentos da história, uma visão futurista da humanidade, projetados em uma cabeça virtual.

Leonardo da Vinci, Platão, Goethe e o brasileiro Oscar Niemeyer são alguns dos homenageados por vários artistas brasileiros.

O museu, que integra história, ciência e entretenimento, está montado numa área de 210 metros quadrados no sexto andar do Oi Futuro.A curadoria é de Maria Arlete Gonçalves, gerente do Oi Futuro. A concepção visual foi do designer Gringo Cardia e o projeto multimídia, de Marcelo Dantas. A iluminação é de Peter Gasper.

ibict e órgão norte-americano criam bases para acordo de cooperação técnica

em Jornal da Ciência
26 janeiro 2007

Um acordo de cooperação técnica entre o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict/MCT) e a Online Computer Library Center (OCLC) foi pauta de reunião nesta quinta-feira (25), entre os técnicos das duas instituições, na sede do Ibict.

O acordo, segundo o coordenador de Projetos Especiais do Instituto, Hélio Kuramoto, prevê a disseminação e inserção dos dados e registros da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) no catálogo internacional WorldCat, um serviço de divulgação que envolve mais de 10 mil bibliotecas no mundo, com mais de 1 bilhão de itens bibliográficos.

O WorldCat é um serviço de Open Access ou Acesso Livre, desde outubro de 2006.

Kuramoto explicou que a OCLC é um tradicional organismo norte-americano na área bibliográfica e que mantém nos EUA uma série de dados bibliográficos, além de envolver mais de mil instituições mundiais.

A OCLC é uma instituição privada sem fins lucrativos que recebe as informações e as converte para um sistema de discrição de registro bibliográfico denominado de Marc21.

"Vamos fazer um teste inicial com cem registros da BDTD. Eles serão encaminhados para a OCLC no WorldCat. E, com o termo de cooperação assinado serão disponibilizados outros registros, não apenas teses e dissertações. Havia algumas dúvidas por parte dos técnicos, e o encontro possibilitou a troca de esclarecimentos. A cooperação com a OCLC vai possibilitar que outras unidades de pesquisa do MCT utilizem o sistema firstSearch, o que possibilita utilizar o WorldCat com mais criatividade. Outro fator é que o acordo possibilitará ainda que as bibliotecas possam fazer o download em Marc21", disse Kuramoto.

O coordenador do Ibict lembrou que hoje são 34 mil registros disponibilizados na BDTD e que o acordo de cooperação está sendo analisado por técnicos do MCT.

Participaram da reunião Sueli Maffia, coordenadora da BDTD, Lucia Shelton, especialista de suporte da OCLC, Tim Rapp, diretor da OCLC para América Latina e Caribe, e Márcia Evaristo, coordenadora de Articulação, Avaliação e Acompanhamento de Produtos e Serviços.

Livro custa caro (também para as editoras)

Por Sérgio Pinto de Almeida
em Leia Livro
22 janeiro 2007

A historinha é simples e sugere reflexões. Foi assim... Em maio de 2004 a Editora Papagaio recebeu um “zémeio” da bibliotecária da Faculdade São Luiz. Pra quem não sabe, a São Luiz é uma das “faculdadonas" do país. Tem mais de 58 anos, está instalada em prédio próprio, grande, majestoso, em plena Av. Paulista, e dá aula para boa parte da elite paulistana nas áreas de administração, ciências contábeis e ciências econômicas. Cobra bem e é tida como faculdade de rico.

Muito bem, mesmo assim a bibliotecária mandou seu singelo “zémeio” pedindo.... livros. Isso mesmo, que a modesta Editora Papagaio doasse livros para ajudar a biblioteca da poderosa faculdade e assim atendesse o desejo dos alunos que cobravam títulos fora das áreas técnicas, especialmente literatura.

O primeiro impulso foi simplesmente desprezar a mensagem. Mas respondi afirmando que a editora não faz doações. E se o fizesse seria apenas para faculdades públicas brasileiras, carentes de verbas e sofrendo eterna crise financeira. Afirmei ainda que caberia ao corpo dirigente da São Luiz destinar verbas suficientes para ampliar o acervo de sua biblioteca.

A bibliotecária ainda retrucou, discordando, e contando que sabia que doar livros era uma prática das editoras, portanto... não custava pedir.

Mantive a negativa e encerrei a conversa. Mas a partir desse episódio lembrei de outra história, atribuída à famosa atriz Cacilda Becker que tinha por princípio não distribuir convites para seus espetáculos e justificava:

– Não posso dar de graça a única coisa que sei fazer.

E outra ainda, de Carlos Lacerda, ele mesmo, O Corvo da política brasileira e fundador da editora Nova Fronteira. Certa vez, depois de deixar o mercado financeiro, Lacerda encontrou seus antigos companheiros de finanças, e ouviu de um deles a queixa de que não tinha recebido nenhum livro de presente da nova editora. Ao que Lacerda respondeu:

– Engraçado, eu também não ganhei nenhuma letra de câmbio de vocês...

Assim é. Todo mundo pode pedir doações para as editoras, afinal, o pedido “é para divulgar a literatura, a cultura”, e por aí vai. E dá-lhe pedidos de jornalistas, escritores, igrejas, ONGs, bibliotecas, penitenciárias, associação de amigos de bairro, cursinhos e por aí afora. Uma festa!

Por que será que essas mesmas entidades não pedem um carro zerinho pra Volks quando ela lança um novo modelo? Por que não um apartamento pra Coelho da Fonseca em um novo empreendimento? Ou um “quarto completo” pras Casas Bahia?

Será que se eu fechar a Papagaio e abrir um bar muita gente vai pedir um trago de graça? Ou vai aparece alguma entidade pedindo uma porção de queijo com um pouquinho de azeite e uma pitada de orégano?

Cofre guarda nos Açores exemplar raro de 'Os Lusíadas'

Por Ruben Medeiros
em Lusa
21 janeiro 2007

Um cofre climatizado guarda uma das principais raridades do acervo da Biblioteca Pública de Ponta Delgada (Arquipélago dos Açores): um dos seis exemplares da primeira edição de "Os Lusíadas" (foto), de 1572, e que permanece desconhecido do grande público.

Diante de sua raridade e valor histórico, a obra maior do poeta luso Luís Vaz de Camões, que narra os feitos dos descobrimentos portugueses, está "cercada de cuidados", explicou, à Agência Lusa, Francisco Silveira, o responsável pelas coleções particulares da única biblioteca nos Açores a dispor de um exemplar tão raro da obra.

Sem nenhum pedido de consulta em 2006, esta edição de "Os Lusíadas" tem sido, ao longo dos anos, apenas solicitada por pesquisadores e estudiosos, a maioria dos quais professores universitários.

Apesar da fragilidade, o livro, de 18 centímetros de altura, editado em Lisboa, "está em bom estado de conservação", assegurou Silveira, ao adiantar que o exemplar poderá ser consultado pelo público, mas com certas regras a cumprir.

Composto por dez cantos, 1.102 estrofes e 8.816 versos, a obra pode ser consultada depois de preenchida uma ficha, como acontece com os outros livros da biblioteca, embora o requerente tenha de justificar, por escrito, o propósito da consulta.

"O objetivo de uma biblioteca é facultar o acesso a todos os documentos e livros que a instituição possui, claro que com regras mais rígidas para edições mais importantes", afirmou Silveira.

DESCONHECIMENTO

Apesar de disponível, é, ainda, "rara" a requisição desta edição de "Os Lusíadas" nos Açores, por desconhecimento de sua existência em Ponta Delgada.

Um desconhecimento que não incomoda o responsável pelas coleções particulares da Biblioteca Pública, até porque o local não implementou ainda a utilização de luvas para manusear os livros mais valiosos ou de maior interesse histórico de seu acervo.

Silveira explica que a transpiração pode deteriorar o papel, e que por isso há de se ter "mil e um cuidados" quando alguém requisita esta edição rara da obra portuguesa, publicada três anos após o retorno de seu autor do Oriente.

A primeira edição de "Os Lusíadas" faz parte dos cerca de 18 mil títulos da biblioteca pessoal de José do Canto, que reúne livros do século 15 ao 19, adquiridos em maio de 1942 pela instituição.

"Trata-se de uma das mais valiosas coleções privadas, seja pela raridade das espécies bibliográficas ou pela coleção camoniana, considerada por especialistas a segunda maior em nível nacional", afirmou Francisco Silveira.

OBRAS CONTEMPORÂNEAS

A coleção particular do bibliófilo dos Açores contém quase todas as primeiras edições de autores portugueses contemporâneos como Alexandre Herculano, Antero de Quental, Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós, e alguns estrangeiros, como Darwin e Dumas (pai e filho), indicou.Além disso, a coleção camoniana de José do Canto reúne todas as edições de "Os Lusíadas" editadas em Portugal até 1898, ano da morte do autor.

"No total são cerca de 110 edições portuguesas, publicadas entre 1572 e 1892", disse Silveira, acrescentando que a coleção inclui, ainda, cerca de 105 edições estrangeiras, traduzidas em húngaro, alemão, inglês, francês, italiano, espanhol, russo e japonês.

Este acervo bibliográfico de grande valor histórico foi reunido ao longo dos anos, fruto dos contatos que José do Canto manteve com vários colecionadores na França e na Inglaterra.

Para facilitar e generalizar o acesso das obras mais consultadas e de maior valor histórico, a Biblioteca Pública de Ponta Delgada está digitalizando seus títulos, em um serviço que deverá ser disponibilizado, parcialmente, ainda este ano.

INTERNET

Na página da instituição na Internet, os visitantes vão poder, também no futuro, pesquisar o arquivo digital e conhecer as coleções particulares que compõem o acervo da biblioteca da maior cidade açoriana, que já conta com 2.850 usuários com cartão de leitor.

A Biblioteca Pública de Ponta Delgada conta com mais de 110 mil títulos, provenientes de coleções privadas e de conventos, com mais de 85 mil obras devidamente catalogadas.

"A Biblioteca está entre as quatro maiores do país devido à raridade dos títulos de que dispõe", afirmou Silveira, ao destacar um livro de Fernão Lopes da Castanheda, de 1551, que conta a história dos descobrimentos e conquistas portugueses na Índia e que não está na Biblioteca Nacional, em Lisboa.

Louvre bate recorde e se mantém como museu mais visitado do mundo

Por France Presse
em Folha Online
22 janeiro 2007

O museu do Louvre, em Paris, recebeu em 2006 um número recorde de visitantes --8,3 milhões, contra os 7,5 milhões de 2005-- e continuou sendo o museu mais visitado do mundo.

O crescimento no número de visitantes se verificou em todas as áreas. "Esse novo aumento se deve tanto pelas visitas às coleções permanentes, em alta constante há vários anos, como pelas exposições temporárias, e tanto pelo público estrangeiro como pelo francês", afirma um comunicado da direção do museu.

Segundo a nota, uma "conjuntura turística favorável" também ajudou o Louvre a bater o recorde de visitantes.

O museu apresentou 17 exposições em 2006. Somente a mostra sobre o pintor neoclássico francês Jean-Auguste-Dominique Ingres recebeu 379 mil visitantes.

Construção de biblioteca une palestinos e israelenses

Por Ansa
em Estadão.com.br
16 janeiro 2007

Ainda que distantes de uma paz política e religiosa, um grupo de palestinos de Jericó e uma comunidade israelense em Akko irão se unir, com o apoio do governo de Pisa (Itália), para construir uma biblioteca que seja "patrimônio da humanidade".

A idéia foi divulgada nesta terça-feira na reunião do projeto Med Cooperation e anunciada pelo prefeito da cidade italiana, Paolo Fontanelli. O plano parte de uma realidade já existente: Jericó construiu "uma magnífica livraria, e Akko recentemente abriu um Centro de Conservação Internacional em sua cidade velha", segundo explicou uma nota.

A idéia é aumentar o conteúdo e a atividade de cada um destes centros - reconhecidos pela Unesco como patrimônio da humanidade - para construir uma "biblioteca única" (que também será "patrimônio da humanidade") e que servirá aos cidadãos das duas cidades, aos estudantes e pesquisadores de todo o mundo.

"É um resultado importante porque em um primeiro momento as duas comunidades, apoiadas por Pisa, concordaram em se falar e trabalhar juntas em um projeto", disse o prefeito da cidade, concluindo que a iniciativa será uma "contribuição ao diálogo entre os dois povos".

Projeto Caixa-Estante estimula a leitura em São Paulo desde 1956

em Boletim Livro e Leitura
22 janeiro 2007

Desde 1956, a cidade de São Paulo conta com o serviço de Caixa-Estante nos Departamentos de Bibliotecas da Secretaria Municipal de Cultura. O sistema busca facilitar o acesso à informação, à leitura e ao lazer, visando sensibilizar a comunidade e estimular a criação de novas demandas em relação ao livro e à leitura. O acervo do Caixa-Estante é disponibilizado a diferentes instituições culturais, educacionais e assistenciais que tenham interesse em desenvolver atividades de promoção de leitura e empréstimo de livros. Existem 50 caixas-estantes instaladas, incluindo comunidades e instituições atendidas pelos projetos Mudando a História e Ler para Valer

Domínio Público já teve mais de três milhões de acessos

em Jornal da Ciência
30 janeiro 2007

Lançado em novembro de 2004, pela Secretaria de Educação a Distância (Seed/MEC), o portal Domínio Público recebeu, até dezembro de 2006, mais de três milhões de visitas.

O portal promove acesso a obras literárias, artísticas e científicas em forma de som, texto, vídeo e áudio, já em domínio público, ou obras que tenham devida a licença por parte dos titulares dos direitos autorais. Em dois anos, foram cadastradas mais de 30 mil obras.

Para o crescimento contínuo do portal, a meta é cadastrar mensalmente três mil obras. "Nossa intenção é diversificar cada vez mais o conteúdo", explicou o gerente do programa, Marco Antonio Rodrigues. No portal, é possível encontrar obras literárias como Grande Sertão, Veredas, de Guimarães Rosa; literatura de cordel, vídeos da TV Escola, músicas e obras de Leonardo da Vinci.

A obra com maior número de acessos é A Divina Comédia, de Dante Alighieri, que recebeu mais de 47 mil acessos. A música mais procurada pelos internautas é Olodum, de Gilberto Gil - superou a marca de 30 mil acessos. O vídeo preferido é Do Sonho aos Ares (Santos Dumont), com mais de 35 mil visitas.

O usuário do portal pode colaborar como voluntário, ao digitalizar obras de domínio público; como autor, ao ceder obras da própria autoria; como parceiro, ao ceder direitos autorais de obras de pessoa jurídica, e como tradutor de obras de domínio público.

Agepel cria primeira Biblioteca Virtual de Goiás

em Goiás Agora
9 janeiro 2007

A Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (Agepel) mantém em fase experimental a Biblioteca Virtual de Goiás, a primeira do Estado nessa modalidade. Resultado de um trabalho de quatro meses, o banco de dados é uma produção do escritor e pesquisador e presidente do Instituto Goiano do Livro (IGL), Jacy Siqueira. A biblioteca funciona no Arquivo Histórico Estadual, Praça Cívica, Centro.

A Biblioteca Virtual reúne mais de uma centena de títulos (clássicos da literatura brasileira), disponíveis atualmente no sítio da Biblioteca Nacional. Há ainda a coleção completa da Matutina Meyapontense, o primeiro jornal a circular no Centro-Oeste (em Pirenópolis, de 1830 a 1834), Revista Oeste e A Informação Goiana, obras que compõem a história da comunicação em Goiás, já produzidas por Siqueira em CD para a Agepel.

Um dos aspectos mais significativos do conteúdo da Biblioteca Virtual são documentos do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa (Portugal) sobre a história de Goiás e do Brasil dos séculos XVIII e XIX. Chama a atenção a presença de obras como a primeira edição de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, entre vários manuscritos de grande valor histórico. Siqueira produziu ainda versão informatizada de biblioteca para o Museu Ferroviário de Pires do Rio e se prepara para implantar o serviço também no Centro Cultural Oscar Niemeyer.

"Wikipédia dos massacres" chega à internet neste ano

Por France Presse
em Folha Online
15 janeiro de 2007

A primeira enciclopédia on-line dedicada aos episódios de violência em massa que marcaram o século 20 --do Holocausto judeu ao genocídio ruandês-- será lançada em 2007, graças ao trabalho de uma equipe internacional reunida em um centro de pesquisas francês.

"Em matéria de destruição de populações civis, o século 20 foi um dos mais homicidas da História", disse Jacques Semelin, professor do Centre d'Études et de Recherches Internationales (Ceri - Centro de Estudos e de Pesquisas Internacionais), paralelamente a uma conferência em Marselha (sudeste francês).

A atualidade testemunha isso: em Bagdá, o julgamento de seis ex-responsáveis pelo regime de Saddam Hussein, acusados do massacre de cerca de 180 mil curdos em 1987/1988, recomeçou nesta semana, enquanto o Tribunal Penal Internacional (TPI) para a antiga Iugoslávia julga um dos supostos responsáveis pelo cerco a Sarajevo, que deixou milhares de civis mortos entre 1992 e 1995.

"Nenhuma base de dados reuniu nossos conhecimentos. A enciclopédia deve preencher esta lacuna", explica Semelin.

Autor de uma imponente obra sobre a gênese dos crimes de massa, "Purifier et détruire" (Purificar e destruir), Semelin reuniu 40 pesquisadores do mundo inteiro, entre eles especialistas do estudo de genocídio como a americana Samantha Powers e o alemão Dieter Pohl, para realizar este projeto único, lançado em 2004.

"Mexemos com dinamite", reconhece. A interpretação dos acontecimentos históricos suscita polêmica com freqüência. Fora dos revisionismos, as manipulações da história dos massacres são numerosas, sem contar as divergências de opinião na classificação de genocídio.

Para evitar esses tropeços, a metodologia da enciclopédia (disponível no site www.massviolence.org) será "sumamente rigorosa", destaca Semelin.

O site vai dispor de índices cronológicos, estudos de casos por países e contribuições teóricas sobre o genocídio e os crimes contra a humanidade. "Um comitê científico validará as contribuições. Não queremos correr nenhum risco com a credibilidade das informações", completa.

ORGANIZAÇÃO

Um sistema de estrelas indicará o nível de conhecimentos disponíveis: uma estrela quando a existência de massacres for conhecida, mas não a identidade de seus autores; duas estrelas para os trabalhos de jornalistas e ONGs; e três para os estudos antropológicos, sociológicos, históricos ou jurídicos.

Os textos deverão explicar de maneira clara, tanto para um francês como para um chileno, os massacres de tasmanianos. Esta base de dados estará em inglês, mas os estudos de casos estarão traduzidos na língua do respectivo país.

"Meu sonho é que um jovem descubra neste site que em seu país aconteceram coisas que ignorava ou que lhe apresentaram de maneira deformada", completou. O acesso à enciclopédia será gratuito.

Projeto do Museu Antropológico sobre Patrimônio Imaterial da Universidade Federal de Goiás é aprovado pelo Iphan

Por Marisa Damas Vieira
em Jornal da Ciência
12 janeiro 2007

O Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (MA/UFG) concorreu com instituições de todo o país e teve projeto aprovado em primeiro lugar no edital Mapeamento e Documentação do Patrimônio Cultural Imaterial.

O edital, lançado em 2006 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), constitui-se em uma das ações do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), instituído em 2000 pelo governo federal.

O Projeto do Museu, denominado Sistematização da Documentação Referente ao Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Goiás será desenvolvido durante todo o ano de 2007, como prevê o convênio entre o IPHAN e a Fundação de Apoio a Pesquisa na UFG (FUNAPE/UFG), proponente/gestora dos recursos.

O custo total é de R$ 136,9 mil, dos quais cem mil serão repassados pelo IPHAN e o restante será contrapartida da UFG.

Sob coordenação da doutora em antropologia Telma Camargo da Silva, o Projeto Sistematização da Documentação Referente ao Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Goiás tem, como alguns de seus objetivos, realizar pesquisa documental sobre o patrimônio cultural imaterial do Estado de Goiás e diagnosticar as condições de conservação e acondicionamento desses acervos e do funcionamento das instituições que os abrigam.

Informações que, reunidas, subsidiarão a principal meta do Projeto, que é a constituição de um banco de dados referente à documentação sobre o Patrimônio Imaterial do Estado de Goiás, o qual será posteriormente disponibilizado para consultas.

A equipe do Projeto é multidisciplinar, composta por oito pesquisadores de áreas como a antropologia, a história, as artes visuais e a música, e nove alunos bolsistas dos cursos de graduação em história, artes plásticas, música, ciências sociais e pedagogia.

As ações serão desenvolvidas fundamentalmente a partir de pesquisa documental em arquivos de instituições públicas e privadas de Goiânia, que abriguem acervos referentes à cultura imaterial do Estado de Goiás, delimitados previamente em três áreas básicas: bibliotecas; museus e centros culturais; arquivos.

As categorias do patrimônio imaterial que orientarão a classificação da documentação pesquisada envolvem as temáticas relacionadas a sete campos definidos pela equipe do Projeto: festas e celebrações; mitos, lendas, parlendas, aforismos e outros; sons e imagens de cidades; brincadeiras infantis; culinária; corpo, saúde e doença; histórias de fundação de lugares.

A fim de propiciar a ampliação dos conhecimentos nas áreas específicas de pesquisa etnográfica em arquivos documentais, análise e diagnóstico de conservação, o Projeto prevê treinamentos e minicursos tanto para os integrantes da equipe de pesquisa quanto para membros da equipe do Museu Antropológico e de outros museus de Goiás/instituições afins.

Este é, inclusive, um dos aspectos considerados relevantes como resultados que se espera com as ações do Projeto: a possibilidade de formar uma equipe que possa ser referência no âmbito dos registros da cultura imaterial no Estado e no país, visto ser esta uma área recente e ainda carente de especialistas.

Um outro aspecto, de igual importância, é a oportunidade de disponibilizar os resultados obtidos com esse mapeamento a toda a população interessada, através do banco de dados que será constituído.

Propicia-se, assim, a socialização do conhecimento, bem como o fornecimento de subsídios às instituições públicas e privadas responsáveis pela elaboração e implementação de políticas patrimoniais.

29 janeiro 2007

Mapas antigos da Palestina e Israel estão na Web

em Terra Tecnologia
26 janeiro 2007

A Universidade Hebraica de Jerusalém está oferecendo, em seu site, uma coleção de 1,1 mil mapas antigos da Palestina e Israel. São peças desde o século XV, sendo que o mapa mais antigo data de 1462.

As imagens estão disponíveis para download em alta resolução no endereço da universidade. A iniciativa integra o projeto de digitalização do acervo da Universidade.

Coréia do Norte acusa Sul de violar liberdade na Internet

Por Reuters
em Terra Tecnologia
26 janeiro 2007

A Coréia do Norte afirmou hoje que a Coréia do Sul está violando o direito básico de liberdade de expressão ao bloquear o acesso do público a sites que são simpáticos a Pyongyang. A Coréia do Sul tem impedido o acesso a mais de 30 sites que se designam "pró Coréia do Norte" desde 2004, incluindo a página da agência de notícias oficial norte-coreana, a KCNA.

"Isso é uma ação fascista contra a democracia e os direitos humanos pois infringe a liberdade de expressão dos sul-coreanos e os impede de aproveitar o direito de aproveitarem a civilização baseada na era da Tecnologia da Informação", informou o jornal oficial norte-coreano Rodong Sinmun. "As ações citadas são rudes pois fecham os olhos das pessoas e tampam seus ouvidos e bocas", disse jornal em comentário veiculado pela KCNA.

O bloqueio mostra que a Coréia do Sul está contra a reconciliação com o Norte, afirmou o jornal. O ministério da Unificação da Coréia do Sul informou este mês que não tem planos para levantar o bloqueio.

A maior parte dos norte-coreanos tem limitado ou nenhum acesso a computadores conectados à Internet, afirmam refugiados norte-coreanos e grupos defensores dos direitos humanos em Seul. Já a Coréia do Sul é um dos países mais conectados do mundo: três quartos da população têm acesso à Web.

Venda de livros na França tem a maior queda em 15 anos

em Lusa
27 janeiro 2007

As vendas de livros na França caíram 1,5% em 2006 em termos de valor, o maior recuo dos últimos 15 anos, de acordo com a publicação profissional Livres Hebdo.

Em volume de vendas, a quebra foi ainda maior, 3%, explicou a publicação, recordando que desde o começo das suas estatísticas sobre vendas em 1991 só se tinham registrado perdas em valor em 1997 (-1%) e em 2005 (-0,5%).

A queda foi particularmente pronunciada no quarto trimestre (-4,5%), que é tradicionalmente o que acumula boa parte do mercado no setor.

Por temáticas, as reduções afetaram particularmente as vendas de livros científicos, técnicos e médicos (-4,5%), assim como as de enciclopédias e dicionários (-3,5%), algo que poderá estar associado ao desenvolvimento de uma grande oferta digital. Salvaram-se os livros escolares (+3%), os ensaios e documentos (+ 1,5%), os livros de bolso (+1%).

No que diz respeito à produção editorial, 2006 registrou um crescimento de 8,5%, com 58 mil títulos publicados, quando em 2005 essa alta ficou em 2,4%.

O preço dos livros na França subiu 1,2% no ano passado, de acordo com a Instituto Nacional de Estatística (INSEE), abaixo do índice geral de inflação, que foi de 1,6%.

Tribunais vão trocar documentos pela internet

Por Felipe Zmoginski
em INFO Online
22 janeiro 2007

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) anunciou que inicia em fevereiro a troca de documentos pela internet.

O secretário-geral do Conselho, Sérgio Tejada, anunciou em evento no Rio de Janeiro, que um novo sistema de TI permitirá aos tribunais trocar processos pela internet. Com a medida, o Judiciário espera agilizar o trâmite de processos.

Chamado de “Sistema Virtual Nacional”, a rede segura permitirá a tribunais em diferentes regiões do país acessar documentos de processos que tramitam em diferentes cidades e varas. Assim, a troca de ofícios e a inclusão de assinaturas vai dispensar o transporte físico de documentos entre um tribunal e outro.

Para permitir a digitalização dos documentos, o CNJ vai oferecer suporte técnico, scaners e servidores para a instalação em celulares. Os tribunais usaram um sistema em software livre desenvolvido por técnicos do CNJ para a troca de documentos entre tribunais.

PDF deve virar padrão ISO

Por André Cardozo
em INFO Online
29 janeiro 2007

A Adobe anunciou hoje que vai disponibilizar o padrão PDF 1.7 para aprovação da ISO (International Standards Organization).

As espeficicações do padrão PDF serão enviadas para a AIIM (Enterprise Content Management Association), órgão dedicado ao estabelecimento de padrões de tecnologias de uso corporativo. A AIIM será responsável por criar uma proposta de padronização do PDF, que será enviada à ISO.

A aprovação pela ISO seria um importante passo para a adoção do PDF como padrão global para a distribuição de documentos eletrônicos. Com a adoção do padrão pela entidade, outras empresas poderiam colaborar para a evolução do PDF. Além disso, o PDF teria a vantagem de ser mantido por uma organização desvinculada de uma única empresa ou governo. A ISO já gerencia alguns formatos derivados do PDF, como o PDF/A e PDF/X.

Atualmente o PDF é um padrão muito popular para distribuição de documentos, mas concorre com outros dois formatos. O ODF (OpenDocument Format) é um padrão aberto utilizado pela suíte OpenOffice.org e apoiado pela OASIS (Organization for the Advancement of Structured Information Standards). O formato OOXML (Office Open XML) foi desenvolvido pela Microsoft e faz parte da suíte Office 2007. O OOXML foi padronizado pela ECMA International, outra organização voltada para a adoção de padrões de tecnologia.

Empresas investem em buscadores; internauta quer resultados mais precisos

Por Gustavo Villas Boas
em Folha Online
10 janeiro 2007

O campo de batalha dominado pelo Google promete mudar em 2007. Novas empresas investem em inteligência artificial, personalização e intuitividade em seus mecanismos de busca. Elas prometem precisão e agilidade para o internauta chegar a resultados relevantes. É a chamada busca vertical. Segundo a empresa de pesquisa de mercado Outsell, esse nicho deve movimentar US$ 1 bilhão em 2009.

Um dos destaques nesse campo é o Hakia.com, que possui uma tecnologia capaz de identificar o contexto das páginas analisadas. O site também organiza buscas comuns em galerias. Ao buscar por "car" (carro, em inglês), ele separa os resultados em tópicos como notícias, fabricantes e inovações. Assim, o internauta identifica rapidamente o que lhe serve.

Na seara dos buscadores especializados, sites como o Kayak.com e o Retrevo.com devem se destacar. O primeiro é voltado para viagens e, com controles na tela, ajuda a encontrar passagens ou hotéis por todo o mundo, além de hospedar um fórum de discussão sobre o tema.

O segundo, destinado a eletrônicos, separa os resultados em tópicos --como fóruns, resenhas, lojas e imagens.

Outra fatia que deve crescer é a da busca social, aposta de sites como o delicious.com e o www.technorati.com. Eles utilizam "tags" para organizar o que agrada à comunidade e para gerar os resultados.

GIGANTES DE OLHO

As grandes empresas também investem em novidades. Microsoft (search.live.com/macros), Yahoo (builder.search.yahoo.com) e Google (www.google.com/coop) permitem a criação de mecanismos personalizados --os usuários escolhem onde vai ser feita a busca. Um médico pode optar por sites científicos, por exemplo, evitando páginas voltadas aos leigos.

O Google lançou, também, o Searchmash.com, que organiza os resultados por mídias e pede a colaboração do usuário para aprimorar os serviços, ainda em testes.

Em dez anos, site da língua portuguesa tira 19 mil dúvidas

Por Lusa
em Folha Online
15 janeiro 2007

O site sobre a língua portuguesa Ciberdúvidas, que já recebeu 19 mil dúvidas sobre o idioma, principalmente de internautas portugueses e brasileiros, comemora dez anos de existência nesta segunda-feira e planeja reestruturações para este ano.

"Para já, temos como grande meta a reestruturação gráfica [do Ciberdúvidas], o aperfeiçoamento do motor de busca e a classificação temática de todo o seu arquivo, que proporcionará um acesso mais fácil e veloz", disse José Mário Costa, responsável pelo projeto.

Os planos para o site incluem a introdução, "a médio ou longo prazo", da "vertente som, uma vez que muitas das perguntas que chegam [ao Ciberdúvidas] visam a fonética e a tão variada pronúncia da língua portuguesa".

Além de portugueses e brasileiros, são comuns usuários "de todos os países lusófonos, das comunidades emigrantes portuguesas e até da China, da Rússia, da Austrália, do Japão, dos Estados Unidos, de toda a Europa, da Argentina e do Chile", afirmou Costa.

LÍNGUA VIVA

"Não há outro [serviço] nos mesmos moldes no espaço da lusofonia, que defina, regularmente e em tempo útil, o aportuguesamento dos novos empréstimos surgidos, por exemplo, por via do inglês, ou de qualquer outra área do conhecimento em permanente evolução", acrescentou Costa.

O Ciberdúvidas é o único consultório de vernáculos com atualização diária. O objetivo é responder gratuitamente, em 48 horas, a questões relacionadas com ortografia, sintaxe e fonética da Língua Portuguesa.

As solicitações podem vir de qualquer falante de português ou de públicos mais especializados, como o núcleo de tradutores de português da Comunidade Européia, da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), entre outros.

CRIADOR

José Mário Costa, em parceria com a Sociedade da Língua Portuguesa deram continuação ao projeto que teve início com João Carreira Bom e esteve encerrado durante um ano, após a morte deste, há cinco anos.

As dificuldades financeiras que estiveram na origem do encerramento foram atenuadas com o apoio da Fundação Vodafone e dos CTT-Correios de Portugal.

Além destas contribuições, o Ministério da Educação luso disponibilizou dois professores em período integral para a coordenação executiva da página.

Depois do Google e da Microsoft, editores belgas denunciam o Yahoo!

Por France Presse
em Folha Online
18 janeiro 2007

Depois de terem denunciado o Google e a Microsoft, os editores belgas de jornais em língua francesa decidiram enviar uma intimação ao portal Yahoo!, que acusam de divulgar seus conteúdos sem pagar direitos autorais.

"Enviamos ao Yahoo! uma carta de intimação para que deixe de publicar em sua ferramenta de busca os artigos dos jornais belgas sem autorização prévia", informou Bernard Magrez, advogado da "Copiepresse", a associação que representa esses editores.

A "Copiepresse" acusa o Yahoo! de violar os direitos autorais ao dar acesso, através de suas páginas, a antigos artigos dos jornais que, na maioria dos casos, são colocados num arquivo pago.

Há um ano a "Copiepresse" apresentou uma denúncia ante a justiça belga contra a Google News, com o objetivo de que o portal pedisse autorização prévia e pagasse antes de publicar seus artigos.

Em 5 de setembro o tribunal de Bruxelas condenou a companhia americana a tirar de seu portal belga todos os artigos de jornais ligados à "Copiepresse". Enquanto a batalha judicial com o Google continua, a Microsoft adotou uma atitude mais conciliadora e aceitou colaborar parar retirar de suas páginas o conteúdo ilegal.

Biblioteca dos EUA se une ao Google para biblioteca mundial virtual

Por France Presse
em Folha Online
21 janeiro 2007

O Google anunciou que uma importante biblioteca universitária dos Estados Unidos se somou ao seu polêmico projeto de colocar todos os livros do mundo na rede. Mais de um milhão de textos da biblioteca da Universidade do Texas, em Austin, serão convertidos para o formato digital e agregados ao projeto, informou a empresa.

A coleção da universidade inclui exemplares raros e antigos manuscritos sobre história da América Latina. "A descoberta intelectual está no centro do processo da pesquisa universitária", disse o diretor de bibliotecas da Universidade, Fred Heath.

O projeto do Google começou em 2004 com o objetivo de digitalizar todas as obras literárias do mundo e colocá-las na web.

Empresa cria e-mail que se autodestrói após leitura

Por ANSA
em Folha Online
25 janeiro 2006

Uma empresa norte-americana elaborou um e-mail que se apaga em segundos depois de ser lido, evitando rastros informáticos problemáticos ou simplesmente a sobrecarga da memória da própria caixa postal.

A invenção é da VaporStream de Nova York . Por uma assinatura de 20 libras esterlinas a empresa garante que as mensagens de correio eletrônico desaparecerão após a leitura.

Para a empresa há um mercado em potencial entre os empresários de alto nível, que querem manter em segredo sua correspondência e negociações, mas admite que o sistema também poderia ser usado por criminosos e terroristas que não querem deixar vestígios.

Para funcionar, tanto o emissor quanto o destinatário devem ser assinantes da VaporStream. O correio passará pelas contas respectivas mas caso seja configurado para passar pelo portal da empresa, esta ativará o mecanismo de autodestruição. A mensagem não poderá ser copiada, enviada ou encaminhada e não haverá nem sinal de sua passagem pelo computador.

OUTROS AUTODESTRUTIVOS

No Brasil, uma das empresas pioneiras em internet, a Mandic, já lançou o mandic:missão.secreta, uma funcionalidade que destrói automaticamente o e-mail enviado, assim que for lido. O mesmo oferece o site BigString, cujo e-mail, além de se detruir após a leitura, também pode ser apagado após enviado --para o caso de enganos.

Museu do Holocausto abre site para iranianos

Por EFE
em Folha Online
26 janeiro 2007

O Museu do Holocausto, que lembra os 6 milhões de judeus exterminados na Europa e no norte da África pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, abriu um site para iranianos.

A informação em idioma farsi foi organizada em 20 capítulos e de forma cronológica, desde a chegada de Adolf Hitler ao poder na Alemanha, em 1933, até os processos de Nuremberg por crimes de guerra contra militares e líderes do Terceiro Reich.

A decisão do museu israelense, informou seu porta-voz, visa a contradizer aqueles que negam o Holocausto, massacre no qual também foi exterminado meio milhão de ciganos europeus.

A inauguração do novo serviço de informação coincide com o Dia Internacional do Holocausto ("Shoah"), adotado no ano passado pelo ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan.

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, promoveu em dezembro um simpósio com a participação de historiadores que negam ou diminuem a magnitude do genocídio, alegando que se trata de "propaganda sionista", "um mito" para justificar a fundação do Estado israelense, em 1948, "às custas dos palestinos".

Antes do simpósio, Ahmadinejad já havia declarado que o Estado israelense deveria "ser riscado do mapa". O diretor do Museu, Avner Shalev , disse à imprensa que o portal do Yad Vashem é visitado anualmente por cerca de 20.000 pessoas do mundo muçulmano, inclusive do Irã.

Futuro da internet está ameaçado pelo crime

Por Rodolfo Lucena
em Circuito Integrado
26 janeiro 2007

O futuro da internet está ameaçado pelo crime. Hoje, milhões de computadores são controlados remota e clandestinamente por ciberpiratas, advertiu Vinton Cerf, cientista conhecido como um dos pais da internet.

Cerf, que também é evangelista do Google, participou de um debate sobre o futuro da rede no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça. Segundo ele, cerca de um quarto dos micros pessoais ligados à internet pode estar sendo usado pelos ciberpiratas nas botnets, as redes zumbis.

"Toda a internet está em risco", fez coro John Markoff, repórter especializado em tecnologia do "The New York Times".

Para Cerf, a expansão das botnets é uma "pandemia". Ele calcula que, dos 600 milhões de computadores na internet, entre 100 milhões e 150 milhões estejam infectados por vírus que os tornam parte das botnets. Os controladores dessas redes usam os micros escravos para espalhar spam e tentar roubar dados pessoais dos internautas.

"O incrível é que a rede ainda funciona", disse. "A internet é muito resistente."

Uma resposta, no futuro, pode ser o uso de PCs virtuais descartáveis, acessados pela internet, o que poderia minimizar os riscus de infecções persistentes, especulou Michael Dell, fundador da empresa que leva seu nome.

Também participante do debate, o secretário-geral da União Internacional de Telecomunicação, apontou caminho mais político.

Para Hamadoun Toure, qualquer que seja a solução, a guerra contra o cibercrime só poderá ser vencida se todos os interessados -governos, agências reguladoras, empresas de comunicação, usuários e fabricantes de computadores e de software_ trabalharem em conjunto.

ONU descarta mudar controle da internet

Por Jamil Chade
em Estadão.com.br
13 janeiro 2007

A ONU praticamente enterrou a proposta do Brasil de levar o controle da internet para uma entidade internacional e tirar das mãos da Icann, empresa com sede na Califórnia. O novo secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações (UIT), Hamadoun Touré, anunciou que sua agência - ligada à ONU - não tem qualquer intenção de passar a administrar a rede e acredita que a criação de um novo fórum geraria controvérsias.

Brasil, Índia, China e outros países emergentes vêm pedindo desde 2003 que a forma de governar a internet seja democratizada e que não fique apenas nas mãos da Icann, empresa que ainda conta com um acordo com o governo americano. Uma das propostas era de que um fórum internacional fosse estabelecido com a participação de vários países, preferencialmente ligado à UIT.

O tema foi alvo de um debate na Cúpula Mundial da Sociedade da Informação em 2005. Mas, diante da oposição dos Estados Unidos, a ONU optou por criar um grupo de trabalho para estudar o caso. Na primeira reunião desse grupo, em novembro, o tema da democratização sequer entrou na agenda. O próximo encontro ocorre neste ano no Brasil e o governo tentará recolocar o tema na agenda.

"Não é minha intenção tomar conta da internet", afirmou Touré. "As questões levantadas pelo Brasil precisam ser analisadas, talvez por um acordo internacional. Mas não acredito que a UIT seria o local para isso ser tratado", disse o secretário-geral, que nesta semana começou seu mandato depois de derrotar o candidato brasileiro, Roberto Blois, nas eleições para liderar a organização.

Para Touré, do Mali, sua organização nem mesmo teria os recursos necessários para ser o local de governança da internet. "Não vamos ser voluntários para esse trabalho", disse. Questionado então onde o tema da democratização da internet poderia ser levado, confessou que não tinha uma resposta.

Para o novo chefe da agência da ONU, criar um novo fórum envolvendo as várias entidades que já lidam com o assunto seria "muito controvertido". "Não há nem mesmo um acordo sobre o que quer dizer governança na internet", alertou.

Para ele, cada entidade tem seu papel nos avanços da rede mundial de computadores. "A UIT quer participar do desenvolvimento da internet, mas no debate sobre infra-estrutura e acesso à tecnologia."

O foco da gestão de Touré, porém, será a segurança da rede, um tema também defendido pelo governo dos Estados Unidos diante do temor do uso da internet por grupos terroristas.

CIBERGUERRA

Touré defende que os países fechem um acordo internacional, envolvendo ainda as empresas, para garantir a "paz no ciberespaço".

"Não há desenvolvimento sem segurança e nem segurança sem desenvolvimento. Temos que evitar uma ciberguerra entre os governos", disse. "Ninguém seria vencedor, pois todos dependem da rede hoje. Por isso, a internet deve ser um local seguro para todos."

Em 2003, quando foi iniciada a atual guerra no Iraque, os sites iraquianos, todos obrigatoriamente registrados na Icann, nos Estados Unidos, saíram do ar misteriosamente. Até hoje, a empresa, responsável pelo registro de sites no mundo todo, não deu uma explicação sobre o ocorrido.

10 janeiro 2007

História brasileira em risco

Por Flávia Lindgren
em Jornal da Ciência
10 janeiro 2006

Documentos que contam a história da sociedade civil brasileira durante quatro séculos, que se encontram sob custódia da Igreja Católica, estão em situação de calamidade. Eis o diagnóstico feito pelo bibliotecário Cristian José Oliveira Santos, 29 anos, em sua dissertação de mestrado defendida na UnB.

O bibliotecário Cristian José Oliveira Santos, 29 anos, terminou o ano de 2006 com uma surpresa agradável. Sua dissertação de mestrado foi o único trabalho brasileiro contemplado na primeira edição do concurso Latino Americano de Investigación em Bibliotecología, Documentación, Archivistica y Museología Fernando Baéz, na Argentina, que visa a premiar os melhores trabalhos na área de Ciência da Informação e Documentação.

"Pelo fato de eu ter apresentado meus ensaios em português, achei que minhas chances fossem menores. Foi uma surpresa fantástica quando vi meu nome entre os agraciados", afirma Cristian.

Defendida em julho de 2005, sob a orientação da professora do Departamento de Ciência da Informação e Documentação (CID) da Universidade de Brasília (UnB), Georgete Medleg, a dissertação de Cristian ganhou destaque por investigar a conservação de documentos brasileiros produzidos e guardados pela Igreja Católica na época do regime de padroado (1551-1854). O diagnóstico a que ele chegou é preocupante: de maneira geral, os papéis que contam quatro séculos de história da sociedade civil e religiosa brasileira estão em situação de calamidade.

"Meu interesse pelo assunto surgiu em 2002, quando li um artigo do padre Jamil Nassi Abibib, que palestrou sobre os problemas dos arquivos eclesiásticos da Igreja Católica em uma mesa-redonda no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro. Entrei em contato com ele e descobri que ninguém havia feito uma pesquisa nesse sentido", relembra Cristian. A intenção do trabalho desenvolvido, explica, é sensibilizar as autoridades e auxiliá-las na preservação desse patrimônio cultural. "Se perdermos esses registros, perderemos parte da nossa história para sempre", diz o pesquisador.

Metodologia - Durante o período do padroado, entre 1551 e 1854, foram criados 11 arquivos das primeiras prelazias e dioceses brasileiras. São atas de óbito, certidões de batismo e casamento, atas das irmandades, documentos de propriedade de terra, entre outros. Todos importantes para qualquer pesquisa sobre o século XVII, por exemplo."

Se alguém quiser saber do que as pessoas morriam naquela época, precisará necessariamente ter acesso a esses arquivos", afirma Cristian. Com isso, sua pesquisa foi voltada para essa época, quando ainda não existiam cartórios e todos os documentos civis eram produzidos em série e ficavam guardados nas dioceses.

Até hoje esses arquivos estão sob custódia da Igreja Católica, nas cidades de Goiás (GO), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Olinda (PE), São Luís (MA), Belém (PA), São Paulo (SP), Mariana (MG), Cuiabá (MT), Porto Alegre (RS), Diamantina (MG). Desse universo, oito responderam à pesquisa de Cristian (menos Rio de janeiro, Belém e Olinda), que partiu de questionários. Ele ainda fez um diagnóstico in loco em Goiás, onde também realizou entrevistas.

Dentre os quesitos levantados durante a investigação, Cristian Santos conta que procurou abordar aspectos importantes, como as características dos documentos, se são encadernados, se foram descartados e substituídos; a estrutura física do prédio que comporta os arquivos - se foi construído especificamente para essa finalidade, se apresenta medidas contra incêndio, ambiente ideal em termos de umidade e temperatura.

Ele avaliou ainda quem são as pessoas que cuidam dos documentos, se são arquivistas ou têm alguma formação dirigida à conservação adequada dos mesmos.

Resultados - Dos vários problemas encontrados, a pesquisa revelou que 100% dos arquivos não estão conservados na temperatura e umidade ideais e apenas dois estão protegidos contra incêndio (Salvador e São Paulo). Nenhum deles apresentam condições adequadas para realização de pesquisas por estudiosos, ou seja, não são organizados por catálogos; nenhum dos prédios foi construído especificamente para receber os documentos e, com exceção da cidade de Mariana (MG), os demais não contam com quadro fixo de profissionais da área de Arquivologia."

Os problemas são muitos, a situação é calamitosa", revela o bibliotecário. Ele critica a Igreja Católica brasileira ao afirmar que ela não se mostra preocupada com a conservação desse patrimônio.

Para solucionar os problemas apontados, o pesquisador faz algumas recomendações e afirma que não são as únicas medidas que devem ser tomadas pelo Estado em parceria com a Igreja Católica, mas que são as emergenciais.

Entre elas, Cristian sugere a criação de um órgão central permanente que seja responsável por definir uma política adequada para esses arquivos, prestando um serviço de assessoria. "Isso uniformizaria a coleta, a conservação, o tratamento e o uso desses fundos documentais", explica.

Além disso, sugere a criação de um regulamento interno que defina como esses arquivos serão guardados, onde eles ficarão, quem cuidará deles, e assim por diante. Por fim, o que ele acredita ser o mais importante: estabelecer critérios mínimos para processar as informações arquivísticas, ou seja, criar um padrão de identificação bibliográfica a eles, palavras chaves, assuntos abordados e tipologia, por exemplo.

"Isso permitirá o intercâmbio dessas informações entre entidades, instituições de ensino e outros", conclui.

Livro é entregue a biblioteca com 47 anos de atraso

em AFP
7 janeiro 2007

Robert Nuranen entregou um livro à biblioteca de Hancock, Estado do Michigan, nos Estados Unidos, com 47 anos de atraso. O material foi entregue com um cheque compensando as multas.

Nuranen, que havia retirado o livro para um trabalho do colégio, disse que sua mãe guardou no lugar errado a cópia de Príncipe do Egito quando limpava a casa. No sábado da semana passada, o homem encontrou o livro em uma caixa.

"Achei melhor entregar o livro antes que esperasse outros 10 anos", afirmou depois de devolver o livro na sexta-feira com um cheque de US$ 171,32. "Cinqüenta anos seria vergonhoso", disse.

O livro deveria ter sido entregue no dia 2 de junho de 1960. De acordo com Nuranen, o livro foi locado devido à sua fascinação pessoal pelo Egito, país que já visitou. O americano visitou mais outros 54 países e todos os 50 Estados americanos. Entretanto, ele nunca acabou de ler o livro.

Escolas recebem 102 milhões de livros didáticos

em Boletim Livro e Leitura
8 janeiro 2007

Cerca de 102 milhões de livros didáticos de 2007 já chegaram a 145 mil escolas de ensino fundamental, nas quais estudam 30 milhões de alunos. Este número representa 65% do total de 112 milhões de exemplares que deverão chegar ás escolas até o final de janeiro. Cada estudante receberá, gratuitamente, livros de português, matemática, geografia, história e ciências. Os alunos da primeira série do ensino fundamental também ganham a cartilha de alfabetização. Em março, serão entregues os 7,2 milhões de livros do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) para alunos da quinta à oitava série.

Mais 403 novas bibliotecas instaladas em todo o país

em Boletim Livro e Leitura
8 janeiro 2007

Finalizando as entregas de 2006, 125 kits de implantação de novas bibliotecas públicas foram doados em dezembro aos estados do Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Santa Catarina e Piauí. Desde março, foram 403 novas bibliotecas públicas instaladas em todo Brasil. Além do Distrito Federal, apenas duas unidades da Federação, Rio de Janeiro e São Paulo, não receberam o benefício, porque já têm o serviço em todos os municípios. Os kits foram entregues pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), por meio do Programa Livro Aberto, que contempla cada nova biblioteca com uma coleção de cerca de dois mil livros, equipamentos de som, TV, DVD e vídeo, móveis e um software para arquivamento e digitalização, denominado biblivre.

Biblioteca montada por ex-analfabeto possuí acervo de 10 mil livros

Por Candice Alcântara
em Correio Braziliense
7 janeiro 2007

A biblioteca comunitária montada pelo ex-analfabeto e hoje técnico de ar-condicionado Luís Rodrigues de Lima, 43 anos, não pára de crescer. Desde que o Correio contou a história dele em 21 de setembro do ano passado, os 3.500 livros iniciais se multiplicaram e hoje somam mais de 10 mil. Além disso, a biblioteca ganhou quatro computadores e está à espera de outros 10, que serão utilizados em um centro de inclusão digital. Luís já perdeu a conta de quantas ligações recebeu para parabenizá-lo - para lá de 200. Foram muitos professores, escritores e gente comum, mas, como ele faz questão de destacar, "nenhum parlamentar ligou, se interessou".

Os frutos colhidos não pararam por aí. Luís ministrou palestras em duas faculdades da cidade. Doou 2.400 publicações para a recém criada biblioteca em sua cidade natal, Capinzal, no interior do Maranhão. Aceitou a ajuda de um estudante de biblioteconomia da Universidade de Brasília (UnB) para catalogar as obras. E, com o apoio de um banco, planeja montar uma ONG de inclusão digital. "Depois da primeira matéria minha vida mudou completamente. Estou muito feliz, não tem dinheiro que pague essa satisfação. Quero continuar meu trabalho expandindo a biblioteca e criando novos projetos. Quanto mais gente ajudando, melhor", conta.

Na tarde de ontem, Luís recebeu novas doações. Dessa vez, funcionários de uma empresa se mobilizaram para incentivar o trabalho do maranhense. Ao todo, foram arrecadados e doados mais de 450 livros, além de estantes para facilitar a organização. "Quando vimos a reportagem resolvemos ajudar. Ele tem um trabalho de efeito multiplicador. É um belo exemplo de que quando se quer, tudo é possível", diz Luciana Almeida, gerente de comunicação da empresa.

Luís não economizou sorrisos ao ver o caminhão com as doações estacionar em frente à casa e já fez planos para as novas aquisições. "A estante eu quero montar hoje (ontem) mesmo e, dependendo do que receber, vou mandar parte dos livros para o Norte", prevê. Com as doações e os novos projetos, o ex-analfabeto tem muito trabalho para o ano que começa. Na lista de metas estão novas palestras, a expansão da biblioteca, a criação de outras e, principalmente, o incentivo de adultos à leitura e aos estudos. "Vou sair de colégio em colégio buscando ajudar gente da minha idade. Além disso, vou cobrar que as mães que trazem os filhos para pegar um livro escolham um para elas também", diz.

Livro ganha espaço na estante das crianças

Por Eliane Sobral e Tainã Bispo
em Valor Econômico
2 janeiro 2007

Os livros estão ocupando um espaço cada vez maior nas estantes onde crianças e adolescentes costumam espalhar seus jogos de vídeo e computador. Mais dispostos a dividir o tempo entre a tecnologia, que estimula escrita e leitura, e a literatura, meninos e meninas reagem à estratégia adotada por editoras na década de 90.

"As crianças estão lendo muito mais, mesmo com outras coisas para fazer", afirma Armando Antongini, diretor-executivo da Câmara Brasileira do Livro (CBL).

Ana Paula Cortat, diretora de planejamento da agência de publicidade Leo Burnett, reforça a tese e diz que é um erro imaginar que as crianças de hoje estejam voltadas exclusivamente à tecnologia na forma de mensagens de telefone celular, sites e blogs. "Os jovens estão cada vez mais acostumados a consumir informação e eles são receptivos tanto a algo que os complete num ritmo frenético, quanto por algo que sirva para eles desacelerarem. O livro entra nesse segundo momento".

Antongini, da CBL, lembra que no início dos anos 90 as editoras perceberam um vácuo no mercado. Poucos autores brasileiros se dedicavam ao segmento infantil e não havia muitas opções de livros para essa faixa etária. Assim, até a década de 80, as escolas iniciavam os alunos na leitura com obras de autores como Machado de Assis e Eça de Queiroz. Os livros adotados, diz Antongini, eram complexos e difíceis para os alunos em seu primeiro contato com a literatura.

O setor decidiu, então, aumentar o número de lançamentos para os consumidores mirins. De lá para cá, o negócio fica cada vez mais forte no catálogo de editoras como Record e Siciliano. Harry Potter, a série de livros escritos pela inglesa J. K. Rowling, também deu um bom empurrãozinho.

A CBL não possui números recentes que comprovem o aumento do consumo de livros entre crianças e jovens. Mas, em agosto, divulgou um relatório sobre as vendas de 2005 que mostra o movimento das editoras nesse sentido. A quantidade de títulos infantis lançados naquele ano cresceu 32,3% em relação a 2004. Chegaram às prateleiras das livrarias e bibliotecas 2,7 mil novas obras no período. O número de lançamentos juvenis ficou na casa dos 1,7 mil, uma alta de 10,2% em relação a 2004.

Segundo Ana Paula Cortat, há cinco anos, o índice de leitura crianças entre 10 e 15 anos era próximo de zero. "Hoje é de quase 20%", diz a publicitária, sem dar mais detalhes do levantamento feito a pedido de um dos clientes da Leo Burnett. Ela acredita que o hábito de leitura cresce entre as crianças como uma resposta dos investimentos que as editoras têm realizado. Prova de que crianças e adolescentes costumam responder e muito rapidamente aos estímulos, foi a campanha de incentivo à leitura que o canal de música MTV deflagrou entre novembro de 2004 e abril de 2005.

No início, a mensagem da MTV "desligue a televisão e vá ler um livro" aparecia na tela por apenas 30 segundos, mas a repercussão foi tão positiva que o tempo de veiculação subiu para inacreditáveis 15 minutos. E foi a reação do público que provocou o aumento no tempo de exposição da frase na tela, segundo a MTV.

Além de colher os resultados da estratégia plantada já há alguns anos, as editoras contam com o bom apetite do governo, que é o maior comprador de livros do país. A aquisição de obras infanto-juvenis para bibliotecas de escolas públicas do ensino fundamental (5ª a 8ª séries) foi 22% maior em 2006, em relação a 2005, quando foram comprados livros para escolas de 1ª a 4ª séries.

Até o final deste mês de janeiro, serão distribuídos 7,233 milhões de exemplares nas escolas. Além disso, há a expectativa de que o governo passe a comprar livros para as bibliotecas do ensino médio ao longo de 2007 para serem usados em 2008, diz Sônia Schwartz Coelho, coordenadora de produção e distribuição dos programas do livro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

A combinação entre o marketing das editoras e o aumento no número de títulos voltados para este público pode acalmar os espíritos mais críticos. "Ainda é comum ouvir os mais velhos de hoje dizendo temer o tipo de adulto que a superficialidade da internet vai forjar para o futuro", afirma Ana Paula Cortat, da Leo Burnett."

Uma pesquisa realizada em 2004 pelo Instituto Ipsos mapeou os hábitos de consumo de crianças de 10 a 12 anos de idade e concluiu que, nas classes A e B, 44% delas possuem telefone celular; 23% têm seu próprio computador e 22% seu próprio DVD ou videocassete. "A garotada é muito bem informada e sabe aproveitar muito bem as ferramentas das quais dispõe. O que quer dizer que não eles não vivem o dilema da exclusão. Ou ler um livro ou navegar na internet. Eles fazem os dois com maestria".

A publicitária observa que ao mesmo tempo em que crianças e adolescentes querem interagir e criar seu próprio conteúdo, eles também querem dispor de uma história pronta, com começo, meio e fim. "Por isso acho um erro imaginar que outras formas de lazer, de entretenimento, concorram com um bom livro".

Museu do Rio oferece R$ 5 mil para quem encontrar telas roubadas

em Folha Online
24 dezembro 2006

O museu Chácara do Céu, do Rio de Janeiro, oferece recompensa de R$ 5 mil para quem encontrar as telas dos artistas Salvador Dali, Henri Matisse, Pablo Picasso e Claude Monet que foram roubadas em fevereiro deste ano.

As telas roubadas foram: Homme d'une complexion malsaine écountant lê buit de la mer ou Les deux balcons, de Salvador Dali, Lê Jardin du Luxembourg, de Henri Matisse, La Danse, de Pablo Picasso, e Marine, de Claude Monet.

O Museu Chácara do Céu teve as telas levadas por cinco homens armados, que renderam os vigilantes e outras oito pessoas que visitavam o local. O museu é vinculado ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e pertence há 23 anos ao Ministério da Cultura.

Até agora, apenas parte da moldura de um dos quadros foi encontrada no Morro da Formiga, no bairro da Tijuca.

INTERPOL

As telas, juntamento com outros 76 bens culturais roubados ou furtados no Brasil, entraram no banco de dados da Interpol. As obras haviam sido tombadas e são procuradas pelo Iphan.

A inserção no banco de dados pode impedir a comercialização ilegal do patrimônio, uma vez que possíveis negociadores de arte podem ter acesso à lista de obras procuradas. O Iphan acredita que peças do patrimônio brasileiro podem estar no exterior.

Segundo a Interpol, França e Itália são os mais afetados pelo crime, mas países em desenvolvimento, como o Brasil, também podem ser alvos de ladrões.

O Iphan calcula em cerca de 1.300 os objetos ligados ao patrimônio cultural desaparecidos. A maior parte está ligada à arte sacra.

Além do roubo no museu Chácara do Céu, o Arquivo Geral da Cidade, no Rio, também constatou o furto de obras de Debret, em setembro. Segundo a prefeitura, 87 pranchas de gravuras do artista foram levadas, além de uma coleção de 227 estudos do pintor Lúcio de Albuquerque.

Também foram registrados furtos relacionados ao patrimônio cultural no Paraná e em São Paulo. Em Curitiba, a Biblioteca Pública do Paraná teve roubadas obras raras de escritores como Machado de Assis, Érico Veríssimo e Lima Barreto. O prejuízo foi avaliado em R$ 500 mil.

Em setembro, a biblioteca Mario de Andrade, no centro de São Paulo, divulgou o furto de gravuras do artista francês Jean Baptiste Debret e do alemão Johan Moritz Rugendas, além de um livro de 1501. O crime só foi descoberto quando o diretor da biblioteca pretendia mostrar o acervo à curadora de uma exposição interessada no empréstimo de algumas obras.

Municípios ganham novas bibliotecas

em O Estado de S. Paulo
20 dezembro 2006

O Instituto Ecofuturo, braço socioambiental do grupo Suzano, está ampliando seu programa de bibliotecas comunitárias no interior do Brasil. A ONG acaba de inaugurar duas bibliotecas em Pernambuco (Recife e Fernando de Noronha); uma na Bahia, em Mucuri; e uma em Salesópolis (SP). Com as inaugurações, o Programa 'Ler é Preciso', da ONG, chega a 58 unidades instaladas, em sete estados.

O papel dos repositórios institucionais e temáticos na estrutura da produção científica

Por Simone da Rocha Weitzel
em Revista em Questão
janeiro a junho 2006

A proposta deste artigo é contribuir para a compreensão do novo cenárioda comunicação científica no século XXI por meio de algumas reflexõessobre o papel dos repositórios institucionais e temáticos neste contextoa partir das noções sobre a estrutura da literatura científica deSubramanyam (1980). O ponto de partida desta abordagem está focado nascaracterísticas dos produtos (publicações, repositórios e provedores deserviços) e processos (editoração eletrônica e comunicação) e suascorrespondências na estrutura na literatura científica. Conclui-se que ociclo da produção cientifica online é composto pelas fontes primárias(publicações científicas online), secundárias (repositórios temáticos einstitucionais) e terciárias (provedores de serviços) e que é urgente aimplementação e uso destes três tipos de fontes para promover odesenvolvimento científico na atualidade.

Texto completo em PDF:
http://www6.ufrgs.br/seeremquestao/ojs/include/getdoc.php?id=401&article=23&mode=pdf

Obras raras correm risco constante

Por Henrique Ostronoff
em Problemas Brasileiros
janeiro e fevereiro 2007

"Isso não acontece apenas aqui." A afirmação de Luís Francisco Carvalho Filho, diretor da Biblioteca Mário de Andrade, mantida pela prefeitura de São Paulo e localizada no centro da cidade, poderia soar como uma tentativa de saída pela tangente à pergunta do repórter sobre o caso de furto de peças do acervo. Afinal, a instituição tem sido foco da imprensa paulista desde que foi anunciado o desaparecimento de dezenas de livros e gravuras raras da segunda maior biblioteca do país.

A resposta de Luís Francisco, na verdade, reflete a forma como são tratados, desde há muito tempo, os acervos não apenas das principais bibliotecas do país, mas de todo tipo de entidade pública encarregada de guardar, preservar e expor bens da memória. O Brasil possui, por exemplo, importantes documentos que registram a história da América colonizada pelos portugueses, obras de arte nacionais reconhecidas internacionalmente e ainda exemplares produzidos por representantes da tradição artística ocidental. Têm-se verificado, ultimamente, movimentos para tentar recuperar essas instituições, mas são tímidos diante dos investimentos necessários para deter a dilapidação e a deterioração do patrimônio cultural brasileiro.

Museus e igrejas antigas, principalmente, têm sido alvos constantes de ladrões. A lista de bens culturais procurados, disponível no site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), traz mais de mil itens. De acordo com a classificação do instituto, são cerca de 200 esculturas, 126 peças de iluminação – castiçais, arandelas e tocheiros –, 104 objetos de culto – cálices, crucifixos, relicários –, além de utensílios domésticos, objetos pessoais, entre outros que sumiram de instituições brasileiras. Os estados mais atingidos são aqueles que possuem maior número de cidades históricas e museus: Rio de Janeiro, com 538, Minas Gerais, com 176, e a Bahia, com 124 peças.

Em nota publicada no início de 2006, o Ministério da Cultura avalia que os bens culturais são o terceiro maior alvo de tráfico no mundo. "Perdem apenas para o de drogas e o de armas. A grande quantidade de casos de furto é resultado da valorização dos bens culturais brasileiros no país e no exterior." É sabido que ladrões especializados nesse tipo de crime não agem somente no Brasil. Roubos de obras artísticas e antiguidades ocorrem também em museus de países desenvolvidos. Segundo a Interpol, esse tipo de crime é o quarto mais importante do planeta.

O site da Art Loss Register, organização dedicada à recuperação de obras de arte desaparecidas, informa que são registradas por ano cerca de 10 mil ocorrências em um banco de dados já abastecido com 100 mil entradas. Residências particulares, as maiores vítimas, representam 54% do total de locais visitados pelos ladrões. Em seguida, vêm museus e galerias, com 12% cada. Um caso recente, no Brasil, aconteceu no Museu da Chácara do Céu, no bairro carioca de Santa Teresa. Durante o desfile dos blocos do sábado de carnaval de 2006, bandidos armados aproveitaram-se da confusão nas ruas para roubar telas de Pablo Picasso, Salvador Dalí, Claude Monet e Henri Matisse, além de um livro de gravuras de Picasso.

VÍTIMAS ILUSTRES

Com a sucessão de casos de furto de acervo ocorridos nos últimos anos, nem mesmo a principal biblioteca do país ficou imune. A Fundação Biblioteca Nacional (FBN), sediada no Rio de Janeiro, teve origem em 1808, com a chegada ao Rio de Janeiro da família real portuguesa, que trouxe na bagagem 60 mil peças, entre livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas. A princípio, todo esse material ficou guardado numa sala do Convento da Ordem Terceira do Carmo, até que, em 1810, foi inaugurada a Real Biblioteca. Hoje, com milhões de peças, entre as quais milhares pertencentes a coleções raríssimas, com exemplares datados do século 11, é considerada a oitava maior biblioteca nacional do mundo. Desde 2004, com a Lei do Depósito Legal, a instituição tornou-se a "guardiã da memória gráfica brasileira", conforme se define. Isso porque, de tudo o que se publica no país, uma cópia deve ser enviada para a fundação.

Em 2005, durante uma greve de funcionários, a seção de Iconografia da FBN foi vítima de um dos maiores crimes contra o patrimônio nacional. Sumiram, além de aquarelas e desenhos, fotografias brasileiras do século 19 doadas por dom Pedro II e que integram a Coleção Teresa Cristina, tombada pela Unesco em 2003 como "memória do mundo". Calcula-se que tenham desaparecido mais de mil itens. O número exato, porém, não é conhecido. Segundo Carmem Moreno, diretora do Centro de Referência e Difusão, desde julho de 2006 está sendo realizado um inventário para apurar quantas e quais peças estão faltando. Por enquanto, foram recuperadas apenas 60 das obras roubadas.

O furto da Biblioteca Mário de Andrade, descoberto em agosto de 2006, não se sabe exatamente quando ocorreu. Só foi percebido quando Rizio Bruno Sant’Ana, curador de obras raras, foi buscar algumas gravuras para atender ao pedido de um usuário e notou que elas não estavam no lugar. A primeira providência da direção foi fazer um levantamento dos itens da seção. Chegou-se à conclusão de que faltavam, até novembro de 2006, 30 livros e 139 gravuras. Mas não se conhece ainda a real extensão do prejuízo.

Entre as obras levadas estão peças singulares, como os livros Hore Intemerate Beate Marie Virginis secundum Usum Romanum, de 1501; Histoire d’un Voyage Faict en la Terre du Brésil, de 1585, escrito pelo francês Jean de Léry, que esteve no Brasil durante a ocupação do Rio de Janeiro por Villegaignon; uma edição espanhola de 1639 dos Lusíadas, de Camões; e as primeiras edições de Memorias Posthumas de Braz Cubas, de 1881, e Chrysalidas, de 1864, ambas de Machado de Assis. As gravuras foram cortadas de livros, mutilando-os. São litografias coloridas de cenas e paisagens brasileiras produzidas no século 19 por viajantes europeus, das quais 42 de autoria do francês Debret, 58 do alemão Rugendas e 24 do Atlas de Spix e Martius.

Os responsáveis pelo acervo da Mário de Andrade ficaram surpresos. Uma regra, comum às bibliotecas públicas, não permite aos visitantes entrar nas dependências com volumes nos quais possam esconder livros ou documentos (embora o uso de grandes casacos não seja proibido). Na seção de obras raras o acesso é controlado, e os usuários não têm contato direto com as estantes. Dos 40 mil volumes desse departamento, 10 mil são considerados especiais e ficam guardados em armários de aço trancados com cadeados, a cujas chaves alguns poucos funcionários graduados têm acesso. Não foram encontrados sinais de invasão nem de arrombamento.

Dias depois, o diretor da Mário de Andrade descobriu que a Babel Livros, do Rio de Janeiro, havia leiloado alguns dos volumes furtados da biblioteca. Os donos da empresa alegam que não conheciam a procedência das peças. Com a divulgação do caso, alguns colecionadores que haviam arrematado os livros os devolveram à Mário de Andrade. Como medida emergencial para evitar outras ações criminosas, as portas das salas onde se encontram as obras raras estão sendo equipadas com fechaduras eletrônicas.

Outros casos de crimes praticados contra o patrimônio de bibliotecas foram noticiados pela imprensa. Em junho de 2006, foi revelado que do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro haviam desaparecido cerca de 2 mil cartões-postais com imagens da cidade de diversos períodos, uma coleção inteira de 87 gravuras de Debret, 146 estudos para pintura do artista Lucílio de Albuquerque e, calcula-se, centenas ou, talvez, milhares de fotos. Também foram levados periódicos publicados no final do século 19 e começo do 20. Para o delegado da polícia federal Deuler Rocha, que investigou o caso na época, esse teria sido "o maior furto já registrado no Brasil, em quantidade, de bens históricos".

Houve ainda, em 2003, na biblioteca do Museu Nacional, do Rio de Janeiro, o desaparecimento de 1.484 peças, das quais cerca de 600 já voltaram a integrar o acervo do maior museu do país. No mesmo ano, o Museu Histórico e Diplomático, antigo Palácio do Itamaraty, também no Rio de Janeiro, teve furtadas nove gravuras de um atlas de 1712 editado pelo cartógrafo holandês Johannes Van Keulen, que foram recuperadas recentemente. A última notícia se refere à descoberta, em outubro de 2006, da falta de 120 livros raros da Biblioteca Pública do Paraná, em Curitiba. Entre os exemplares estão antigas edições do final do século 19 e começo do 20 de livros de Machado de Assis e 12 volumes das Oeuvres Complètes de Georges Louis Leclerc Buffon, edição em francês da Garnier Frères, com data de 1733.

ESCASSEZ DE RECURSOS

Não é apenas a falta de segurança que coloca em risco a memória bibliográfica e documental do país. Outro problema é a conservação dos acervos. A restauradora Norma Cassares, presidente da Associação Brasileira de Encadernação e Restauro (Aber) e uma das mais prestigiadas profissionais da área, diz que a situação na maioria das grandes bibliotecas e arquivos históricos está sob controle. Ela afirma, no entanto, que as instituições "vivem em dificuldades e, quando dispõem de alguma verba, recuperam apenas os livros em pior estado".

A situação ideal seria adotar a conservação preventiva, o que nem sempre é possível, pois demanda grandes investimentos principalmente para manter coleções com milhões de itens, como as da Biblioteca Nacional e da Biblioteca Mário de Andrade. Por outro lado, a restauração de livros deteriorados tem um custo muito mais elevado. "O processo é caro, pois é feito por unidade, e por isso é preciso escolher bem aquilo que realmente merece ser restaurado", afirma Norma Cassares.

A conservação preventiva, segundo a presidente da Aber, é uma atividade que exige o envolvimento de uma equipe multidisciplinar. "Como se depende de condições ambientais, é preciso ter, além do conservador, um engenheiro que trabalhe com dinâmica do ar, um engenheiro de edificações e um de iluminação. Todos eles definem normas e condições para guardar um acervo histórico."

Segundo o Guia Básico de Conservação de Obras de Arte, editado pelo Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos (CPBA) – iniciativa criada em 1994 por meio de parceria entre instituições brasileiras e americanas, com o objetivo de difundir textos especializados sobre a área –, as principais causas de deterioração dos bens culturais são os agentes físicos (luz, temperatura e umidade), biológicos (insetos, fungos, bactérias, traças e roedores), químicos (poluentes e poeira) e mecânicos (vandalismo, manuseio incorreto e acidentes).

Em São Paulo, o Arquivo Histórico Municipal Washington Luís, subordinado ao Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura, guarda um quilômetro linear de documentos (cerca de 4 milhões) referentes à administração local. Lá estão as atas da Câmara de Santo André da Borda do Campo, primeira vila do planalto de Piratininga, datadas de 1555 a 1558, e as da Câmara de São Paulo, de 1559 a 1909, assim como registros de sepultamentos nos cemitérios paulistanos desde 1858 e os pedidos de licença para a construção de imóveis do século 19.

A memória da cidade está depositada em um casarão projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo em 1860. Apesar da elegância de suas linhas ecléticas, do salão de leitura com luz natural vinda da clarabóia e da beleza dos vitrais coloridos, a construção não é adequada para a função. Segundo a diretora do Arquivo Histórico Municipal, Liliane Schrank Lehmann, a estrutura do prédio não suporta o peso das estantes. Dessa forma, os documentos precisam ser guardados no antigo porão adaptado, onde não há equipamentos para o controle do ambiente. Embora o local não seja apropriado, Liliane explica que especialistas que visitaram o espaço garantem que as condições para a conservação são boas, pois a temperatura é estável. Enquanto as enormes salas do piso superior estão semi-ocupadas pelos setores administrativos, milhares de documentos históricos posteriores a 1921 não podem ser recebidos, para completar o acervo da instituição. Um antigo prédio anexo, que se encontra em péssimas condições, deverá passar por reformas para ampliar o Arquivo Municipal. Ainda assim, Liliane garante que "quando ficar pronto só será suficiente para conter documentos até 1935" – razão pela qual a Secretaria de Cultura estuda outras alternativas.

O setor bibliográfico do Museu Histórico Nacional, administrado pelo Iphan e localizado no Rio de Janeiro, apesar de relativamente pequeno, com cerca de 54 mil volumes, também passa por dificuldades. O laboratório de restauração de livros, segundo Eliane Vieira da Silva, responsável pela biblioteca, está parado há dois anos "devido à falta de funcionários e de concurso para contratação". Atualmente está em andamento uma triagem para determinar o número de obras que precisam de restauro. Eliane afirma que enquanto a instituição espera por recursos da Caixa Econômica Federal, a serem liberados em 2007 para esse fim, "prestadores de serviços sem a qualificação adequada" tratam de fazer a higienização do acervo para evitar a ação de insetos. A responsável pelo arquivo histórico do museu, Rosângela de Almeida Costa Bandeira, garante que, entre os documentos guardados naquele departamento, "de 85% a 90% estão em condições de regular a boa", e dos mais de 200 mil itens cerca de 5 mil já passaram pelo processo de higienização.

REAÇÕES

O quadro de dificuldades presente na maioria das grandes bibliotecas e arquivos históricos do país tem gerado algumas reações por parte de políticos e do poder público. A deputada federal Alice Portugal, do PC do B baiano, chegou a propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o roubo, a receptação, o contrabando e o tráfico de obras de arte, bens culturais e peças de arte sacra no país. Segundo ela, "estimulados pela ganância dos receptadores e pela falta de segurança dos acervos de algumas instituições e coleções particulares, os ladrões que atuam no Brasil roubam de tudo – de estátuas, quadros, imagens sacras, documentos e moedas a peças arqueológicas, fósseis e qualquer tipo de objeto considerado valioso para colecionadores". Ainda de acordo com a parlamentar, "uma parcela significativa das obras de arte furtadas é contrabandeada para fora do país, em roubos encomendados por antiquários e galerias de arte inescrupulosos". A proposta foi apresentada ao presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo, em 31 de janeiro de 2006. Embora conte com apoio oficial do Ministério da Cultura e do Iphan e já tenha assinaturas de deputados em número superior ao mínimo necessário para sua instalação, a CPI ainda não foi votada pelo plenário, condição necessária para ser aprovada e começar a funcionar.

Os governos também têm mostrado preocupação com a situação. A Biblioteca Mário de Andrade, construída na década de 1930, vai passar por ampla reforma e ampliação, ao custo de R$ 16 milhões financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento. Segundo Luís Francisco Carvalho Filho, seu diretor, "desde a década de 1970 o prédio não comporta mais livros, o que impede sua modernização". Assim, a hemeroteca será transferida para um edifício em frente, desocupando 8 dos 22 andares da torre que abriga o acervo. Também será implantado um sistema de segurança para controlar o acesso de pessoas que circulam pela biblioteca. Luís Francisco acredita, no entanto, que apenas a atualização das instalações não é suficiente, e espera poder contar com mão-de-obra qualificada. "Em 1992, havia 66 bibliotecários; hoje, são apenas 25", diz.

Apesar das verbas escassas, a Fundação Biblioteca Nacional tem procurado modos de amenizar suas deficiências. Por meio da Lei Rouanet, a Petrobras destinou R$ 1 milhão à compra e instalação de um sistema de segurança. Segundo o arquiteto Luiz Antônio Lopes de Souza, do Núcleo de Arquitetura da Biblioteca Nacional, o controle de acesso dos 500 funcionários e 250 visitantes que freqüentam suas dependências diariamente será feito por um conjunto de 70 câmaras, algumas delas de longo alcance, roletas e cartões eletrônicos. Outra melhoria consiste no novo laboratório de restauro, fornecido pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos em sistema de comodato. Contudo, há ainda grandes projetos à espera de recursos. De acordo com Luiz Antônio, a restauração da fachada do prédio é uma das prioridades; a outra é encontrar espaço para acomodar o acervo. Uma solução seria aproveitar a propriedade que a biblioteca possui no cais do porto. O problema, segundo o arquiteto, de adequar esse prédio, maior do que a sede atual, é a dificuldade para a obtenção de patrocínio, devido ao alto custo do empreendimento. No entanto, as obras são urgentes, pois, afirma ele, "além de receber 35 mil novos itens por mês, o espaço da Biblioteca Nacional foi projetado para 1 milhão de volumes e hoje temos 9 milhões".

Embaixada cria blog sobre atualidade luso-brasileira

em Lusa
2 janeiro 2007

A embaixada de Portugal no Brasil criou, em uma iniciativa pioneira, um blog destinado à inserção de curtas notas de atualidade sobre a realidade portuguesa e luso-brasileira, disse nesta terça-feira à Agência Lusa o embaixador Francisco Seixas da Costa.

O blog será, de acordo com o embaixador, uma forma de aproveitamento de informações que normalmente não cabem nos temas desenhados para o site da embaixada de Portugal no Brasil, considerado recentemente o melhor entre todos os que são mantidos por postos consulares ou diplomáticos portugueses no mundo.

"Trata-se de uma iniciativa experimental, cuja permanência no tempo será aferida em função do interesse que venha a suscitar e da avaliação que a embaixada vier a fazer da sua real utilidade como veículo de informação", afirmou Seixas da Costa.

Os leitores do blog podem contatá-lo para prestar informações, solicitar esclarecimentos ou formular sugestões ou críticas, através da inserção de comentários ou da utilização de um endereço de e-mail.

Os usuários podem também receber diretamente no seu próprio e-mail as notas divulgadas no blog, simultaneamente com a sua publicação.

Museus lusos fecham 2006 com maior público em 10 anos

em Lusa
9 janeiro 2007

Cerca de 1,2 milhão de pessoas visitaram os museus portugueses em 2006, batendo recorde em um período de dez anos, anunciou nesta terça-feira o Instituto Português de Museus (IPM). O número de visitantes registrado no ano passado (1.179.694) ultrapassa o de 1998, ano da Expo Mundial de Lisboa (1.149.378), reforçou o IPM. Em relação a 2005, verificou-se um aumento de 27%, com um crescimento ainda mais acentuado no último trimestre (36%).

1.400 profissionais das artes em pé de guerra contra "as derivas mercantis" do Louvre

Por Harry Bellet
em Le Monde
9 janeiro 2007

Eles eram um pouco mais de 1.400 naquele amanhecer da segunda-feira, 8 de janeiro. A cada dia que passa, o número aumenta. A tal ponto que o movimento deu início a uma polêmica sem precedente no mundo dos museus na França. Polêmica essa que tem o Museu do Louvre como alvo.

Essas 1.400 pessoas que, na sua maioria, exercem responsabilidades no mundo das artes, assinaram a petição elaborada pelo site www.latribunedelart.com e intitulada "Os museus não estão à venda". O texto da petição retoma um artigo de opinião publicado no "Le Monde" de 13 de dezembro, de autoria de Françoise Cachin, diretora honorária dos Museus da França, Jean Clair, um antigo diretor do Museu Picasso, e Roland Recht, um professor no Collège de France. Este texto estigmatiza uma perda de rumo e uma "deriva mercantil" de certos museus, do Louvre em particular, que consiste em alugar obras prestigiosas, e até mesmo a sua marca, para outros museus, de maneira a aumentar os seus recursos próprios.

Dois eventos deixam os signatários da petição particularmente indignados. Em primeiro lugar, há a operação Atlanta (Geórgia), nos Estados Unidos: o Louvre emprestou 185 obras para o High Museum, onde elas se encontram expostas desde 14 de outubro de 2006 e por um período de onze meses, mediante a quantia de 13 milhões de euros (R$ 36,27 milhões). O fato de várias peças essenciais, de valor incalculável, estarem incluídas na remessa, entre outras o retrato de Baldassare Castiglione por Rafael (Raffaello Sanzio, 1483-1520), irritou a muitos.

Mas, para os signatários da petição, "o pior está por vir". Eles denunciam o projeto de construção, previsto para 2012, de um Louvre em Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos. Diante disso eles se dizem preocupados com prováveis "empréstimos de longo prazo" por parte dos museus franceses, que com isso perderiam "a sua alma" em troca de dinheiro.

Numa entrevista publicada no "Le Monde" de 22 de dezembro, a diretora dos Museus da França, Francine Mariani-Ducray, até tentou responder às críticas do trio Cachin, Clair e Recht, estimando que o fato de "emprestar obras de arte para o emirado de Abu Dabi, no quadro de uma cooperação cultural de um Estado com outro, em nada pode ser assimilado a vender os museus franceses". Mas, de nada adiantou. A petição não parou de mobilizar um grande número de profissionais das artes, escandalizados por essas práticas.

O site de "La Tribune de l'Art" vai revelar, nesta terça-feira (9), os nomes dos primeiros signatários da petição. O "Le Monde" teve acesso a esta lista. Nela não se encontram nomes famosos ou repercutidos pela mídia, nem mesmo aqueles que costumam participar dos abaixo-assinados. Nem mesmo nomes de diretores de museus parisienses. E tampouco os dos conservadores do Louvre, obrigados a observar um dever de reserva.

"Eles são vulneráveis", explica Didier Rykner, o diretor do site, que atua como ponta-de-lança nesse combate. "No passado, os chefes de departamento do Louvre tinham a autoridade para dizer não a certos projetos. Mas hoje, eles são vítimas de um clima de terror". Rykner também afirma que "dois antigos diretores de departamento do Louvre" assinaram a petição.

MUITOS NOMES RESPEITADOS

Dentre os signatários estão uma diretora de um grande museu da província, ou ainda o responsável de um estabelecimento muito importante da arte contemporânea. Mas, acima de tudo, a lista mostra que um conjunto de tamanho considerável de profissionais da história da arte e dos museus da França está em pé de guerra.

Muitos nomes respeitados figuram entre os 320 historiadores de arte signatários e os 140 conservadores de museus que exercem sua função na província. Mas alguns dos signatários já se dizem preocupados: "Eu assinei a petição por convicção", escreve um deles, "Mas estou arrependido. Na minha qualidade de diretor de estabelecimento, eu corro o risco de me ver criticar por estar infringindo o meu dever de reserva. Seria possível retirar a minha assinatura?" Um outro afirma, ao contrário, não temer quaisquer "represálias em particular".

Oitenta e cinco signatários são oriundos do exterior, e, dentre eles, uma dúzia é dos Estados Unidos. Um russo indica que "muitos conservadores russos compartilham a sua opinião, mas, infelizmente, eles são mais prudentes, uma vez que as opiniões independentes não são aceitas, nem no Museu do Ermitage, nem no Museu Puchkin".

Cerca de trinta assinaturas vêm do Brasil, dentre as quais a de Jorge Coli, um professor na Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo, que explica a sua posição: "O lamentável exemplo proporcionado pelo mais prestigioso museu do mundo terá, sem dúvida alguma, conseqüências nefastas sobre o comportamento de numerosas instituições em todos os países".

Cachin, Clair e Recht também citam, na sua petição, Philippe de Montebello, o diretor do prestigioso Metropolitan Museum de Nova York, que, já em 2003, havia "lançado uma advertência severa contra a comercialização desenfreada do patrimônio público, em particular por meio do sistema dos 'loan fees' (empréstimos pagos) de obras, e a tendência de certos museus a se orientarem para os 'mercados culturais' e os 'parques de lazer'".

Isso porque, muito além do Louvre, é a tendência dos grandes museus a se globalizarem que vem preocupando os especialistas. Henri Loyrette, o patrão do Louvre, recebeu o apoio de Jack Lang, o antigo ministro socialista da cultura, em entrevista ao diário "Libération" de 6-7 de janeiro.

Mas isso não convenceu nem um pouco Didier Rykner: "Os museus estão se tornando estoques de ativos que muitos estão gerindo como bem entendem. A prática de emprestar obras de arte é indispensável para promover o progresso do conhecimento. Mas esses movimentos mercantis não possuem nenhum caráter científico. São apenas decisões de administradores".


Tradução: Jean-Yves de Neufville