06 novembro 2006

Xiloteca Eletrônica

Por Thiago Romero
em Agência FAPESP
6 novembro 2006

Estima-se que pelo menos 250 espécies de árvores madeireiras nativas da Amazônia sejam comercializadas, das quais 20 representam aproximadamente 80% do volume total de recursos movimentados pelo setor madeireiro no país. Nesse cenário, a promoção do uso sustentável das espécies tem sua importância aumentada.

“Respeitar a floresta significa usá-la de forma racional. Para isso, a melhor forma de valorizar e preservar o material madeira é seguir o tripé formado pelos conceitos ‘socialmente justo’, ‘economicamente viável’ e ‘exploração sustentável’”, disse à Agência FAPESP Geraldo José Zenid, diretor do Centro de Tecnologia de Recursos Florestais (CT-Floresta), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Zenid é responsável pela criação de uma ampla base de dados sobre madeiras comerciais brasileiras, que acaba de ser disponibilizada na internet. O projeto foi financiado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo. Informações técnicas de 80 espécies – nativas e de reflorestamento – utilizadas pela construção civil e pela indústria de móveis podem ser consultadas no site.

O diretor do CT-Floresta conta que, há alguns anos, os consumidores brasileiros não tinham dúvidas quanto à escolha das espécies. Segundo ele, quase sempre se utilizava a peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron) para as estruturas da edificação que necessitavam de maior resistência mecânica e o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia) para componentes mais leves e acabamentos em geral.

“Hoje, com a introdução de novas espécies da Amazônia, os usuários têm muita dificuldade em saber qual a madeira exata para suas necessidades”, explica Zenid. “Nossa proposta é fornecer informações técnicas para que o uso de madeiras brasileiras não seja concentrado em poucas espécies”, afirma o pesquisador, destacando que o Estado de São Paulo é o maior consumidor de madeiras amazônicas no país.

Para cada espécie, o site apresenta os nomes popular e científico, características sensoriais, descrição anatômica macroscópica, durabilidade natural e possibilidade de tratamento químico. Estão presentes também dados sobre propriedades físicas, como densidade de massa e contrações, e mecânicas, entre as quais flexão estática, dureza e tração normal às fibras. Imagens do corte transversal – com aumento de dez vezes – e das faces tangencial e radial também são apresentadas.

O site do IPT disponibiliza ainda o guia “Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil”, que também visa a orientar profissionais da construção civil e revendedores de madeira, de modo a poupar espécies em risco de extinção.

A publicação, dísponível em arquivo PDF para download, mostra, entre outras coisas, as melhores opções que podem ser usadas em substituição à peroba-rosa e ao pinheiro-do-paraná, sem agredir o meio ambiente e apresentando rendimento similar nas várias etapas da edificação.