22 março 2007

Cientista da informação não é um profissional da informação

Por Jonathan Pereira

Não é coerente, admissível, sensato, racional, ético, moral, correto, profissional e legal que tal fato, abaixo descrito, possa ser compreendido e aceito de forma natural ou forçada por qualquer profissional, ou então, por qualquer pessoa que detém em seu espírito de vida valores como: a moral, a sinceridade, a honestidade, o profissionalismo e a sensatez.

Ao final de 2006 tive a informação, ainda muito informal, de que todos os registros concedidos pelo Conselho Federal de Biblioteconomia da 8ª Região (CRB-8) aos profissionais da informação, denominados "cientistas da informação", haviam sido cancelados. O motivo declarado pelo CRB-8 para esta ação referente a todos, isso mesmo, todos os cientistas da informação formados a partir de 2004 pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) foi de que: o profissional cientista da informação não era considerado por esse conselho como profissional da informação, e que por isso, não poderia ser representado por tal conselho.

De um lado, o CRB-8 que deveria ser representante de todos os profissionais da informação, dar orientações aos seus representados, agir de forma pró-ativa frente ao mercado de trabalho e assessorando esses profissionais, age de forma arbitraria, irresponsável e ilegal, cancelando todos os registros, provisórios ou definitivos, dos formandos do curso de "Ciência da Informação com habilitação em biblioteconomia" da PUC-Campinas a partir de 2004, e não emitindo novos registros para os egressos do curso.

Como já sabemos, os conselhos profissionais existem no papel de uma forma perfeita, onde o profissional é o principal foco dos conselhos, que lutam e defendem seus interesses perante o mercado de trabalho. No caso do CRB-8, o ponto em comum entre, a definição de um conselho profissional de classe que está no papel, e a prática, é um só: a cobrança da anuidade. Esse ponto por sinal, merece todos nossos aplausos e reverência, pois é feita de forma magistral, havendo uma logística ideal que qualquer multinacional invejaria. Pontualidade no envio dos boletos, informações de como proceder para o pagamento, enfim, algo realmente merecedor de destaque por parte do CRB-8.

Mas infelizmente nossa "alegria" com tamanha eficiência, profissionalismo, rapidez, informações claras e precisas termina por ai. Como se não bastasse à mediocridade do fato mencionado acima, que por si só causa uma vergonha profunda em relação ao conselho que deveria nos proteger, agem de forma arrogante e ilegal com nós, cientistas da informação, retendo documentos profissionais e pessoais dos formandos, além de não explicitarem veridicamente e com clareza o que está acontecendo, o motivo que levou a tomada de decisão de uma forma tão arbitraria e abrupta. Enfim, dizem que para se resolver o problema, basta a PUC-Campinas mudar a nomenclatura do curso para que os problemas sejam resolvidos prontamente.

Porém de forma oficial, nada mudou, nós cientista da informação continuamos sendo representados pelo CR-8 e nossa documentação continua perfeitamente correta para podermos atuar como profissionais da informação em todo o Brasil. Afinal, o CRB-8 em nenhum momento enviou uma carta, um e-mail, fez um telefonema para avisar aos não mais profissionais da informação que tal atitude havia sido tomada, e neste caso, esqueceram de lançar mão da logística "eficiente" existente dentro do CRB-8, afinal, o assunto não é relevante, é um mero detalhe e de problema exclusivo da PUC-Campinas e de seus formandos, não tendo nenhum vinculo direto ou indireto com o CRB-8.

Além de todos os "adjetivos" mencionados acima, ainda não citei a amnésia presente em todo o alto escalão do conselho. Em 2005, o mesmo conselho que hoje diz "não representar um cientista da informação, por esse não ser um profissional da informação" me concedeu o registro provisório, e posteriormente, o registro definitivo, me reconhecendo como um profissional da informação, e rechaçando que eu, cientista da informação, estava em pleno gozo de todos os direitos e deveres de tais profissionais.

De outro lado, está a PUC-Campinas, uma instituição de reconhecimento nacional e internacional, pela sua tradição e qualidade de seus cursos. Em 2001, em uma reformulação feita na faculdade de biblioteconomia, o curso que antes chamará "Biblioteconomia" passou a se chamar "Ciência da Informação com habilitação em Biblioteconomia", passando a ser reconhecido pelo Ministério da Educação com um curso de nível superior. Passados seis anos dessa reformulação, a faculdade e a universidade, depara-se com uma situação nada agradável, ao ver o seu segundo curso mais antigo da casa, com mais de 60 anos de história, fazendo parte direta de uma decisão irresponsável propiciada pelo CRB-8. De certa forma, a PUC-Campinas também foi vítima dessa história, mas como instituição formadora desses profissionais, e um elo direto e fundamental para a resolução do problema, não está dando o devido valor, ou amparo, para aqueles alunos que dedicaram 4 anos de suas vidas, de forma dispendiosa, sacrificante e dedicada, e desta forma, está saindo do banco das testemunhas, passando ao banco dos réus, juntamente com o CRB-8.

E claro, o maior palhaço dessa história, ou se preferirem, os "João Bobo" da vez, que faz parte sem querer e sem saber o porque desse emaranhado de erros, arrogância, irresponsabilidade, incoerência, insensatez, arbitrariedade, desonestidade, ilegalidade e desrespeito somos nós, os cientistas da informação, que lutam pelo reconhecimento e admiração de seu trabalho, e que também lutam para que sua dignidade e seu direto de exercer sua profissão sejam respeitados.

20 março 2007

Primeira brasileira selecionada para o programa do IFLA

Por Janete Saldanha Bach Estevão

O programa que participei é denominado IFLA/OCLC Early Career Development Fellowship. É um programa patrocinado pela IFLA - International Federation of Library Associations and Institutions, OCLC - Online Computer Library Center e ATLA - American Theological Library Association, três grandes instituições internacionais nas áreas de Biblioteconomia, Ciência da Informação e Tecnologia da Informação.

A minha inscrição neste Programa de Desenvolvimento de Carreira se deu de uma forma inesperada. Ao fazer uma pesquisa no site da IFLA, encontrei a informação sobre o treinamento, e no site da OCLC estavam todos os requisitos e critérios de elegibilidade. Ao perceber que me enquadrava em todos, resolvi fazer minha inscrição, mesmo sendo apenas cinco vagas para todo o mundo.

O processo todo levou um mês. Além de uma ficha de inscrição com todos os seus dados, eram necessárias três cartas de recomendação, de três Instituições diferentes, e uma justificativa por escrito das intenções do candidato à participar desse programa, descrevendo inclusive as oportunidades e desafios no país de origem do participante para que os conhecimentos adquiridos fossem partilhados com a classe profissional e aplicados efetivamente.

Após uma longa pesquisa sobre a realidade da biblioteconomia no Brasil, desde a formação acadêmica até os serviços oferecidos nas bibliotecas, percebi que uma das grandes necessidades seria o aprimoramento no que diz respeito à implantação e gerenciamento de conteúdo digital, e o bibliotecário como agente fundamental no processo de criação desses acervos. Então minha carta baseou-se nessa perspectiva.

Fiz a inscrição e alguns meses depois recebi a feliz notícia de que havia sido selecionada. É preciso dar aos patrocinadores garantias concretas, através responsáveis pela carta de recomendação, de que a pessoa que está sendo indicada é uma profissional com um comprometimento do desenvolvimento da sua própria carreira, e do participante, através de um bom plano de ação, de que essa experiência será compartilhada com outros profissionais. E esse é com certeza o meu desejo também, e pra isso pretendo desenvolver um projeto de capacitação digital para bibliotecários, de forma gratuita, com apoio de Instituições, e também com o apoio do Programa VIVALEITURA.


O PROGRAMA OCLC

Este programa visa um desenvolvimento de carreira e educação continuada para profissionais de bibliotecas em países em desenvolvimento. Cinco pessoas de todas as inscritas do mundo são selecionadas para ir à Dublin, no Estado de Ohio, para um treinamento intensivo de 4 semanas, com programas de workshops, seminários e visitas, com todas as despesas pagas.

Os assuntos abordados incluem tecnologia da informação (TI) e seus impactos nas bibliotecas, gerenciamento de conteúdo digital, operação e gerenciamento de unidades de informação e cooperação global. Durante o treinamento aos Estados Unidos, os participantes visitarão Bibliotecas mais renomadas e centros culturais de instituições importantíssimas em vários estados americanos, como a Biblioteca do Congresso Americano, A Biblioteca Central de Columbus, A Biblioteca Pública de Chicago, A Biblioteca da Universidade do Estado de Ohio, A Biblioteca da Universidade de Illinois, a Biblioteca Universitária de Columbus e muitas outras. Os participantes irão transferir esse aprendizado e experiência para o seu contínuo crescimento profissional, além de contribuir com as suas Instituições em que trabalham e com o seu país.

O treinamento foi realizado no mês de Maio de 2006. Tive a felicidade de, em cinco anos de existência do programa, ser a primeira Brasileira e a segunda Latino-Americana a participar. Os outros quatro participantes da turma de 2006 foram dos seguintes países: Trinidad & Tobado, Moldova, Quênia e Indonésia.Obrigada por essa oportunidade de divulgar uma grande conquista, que outros profissionais possam também investir nos seus sonhos, pois eles podem se tornar realidade.

Bibliotecário em ascensão nas empresas

Por Lourdes Rodrigues
em Gazeta Mercantil
15 março 2007

Aquela figura austera, de óculos, cercada de livros por todos os lados, confinada a salas igualmente austeras em escolas ou bibliotecas públicas é coisa do passado. O bibliotecário tem hoje um amplo e promissor campo de trabalho junto às empresas (públicas e privadas). Até a nomenclatura da profissão ganhou novos termos, entre eles, bibliógrafo, cientista de informação, consultor de informação, especialista de informação, gestor de informação, segundo a classificação brasileira de ocupações (CBO).

O bibliotecário pode trabalhar com a informação em várias áreas como agências de publicidade, departamentos jurídicos de empresas, escritórios de advocacia, hospitais, editoras, bancos, indústrias, provedores de internet, livrarias, emissoras de televisão, jornais, entidades do terceiro setor. Ele pode até ter a sua empresa de consultoria, caso seu objetivo seja o de ser um empreendedor. O bibliotecário atua ainda na organização de acervos e sistemas de informação, na preservação da memória e da história de uma organização, pública ou privada.

"A área de biblioteconomia está em expansão. À proporção em que aumenta a informação em circulação, a atividade desse profissional se apresenta extremamente necessária à gestão das organizações", diz Regina Celi de Sousa, presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo. Atualmente, no Estado de São Paulo, há 7.609 bibliotecários e, segundo Regina Celi, se compararmos com a população estimada do estado, de 40.849.333 de habitantes, segundo a Fundação Seade, há um profissional para cada 5.368 habitantes. Uma relação, em sua opinião, muito desigual em comparação aos benefícios que o trabalho do bibliotecário representa para o desenvolvimento humano e para as instituições.

A média salarial está entre R$ 2,5 mil e R$ 4,5 mil, mas há profissionais que ganham entre R$ 10 mil e R$ 20 mil. Regina Celi de Sousa é um exemplo do profissional que não está restrito às bibliotecas tradicionais. Ela é gerente de conhecimento do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados.

"A área jurídica é uma das que mais emprega bibliotecários. Na cidade de São Paulo, cerca de 60 escritórios de advocacia empregam aproximadamente 200 bibliotecários. Nosso trabalho é filtrar as informações de interesse do escritório e dos clientes, mas para isso é imprescindível ter conhecimentos na área. É preciso saber onde buscar as informações, com resultado confiável, que vá agregar valor aos serviços do escritório."

Segundo Regina Celi, o Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo, assim como o Grupo Jurídico, oferecem cursos de capacitação profissional e oportunidades para os profissionais que desejam ingressar na área jurídica. "Empresas de recrutamento como a Catho Online já procuram bibliotecários. O boca-a-boca também é um instrumento muito forte na hora da colocação", informa Regina Celi.

A bibliotecária Emilia da Conceição Camargo, gerente do centro de informações do Grupo Totalcom (que engloba entre outras empresas a agência de publicidade Fischer América), defende a expansão desse mercado, pelo fato de a globalização ter levado as diferentes organizações a aprimorarem os seus processos, produtos e serviços. Isso coloca a informação não só como insumo para controle, mas também como um instrumento importante para a tomada de decisões e a busca de inovações.

"Em empresas de comunicação como o Grupo Totalcom, a busca de informação para atender futuros clientes e analisar a concorrência é um ativo. Assim, essas informações estão em sua maior parte ligadas à área de planejamento estratégico, mas também a estudos de tendências e áreas de pesquisa", analisa Emilia.

Outra bibliotecária que encontrou nas empresas seu desenvolvimento profissional é Yara Rezende, gerente de informação na Natura, que em seu setor conta com seis bibliotecários e um profissional oriundo da área de marketing. Yara diz que o mercado oferece boas oportunidades, mas ainda encontra dificuldade para encontrar um bom profissional.

"A formação universitária faz do bibliotecário um técnico. Para que ele seja qualificado a trabalhar em empresas, é preciso ter uma mente estratégica, voltada para o negócio, para lidar com as informações, e ter uma sólida formação cultural."Yara, logo após se formar, começou a trabalhar em empresas. Em 1981, ingressou na Mangels, onde criou um método revolucionário - a biblioteca sem acervo.

"Para mim, o importante é ter o acesso à informação, não o acervo, que para muitas empresas pode ser dispendioso. Criei, assim, o que se chama hoje de biblioteca virtual. Hoje, na Natura, como gerente de informação, tenho de estar alinhada aos planos estratégicos da empresa nas mais variadas áreas como mercado, logística, engenharia, entre outras. É preciso estar integrada aos processos da empresa, para antecipar informações, antecipar tendências. A informação é válida quando é subsídio para gerar conhecimento", conclui Yara Rezende.

Países de língua portuguesa terão acesso ao Portal Domínio Público

Por Flavia Nery
em Jornal da Ciência
13 março 2007

O Ministério da Educação vai liberar as obras do Portal Domínio Público aos outros sete membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 12, pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, durante audiência com o embaixador Luís de Matos da Fonseca, secretário executivo da CPLP. Serão oferecidas mais de 30 mil obras digitalizadas para acesso gratuito.

"Também queremos incluir no portal textos de países de língua portuguesa para diversificar o material disponível em domínio público", disse o ministro.

Lançado em novembro de 2004, o Portal Domínio Público coloca à disposição dos usuários da internet uma biblioteca virtual. Em pouco mais de dois anos, o portal registrou mais de três milhões de visitas.

Outra iniciativa anunciada durante a reunião foi o lançamento do edital do segundo concurso Literatura para Todos, ainda este mês. A competição, criada em 2006, estimula a produção de obras destinadas a estudantes que freqüentam a educação de jovens e adultos e classes de alfabetização.

A novidade este ano é a abertura do concurso para candidatos de países africanos de língua portuguesa. Serão oferecidas premiações para vencedores brasileiros, além de um prêmio especial para o escritor africano. O embaixador Luís Fonseca ficou entusiasmado em divulgar a iniciativa na CPLP.

Outra proposta apresentada durante a audiência foi a ampliação da Universidade Aberta do Brasil para a CPLP. Haddad propôs levar o projeto de formação de professores da educação básica para os membros da comunidade lusófona. A idéia é aumentar a oferta de programas de capacitação da forma como é oferecido o Proformação em São Tomé, Timor Leste e Guiné-Bissau.

CPLP - Criada há dez anos, a comunidade é integrada por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Os principais objetivos da CPLP são promover o acordo político e ideológico entre os membros e entre a comunidade e outros organismos internacionais; estimular a cooperação técnica entre os países em diversas áreas; e, sobretudo, defender e promover a língua portuguesa.

Biblioteca da Casa de Rui Barbosa reabrirá as portas

Por Laura Antunes
em Jornal da Ciência
12 março 2007

A programação cultural da cidade ganha fôlego novo ainda este mês, com a reabertura da biblioteca da Casa de Rui Barbosa, em Botafogo. Com 35 mil títulos, cerca de 300 deles considerados raridades, o acervo estava fechado ao público desde 2005.

Nesse período, a biblioteca passou por um minucioso trabalho de conservação, com a instalação de sistema de ventilação para garantir os níveis adequados de temperatura e umidade do ar. Os livros também passaram por um delicado processo de limpeza e estão livres, a partir de agora, de ataque de fungos e outros microorganismos.

Além das jóias literárias, os visitantes encontrarão restaurados o piso e as esquadrias, em pinho de riga; e as estantes de 150 anos, em mogno inglês. O trabalho foi resultado de um acordo de cooperação técnica, assinado em 2004, entre a Casa de Rui Barbosa e o Instituto Getty, nos Estados Unidos. A Fundação Vitae financiou o projeto de controle climático, orçado em R$ 100 mil.

“Em climas tropicais, as altas temperaturas e a umidade podem causar a deterioração dos livros, com ataques de fungos, mofos e outros microorganismos. Por isso, é necessário combater a umidade e reduzir a temperatura do ambiente, mas por meio de soluções sustentáveis. Como o Instituto Getty faz pesquisas, há mais de dez anos, sobre a conservação de patrimônios em regiões quentes e de alta umidade, recorremos a eles”, conta a arquiteta Cláudia Carvalho, gerente do projeto de controle climático da Casa de Rui Barbosa.

O que faz um bibliotecário?

em Biblioteca Virtual do Estado de São Paulo


Como você responderia a esta pergunta? Talvez alguma experiência ou lembrança das bibliotecas que você tenha freqüentado, ou mesmo um filme que você já tenha, visto tenham lhe dado algum referencial sobre esta profissão. “É o cara que fica atrás do balcão atendendo o público ou nos fundos da biblioteca organizando o acervo” poderia ser uma resposta padrão.

O trabalho em qualquer biblioteca (do seu bairro, da escola, da universidade – por exemplo), requer muitas outras atividades que fazem do bibliotecário um administrador: gerenciar a equipe da biblioteca e os trabalhos que envolvem a organização e disseminação do acervo (seleção, aquisição, catalogação, classificação, indexação, serviço de atendimento, etc.), implementar e gerenciar os sistemas de informação, entre outras atividades.

Mas o universo do bibliotecário não se restringe apenas aos livros, revistas e outros materiais das bibliotecas tradicionais há tempos.

Com o rápido desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, nos vemos cercados de informações por todos os lados, através de milhares de livros e textos, artigos de revistas e jornais, músicas, websites, filmes, vídeos, anúncios publicitários, noticiários, e-mails, imagens, dados estatísticos, etc., que fazem parte do nosso dia-a-dia no trabalho, nos estudos e no lazer.

Você já deve ter ouvido falar que estamos vivendo a Sociedade do Conhecimento, onde o conhecimento e a inovação são os bens mais valorizados, até mesmo em termos econômicos. Mas não significa que receber muitas informações seja adquirir conhecimento, pois ele só se constrói quando nos utilizamos das informações para compreender algo e as aplicamos de algum modo. Com tanta oferta de informação em nosso cotidiano, percebeu-se a necessidade de focar no que os estudiosos chamam de "competência em informação" (information literacy), ou seja, na capacidade de saber selecionar, interpretar, analisar e utilizar a informação mais adequada para determinada necessidade. Assim, o bibliotecário, pela sua formação e experiência profissional, acaba sendo fundamental na promoção da competência em informação, atuando nos lugares onde é preciso organizar a informação (independente de onde ela esteja) e facilitar o seu acesso aos usuários.

Hoje em dia, o bibliotecário pode atuar em centros de documentação ou informação, arquivos, centros culturais, centros de memória, museus, editoras, empresas de rádio, TV e Internet, órgãos governamentais, empresas privadas e do terceiro setor, bancos de imagem, serviços de informação em geral, entre outros. Além de tratar e desenvolver recursos de informação, ele pode desenvolver e realizar ações educativas e de ação cultural (principalmente de acesso à leitura); trabalhar com organização e disponibilização de documentação histórica e conservação e restauração de obras raras; integrar e desenvolver estudos e pesquisas em diversas áreas; fazer parte dos processos das empresas na tomada de decisão e na certificação de qualidade; atuar como analista de conteúdo de Internet; administrar, desenvolver e manter bancos de dados, sistemas de informação, bibliotecas digitais e virtuais; organizar sites e portais corporativos, realizando a arquitetura de informação; implementar e integrar os processos de gestão de conhecimento de organizações.

Além disso, ele também pode atuar como autônomo, prestando consultorias a empresas. Por conta de suas múltiplas possibilidades de atuação, o bibliotecário foi ganhando outros nomes ou "apelidos", tais como: profissional da informação, gestor da informação, gestor de conhecimento. Seja como for, a presença de um profissional com as suas competências tem sido cada vez mais necessária nos atuais tempos.

Atualmente, a presença do bibliotecário é fundamental em todos os setores que trabalham com informação, desde as bibliotecas públicas, escolares e universitárias às empresas que demandam uma eficiente gestão de informação, organização de acervos eletrônicos, arquitetura da informação em sites e atividades ligadas ao resgate da memória institucional.


DIA DO BIBLIOTECÁRIO

O Dia do Bibliotecário, no Brasil, é comemorado em 12 de março em homenagem a Manuel Bastos Tigre (nascido em 12 de março de 1882). Figura de múltiplos talentos e profissões formou-se engenheiro, mas também exerceu ocupações como jornalista, poeta, compositor, teatrólogo, humorista, publicitário e, especialmente, bibliotecário. É considerado o primeiro bibliotecário por concurso no Brasil, atuando no Museu Nacional do Rio de Janeiro.

O Decreto Federal nº 84.631, de 09/04/1980, assinado pelo então presidente da República João Figueiredo, instituiu, além do Dia do Bibliotecário, a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca (de 3 a 29 de outubro).

O bibliotecário é um profissional de nível superior (bacharelado em Biblioteconomia), cujo exercício é regulamentado por lei e fiscalizado por Conselhos Regionais de Biblioteconomia.

Sua imagem, geralmente, é associada aos livros e às bibliotecas tradicionais, atribuição que por muito tempo se fez única realmente. Da Renascença (na época da criação da tipografia) até meados do século XIX, o bibliotecário quase sempre era um erudito ou um escritor que cuidava dos acervos, à procura de paz para realizar sua obra. A partir de meados do século XIX, sentiu-se a necessidade de haver um profissional com formação especializada e técnica, pois se reconheceu que era uma profissão socialmente indispensável. Como vimos anteriormente, agora o bibliotecário pode atuar em diversos lugares.


MAIS SOBRE BIBLIOTECONOMIA

Profissionais registrados (RM de São Paulo): 4.013
Profissionais registrados (interior): 3.469
Total: 7.482 bibliotecários atuando no Estado


SÍMBOLOS DA PROFISSÃO

A lâmpada de Aladim, que representa desde a antiguidade a incessante vigília e a atividade intelectual, e o livro aberto, que significa o oferecimento da educação e da cultura.

A pedra do profissional é a ametista, uma pedra preciosa de cor violeta. É uma variedade de quartzo, encontrada no Brasil, Uruguai, Sibéria e no Ceilão. Clássica pedra da amizade, reforça a memória, protege da alucinação e defende contra a embriaguez.

Herbário do Museu Goeldi vai ganhar página online

Por Fernanda Engelhard
em Jornal da Ciência
8 março 2007

Até o final do mês será disponibilizado no Portal MPEG o primeiro serviço eletrônico do Herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), instituição vinculada ao MCT.

A estrutura do site Herbarium MG online é fruto de um trabalho de três meses da equipe do Núcleo de Biogeoinformática (NBGI) do Programa de Pesquisa em Biodiversidade – PPBio/Amazônia Oriental e vai possibilitar a realização de pesquisas na coleção de typus que compõem o acervo do Herbário.

Segundo o curador do Herbário, Ricardo Secco, existem hoje cerca de 180 mil espécies vegetais catalogadas no acervo, mas para esta primeira versão on line serão disponibilizadas apenas 2.500 typus, ou seja, amostras básicas de espécies para os estudos da biodiversidade vegetal.

Para o curador, a criação do site Herbarium MG on line vai facilitar bastante o acesso aos dados do herbário de maneira rápida e fácil aos pesquisadores.

"A procura pelo acervo do Herbário MG é muito grande. Temos convênios com instituições do Brasil e do mundo, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em Manaus, AM, a USP, os jardins botânicos do RJ, Londres e Paris, entre outros. Com a disponibilização dos dados online será muito mais fácil o pesquisador complementar seus estudos", enfatiza Ricardo.

Segundo o coordenador do NBGI, Paulo Melo, esta primeira versão do site ainda é bastante simples, pois será publicado apenas um catálogo eletrônico dos typus, mas no futuro a idéia é sofisticar o serviço.

Para isso serão necessários estudos e avaliações de programas que substituam o atual e façam com que o site seja um sistema estável e seguro aos bancos de dados biológicos do Museu Goeldi.

"O programa usado nesta primeira versão ainda não é o ideal. Por esse motivo seu conteúdo será disponibilizado com certas restrições. O público externo, ou seja, o internauta, por exemplo, não terá acesso a todas as informações contidas no site. Algumas informações serão exclusivas para os usuários internos como o curador do herbário, botânicos, técnicos e aos pesquisadores ligados de alguma forma as pesquisas no herbário", explica Paulo Melo.

Imagens do cérebro na internet reúnem 50 terabytes de dados

em Inovação Tecnológica
2 março 2007

Pesquisadores disponibilizaram na Internet um banco de dados contendo a maior coleção já feita de imagens do cérebro. E não apenas cérebros humanos, mas também cérebros de macacos, cães, gatos, camundongos e pássaros.

O site BrainMaps contém os atlas digitais dos cérebros na mais alta resolução já construída, somando 50 terabytes de imagens e permitindo a exploração das profundezas cerebrais com um nível de detalhamento sem precedentes.

É possível ter-se desde uma visão geral até a visualização de detalhes muito precisos, como as conexões e os detalhes dos nervos. O site também disponibiliza ferramentas para navegação nas imagens e para analisar os dados do cérebro.

É um verdadeiro "Google Maps" do cérebro, na comparação de um dos seus criadores, o pesquisador Shawn Mikula.

Os mapas do cérebro em alta resolução irão permitir que os pesquisadores utilizem uma espécie de microscópio virtual para comparar cérebros sadios com outros, comparando a estrutura, a expressão genética e até a distribuição de diferentes proteínas.

"Eles irão pemitir um melhor entendimento da organização dos cérebros normais, e podem ajudar os pesquisadores na identificação de minúsculas anormalidades morfológicas e químicas por trás do Mal de Alzheimer, de Parkinson e outros doenças neurológicas," diz Mikula.

Todos os dados do mundo encheriam 2 bilhões de iPods

Por Associated Press
em Terra Tecnologia
6 março 2007

Um estudo que estima quanta informação digital existe no mundo chegou a conclusão de que em breve não existirá espaço de armazenamento suficiente para guardar tudo, já que a quantidade de dados cresce muito mais do que a quantidade de discos. Hoje existem dados suficientes para encher 2 bilhões de iPods de 80 GB.

O relatório, montado pela empresa de pesquisa em tecnologia IDC, buscou contar todos os zeros e uns que compõem qualquer tipo de informação digital. De acordo com a pesquisa, cada arquivo é replicado em média três vezes. O total encontrado foi de 161 exabytes, ou seja, 161 bilhões de gigabytes de informação em 2006.

Se tudo isso fosse impresso, seria o equivalente a 12 pilhas de livros que iriam da Terra ao Sol. Por outra ótica, é o mesmo que 3 milhões de vezes toda informação contida em livros durante todos os tempos, segundo a empresa. Seriam necessários 2 bilhões de iPods de última geração para armazenar tudo isso.

A estimativa anterior foi feita por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos, que totalizaram em 2003 a informação em 5 exabytes. Entretanto, os padrões da pesquisa de Berkeley diferem um pouco da realizada pela IDC. Na primeira, foi considerada também a informação não eletrônica (como ondas de rádio analógico e dados impressos) e se estimou quanto espaço esta consumiria se fosse digitalizada. Outra diferença foi que, em Berkeley, não era considerada a cópia destes arquivos.

Pesquisadores não envolvidos no estudo disseram que, como a IDC utilizou muito material interno para análise, é bastante difícil replicar ou confirmar os dados do estudo.

A IDC estima que existam no mundo 185 exabytes de espaço para armazenamento e a projeção para 2010 é de 201 exabytes. Mas a quantidade de dados, que é de 161 exabytes agora, deve saltar para 988 exabytes, se aproximando de um zettabyte. "Se nenhum dado for apagado, não teremos espaço suficiente", diz John Gantz, analista da IDC.

Editora promove livro via SMS

Por Magnet
em Terra Tecnologia
12 março 2007

A editora inglesa Random House resolveu buscar novos leitores a partir de celulares, oferecendo aos consumidores a chance de ler gratuitamente o primeiro capítulo do manual de negócios Life´s A Pitch através de mensagens SMS.

O site inglês NMA afirma que a divulgação é resultado de uma parceria com a ICUE, companhia britânica focada em conteúdo escrito digitalizado para celulares. Junto ao oferecimento gratuito da prévia do livro, os consumidores receberão um desconto de 40% na compra do manual nas livrarias.

Alguns sites, como o Gizmóvil, são céticos quanto à novidade, já que muitos usuários se sentem incomodados ao ler documentos em monitores ou pequenas telas de celulares. Muitos usuários se perguntam quantas mensagens seriam necessárias para que o capítulo completo fosse recebido em um aparelho.

Porém, uma pesquisa na Wikipédia aponta que o modelo de negócio normalmente utilizado pela ICUE é um pouco diferente. Através do download de um aplicativo Java baixado para o celular, os usuários podem acessar uma biblioteca virtual enviando uma mensagem instantânea para um número da operadora.

O site do livro, diz que para solicitar o primeiro capítulo gratuitamente, os interessados deverão mandar uma mensagem SMS para um número determinado, com a palavra "pitch".

Historiadores lutam com Bush por acesso a documentos

Por Patricia Cohen
Tradução de George El Khouri Andolfato
em The New York Times
8 março 2007

Em dezembro de 1989, um mês após a queda do Muro do Berlim, os presidentes George Bush e Mikhail Gorbachev se encontraram em Malta e, nas palavras de um porta-voz soviético, "enterraram a Guerra Fria no fundo do Mediterrâneo". A transcrição russa do encontro de cúpula foi publicada em Moscou em 1993. Quatorze anos depois, historiadores americanos ainda estão esperando que seu próprio governo libere uma transcrição.

Agora, legisladores e estudiosos estão esperando forçar a abertura de um acesso a tais documentos de arquivo, eliminando o que disseram ser o maior obstáculo à pesquisa histórica: uma diretriz emitida pela atual Casa Branca em 2001, que desacelerou enormemente ou impediu a liberação de documentos presidenciais importantes.

"Eu visitei a biblioteca Bush em 1999, esperando poder olhar" a transcrição de Malta, disse Thomas S. Blanton, diretor executivo de um instituto de pesquisa independente chamado Arquivo de Segurança Nacional da Universidade George Washington. Ele preencheu o pedido segundo a Lei de Liberdade de Informação, mas disse: "Eu ainda não a tenho e não sei dizer quando a terei".

A ordem executiva de 2001 do presidente George W. Bush restringiu o acesso aos registros presidenciais ao dar aos presidentes em exercício o poder de adiar indefinidamente a liberação de documentos, ao mesmo tempo em que estendeu o controle a ex-presidentes, vice-presidentes e suas famílias. Também mudou o sistema, de um que liberava automaticamente documentos 30 dias após o ex-presidente ou presidente em exercício ser notificado para um que retém documentos até um presidente permitir especificamente sua divulgação.

Nesta quinta-feira (8/3), o Comitê da Câmara para Supervisão e Reforma do Governo deverá discutir um novo projeto de lei que derrubaria a ordem de Bush, disse uma porta-voz do comitê, Karen Lightfoot. Os patrocinadores, que incluem o presidente do comitê, o deputado Henry A. Waxman, democrata da Califórnia, esperam apresentar o projeto de lei no plenário da Câmara na próxima semana.

Allen Weinstein, o arquivista dos Estados Unidos, disse na quarta-feira que a ordem não está sendo usada para impedir que documentos presidenciais cheguem ao público, mas que obviamente "tem aumentado o tempo e adiamentos, que são endêmicos". O acúmulo de pedidos por documentos agora chega a cinco anos.

Para Weinstein, o maior problema é a falta de recursos e arquivistas treinados. Todo ex-presidente traz uma nova enxurrada de documentos e leva a um aumento nos pedidos por eles. Enquanto isso, um recente congelamento do orçamento reduziu o número geral de funcionários. Weinstein disse que sua equipe trabalha em formas para melhorar a eficiência, como agrupar juntos pedidos semelhantes.

Blanton culpou o comando anterior do arquivo por falhar inicialmente em responder às pressões adicionais sobre o sistema. Mas ele deixou claro que a mais recente ordem executiva agravou significativamente o problema. Em uma audiência no Congresso na semana passada, ele disse que o tempo de espera na Biblioteca Presidencial Reagan aumentou de 18 meses, em 2001, para 6 anos e meio.

"Havia um processo funcional, justo, organizado, claro e sensível para os registros presidenciais em vigência durante os anos 90", que a ordem executiva de Bush "derrubou e substituiu pelo oposto", disse Blanton. "Não é apenas errado, é estúpido."

A Lei de Registros Presidenciais de 1978, parte das reformas pós-Watergate, claramente deu à população americana a propriedade de documentos presidenciais, disse o historiador Robert Dallek, cujo livro mais recente, "Nixon and Kissinger: Partners in Power", será publicado no próximo mês. Mas a ordem executiva de Bush, ele disse, teve o efeito de devolver a propriedade aos presidentes e seus herdeiros.

Tendo escrito histórias altamente respeitadas sobre Franklin D. Roosevelt, John F. Kennedy, Lyndon B. Johnson e Ronald Reagan, Dallek disse que "minha experiência foi, particularmente com este novo livro, que há uma história muito diferente para ser contada do que um presidente e seus representantes gostariam de ouvir quando você consegue entrar e ler os registros".

Ele revirou os arquivos para montar seu novo livro, que revela que Henry A. Kissinger e Richard M. Nixon discutiram desde cedo a impossibilidade de vencer a Guerra do Vietnã, assim como momentos descuidados em que Kissinger se refere aos sul-vietnamitas como "pequenos amigos amarelos".

Os presidentes e os guardiões de seus legados prefeririam que tais detalhes embaraçosos não viessem à tona, disse Dallek em uma entrevista por telefone. Mas as evidências dos arquivos fornecem um "quadro muito mais honesto, mais franco, do que pensavam, do que diziam e dos atos de logro que praticavam", ele disse. "É importante para o país ouvir e saber."

A divulgação dos documentos presidenciais e transcrições telefônicas freqüentemente transformam a forma como o público e estudiosos vêem os presidentes. Fred I. Greenstein, um estudioso de presidentes, utilizou anotações originais feitas funcionários do governo das discussões para argumentar que Dwight D. Eisenhower, longe de ser ineficaz e não envolvido, foi um presidente notavelmente engajado que orquestrou cuidadosamente a estratégia durante seus dois mandatos.

Os documentos que deram uma visão mais clara da extensão das doenças debilitantes de Woodrow Wilson e John F. Kennedy -habilmente escondidas durante seus mandatos e após suas mortes- influenciaram a forma como as pessoas pensam sobre a saúde física e mental dos candidatos, assim como a transferência de poder em caso de um presidente ficar severamente debilitado. Blanton disse acreditar que a Casa Branca de Bush está principalmente preocupada em reverter o que considera uma erosão do poder presidencial após Watergate. "Isto propicia a vantagem adicional de dar ao presidente em exercício muito mais controle sobre a história", ele disse.

Mas se ele está correto sobre os motivos do governo Bush é algo que ninguém saberá até que os documentos do presidente sejam liberados - seja lá quando isto for.

Site mostrará formação do planeta Terra

Por Reuters
em INFO Online
9 março 2007

Geólogos de todo o mundo vão começar a montar na semana que vem o primeiro mapa geológico online da Terra.

O projeto OneGeology, que reúne cientistas de mais de 55 países, vai coletar informações de pesquisas geológicas e apresentá-las na Internet para que todos tenham acesso a elas, como o Google Earth já faz com as imagens de satélite.

Com isso, além de permitir o acesso universal a imagens detalhadas do solo, as lacunas no conhecimento ficarão mais evidentes.

"Os dados geológicos existem. O que estamos tentando fazer é destrancá-los e torná-los disponíveis universalmente", disse Ian Jackson, da Pesquisa Geológica Britânica, numa entrevista coletiva na quinta-feira. "É como montar um quebra-cabeça global."

"Acreditamos que, ao aumentar a disponibilidade de dados geológicos, nosso conhecimento de fatores ambientais que afetam a saúde e o bem-estar humanos aumente", acrescentou ele.

Um dos objetivos é começar a identificar estruturas geológicas profundas que possam ser usadas para o armazenamento de longo prazo do dióxido de carbono, um gás que provoca o efeito estufa.

Muitos cientistas e políticos acreditam que a captação e o armazenamento de carbono sejam um dos instrumentos mais importantes na luta contra o aquecimento global.

Mas Jackson disse que o OneGeology também pode ajudar a detectar problemas em potencial antes que eles apareçam, já que a geologia não respeita fronteiras nacionais.

"Se alguém está extraindo água de um lado de uma estrutura geológica que cruze uma fronteira política, enquanto no outro lado alguém a está poluindo, isso é um problema", disse ele. "Saber que a estrutura cruza essa fronteira pode evitar isso."

O projeto, que há um ano não era nem uma proposta no papel, deve começar a dar resultados até meados de 2008, passando a crescer de forma constante conforme mais países entreguem os dados que já possuem para preencher as lacunas.

Um dos problemas é que, embora os dados existam nos países, boa parte de seus formatos não é compatível. O projeto converterá a informação para a nova língua geológica universal, a GeoSciML.

"A necessidade é de tornar os dados disponíveis e harmoniosos entre si", disse Jackson. "O maior obstáculo à informação não é seu custo, é saber que ela existe e onde ela está."

O projeto terá início numa reunião na cidade litorânea de Brighton, na Inglaterra, entre 12 e 16 de março.

Os 100 endereços web mais antigos do mundo

em INFO Online
5 março 2007

A empresa de registro de domínio iWhois e a Jottings.com divulgaram a lista das cem mais antigas URLs .com em uso no mundo.

O endereço de internet mais antigo é symbolics.com, registrado 22 anos atrás, mais exatamente em 15 de março de 1985. A seguir aparece na lista bbn.com, registrado em 24 de abril de 1985.

URLs mais famosas começam a aparecer somente na sétima colocação, com o registro xerox.com, criado em 09 de janeiro de 1986. Atrás da Xerox vêm outros endereços de empresas de tecnologia, como hp.com, criado em 03 de março de 1986; ibm.com, criado em 19 de março de 86; sun.com, de 21 anos atrás e intel.com, de 25 de março de 1986.

As empresas de tecnologia dominam praticamente toda a lista. Ainda aparecem entre as cem a AMD, a 3Com e a Apple. O centésimo domínio da lista é o nynexst.com, com data de criação de 30 de novembro de 1987.

25 empresas de Web 2.0 que podem ser o próximo YouTube

em IDG Now!
19 março 2007

Em pouco mais de dois anos, o YouTube saiu do anonimato, ganhou milhões de usuários e foi adquirido pelo Google por 1,6 bilhão de dólares, no negócio mais importante da Web 2.0 em 2006.

Mas quem será o próximo YouTube? A revista norte-americana Business 2.0 fez suas apostas em cinco categorias: redes sociais, vídeo, publicidade, mobilidade e empresas.

Confira uma lista de 25 empresas que têm modelos de negócios originais e criativos. Será que uma delas é o próximo YouTube? Dê sua opinião.


REDES SOCIAIS

StumbleUpon
Lançado em 2002, o StumbleUpon tem mais de dois milhões de usuários registrados. É uma mistura do del.icio.us, que permite salvar seus links favoritos, com o Orkut, uma comunidade online. O site mostra publicidade de acordo com os interesses dos usuários e sua localização geográfica. Agora, está tentando fazer o mesmo com vídeo.

Slide
O nome diz tudo: personaliza e junta slide shows de fotografias que podem ser incluídos em blogs e no MySpace, enviados por feeds de RSS ou baixados para o desktop como um screensaver.

Wikia
Usa o mesmo software da famosa enciclopédia online, a Wikipedia. Lançado em 2004, reúne comunidades de todos os tipos - de Indiana Jones a Harry Potter. E você ainda pode editar o conteúdo. Já conta com uma versão em português do Brasil.

Meebo
Que tal falar com seus amigos via comunicadores instantâneos independente do lugar em que você está? Este é o Meebo. Se você usa AIM, Yahoo!, MSN, Google Talk, ICQ e Jabbe, basta se logar no site para se conectar com sua rede de amigos. Um widget, chamado Meebo Me, pode ser colocado em seu blog. Ele permite que os visitantes “conversem” com você.

Bebo
Uma rede social com mais de 30 milhões de pessoas que deixa as páginas privadas, mas permite que eles compartilhem vídeos e desenhos.


VÍDEO

Joost
Eles são empreendedores seriais. Janus Friis e Niklas Zennström já desenvolveram o Kazaa e o Skype, dois dos maiores sucessos da internet. Agora, estão apostando no vídeo. O serviço provê mais do que uma experiência de TV do que de vídeo pela internet. E, segundo os que testaram, com uma qualidade quase idêntica a da TV.

Dabble
Uma ferramenta para organizar vídeos em uma lista de favoritos. Os usuários podem compartilhar as suas preferências pela rede.

Metacafe
Um serviço que faz um ranking dos vídeos por popularidade e paga os criadores pelo sucesso de seus trabalhos. Mais de 20 mil visitas ao vídeo valem 100 dólares. Depois, o videomarker recebe 5 dólares para cada mil visitas. Até setembro, pagou 250 mil dólares para 200 colaboradores.

Revision3
Um estúdio de produção para shows onlines de geeks. Os fundadores são Kevin Rose, do Digg, e Jay Adelso, atual CEO da empresa. Vende patrocínio para empresas como Go Daddy, Microsoft e Sony por mais de 10 mil dólares o episódio.

Blip.TV
Uma plataforma de licenciamento para seriados online. A Blip provê software, anúncios e distribuição para websites e blogs.


MOBILIDADE

Fon
Companhia espanhola que aposta nas redes sem fio Wi-Fi com um modelo de negócios que tem a participação de seus clientes. A Fon vende roteadores wireless por 30 dólares. Os compradores registram o hotspot e concordam em dividir sua rede banda larga sem fio com outros “Foneros” de graça. Se quiserem cobrar, a Fon ganha uma comissão. Depois de um ano, a Fon tem mais de 70 mil hotspots. É focada na Europa e na Ásia. A empresa planeja chegar aos EUA nos próximos meses.

Mobio
Encontre uma série de aplicações para o seu celular, desde determinar onde você está até saber quais filmes assistir.

SoonR
Permite que você acesse o computador de casa ou do escritório através de seu telefone celular, encontrando dados de documentos Word até de arquivos de Photoshop.

Tiny
É uma espécie de Flickr, mas wireless. Envia fotos de telefones celulares para seus amigos, que podem acessar e comentar.

Loopt
Que tal encontrar seu amigo perdido em um megaevento? É o que promete o Loopt, um serviço por celular que localiza as pessoas registradas. Pais controladores vão adorar esse serviço.


PUBLICIDADE

Turn
Você já deve ter ouvido o termo pay-per-click (pague pelo click). E pay-per-play? Prepara-se para ir se acostumando com a expressão. A Turn promete o que todos os anunciantes querem: pagar apenas pelos resultados desejados. Os anunciantes definem os preços que querem pagar para vários resultados. Um anunciante pode, por exemplo, determinar que quer pagar 5 dólares por um lead e 60 dólares por uma transação completa. Feito isso, é só colocar o anúncio no ar - texto ou gráfico - e o software da Turn analisa os resultados. A empresa divide a receita com as editoras e donos de sites que usam o sistema.

Spot Runner
Funciona como um shopping de baixo custo para anúncios de TV de 30 segundos. Com base no orçamento, monta a estratégia de divulgação. Focada em mercados regionais.

Vitrue
Uma plataforma que permite que os usuários editem e gerem vídeos para promover seus produtos.

Admob
Um lugar para comprar anúncios para entregar em telefones celulares. A empresa diz que seus anúncios já foram vistos mais de 1,5 bilhão de vezes, segundo contador online no website da companhia.

ADiFY
Um mercado online para anunciantes e editoras. Empresas podem oferecer anúncios diretamente para os anunciantes. E anunciantes podem focar em mercados específicos.


EMPRESAS

SucessFactors
Essa é uma empresa com cinco anos de vida, um faturamento anual estimado em 100 milhões de dólares e lucrativa. A SucessFactors conta um software online que analisa o desempenho do funcionário, ajuda no planejamento e na compensação. Um dos recursos mais recentes é o que permite avaliar as habilidades dos funcionários em conjunto com os objetivos da companhia.

Rearden
Uma aplicação web que integra reservas de hotéis, vôos, encontros e outros eventos com uma agenda. Mais de 150 companhias e 500 mil funcionários usam o serviço da Rearden.

SimulScribe
Serviço que transcreve mensagens de voz de seu telefone e as envia como texto ou e-mail para seu telefone celular.

LogoWorks
Automatiza a produção de logos e cartões de visitas. O software da empresa permite a cobrança de preços menores do que os concorrentes tradicionais.

Janrain
Ao colocar sua senha uma única vez, o usuário pode navegar por vários sites sem precisar digitar novamente suas senhas.

Número de usuários de internet aumenta 10% em um ano

Por France Presse
em Folha Online
7 março 2007

A quantidade de usuários da internet aumentou 10% em todo o mundo no último ano, graças principalmente a um crescimento na Índia, na China e na Rússia, revelou uma pesquisa publicada nesta terça-feira.

O estudo, realizado pela empresa de pesquisas de mercado comScore Networks, calculou que 747 milhões de pessoas com mais de 15 anos usaram na internet no mundo em janeiro de 2007, o que significou um aumento de 10% com relação a janeiro de 2006.

Os Estados Unidos continuam sendo o país com maior número de usuários --153 milhões--, mas o crescimento foi de apenas 2%, informou a comScore. A China estaria em segundo lugar, com 86,7 milhões de usuários e um aumento de 20%. O número, no entanto, não bate com a estimativa chinesa de 137 milhões de usuários, que inclui usuários de cibercafés e outros locais públicos.

O maior aumento foi registrado na Índia, onde a quantidade de usuários da rede aumentou 33% com 21,1 milhões.

'Wikipedia' reacionária gera polêmica nos EUA

em Folha Online
11 março 2007

Os cangurus são descendentes de animais da Arca de Noé, assim como o efeito estufa não passa de invenção de pessoas de esquerda. É o que afirma uma versão conservadora da enciclopédia on-line Wikipedia, batizada Conservapedia. A novidade vem levantando polêmica nos EUA.

O site é dirigido por Andrew Schlafly, filho da ativista conservadora e anti-feminista Phyllis Schafly. O endereço foi lançado em novembro passado com a idéia de contrastar a posição supostamente anticristã e antiamericana da Wikipedia.

A enciclopédia recebeu um forte impulso graças a atenção dada por diversos jornais como o "New York Times" e o "The Guardian", que dedicaram amplas reportagens a ela.

Desde então o número de acessos da Conservapedia cresceu de maneira meteórica, como se encarregam de destacar os próprios responsáveis pelo site. Eles afirmam que a página recebe mais visitantes do que o site de Rush Limbaugh, um popular e polêmico comentarista norte-americano de extrema direita.

Google Book Search ganha apoio de biblioteca da Alemanha

Por Reuters
em Estadão.com.br
7 março 2007

A Biblioteca do Estado Bávaro, uma das maiores do mundo de fala alemã, concordou em participar do projeto de digitalização de livros do Google, que tem como objetivo tornar disponível online o acervo das maiores bibliotecas do mundo.

A biblioteca sediada em Munique, que possui 9 milhões de volumes, deve tornar disponível ao Google Book Search cerca de um milhão de livros, com títulos variando desde clássicos de Johann Wolfgang von Goethe a contos de fada dos Irmãos Grimm.

Um porta-voz da biblioteca informou que uma grande parcela dos livros a serem escaneados está em alemão, mas haverá também títulos em italiano, francês, latim e inglês.

Stefan Keuchel, porta-voz do Google na Alemanha, disse que alguns livros estarão disponíveis para download assim que forem colocados online. Ele acrescentou que isso deve ocorrer "nos próximos anos".

"Este é um passo muito importante para nós, particularmente diante das críticas que estão sendo levantadas contra o projeto", disse o representante.

Todos os livros que serão incluídos no projeto são trabalhos com direitos autorais expirados. Na Alemanha, a lei protege obras literárias por 70 anos depois da morte dos autores.

Entre outros participantes do projeto do Google estão a Universidade Complutense de Madri, a Biblioteca Bodleian de Oxford, a Biblioteca Nacional da Catalunha, várias universidades dos Estados Unidos e Biblioteca Pública de Nova York.

Wikipedia pretende criar serviço de busca online

Por Reuters
em Estadão.com.br
8 março 2007

O projeto de colaboração online responsável pela Wikipedia planeja criar um serviço de busca capaz de concorrer contra o Google e o Yahoo, revelou nesta quinta-feira, 8, o fundador da popular enciclopédia online.

A Wikia, a contraparte comercial da Wikipedia, que não tem fins lucrativos, quer conquistar participação de pelo menos 5% no lucrativo mercado de buscas na internet, disse Jimmy Wales em entrevista coletiva, em Tóquio. "A idéia de que o Google tem alguma vantagem porque eles dispõem de cientistas de primeira qualidade talvez tenha se tornado um pouco antiga, agora", afirmou.

Descrevendo as duas empresas de internet como "caixas pretas" que se recusam a revelar como classificam os resultados de busca. Wales disse que tecnologia colaborativa de busca poderia transformar a estrutura de poder da web.

Wales, antigo operador de mercado futuro que se tornou um expoente da tecnologia livremente compartilhada, disse que os usuários poderiam trabalhar juntos para melhorar os serviços de busca da mesma forma que os usuários da Wikipedia alteram e reescrevem artigos na grande enciclopédia online.

O processo de melhora constante também poderia tornar a tecnologia de busca menos suscetível a spam, disse ele.

Fundada em 2004 e contando agora com mais de 30 funcionários, a Wikia hospeda a publicação coletiva de sites sobre ampla gama de assuntos, de psicologia ao Muppet Show.

Embora a Wikia forneça ferramentas editoriais gratuitamente aos seus usuários, a empresa requer que sites construídos com seus recursos ofereçam links ao Wikia.com, que fatura com publicidade.

Usando o mesmo software básico que a Wikipedia, a Wikia provavelmente terá mais verbetes do que sua contraparte original, no futuro, disse Wales.

Ao contrário da Wikipedia, boa parte do conteúdo da Wikia se dirige a nichos de mercado - o que agrada muito a leitores obcecados com temas como os filmes Guerra nas Estrelas ou trens.

A Wikipedia tem no momento 1,7 milhão de verbetes em sua versão em inglês, de acordo com o site da enciclopédia. Embora Wales se tenha recusado a mencionar metas financeiras, ele disse que a empresa recebeu US$ 4 milhões em investimento pelos chamados "anjos" (empresários que investem em empresas iniciantes para começarem a funcionar), bem como "um investimento muito grande" da Amazon.

Wikipedia quer controlar quem contribui com o site

em Estadão.com.br
13 março 2007

A Wikipedia passou por um sério problema de imagem recentemente ao descobrir que um renomado contribuinte da enciclopédia online era uma farsa.

Agora, o fundador do serviço, Jimmy Wales, propôs um novo sistema de checagem voluntária de credenciais para verificar se doutores e professores são realmente o que dizem.

Ainda não se sabe como este sistema funcionaria, mas sabe-se que algum sistema de verificação de documentos deve entrar no ar em poucos dias. Nem todo mundo concorda com a idéia: Florence Devouard, que sucedeu Wales à frente do conselho da Fundação Wikimedia, responsável pelas ferramentas, disse que o que importa não é a qualidade das credenciais de quem contribui com o site, mas sim a qualidade do conteúdo.


ENTENDA A POLÊMICA

O mais recente episódio de descrédito para a Wikipedia aconteceu quando um contribuinte tido como um renomado professor de direito se mostrou na verdade um jovem de 24 anos, natural do estado norte-americano do Kentucky, pondo mais uma vez a credibilidade do serviço em dúvida.

Palavra `Wiki´ entra em dicionário de língua inglesa

Por Reuters
em Estadão.com.br
16 março 2007

Se você acha que "wiki" não soa como uma palavra da língua inglesa, você está certo. Mas ela faz parte do inglês agora.

Esta palavra, que vem do Havaí, no oceano Pacífico, foi incluída na mais recente edição online do Oxford English Dictionary (OED), junto a 287 novas palavras. E fez por merecer.

"Palavras são inclusas no dicionário com base em provas documentais que coletamos sobre elas. Um tempo atrás, esta prova sugeriu que wiki começava a fazer um nome próprio", disse em comunicado o editor-chefe do OED, John Simpson.

"Nós a rastreamos por vários anos, pesquisamos suas origens e finalmente decidimos que era hora de incluí-la no dicionário".

Mas "Wiki Wiki", que significa "rápido" em havaiano, tem um significado diferente em seu novo verbete: um tipo de página na web projetado para que seu conteúdo possa ser editado por qualquer um que tenha acesso (é um acrônimo da expressão What I Know Is..., ou, ´o que eu sei é...´).

O exemplo mais famoso que usa este recurso é a popular enciclopédia online Wikipedia e novo significado que essa palavra adquiriu é atribuído ao fato de que comentar e editar em sites na internet tornou-se mais rápido, disse outro editor do OED, Graeme Diamond.

Estudo adverte sobre expansão da censura na internet

Por EFE
em Estadão.com.br
16 março 2007

Um estudo realizado por prestigiadas universidades do Reino Unido, Canadá e Estados Unidos adverte sobre a "rápida" expansão da censura que 24 Governos já exercem sobre a internet, fenômeno que, assegura, se estendeu graças ao exemplo dado por países com uma longa tradição no assunto, como a China.

Para a pesquisa, divulgada hoje pelo jornal britânico "Financial Times", a Escola de Direito de Harvard (EUA) e as universidades de Toronto (Canadá), Cambridge e Oxford (Reino Unido) analisaram o nível de liberdade de informação e conteúdos da internet em 40 países durante seis meses.

O relatório, intitulado "The OpenNet Initiative", ressalta a recente aposta de vários países em exercer a censura sobre a rede, com métodos que imitaram países que vinham controlando o acesso e conteúdos da internet há vários anos.

O diretor de tecnologia para o Departamento de Estado dos EUA, Ken Berman, assegura que alguns países como o Zimbábue já usam as tecnologias de censura que aprenderam da China, o mais experiente censor da internet.

Segundo o estudo, entre as técnicas usadas pelos Governos censores e aprendidas pelos recém-chegados à censura estão o esvaziamento periódico de alguns sites como o Wikipedia e o Google e o uso de filtros por palavra, que impede que se possa ter acesso ao conteúdo que contenha certas palavras consideradas tabu.

Ronald Deibert, professor da Universidade de Toronto, vai além e afirma que há 10 países que se tornaram "bloqueadores onipresentes", impedindo continuamente seus cidadãos de acessar certos tipos de conteúdos.

Entre esses 10 países, Deibert destaca China, Irã, Arábia Saudita, Tunísia, Birmânia e Uzbequistão.

O relatório chega uma semana depois de um tribunal turco ter ordenado o bloqueio do portal de conteúdos audiovisuais YouTube por este dispor alguns vídeos considerados, pelo Governo do país, "ofensivos" contra o fundador da Turquia moderna, Mustafa Kemal Atatürk.

Hamas manda confiscar e destruir livro com 'alusões sexuais'

em BBC Brasil
6 março 2007

O ministério da Educação da Autoridade Palestina, controlado pelo grupo islâmico Hamas, mandou retirar e destruir todos os exemplares de uma coletânea de contos populares palestinos que incluiria "alusões sexuais".

De acordo com a imprensa palestina, mais de 1,5 mil exemplares do livro Fale, passarinho, fale (em tradução livre) já foram retirados das bibliotecas das escolas na Faixa de Gaza e na Cisjordania.

O livro, organizado por professores da Universidade de Bir Zeit, em Ramallah, contém 45 contos e lendas populares e, em alguns deles, haveria "menções a partes do corpo humano" que poderiam despertar "associações sexuais".

A coletânea, considerada uma obra importante para a preservação da herança cultural palestina, passada oralmente através das gerações, foi inicialmente publicada em inglês, em 1989, e em 2001 foi publicada em árabe.


CRÍTICAS

Um dos autores do livro, o escritor Sharif Kanana, acusou o Hamas de conduzir "terrorismo cultural".

Kanana disse ao jornal israelense Haaretz que os contos representam a herança cultural palestina e que o Hamas não pode confiscar os livros.

De acordo com o site de noticias Ynet, a ex-ministra da Educação palestina Hanan Ashrawi afirmou que a destruição dos livros é "escandalosa".

"Os assuntos ligados à cultura e às artes devem ser administrados por profissionais e não por funcionários com tendências ideológicas", disse Ashrawi.

Mercosul terá portal sobre patentes

em Agência FAPESP
16 março 2007

Informações sobre propriedade intelectual do Brasil, Paraguai, Uruguai, Equador, Chile, Venezuela e Argentina serão unificadas e divulgadas em um portal na internet.

A decisão foi tomada no início do mês, quando um grupo de presidentes dos escritórios de propriedade intelectual desses países se reuniu na sede do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), no Rio de Janeiro (RJ).

Segundo o INPI, o objetivo é permitir que as informações sobre patentes possam ser utilizadas como ferramentas para o desenvolvimento tecnológico dos países do Mercosul e facilitar a interação entre os escritórios de propriedade intelectual.

O portal, que será gerenciado por um sistema de rodízio entre os países e, em um primeiro momento, ficará a cargo do INPI, terá uma área exclusiva com as diferenças entre as legislações e o tratamento oferecido pelos países nas questões sobre marcas, patentes, desenho industrial, indicações geográficas, software e circuitos integrados.

Esse não é o único portal a integrar informações sobre propriedade intelectual do Brasil com outros países. No início de março foi lançado o Lusopat, que reúne informações sobre propriedade industrial de todos os países de língua portuguesa, entre eles Guiné-Bissau, Angola, Timor Leste, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal e Brasil.

Europa cria agência de fomento

em Agência FAPESP
19 março 2007

Com Estados Unidos e Japão à frente e vendo a distância com a China e Índia diminuir a cada ano, a Europa decidou reagir com ambicioso projeto para estimular pesquisas em ciência e tecnologia, que inclui a criação de uma agência de fomento.

Lançado oficialmente no fim de fevereiro, o Conselho Europeu de Pesquisa (ERC, na sigla em inglês) começa oferecendo 7,5 bilhões de euros (cerca de R$ 20,6 bilhões) nos próximos sete anos para pesquisas feitas no continente. Trata-se da primeira organização pan-européia criada especialmente para o amparo à pesquisa básica.

O anúncio do lançamento foi feito em conferência de dois dias realizada em Berlim, na Alemanha, contou com a presença de lideranças políticas e científicas européias e de diversos países. A FAPESP foi representada por seu diretor-presidente, Ricardo Renzo Brentani.

“Com o ERC estamos nos direcionando a uma nova era no apoio europeu a pesquisa. Algumas das maiores descobertas científicas e avanços no conhecimento foram possíveis porque se deu a grandes idéias o espaço e o tempo para florescerem. E é isso que queremos atingir com o ERC”, disse Janez Potocnik, comissário para pesquisa científica da União Européia, no lançamento da nova agência.

O ERC apoiará todos os campos científicos e funcionará dentro do Seventh Framework Programme (FP7), lançado pela União Européia no fim do ano passado e que pretende investir mais de 54 bilhões de euros (cerca de R$ 150 bilhões) em pesquisas de 2007 a 2013.

Apesar de ser lançado oficialmente agora, o Conselho Europeu de Pesquisa vem sendo implementado há alguns anos. Seu conselho científico, que conta com 22 pesquisadores europeus, foi estabelecido em 2005. À frente do conselho está Fotis Kafatos, professor do Imperial College de Londres.


APOIO A CIENTISTAS DE QUALQUER PAÍS

Com sede em Bruxelas, na Bélgica, a agência oferecerá bolsas para jovens cientistas e auxílios a pesquisadores que trabalhem individualmente ou em pequenos grupos. A análise das propostas será feita com base na avaliação por pares, sistema empregado por outras agências de fomento no mundo, como a FAPESP.

Os apoios do ERC serão oferecidos a cientistas de qualquer país, contanto que as pesquisas sejam conduzidas em universidade ou instituto baseada na Europa. A primeira chamada está aberta, com prazo de entrega de propostas até 25 de abril e 300 bilhões de euros disponíveis (cerca de R$ 824 milhões). Individualmente, as propostas aprovadas receberão até 2 milhões de euros (R$ 5,5 milhões) nos próximos cinco anos.

“Estamos comprometidos a estabelecer o ERC como uma importante agência de financiamento que atraia os melhores pesquisadores, começando em 2007 com aqueles que estão iniciando ou consolidando suas carreiras independentes”, disse Kafatos.

Diminuir a distância em inovação com o Japão e, especialmente, com os Estados Unidos tem sido uma preocupação dos 27 países da União Européia, mas o que se viu nos últimos anos foi uma queda na vantagem para países que vêm logo atrás na lista, como a China, que tem aumentado grandemente os investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

“Se a Europa quiser sobreviver deve se preparar para competir com os Estados Unidos e com o Japão, que investem muito mais em pesquisa básica. Cientistas produzirão resultados se um ambiente adequado para eles for criado”, disse Gabor Makara, presidente do Fundo de Pesquisa Científica da Hungria.

06 março 2007

Biblioteca Nacional empilha 40 mil livros por falta de espaço

Por Beatriz Coelho da Silva
em Jornal da Ciência
5 março 2006

Para que o público tenha a acesso a 40 mil livros recebidos pela Biblioteca Nacional (BN) desde 2005 – além de no mínimo 30 mil que ainda vai receber em um ano – será preciso esperar até que um anexo na zona portuária do Rio fique pronto.

Por causa da falta de prateleiras para guardá-los, após a catalogação eles são empilhados.

Por lei, toda publicação brasileira - livro, jornal, revista ou cartaz - deve ter dois exemplares enviados à BN, responsável pela preservação da produção gráfica do país.

Nem todos os editores cumprem a lei, mas mesmo assim chegam a cada mês 4 mil exemplares de jornais e revistas e 2,5 mil a 3 mil livros.

“A Biblioteca Nacional é o último recurso, onde o pesquisador busca o que não encontrou em nenhuma outra”, explica a diretora do Centro de Referência e Difusão da instituição, Carmem Moreno.

“Mas a sede faz cem anos em 2010, ficou pequena para a produção bibliográfica atual."

A inauguração do anexo só deve ocorrer no início de 2008. Além da demora, a saída encontrada para abrir espaço aos livros tem prazo de validade curto.

“Quando o anexo ficar pronto, em um ano, a hemeroteca (coleção de periódicos) vai para lá e o espaço que ocupa atualmente será para os livros”, diz . “O anexo desafoga por uns quatro anos e depois temos de achar outra solução”, diz Carmem.

Além da falta de espaço, o processo de microfilmagem de periódicos está atrasado. Sempre houve defasagem, mas uma greve que durou três meses, em 2005, embolou mais ainda o trabalho.

Pressionando a capacidade da BN de dar conta do recado, na última década o número de publicações no País cresceu muito.

16 KM DE PRATELEIRAS

“Com o anexo, teremos mais 16 km de prateleiras num prédio adequado para guardar jornais e revistas, que são muito pesados.” O imóvel, ao lado da Cidade do Samba, foi um silo. A reforma é financiada pela Petrobrás.

Para lá serão levadas também as oficinas de microfilmagem de jornais e revistas, que ocupam muito espaço, pois o processo exige que cada exemplar tenha todas as páginas passadas a ferro e fotografadas. O trabalho é lento e caro.

Atualmente, os grandes jornais estão microfilmados só até o início desta década. Com a mudança para o anexo, o processo será agilizado. Ainda assim, até a copiagem ficar atualizada será preciso esperar alguns anos, segundo Carmem.

“A idéia é que os periódicos sigam diretamente para lá e, no futuro, se crie a Hemeroteca Brasileira, com administração independente”, diz a diretora. Em janeiro, a BN realizou 7.300 atendimentos, um terço deles na sessão de periódicos.

O mapa do conhecimento da Ciência da Informação em 2007

Por Aldo de Albuquerque Barreto

O mapa do conhecimento da Ciência da Informação em 2007 está sendo considerado pela American Society of information Science - ASIST e pela IFLA a mais ampla e consistente visão teorica e conceitual da área, em tempos atuais.

Museus podem perder obras de Edemar Cid Ferreira

Por Mario Cesar Carvalho
em Folha de S. Paulo
1° março 2007

O vaivém judicial que engolfou a antiga coleção de arte de Edemar Cid Ferreira pode acabar em prejuízo para os museus. As mais de 12 mil obras da coleção que foram distribuídas para instituições como o Museu do Ipiranga e o MAC (Museu de Arte Contemporânea da USP) podem ir para a massa falida do Banco Santos e serem leiloadas.

A eventual perda dos museus depende de decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre quem tem direito sobre os bens que pertenceram ao antigo banqueiro: a União ou a massa falida do banco.

O julgamento do STJ deve ocorrer neste mês de março. Em decisão provisória, o ministro Castro Filho, do STJ, optou pela massa falida. Agora, um grupo de ministros julgará o mérito da questão.

O destino da antiga coleção de Edemar foi parar no STJ por causa de uma decisão do juiz federal Fausto Martin de Sanctis. Em novembro de 2005, o juiz deliberou que as obras da chamada Cid Collection deveriam ficar com a União porque Edemar cometera o crime de lavagem de dinheiro -na mesma decisão, ele entregou mais de 10 mil obras para sete museus.


PRESENTE DOS DEUSES

Na sentença que condenou Edemar a 21 anos de prisão, de dezembro último, Martin de Sanctis explica melhor por que os credores não têm o direito de serem ressarcidos -segundo ele, eles eram cúmplices nas fraudes. O Banco Santos deixou um rombo de R$ 2,2 bilhões.

A distribuição das obras para os museus "foi um presente dos deuses", segundo a historiadora Eni de Mesquita Samara, diretora do Museu Paulista da USP (Museu do Ipiranga) -a instituição recebeu cerca de 8.000 obras.

Entre outras preciosidades, o museu ganhou o sarcófago de uma múmia egípcia (cerca 1069 a.C.- 945 a.C.), um monumento maia (300 d.C.- 900 d.C), uma bíblia impressa em 1493, menos de 50 anos após a de Gutenberg, e um tablete com escrita suméria de 1900 a.C.

"A USP não teria como comprar um acervo desses nunca", diz Eni.


ARQUEOLOGIA

A decisão judicial entregou ao Museu do Ipiranga todos os processos usados desde a invenção da fotografia, na primeira metade do século 19 -daguerreótipo, ferrótipo, fotos em papel salgado, em carvão, gelatina, daguerreótipos estereoscópicos coloridos. Essa diversidade abre uma frente de estudos que não existe em museus brasileiros, afirma a historiadora Shirley Ribeiro, responsável pela documentação.

"O museu está parado há seis meses para catalogar todo o acervo. Agora vamos jogar tudo para o alto? Não tem sentido tirar do museu um acervo que beneficia o coletivo", diz Eni. O Museu do Ipiranga gastou R$ 50 mil na catalogação.

Prejuízo maior pode ter o MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia) da USP, que recebeu 2.100 peças arqueológicas que pertenceram a Edemar. A instituição já investiu R$ 500 mil para receber o acervo, gastos com instalações, reserva técnica, segurança e um seminário que será realizado até o final do ano, segundo José Luiz de Morais, diretor do MAE.

O imbróglio legal das peças arqueológicas é ainda maior. Caso o STJ decida que a coleção de Edemar deve ficar com a massa falida, será criado um novo conflito : peças arqueológicas não podem ser comercializadas, de acordo com a Constituição.

"Creio ser impensável a retirada dessas peças arqueológicas do MAE. Não há como colocá-las à disposição da massa falida, isso fere um dispositivo constitucional", diz Morais.

No caso do MAC, que recebeu cerca de 2.000 obras de Edemar, das quais 1.450 são fotografias, a perda do acervo interromperia algumas linhas de pesquisa, diz Helouise Costa, vice-diretora do museu. "Não há nenhuma coleção brasileira que se equipare à do MAC depois que recebemos a coleção de Edemar. Seria uma perda muito grande se essas fotos saíssem daqui", afirma.

As obras de Edemar cobrem a história da fotografia do século 19 aos dias de hoje. Helouise criou uma divisão que começa com os pioneiros (Edouard Muybridge e Étienne Carjat), passa pela fotografia moderna nacional e internacional (Rodchenko, Edward Weston, Thomaz Farkas), tem representantes da fotografia humanista francesa (Robert Doisneau e Man Ray), dos fotógrafos de moda (Richard Avedon e Helmut Newton) e desemboca na fotografia contemporânea (Cindy Sherman, Andres Serrano e Chris Bierrenbach).

A coleção virou matéria de um curso de pós-graduação e já há dois estudantes que querem desenvolver teses sobre ela.

Obras Completas de Rui Barbosa são digitalizadas

em Plano Nacional do Livro e Leitura
4 março 2007

Um acordo de cooperação entre a Fundação Casa de Rui Barbosa e o Supremo Tribunal Federal possibilitou a digitalização da coleção Obras Completas de Rui Barbosa. Os 137 volumes publicados e as 50 mil páginas em formato digital reúnem os trabalhos de Rui Barbosa tanto na área jurídica como política e jornalística no período de 1865 a 1923. A edição demandou trabalhos de pesquisa, sistematização e normatização e o resultado pode ser conferido nos arquivos digitais Obras completas de Rui Barbosa on line.

Periódicos científicos: criado há dez anos, site brasileiro foi pioneiro

Por Miguel Conde
em Jornal da Ciência
26 fevereiro 2007

Este ano uma organização pioneira na promoção do acesso livre à pesquisa científica completa uma década de existência : a “Scientific Eletronic Library Online”, ou “Scielo”. Apesar do que o nome possa sugerir, a Scielo foi criada no Brasil, mais exatamente em São Paulo. É uma biblioteca digital que reúne artigos de mais de 350 publicações de diversos países (quase a metade do acervo é do Brasil).

“Começou em 1997 com dez revistas. Hoje temos mais de 350 revistas on-line, mais de 100 mil artigos e mais de oito milhões de visitas a artigos por mês”, enumera Abel Packer, diretor da Bireme, órgão da Organização Panamericana da Saúde, que coordena a Scielo em parceria com a Fapesp e, desde 2002, com o CNPq.

“Estamos entre as dez fontes de informações mais acessadas no Google Scholar.”

Embora seja extensamente utilizada por pesquisadores brasileiros, a Scielo nasceu como uma tentativa de dar maior visibilidade, no exterior, à produção científica nacional.

“Com o crescimento dos números de publicações científicas, começaram a surgir organizações que indexam os artigos e tentam medir quais são as publicações de mais impacto. Esse é um índice que se calcula a cada ano. Se você está fora do índice, é quase como se você não existisse para a comunidade científica internacional. O que surgiu nesse processo foi um fenômeno que ficou conhecido como a ciência oculta dos países em desenvolvimento.”

A Scielo nasceu porque grande parte das revistas brasileiras e latino-americanas não estão adequadamente representadas nesses índices, diz Packer. A língua é uma barreira, ele afirma.

Roberto Lent, diretor do instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, concorda:

“Publicar em português apenas não adianta. Você tem que publicar duas vezes: uma versão numa revista em inglês e outra para divulgação científica”, afirma Lent, um dos diretores do Instituto Ciência Hoje e da editora Vieira e Lent.


GOVERNO ORGANIZA BIBLIOTECA DE TESES E DISSERTAÇÕES

O governo brasileiro também coordena, por meio do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) um instrumento importante de divulgação científica:

a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD). Criada em dezembro de 2002, no final do governo Fernando Henrique Cardoso, a BDTD já conta com o texto integral de mais de 30 mil teses e dissertações de 57 Universidades brasileiras.

“A BDTD dá aos trabalhos acadêmicos uma visibilidade que eles em geral não têm. A Unicamp, universidade com mais registros na biblioteca, fez uma medição dos textos mais acessados. Eram duas teses da faculdade de Educação. Uma sobre indisciplina na escola, que teve 6 mil acessos e outra sobre tecnologia educacional, com 4 mil. Algumas pessoas relutam em botar a tese na BDTD porque acham que facilita o plágio. Pelo contrário. Com o registro, é mais fácil descobrir se o trabalho for copiado”, conta Hélio Kuramoto, coordenador geral de Pesquisa do Ibict.

05 março 2007

Periódicos científicos: A abolição das assinaturas

Por Miguel Conde
em Jornal da Ciência
26 fevereiro 2007

Os historiadores costumam apontar 1665 como o ano de nascimento do sistema moderno de publicação científica.

O “Journal des Sçavants”, criado em janeiro daquele ano em Paris, e o “Philosophical Transactions”, lançado dois meses depois pela Royal Society, em Londres, tornaram públicos debates que antes se desenrolavam em privado, principalmente nas cartas trocadas entre os homens ilustrados.

Desde então, os periódicos tornaramse o meio por excelência de partilha do conhecimento na comunidade científica.

Ao mesmo tempo em que desempenham um papel democratizador, porém, muitas dessas publicações são empreendimentos comerciais. Disseminam saber, claro, mas só para quem pode pagar a assinatura.

Um movimento internacional que reúne cientistas, centros de pesquisa e fundos de fomento está tentando mudar isso.

No último dia 15, a Comissão de Ciência e Pesquisa da União Européia recebeu uma petição com mais de 20 mil adesões — entre elas as de três ganhadores do Prêmio Nobel — defendendo que os resultados de pesquisas financiadas com recursos públicos sejam colocados, até seis meses depois de sua publicação, num repositório de acesso livre e gratuito na internet.

Nos EUA, será votado este semestre um projeto de lei que, se aprovado, tornará obrigatória a divulgação em sites de acesso livre dos resultados de estudos realizados com verbas federais, também num prazo máximo de seis meses após a publicação.

A mudança mais radical, no entanto, já está em marcha. É a criação de revistas onde o acesso gratuito é imediato.

Ao contrário da maioria dos periódicos científicos tradicionais, os de acesso livre são empreendimentos sem fins lucrativos.

Sua proposta é abolir o sistema atual, onde o leitor sustenta as publicações através de assinaturas, por outros, onde os custos são pagos pelos próprios autores, ou por meio da venda de anúncios.


PERIÓDICOS CIENTÍFICOS: ACESSO LIVRE SE AMPLIA, MAS NÃO É CONSENSO

Royal Society questiona viabilidade financeira de publicações que permitem leitura gratuita dos artigos.

Para os defensores de mudanças, há uma questão ética envolvida na divulgação de pesquisas financiadas com recursos públicos: por que uma pessoa deveria ser obrigada a pagar para ter acesso aos resultados de um estudo financiado com a ajuda dos seus impostos? — Quando há pesquisa paga pelo público, o público merece ter acesso a ela — diz Jimmy Wales, um dos criadores da Wikipedia e signatário da petição entregue à comissão da UE. — Não faz sentido você pagar por uma pesquisa que depois não estará disponível. Hoje já existem experimentos que podem nos dar uma maneira mais livre de compartilhar conhecimento.

O modelo mais promissor é o que faz com que os próprios autores, em vez dos leitores, sustentem as revistas.

Harold Varmus, prêmio Nobel de Medicina em 1989 e um dos signatários da petição (os outros ganhadores do prêmio a assinar foram Martinus Veltman, Nobel de Física em 1999, e Peter Agre, Nobel de Química em 2003) foi um dos primeiros cientistas de peso a defender o acesso livre à pesquisa científica.

Não apenas à financiada por recursos públicos, mas a qualquer pesquisa.

Para provar que a internet permitia uma revolução nos modelos de publicação científica vigentes, ele criou em 2000 a Public Library of Science (PLoS), um grupo de revistas online no modelo descrito por Wales: quem as sustenta são os autores, não os leitores.

A idéia é que os cientistas incluam os custos da publicação de seus artigos no orçamento geral da pesquisa, do qual eles representariam um percentual pequeno.

Varmus diz que as leis propostas na UE e nos EUA não dizem respeito ao acesso livre, exatamente, mas a uma ampliação do acesso. A diferença, explica, é que no acesso livre a gratuidade é imediata, enquanto no caso em discussão há um embargo.

“É importante distinguir entre publicações de acesso livre (que tornam as pesquisas disponíveis imediatamente) e o acesso público ampliado, em que os trabalhos são primeiro publicados em revistas tradicionais, que cobram assinatura, e depois depositados numa biblioteca digital”, afirma.

Gratuidade aumenta impacto de artigos, diz pesquisadora. A adoção de um prazo de seis meses após a publicação até que a pesquisa se torne “aberta” é uma tentativa de ampliar o acesso sem prejudicar as vendas das revistas científicas tradicionais.

Há quem diga, no entanto, que essa precaução é desnecessária.

É o caso de Barbara Kinsop, uma das criadoras da Bioline International, um site que divulga artigos publicados em periódicos de países em desenvolvimento.

“Os editores têm medo de que a liberação imediata do acesso aos artigos vá diminuir as assinaturas. Não há prova de que isso vá acontecer. Em 2005, houve 2,5 milhões de acessos aos artigos dos periódicos reunidos pela Bioline International, uma clara indicação de que o acesso livre aumenta a visibilidade destas publicações”, diz.

Em parte graças ao empenho do próprio Varmus, a PLoS atraiu colaboradores ilustres como o entomologista Edward Wilson e o geneticista James Watson.

Mas ainda são poucas as publicações de acesso livre que têm o impacto de revistas mais tradicionais. Isso pode mudar se os fundos de fomento à pesquisa passarem a recomendar, ou mesmo a exigir, a publicação em periódicos de acesso livre como condição para o financiamento.

Foi o que fez o Wellcome Trust, uma das mais importantes instituições mundiais dedicadas a pesquisas sobre saúde. Para permitir que cientistas financiados pelo fundo e por outras instituições com as mesmas políticas pudessem continuar a publicar em seus jornais, a Royal Society criou no ano passado o seu próprio sistema de acesso livre, o EXiS Open Choice.

Nele, os autores publicam em revistas “fechadas” da sociedade, mas podem pagar para tornar seus artigos abertos.

“É um modelo híbrido que permitiu que autores financiados por grupos como o Wellcome Trust continuassem a publicar em nossos periódicos. Até agora, tem havido uma utilização modesta do serviço”, diz Stuart Taylor, o diretor de Publicações da Royal Society.

Embora esteja experimentando o novo modelo, a Royal Society divulgou no ano passado um comunicado em que expressava dúvidas quanto à viabilidade financeira das publicações de acesso livre.

“O processo de revisão por pares custa tempo e dinheiro”, diz a declaração. Apesar de sua influência, a PLoS (que é uma organização sem fins lucrativos) admite em seu site que ainda não consegue fechar as contas.

A revista vem aumentando progressivamente o preço cobrado dos autores pela publicação de artigos, mas ainda depende da ajuda de patrocinadores e busca recursos também na venda de anúncios.

Se a viabilidade das revistas com acesso livre imediato ainda está em questão, no caso das bibliotecas digitais é a falta de controle que preocupa os críticos.

Nelas, os artigos são depositados diretamente pelos próprios autores. Muitos têm publicado seus trabalhos nesses repositórios sem antes submetêlos ao processo de “peer review”, ou revisão por pares, o que lança dúvidas sobre a confiabilidade dessas pesquisas.

“Creio que os cientistas vão migrar para os métodos de publicação direta”, diz Ennio Candotti, presidente da SBPC. “É mais fácil, mas não é garantido. O sistema de revisão e autenticação é muito importante, funciona como um filtro.”

Numa prática mais aceita, esses sites são usados também para tornar públicas, após um tempo, pesquisas que já foram aceitas e editadas por revistas tradicionais.

Desde 2005, os National Institutes of Health (NIH), o Ministério da Saúde dos EUA, recomendam aos pesquisadores que publiquem seus estudos em até seis meses num desses repositórios gratuitos, como o PubMed Central.

Numa pesquisa do governo britânico, 90% dos cientistas ouvidos disseram que se interessariam em divulgar seu trabalho dessa maneira.

Segundo reportagem do “New York Times”, no entanto, apenas 3,8% dos pesquisadores financiados pelos NIH seguem a recomendação.

“Embora sejam desapontadores, os números não significam que os cientistas não estão interessados em ampliar o acesso ao seu trabalho”, acredita Varmus.

“Há muitos fatores: o NIH não é muito enfático (‘recomenda’, em vez de ‘requerer’); muitos periódicos pressionam os autores a não colaborar; o processo de publicação ainda não é tão simples como poderia ser, e muitos cientistas simplesmente não conhecem as questões mais profundas envolvidas nisso.”

Web 2.0 em apenas 5 minutos

Por Aldo de Albuquerque Barreto e Martha Carrer Cruz Gabriel

Michael Wesch, professor de Antropologia Cultural da Kansas State University, criou um vídeo sensacional que explica a filosofia da Web 2.0 em 5 minutos. Michael está trabalhando em uma nova versão deste vídeo em que incluirá o CSS, que não faz parte do roteiro do vídeo original.

O vídeo Web 2.0 in just under 5 minutes pode ser visto no YouTube através do link:
http://www.youtube.com/watch?v=6gmP4nk0EOE

Uma versão para download com alta qualidade está disponível em
http://www.mediafire.com/?6duzg3zioyd

Este vídeo seria ideal para uso em aulas e palestras, no entanto, devido ao dinamismo dos textos, e em inglês, seu uso fica um pouco limitado em países que não sejam de lingua inglesa. Quem sabe alguém se anima e cria algo nesta linha em português?

Citações desgovernadas

Por Aldo de Albuquerque Barreto

Técnicos do Centro Latino Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde fizeram um estudo sobre a produção acadêmica nacional no período 1994 e 2003. Encontram 248 artigos técnico-científicos que foram citados mais de 100 vezes por outros artigos indexados na base Thomson-ISI (Institute for Scientific Information).

Partindo do pressuposto que a repercussão de um "artigo" e consequentemente sua qualidade é medida pelo número de menções que ele recebe de outros artigos, foram indicadas as áreas em que o Brasil supostamente "brilha" na produção intelectual e que seriam:

- Saúde: cirurgia vascular, moléstias vasculares, metabolismo de doenças, doenças infecciosas, contraceptivos orais e seus efeitos colaterais;

- Neurociências: farmacologia experimental, memória, conexões sensomotoras
Biodiversidade: floresta amazônica;

- Química: metabolismo oxidativo das células, catálise química, líquidos iônicos;

- Genética: sequenciamento genético, distrofia muscular humana;

- Física: física de partículas, física quântica, física experimental.

O estudo apresenta alguns problemas, como ele mesmo indica, e dentre eles a falácia que induz os campos determinados mais produtivos, ou mais em moda, ou de utilização mais abrangente, de serem passíveis de obter maiores citações de seus artigos. Algumas áreas extremamente produtivas no Brasil como: as engenharia, a antropologia e a veterinária não aparecem como citadas por não serem áreas "quentes" ou publicadas em veículos de divulgação com o "fator de impacto" *. O fator de impacto e a qualificação de artigos quentes e de periódicos quentes** dão condições adotadas pela ICI para contagem das citações.

Pela configuração das áreas que brilham e por intuição nossa nossa, é possivel ainda, que as citações possam estar induzidas pelo fomento das multinacionais de produção de fármacos.

O mesmo problema detém as citações nas humanidades, que devido a especificidade de sua problemática e o tempo de maturação para uma aplicação comercial, não tem seus artigos citados "com impacto" internacionalmente. As humanidades tem uma barreira para analogias, pois são cenário e contexto dependente e seus periódicos não tão quentes e sem o tal fator de impacto, fator este inventado mas severamente observado pelo Thomson-ISI, a fonte do estudo referenciado.

Existem no estudo atual, outros problemas relacionados à autoria, auto-citação e co-citação no das áreas ditas mais brilhantes no Brasil: dos 280 artigos mais citados 108 (43 %) são da área de medicina e biomédica. Os artigos mais citados possuem, em média, 21 autores por artigo e de dez diferentes países. Alguns autores, neste somatório, enviaram só dados, para a formação do texto. Nos 37 artigos mais citados só 4 artigos são de responsabilidade exclusiva de brasileiros.

São artigos escritos a partir de uma convivência em redes eletrônicas de pesquisa. É evidente que isso tem seu lado positivo e é bom para a interação, participação e inclusão científica internacional.

Mas a co-citação e a co-autoria foram modificadas pelas condições das redes eletrônicas e algumas das características de qualidade dos colégios invisíveis tradicionais, onde a troca de informação em tudo denotava uma relação de afetividade temática e de objetivos da pesquisa e do pesquisador, não podem existir na imensa web.

A co-citação e co-autoria na rede reduz as associações emotivas na interação e traz possibilidades de heranças genealógicas entrelaçadas e de interesses individuais e corporativos. Daí o enorme receio de que, boa margem das co-citações e auto- citações destes artigos seja, também, devido a uma busca do reconhecimento rápido e prestígio prematuro além do retorno do fomento corporativo colocado nas pesquisas. *** Considerando o número de autores por texto, o tamanho e a origem desta família de citações é considerável e pode sim desgovernar uma análise por mais criteriosa suas intenções.

A interpretação de estatísticas possui enorme amplitude de reflexão; os interessados em estudos de citação devem conferir a fonte destes dados e de outros relacionados.

***

- Fonte: texto "Em que somos bons" da Revista de Pesquisa da Fapesp, nº 132, fevereiro de 2007;

- A base de dados ISI e seu processo de seleção de revistas;

- Citação, co-citação,auto-citação;

* The ISI impact factor;

** Artigos quentes e periódicos quentes, de Eugene Garfield;

*** The Open Research Web: A Preview of the Optimal and the Inevitable.