23 maio 2006

Web semântica explicada

Por Aldo Barreto
23 maio 2006

Semântica é uma palavra que vem do grego semantiké, e pode ser traduzida por "arte da significação". A web semântica será uma web inteligente?

Você conhece Ferdinand de Saussure? Foi um dos grandes mestres da Universidade de Genebra e considerado o fundador da Linguística moderna. No início do século XX, deu o Curso de Linguística Geral que abriu caminho para uma ciência autônoma que tivesse a língua como objeto específico.

Você conhece Tim Berners-Lee? É um inglês que trabalhava no Laboratório de Física de partículas, também em Genebra, quando criou a web, no final do século XX. Em maio de 1990, Berners-Lee liberou na rede mundial de computadores os principais elementos para a constituição da world wide web, ou seja, seus principais protocolos e padrões, tais como o HTTP (HyperText Transfer Protocol), mas também da URL (Uniform Resource Locator), e da linguagem HTML (Hypertext Markup Language), que permitiram o modo gráfico na internet. Logo depois, o mesmo laboratório de Genebra (conhecido como CERN) liberou a primeira versão de um software para interpretar os ícones e desenhos que foram escritos em HTML. Assim sugiu o primeiro browser (navegador), o Mosaic.

A web foi a grande responsável pela popularização da Internet. A linguagem HTML, aberta e não-proprietária, foi assimilada rapidamente e permitiu a construção de milhares de sites, que logo se tornaram milhões. Sem dúvida, a web nasceu no mundo das tecnologias abertas e pode ser considerada uma revolução dentro da revolução informacional. Tim Berners-Lee continuou seu esforço colaborativo e, atualmente, dirige o consórcio W3C (World Wide Web Consortium) que garante o desenvolvimento aberto e interoperável de tecnologias desenhadas para a web. Berners-Lee concentra-se, agora, em viabilizar a web semântica.

A Linguística criada por Saussure, atualmente, é uma ciência que possibilita analisar as linguagens sob quatro pontos de partida: a fonologia estuda suas unidades sonoras; a sintaxe nos dá a possibilidade de observar a estrutura das frases; a morfologia nos leva a avaliar as formas das palavras, e a semântica nos coloca diante do estudo dos significados. E o que isso tem a ver com a web? Com a Internet? Muito.

Para Saussure, a língua é um "sistema de signos" e o signo é uma associação entre o significante (a imagem sonora ou visual do signo) e o significado (o conceito do signo). Essa relação não é estática, ou seja, os significados mudam diante de seus significantes. A semântica, de acordo com o "Dicionário Aurélio", pode ser entendida como semasiologia, que "estuda as relações entre sinais e símbolos e aquilo que eles representam". Pode também ser definida como "o estudo do sentido das palavras".

Agora, pare e pense em uma busca pela web. Imagine que seu amigo chama-se Aurélio (nome próprio). Você está procurando o blog dele, e o mecanismo de busca não sabe que você está atrás do Aurélio "nome próprio", em vez do Aurélio "dicionário". A linguagem em que os sites foram escritos não permite que as máquinas entendam o significado dos dados que estão na rede.

Na wikipédia em português, lê-se: "uma rede semântica é uma rede que serve para interligar significados de palavras. (...) Neste âmbito, tem como finalidade conseguir atribuir um significado aos conteúdos publicados na Internet, de modo que seja perceptível tanto pelo humano como pelo computador."

A linguagem HTML é limitada para descrever os dados, ela serve para dizer como a página deve ser visualizada pelos browsers. O projeto da web semântica quer construir categorias e linguagens que permitam aos computadores obter o sentido dos dados. Assim, os computadores poderão distinguir uma busca pelo blog da procura por um dicionário ou pela loja de livros do Aurélio.

Para isso, o projeto da web semântica precisa usar uma outra linguagem que separe o conteúdo da forma em que é exposto.

A linguagem básica para isto é o XML (eXtensible Markup Language), que nos permite inserir categorias semânticas nos dados que irão para a web. Poderemos, por exemplo, definir que um determinado conjunto de dados é um preço, e outro é o nome de um livro, e assim por diante. Para explicar isso melhor, segue (informação) de um excelente tutorial sobre XML, escrito por Miguel Furtado Junior (Centro de Tecnologia em Engenharia Eletrônica da UFRJ).
Para Tim Berners-Lee, a web semântica irá permitir mais do que a simples melhoria da indexação de informações na rede mundial de computadores. Ele acredita que a completa interoperabilidade dos dados, libertos de formatos e plataformas, permitirá o surgimento de aplicações que melhorem a educação, os serviços de saúde e as atividades das pessoas no ciberespaço.

Certamente, haverá uma disputa pelo seu uso. As grandes corporações terão maior facilidade para cruzar dados dos seus alvos ou consumidores. Por outro lado, teremos maiores possibilidades de compartilhamento do conhecimento humano. Nossa história mal começou.


LINKS DE APOIO

* O Mapa da Web Semântica, em inglêswww.w3.org/Designissues/Semantic

* Exelente artigo publicado na Revista Comciência: 'QUAL O SENTIDO DA WEB http://www.comciencia.br/reportagens/internet/net08.htm

* Grande parte do Artigo de Sergio Amadeu da Silveira, para a Revista de inclusão Ssocial A Rede , ano2 número 14, http://www.arede.inf.br/ a Revista permite reprodução livre para fins não comerciais]

1 Comments:

At 27 abril, 2007 15:32, Anonymous Anônimo said...

Outra referência interessante é essa tecnologia.

 

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