14 julho 2006

Kirchner controla a mídia argentina através de publicidade do governo

Por Association Press
em O Estado de S. Paulo
9 julho 2006

Vários presidentes civis tiveram uma relação difícil com os jornais. Perón não hesitava em ameaçá-los com a redução das cotas de papel, mas mesmo assim diversas empresas resistiram. Menem preferia levar os jornalistas aos tribunais com acusações de calúnias. Mas nenhum deles conseguiu o controle exercido por Kirchner, que conta com um tratamento complacente da maior parte da imprensa argentina.

Poucos meios atrevem-se a criticá-lo, já que correm o risco de ficar sem a publicidade oficial, a principal base de sustento. Segundo a ONG Poder Ciudadano, em 2005 o governo gastou 43,8% a mais em publicidade oficial do que o estipulado no orçamento. Jornais de baixa tiragem, mas que elogiam Kirchner, recebem quase o dobro de jornais de grande venda, mas de tom crítico.

Kirchner também exerce férreo controle sobre os militares, atualmente com o menor poder em toda a história. Perón tinha apoio do Exército, mas enfrentava oposição da Marinha e Aeronáutica. Raúl Alfonsín sofreu três tentativas de golpes. Menem enfrentou uma rebelião. Kirchner reduziu drasticamente o poder dos militares ao estabelecer que as três forças fiquem subordinadas ao Estado-Maior.