Livros produzidos no Brasil passarão a ter “selo verde”
Por Andrea Vialli para O Estado de S. Paulo
em Jornal da Ciência
23 maio 2007
A Suzano Papel e Celulose iniciou um projeto que vai permitir a um grupo de gráficas brasileiras obter a certificação florestal FSC, selo internacional que reconhece o uso correto das florestas para fins econômicos. Até então, apenas as grandes papeleiras tinham acesso a essa certificação.
A certificação das gráficas permitirá que mais produtos com o selo, como livros e embalagens, cheguem às mãos dos consumidores. “O consumidor ganha a certeza de que aquele produto é feito com papel proveniente de áreas não degradadas”, diz Gustavo Couto, gerente de marketing da Suzano Papel e Celulose.
O projeto de apoio à certificação da Suzano deverá incluir 32 gráficas e distribuidores até 2008. Vinte deles já deram início ao processo. São gráficas promocionais (que imprimem panfletos e materiais de divulgação), de embalagens e editoras.
A Suzano arcará com os custos de capacitação e com o processo de certificação das empresas. Em média, uma certificação FSC custa R$ 40 mil, valor que varia conforme o porte da empresa.
Segundo Couto, essa será também uma oportunidade para as gráficas trabalharem com o marketing socioambiental em seus produtos. “Isso trará um diferencial para grandes clientes e nichos de mercado atentos à sustentabilidade”, diz.
TENDÊNCIA
Um dos principais objetivos do projeto é que as empresas se antecipem a uma tendência crescente entre consumidores de países desenvolvidos: a opção por produtos ecologicamente corretos.
O movimento é ainda incipiente no Brasil. Em 2005, uma iniciativa pioneira foi posta em prática: o livro As Intermitências da Morte, de José Saramago, foi o primeiro livro brasileiro a vir com selo FSC. Para isso, toda a cadeia de produção do livro, da fabricante de papel à editora, passou pelo processo de certificação.
“Isso requer uma auditoria completa na empresa, e o selo só é concedido se ficar comprovado que critérios sociais e ambientais estão sendo bem atendidos”, explica a diretora da FSC Brasil, Ana Yang.
O selo FSC - sigla em inglês para Conselho de Manejo Florestal, organismo internacional que atesta que a retirada da madeira da floresta foi feita de modo não predatório - já está presente em uma grande variedade de produtos, oriundos tanto de florestas nativas quanto das cultivadas.
Madeira para construção civil, fitoterápicos, óleos essenciais, embalagens, lápis e talheres estão entre os produtos com selo disponíveis no mercado brasileiro, que já tem 190 cadeias produtivas certificadas. “Na Inglaterra, até papel higiênico vem com o selo verde.”
ESTANTE
No mercado editorial, o selo verde começa a tomar força. A Companhia das Letras, que lançou o livro certificado de José Saramago, estendeu a certificação para outras obras do autor impressas após a obtenção do selo FSC, em 2005. A coleção de livros policiais da editora, que inclui autores como Tony Bellotto e Joaquim Nogueira, também é certificada.
A onda de livros “verdes” foi deflagrada por pressão de ONGs como o Greenpeace e pela adesão voluntária de autores de renome - o próprio José Saramago, Isabel Allende e J. K. Rowling, autora da série Harry Potter. Os livros do bruxo, por sinal, estão saindo com selo verde em vários países: Inglaterra, EUA, Canadá e agora Brasil, pela Editora Rocco.
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