08 maio 2007

Museus no parque

Por Folha de S. Paulo
em Jornal da Ciência
19 abril 2007

Vem em boa hora a decisão da Secretaria da Cultura do Estado de SP de despejar o Detran do prédio que ocupa nas imediações do parque Ibirapuera e destinar o edifício ao Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC).

Não há sentido em manter uma repartição como o Detran numa área da cidade cuja vocação é o lazer.

De resto, o MAC padece já há tempos com a falta de uma sede adequada.

Atualmente, o rico acervo do museu se divide entre um prédio precário no campus principal da USP e um anexo, igualmente impróprio, ao pavilhão da Bienal.

Como resultado do espaço inconveniente, os porões do MAC estão abarrotados de obras que deveriam ser expostas ao público.

Outro mérito da idéia está em ampliar e aprimorar a zona de museus que se formou no Ibirapuera. Ali já estão instalados a Bienal, o Museu Afro-Brasileiro, o Museu de Arte Moderna (MAM) e a Oca.

É a versão paulistana da "museum mile" (milha dos museus) nova-iorquina, também nas adjacências do principal parque da cidade.

É o caso até de pensar em outras soluções que favoreçam o pendor natural da região para o lazer. O Detran não é a única repartição pública que "invadiu" a área originalmente prevista para o parque.

Ali também funcionam a Assembléia Legislativa e várias dependências do Exército, que poderiam em princípio ser transferidas para outros lugares.

A proposta de colocar o MAC no lugar do Detran é boa e deve ser levada em frente. O secretário da Cultura, João Sayad, parece ter se entusiasmado demais e já fala em criar museus.

Seriam bem-vindos, mas, antes de construir novos, convém que a secretaria cuide melhor dos que já existem e estão sob sua responsabilidade.

O Museu da Imagem e do Som (MIS) e o Museu da Casa Brasileira, para citar apenas dois, enfrentam dificuldades.