22 novembro 2007

A explosão da memória

Por Aldo Barreto

Os documentos de amanhã serão majoritariamente digitais. Em adição aos dados já armazenados nos estoques digitais, semanalmente se acresce uma biblioteca do congresso americano aos estoques digitais nas memórias eletrônicas.

Na Internet cada um é o seu próprio publicador acabando com o monopólio da fala, um poder editores e instituindo a liberdade das vozes e um problema de gestão que, ainda não é uma preocupação, das áreas que lidam com a informação.

Hoje existem cerca de 80 milhões de blogs pessoais enunciando conteúdos de todas as áreas do conhecimento e a cada dia são criados mais 200 mil; alguns são interrompidos outros hibernam mas a maioria tem longa produção.

Outra grande parte deste volume de documentos digitais está, ainda, nos discos rígidos mantidos por pessoas, de cientistas e organizações.

A OCLC Online Computer Library Center fez extensiva pesquisa sobre tecnologia da informação e documentos digitais na Europa, Usa e Canadá e uma de suas surpreendentes conclusões é que: "o usuário da web é cada vez mais um leitor online e não um impressor de papel para uma leitura tardia".

A proclamada e negada "paperless society" finalmente chegou; isto pode ser percebido pelo valor de mercado e o valor relativo das grandes impressoras a laser. As impressoras jato de tinta estão voltando ao mercado, mas só para uma impressão priorizada ou de entretenimento e de alta qualidade.

Mas os grandes estoques crescentes de informação, continuam a se acumular em um tempo sem limites nos arquivos digitais.

O conhecimento, potencialmente armazenado em estoques, agrupa-se, exponencialmente, em estruturas que lhe servem de repositório. Mesmo colocando-se filtros de entrada para limitar qualitativamente o crescimento destes estoques, a coisa toda tenderá a ruir em pedaços, devido ao seu próprio peso, a menos que se modifique as proporções relativas da estrutura em relação ao seu conteúdo físico.

A explosão de informação de que nos falavam Vannevar Bush e Solla Price no após a 2ª guerra mundial foi resolvida pelo computador, que é hoje um elemento da nova explosão junto com a liberdade da escrita na Internet.

Há um processo de diferenciação estrutural, mediante o qual uma organização se distorce ao se diferenciar. O exemplo clássico de D'Arcy Thompson, é famoso: uma estrutura ao mudar sua forma, devido ao crescimento de seu volume se transforma em outra. Assim, como a macieira não pode seguir crescendo para aumentar o volume de produção de seus frutos, haverá um momento, quando os estoques de memória digital, também, vergarão sob seu próprio peso e quebrarão em um processo de diferenciação.

A analogia destes conceitos ao crescimento dos acervos leva a crer que estas estruturas de armazenagem, na liberdade de produção de informação digital , irão crescer, em volume, periódica e cumulativamente, e em um determinado momento tenderão a "quebrar" por seu próprio peso, i.e., mudar sua forma, devido ao crescimento de seu volume e se transformar em outra ou acabar.

A teoria e as práticas das áreas que lidam com a gestão da informação, não se adaptando às novas estruturas, quebram, também, por inércia e inutilidade.