30 janeiro 2007

Mast salva documentos antigos da ação de tinta corrosiva

Por Thalita Brunet
em Jornal da Ciência
30 janeiro 2007

Da idade media até o fim do século XIX a maioria dos documentos eram escritos com um mesmo tipo de tinta: a tinta ferrogálica. Esta tinta, na presença do oxigênio, sofre um processo chamado corrosão, por isso tornou-se uma ameaça aos documentos hoje guardados em museus e bibliotecas.

Composta principalmente por ferro, a tinta simplesmente "enferruja" e acelera o processo de degradação do papel.

É aí que começa o trabalho do Laboratório de Conservação e Restauração de Papel (Lapel), localizado no campus do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast).

Através do trabalho do engenheiro químico Alexandre Vilela, 32 anos, bolsista do Programa de Capacitação Institucional, o museu está pesquisando meios para interromper a corrosão e salvar seu rico acervo de documentos de C&T.

O primeiro passo do projeto foi obter uma reprodução exata da tinta ferrogálica. Para isto foi preciso unir os componentes noz de gales - uma semente rara e de alto custo importada de uma empresa alemã - sulfato ferroso e goma arábica.

Depois, a tinta pronta foi usada em vários papéis diferentes. Esses foram divididos e submetidos a três diferentes tipos de tratamento, para então serem envelhecidos, de forma acelerada e natural, permitindo um estudo comparativo e a observação desses efeitos a longo prazo.

Um dos tratamentos é feito especificamente para o ferro, que é a substância que predomina na tinta e a que mais danifica o papel.

Este método, chamado de Complexação de Ferro, só pode ser aplicado a documentos em que a tinta seja exclusivamente composta por ferro.

Os resultados, como era esperado, ainda estão sendo analisados, mas indicam um bom caminho.

A interrupção da ação destrutiva de corrosão da tinta ferrogálica nos documentos faz com que os pesquisadores e historiadores respirem mais aliviados. A próxima etapa é tratar o que ainda não foi danificado. Diferente da restauração, a preservação é mais simples e tem menor custo.

A restauração de documentos e instrumentos científicos vem sendo uma das principais missões institucionais do Mast, que no final de 2007 deverá inaugurar um novo prédio dedicado exclusivamente à pesquisa, guarda e tratamento de arquivos históricos da Ciência e de cientistas brasileiros.

O prédio será um dos poucos no Brasil a ser construído exclusivamente para abrigar acervos históricos.

1 Comments:

At 13 fevereiro, 2007 17:06, Blogger Daniela R. Vieira said...

Quando nosso país irá se preocupar em preservar a história eu não sei, só sei que que muitos documentos já foram perdidos... isto é triste.

 

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