11 setembro 2006

Interpol vai ajudar a encontrar obras da Mario de Andrade

Por O Globo
em Gazeta do Povo
7 setembro 2006

A Interpol, organização internacional de polícia criminal, vai ajudar nas buscas às obras roubadas da Biblioteca Municipal Mário de Andrade. O crime, descoberto há uma semana, só foi divulgado agora. Nem o diretor da biblioteca sabe dizer quantas peças foram levadas.

O desfalque começou a ser revelado por acaso. O crime foi descoberto após um pedido de empréstimo. Um livro com gravuras do século XVI seria levado para uma exposição no Rio de Janeiro. Ao folhear a obra, o bibliotecário só encontrou oito gravuras. Três haviam desaparecido.

As litografias, como são chamadas, são do artista alemão Burmeister. Também foram levadas 42 gravuras de Debret, 58 de Rugendas, entre outros trabalhos. Pelo menos 100 obras de outros artistas foram roubadas. Estima-se que uma única gravura de Debret, por exemplo, valha R$ 10 mil .

- Só três pessoas tinham acesso às chaves e lá dentro, encontrar as obras também não era fácil. Quem entrou na biblioteca, entrou seguramente com o auxilio de alguém, de dentro da biblioteca - disse Luiz Francisco Filho, diretor da biblioteca.

A rotina na biblioteca municipal mudou. As pesquisas ao setor de obras raras estão suspensas e somente funcionários com a missão de levantar tudo que foi roubado podem entrar.

- Eu encaminhei um disquete com ficha técnica dessas obras e imagens de todas as gravuras desaparecidas para que fosse transmitido pela polícia de São Paulo à Interpol - disse o diretor.

Comprar obras de arte roubadas é crime de receptação. A pena pode chegar a oito anos de cadeia.