22 junho 2006

O fim da revista Primeira Leitura

Por Luiz Antonio Magalhães
em Observatório da Imprensa
20 junho 2006

Os jornalistas Reinaldo Azevedo e Rui Nogueira anunciaram, na segunda-feira (19/6), o encerramento do site e da revista Primeira Leitura. Segundo a informação divulgada em uma nota que permanecerá no site por algum tempo, o PL fecha as portas por falta de suporte financeiro para a sua operação.

A revista Primeira Leitura nasceu em 2000, capitaneada pelo economista e ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros. Até a posse de Lula na presidência da República, revista e site faziam críticas ácidas ao que qualificavam de "malanismo" – a política econômica que prevaleceu sem contestações internas no final do governo Fernando Henrique Cardoso, ao qual Mendonça de Barros servira como ministro. Durante a campanha eleitoral de 2002, Primeira Leitura assumiu a preferência pela candidatura de José Serra à presidência da República, mas apresentou discordância com parte da estratégia adotada na campanha. Desde a posse de Lula, site e revista vinham se dedicando a criticar, sempre com eloqüência, o mandato do presidente petista. A violência da crítica, porém, se limitava ao campo das idéias: não foram poucas as vezes que os jornalistas do Primeira Leitura "advertiram" sobre a inteligência de Lula e a precariedade das idéias de muitos dos "quadros" envolvidos na campanha do tucano Geraldo Alckmin.

Em 2004, Mendonça de Barros decidiu deixar o projeto e o Primeira Leitura passou para o comando dos jornalistas Rui Nogueira e Reinaldo Azevedo. Há quem tenha visto nesta mudança o marco de uma guinada do site e revista à direita, com o aprofundamento das críticas ao governo Lula, ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e à esquerda em geral.

O jornalista Reinaldo Azevedo esteve desde o início do Primeira Leitura e era a alma do projeto. Católico, conservador e independente, Azevedo chegou a expor publicamente as divergências com o então acionista Mendonça de Barros. Seus textos opinativos, publicados com freqüência quase diária na seção Entenda do site, eram um bom guia não apenas para os conservadores, mas também para esquerdistas curiosos para saber em detalhes os argumentos de seus adversários. Ali também não faltou "fogo amigo" contra o ex-governador e presidenciável Geraldo Alckmin: Azevedo se posicionou favoravelmente à candidatura de José Serra à presidência por julgá-lo mais apto a bater o presidente Lula nas urnas.