06 novembro 2006

Bibliotecários para as bibliotecas!

Por Elisabete Anderle
em Portal ANotícia Catarinense
30 outubro 2006

O Manifesto sobre Biblioteca Escolar da Unesco define esse espaço pedagógico como uma unidade de informações e idéias fundamentais para o desenvolvimento da sociedade contemporânea. A biblioteca representa, para o estudante, o acesso a instrumentos que permitam o aprendizado constante, o desenvolvimento da imaginação e a cidadania responsável.

Sabemos, contudo, que a biblioteca, sozinha, sem projeto, sem bibliotecário, é um espaço morto, assim como os livros só adquirem vida quando se abrem nas mãos do leitor. Para o bom desenvolvimento da leitura e da escrita, da capacidade informativa e da educação, o manifesto sugere que a biblioteca desenvolva ações como apoio aos programas de ensino e incentivo ao gosto pela leitura. Aponta ainda a relevância de se promoverem atividades que estimulem ações culturais e sociais.

É preciso que a freqüência à biblioteca seja motivada para utilização de informações variadas e em qualquer suporte, seja de papel ou meio eletrônico, que acompanhe as inovações tecnológicas dos sistemas de acervo do conhecimento. É preciso, sobretudo, que se constitua como espaço aberto e humanizado, como possibilidade de encontro entre autores e leitores de diferentes épocas e contextos.

Na perspectiva da transdisciplinaridade, a biblioteca se reposiciona como espaço de encontro entre o saber formal e informal, entre diferentes gerações e classes sociais.

Na educação pública de Santa Catarina, é hoje um poderoso instrumento do Projeto Escola Aberta à Cultura e Cidadania, que reafirma a função social da escola no gesto generoso de abrir suas portas e prateleiras à comunidade.

Quando aberta, a biblioteca deixa de ser o depositário do livro para tornar-se o "arquivivo" onde ao mesmo tempo se compartilha e se constrói o patrimônio intelectual e cultural da humanidade. Esse patrimônio deve estar necessariamente acessível a todos, dentro e fora das instituições de ensino, para que se constitua como instrumento de evolução cultural e intervenção na realidade.

A biblioteca ganha vida e atualidade quando possibilita ao sujeito do saber comparar a opinião própria à informação científica, produzindo o conhecimento que se estabelece do entrecruzamento dos saberes.

Em grande parte das escolas de Santa Catarina, por muito tempo tivemos bibliotecas mortas, depósito de livros também mortos, sem perspectiva de atualidade, sem relação com a vida, sem leitores, sem professores, sem convite ao sabor do saber. Em grande medida, essa falta de vitalidade se deu não apenas pela pobreza do acervo, mas, principalmente, pela ausência de projetos. Ou antes de pessoas capacitadas para dar animus a esse espaço, despertando nos estudantes o senso crítico de leitura.

A falta de um profissional preparado para atuar de forma muito integrada aos gestores escolares e professores, com o objetivo de revitalizar a biblioteca como espaço pedagógico e lúdico, contribuiu para que prateleiras escolares fossem cobertas pelo pó. Por tudo isso, educadores e bibliotecários de todo o Estado comemoram uma grande conquista na luta pela profissionalização desse espaço pedagógico.

O governo do Estado acaba de assinar projeto de lei complementar criando o cargo de bibliotecário escolar, o que implica a abertura de concurso. Devolve à escola pública um agente incondicional para o desenvolvimento do hábito de leitura e já se apresenta como um marco histórico na educação catarinense.