10 abril 2007

O caminhante não faz o caminho o caminhar é permitido pelo conhecer

Por Aldo Barreto

O Brasil tem 32,1 milhões de cidadãos com idade acima de dez anos que acessam a Internet. Porém 120 milhões nessa mesma faixa não acessam. Apenas 21% da população tem acesso a Internet , o que põe o Brasil no 62º lugar no ranking de nível de acesso no mundo, e em quarto lugar na América Latina, atrás de países como Costa Rica, Guiana Francesa e Uruguai.

Os dados são do suplemento especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/2005), divulgado esta semana pelo IBGE e evidenciam a enorme exclusão digital em que ainda vive a população brasileira. No perfil dos que tem acesso a maioria é estudante, a idade é baixa, entre 15 e 17 anos, a renda é alta e o uso é majoritariamente para educação e aprendizado. A exclusão digital aponta para uma exclusão social de renda e educação.

A renda, com informado pela pesquisa do Ibge é a principal barreira para o acesso à rede. Enquanto o rendimento médio familiar do brasileiro é de R$ 471 per capita , o ganho dos que acessam a Internet sobe para mil reais. Na parcela dos que não acessam, o rendimento cai para R$ 333.

A primeira barreira é poder comprar o computador, a segunda é poder pagar o acesso. A terceira é a proficiência digital : depois do acesso é a capacidade de interagir com a máquina na Internet para ver e retirar informação útil.

O analfabetismo digital emperra o a inclusão digital. Ser digitalmente fluente envolve não apenas saber como usar as ferramentas tecnológicas, mas também saber como construir coisas significativas com estas ferramentas, pois seguir as pegadas em um documento digital é como percorrer um labirinto de opções pessoais onde o trajeto para o conhecimento é consentido a cada passo do andar. O caminhante não faz o caminho o caminhar é permitido pelo conhecer.

O que define esta fluência digital é o que apresenta o artigo * abaixo onde a fluência digital é estudada como sendo fruto de existirem três condições conjuntas: conhecimentos, atitudes e habilidades. São identificadas, então, 15 habilidades básicas que em um contexto de atitudes e conhecimento definem a proficiência digital e a possibilidade de usar a web para asssimilar conhecimento.

Um, outro importante estudo piloto examinou como desabrigados na Escócia ** analisa o significado que estas tecnologias de informação têm em realizar mudanças no bem estar social. Verifica, então, que o estilo de vida dos desprivilegiados é nômade e temporário construído por uma permanência mediada pela satisfação imediata de suas necessidades.

É uma sub-cultura descrita no estudo como caótica, um termo coloquial usado descrever uma vida de eventos errantes e impredizíveis. A rota da inclusão social é uma realidade muito complexa e requer muitos mais fatores do que só o acesso e o uso da potencialidade da tecnologia digital.

Devemos olhar alem da visão determinista de a tecnologia trará sempre e somente benefícios positivos no seu trajeto As novas tecnologias digitais não resolvem o processo de ajudar indivíduos socialmente empobrecidos a mudar suas vidas para o melhor. A inclusão digital não gera inclusão social.

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* Mitos e lendas da informação: o texto, o hipertexto e o conhecimento;

** Digital Inclusion without Social Inclusion: The Consumption of Information and Communication Technologies (ICTs) in Homeless Subculture in Central Scotland. Artigo de Claire E. Buré, Universidade de Edimburgo para o The Journal of Community Informatics , Vol. 2, No. 2 (2006).

1 Comments:

At 11 abril, 2007 23:17, Anonymous Anônimo said...

Hum... muito bom... e eu acho que esses incentivos de acesso à computadores e ao acesso a rede já estão sendo disponibilizados cada vez mais. Mas os dados da porcentagem da população brasileira que tem acesso hoje é assustadora. Kleber

 

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