18 setembro 2006

Mais antiga escrita americana é descoberta

em Agência FAPESP
15 setembro 2006

O objeto em questão é um bloco de 12 quilos, com 36 centímetros de largura e 13 centímetros de espessura, feito do mineral serpentina (silicato de magnésio). Descoberto em Veracruz, no México, ele traz algo absolutamente raro. São 62 sinais pictóricos esculpidos que constituem a mais antiga forma de escrita encontrada até hoje nas Américas.

A descrição do achado está na edição desta sexta-feira (15/9) da revista Science. A pedra foi encontrada em uma área próxima ao local onde esteve a capital da civilização olmeca, a mais antiga do Ocidente (cerca de 1200 a.C. a 400 a.C.).

A descoberta foi feita por um grupo liderado pelos mexicanos Maria del Carmen Rodriguez Martinez, do Instituto Nacional de Antropologia e História, e Ponciano Ortiz Ceballos, da Universidade Veracruzana. Os pesquisadores estimam que os sinais tenham sido gravados em um período entre 1200 a.C. e 900 a.C.

Segundo os autores do estudo, a amostra antecipa a existência de uma forma de escrita nas Américas em pelo menos 400 anos. Os sinais remetem a manifestações artísticas da civilização olmeca, considerada a mãe das civilizações da Mesoamérica, região que inclui parte das Américas do Norte e Central onde viveram antigas civilizações como maias e astecas.

A pedra foi encontrada inicialmente por trabalhadores em uma pedreira que fornecia material para a construção de uma estrada, em 1999, em um local conhecido como Cascajal. Após examinar o objeto, Maria del Carmen e Ceballos reconheceram sua importância e o registraram oficialmente no Instituto Nacional de Antropologia e História. Em conjunto com pesquisadores norte-americanos, foram feitas análises e a datação da amostra.

O bloco, a que os pesquisadores deram o nome de Cascajal, apresenta repetições de sinais, reforçando a tese de que se trata de uma manifestação escrita. Três sinais aparecem quatro vezes, seis três vezes e 12 duas vezes.

“O bloco Cascajal e sua escrita ligam os olmec à alfabetização, documentam um sistema de escrita inesperado e revelam uma nova complexidade dessa civilização, que inclui a possibilidade da existência de ferramentas de informação até então desconhecidas em tal período”, escreveram os autores no artigo.

O artigo Oldest writing in the New World, de Maria del Carmen Rodriguez Martinez e colaboradores pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.