19 dezembro 2006

Pedra fundamental da Biblioteca Guita e José Mindlin é inaugurada

Por Livia Deodato
em O Estado de S. Paulo
7 dezembro 2006

Desde 1927, o empresário e bibliófilo José Mindlin vem formando o que chama de um 'conjunto indivisível' de obras raras sobre o Brasil. Guita, sua mulher e companheira por 68 anos, foi sua maior incentivadora. Em maio, um mês antes de morrer, ela assinou o documento, junto com Mindlin, que autorizava a doação de todo este acervo para a Universidade de São Paulo. 'Sempre quisemos evitar que a biblioteca se dispersasse. Resolvemos doar à USP com a condição de que construíssem um prédio para abrigar todo o conjunto de obras', conta Mindlin, de 91 anos.

O acervo, intitulado Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, conta com mais de 17 mil títulos - entre os quais, a primeira edição de O Guarani, de José de Alencar, e o original de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa - que tratam somente da cultura brasileira. O prédio, que será construído entre os edifícios da reitoria e da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), também deve abrigar o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e parte do acervo do bibliotecário Rubens Borba de Moraes (grande amigo de Mindlin, morto em 1986).

Hoje, às 11 horas, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, o ministro da Educação, Fernando Haddad, a reitora da USP, Suely Vilela, e o coordenador do projeto, prof.º István Jancsó, além de Mindlin, participam do lançamento da pedra fundamental da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Como lembra Mindlin, a área de 14 mil m2, localizada atrás da reitoria e escolhida para a construção do prédio, já foi o terreno reservado para a Faculdade de Direito da USP, cuja coordenadoria não aceitou transferir-se do Largo São Francisco.

O prédio, que tem projeto arquitetônico desenvolvido pelo escritório Eduardo de Almeida e Rodrigo Mindlin Loeb (neto do bibliófilo), com assessoria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, tem conclusão prevista para daqui no máximo três anos. 'A doação deste acervo atingiu proporções que excedem o que seria uma propaganda particular. É um bem público. A gente passa e os livros ficam. Temos de pensar no futuro', diz o generoso Mindlin.