27 junho 2006

Passado e futuro em perigo

Por Xico Vargas
em no mínimo
24 junho 2006

Pressionada por historiadores e pesquisadores a Associação Nacional de História começa a se mexer para responsabilizar o poder público pelo progressivo desaparecimento de valiosas peças e documentos de arquivos e museus da cidade.

O professor Luciano Figueiredo, autor da iniciativa, está indignado com o desaparecimento das fotos de Augusto Malta do Arquivo Geral da Cidade. “É degradante”, indigna-se. “Se soma às pilhagens ocorridas na Biblioteca Nacional de fotos (também únicas) de Stahl, Ferrez, etc, de mapas setecentistas e códices do acervo do Arquivo do Itamaraty, de armas do século XVIII e XIX do Museu da Cidade, de livros raros e documentos da Biblioteca do Museu Nacional, peças sacras da Cúria, os quadros da Chacara do Céu. Isto transcorreu em menos de 3 anos! E sabe-se lá o que mais que não foi noticiado”.

O Estado é omisso na preservação de bens dos cidadãos, acusa Figueiredo. Ele acredita que há não apenas um aquadrilha muito bem organizada e inteligente, mas também um projeto de continuidade nesse tipo de crime. “Chamem os franceses: os bois, caixas de açúcar e ouro que Duguay-Trouin e seus corsários levaram em 1711 na grande invasão custaram menos à cidade”.

A rigor, é pouco provável que o poder público aprenda a cuidar da História. Prestando-se atenção à maneira como o país trata os seus velhos dá para perceber a importância que damos ao passado. Da mesma forma, o cuidado que temos em relação às crianças mostra o tipo de país que se está construindo.