04 junho 2007

Acesso a publicações científicas deve ser livre e gratuito, diz especialista

Por Tatiana Fiuza para Gestão C&T
em Jornal da Ciência
25 maio 2007

A publicação científica no Brasil deve ser disponibilizada na íntegra e com livre acesso para a sociedade. Essa é a opinião do especialista Roberto Meneghini, da Bireme – Centro Latino-americano e do Caribe de Informação em Ciências Sociais.

Para o analista, como o Brasil é um país que possui poucos recursos, o acesso à informação científica deve ser sem custos. Meneghini participou do 7° Congresso Ibero-americano de Indicadores de C&T (Ricyt), que aconteceu em São Paulo (SP), nos dias 23 a 25.

O analista disse, na ocasião, que a ciência só é ciência desde que seja publicada. "Isso acontece desde a idade média", completou.

Na opinião de Meneghini, os periódicos científicos possuem um importante papel para a divulgação da ciência, ainda mais aqueles que são revistos por seus pares.

O analista explicou que os periódicos científicos são uma forma de os pesquisadores terem acesso às informações, além de proporcionarem visibilidade para quem publica, já que suas publicações são consultadas.

Para Meneghini, um forte indicador de C&T é a quantidade de citações de um autor ou de certos trabalhos, mesmo que não seja possível mensurar a qualidade dos trabalhos que utilizam as citações.

O Brasil possui uma cultura voltada para publicações internacionais. Mas, segundo o analista, isso gera um círculo vicioso, em que se tem o autor e o publisher, este com fortes interesses comerciais. "Nesse sentido, fica a pergunta: como o trabalho científico, do ponto de vista ético, pode levar a um grande lucro e a pouca acessibilidade?"

Meneghini lembrou a iniciativa do Scielo, da qual a Bireme participa, que atua na divulgação de publicações científicas de forma gratuita e na íntegra. O projeto nasceu no Brasil, mas hoje possui bases em outros países, como Argentina, por exemplo.

A base Scielo tem cadastradas 400 revistas científicas. O analista conta que todas passam por um processo de avaliação contínua e rigorosa. Além disso, ele afirmou que é possível saber quando algumas dessas revistas são citadas e esse pode ser um forte indicador. "Somos agora meta-publisher", avalia Meneghini.