18 setembro 2006

O paraíso existe e fica numa biblioteca

Por Federico Mengozzi
em Valor Online
11 setembro 2006

Quem gosta de livros, e de bibliotecas, vai se regalar com os 15 textos que o autor argentino-canadense ("Dicionário de Lugares Imaginários") reúne num livro que, diz no prefácio, deveria se chamar "Viagem à Roda de meu Quarto". Deveria, pois, explica, "lamentavelmente, há mais de dois séculos o famigerado Xavier de Maistre tomou a dianteira". Manguel, que também convidou à leitura em "Os Livros e os Dias", conta histórias de livros e homens. Ou de homens e livros.

Ele começa por contar a história de sua biblioteca pessoal, construída num antigo celeiro numa propriedade em ruínas no interior da França. Lá, reuniu livros dispersos pelo mundo, ele que morou em vários países, dividindo-se entre o trabalho árduo de ordenar todos aqueles livros com algum método e o prazer ilimitado de encontrar velhos conhecidos. Manguel parece concordar com a imagem famosa do conterrâneo Jorge Luís Borges, para quem o paraíso deveria ser parecido com uma biblioteca. Enquanto fala de seus livros, evoca instituições, como a Biblioteca de Alexandria, e pessoas, como sir Anthony Panizzi, que deu forma à British Library, no Museu Britânico.

Para Manguel, ao mesmo tempo em que uma biblioteca é uma espécie de paraíso real, é também um elogio ao método. Uma biblioteca, escreve, prova "uma fé íntima, consoladora, quiçá redentora, em algum método por trás da loucura".

MANGUEL, Alberto. A Biblioteca à Noite. Companhia das Letras. 304 p.